Questões de História - UNICAMP | Gabarito e resoluções

(UNICAMP - 2019 - 1 FASE) Tanto que se viu a abundncia do ouro que se tirava e a largueza com que se pagava tudo o que l ia, logo se fizeram estalagens e logo comearam os mercadores a mandar s Minas Gerais o melhor que chega nos navios do Reino e de outras partes. De todas as partes do Brasil, se comeou a enviar tudo o que d a terra, com lucro no somente grande, mas excessivo. Daqui se seguiu, mandarem-se s Minas Gerais as boiadas de Paranagu, e s do rio das Velhas, as boiadas dos campos da Bahia, e tudo o mais que os moradores imaginaram poderia apetecer-se de qualquer gnero de cousas naturais e industriais, adventcias e prprias. (Adaptado de Andr Antonil, Cultura e Opulncia do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia-Edusp, 1982, p. 169-171.) Sobre os efeitos da descoberta das grandes jazidas de metais e pedras preciosas no interior da Amrica portuguesa na formao histrica do centro-sul do Brasil, correto afirmar que:

(UNICAMP - 2019 - 1 FASE) Os viajantes, missionrios, administradores coloniais e etngrafos europeus, no passado, tenderam a fundir mltiplas identidades em um nico conceito de tribo. O uso da palavra tribo para descrever as sociedades africanas surgiu de um desejo de enaltecer o Estado-nao, ao mesmo tempo em que sugeria a inferioridade inerente de outros. Em resumo, conotava polticas primitivas que eram menos desenvolvidas do que as polticas dos Estados-nao. (Adaptado de John Parker e Richard Rathbone, A ideia de frica, em Histriada frica. Lisboa: Quimera, 2016, p. 56-58.) Baseado no texto acima e em seus conhecimentos, assinale a alternativa correta.

(UNICAMP - 2019 - 1 FASE) Bella Ciao Querida, adeus Esta manh, eu acordei Querida, adeus! Querida, adeus! Querida, adeus, adeus, adeus! Esta manh, eu acordei E encontrei um invasor Oh, membro da Resistncia, leve-me embora Querida, adeus! Querida, adeus! Querida, adeus, adeus, adeus! Oh, membro da Resistncia, leve-me embora Porque sinto que vou morrer E se eu morrer como um membro da Resistncia Querida, adeus! Querida, adeus! Querida, adeus, adeus, adeus! E se eu morrer como um membro da Resistncia Voc deve me enterrar E me enterre no alto da montanha Querida, adeus! Querida, adeus! Querida, adeus, adeus, adeus! E me enterre no alto da montanha Sob a sombra de uma bela flor. (...). A fotografia anterior registra a fachada do Partido Nacional Fascista de Benito Mussolini em 1934. A msica Bella Ciao foi um hino cantado contra o fascismo de Mussolini e as tropas nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Em 25 de abril de 2018, quando a Itlia celebrou 73 anos de sua libertao do nazifascismo, a cano foi entoada em vrias partes do pas. Sobre os usos da imagem e da msica, assinale a alternativa correta.

(UNICAMP - 2019 - 1 FASE) A propaganda atravs de inscries e desenhos em muros e paredes uma parte integrante da Paris revolucionria de Maio de 1968. Ela se tornou uma atividade de massa, parte e parcela do mtodo de autoexpresso da Revoluo. (Adaptado de SOLIDARITY, Paris: maio de 68. So Paulo: Conrad, 2008, p. 15.) Considerando o texto e a imagem anteriores, assinale a alternativa correta sobre o movimento de Maio de 1968.

(UNICAMP - 2019 - 1 FASE) A crise levaria o ltimo governo da ditadura, chefiado pelo general Joo Figueiredo (1979-85), a tomar medidas drsticas. O objetivo inicial era deter a depreciao da moeda nacional, incentivar as exportaes e fazer frente ao aumento do deficit em conta corrente. Assim, a moeda foi desvalorizada em 30% no final de 1979. A medida acentuou a desacelerao econmica, o descontrole inflacionrio e o desarranjo nas contas pblicas. Em 1980, a inflao batia a simblica marca de 100% ao ano e em 1981 o pas entrava em uma recesso. (Adaptado de Gilberto Marangoni, Anos 1980, dcada perdida ou ganha? Revista Desafios do Desenvolvimento, So Paulo, Ano 9, Edio 72, 2012.) A partir do texto acima e de seus conhecimentos sobre a Nova Repblica no Brasil, assinale a alternativa correta.

(UNICAMP - 2019 - 1 FASE) Antes de Coprnico, Kepler e Galileu, os cosmlogos elaboravam sistemas que representavam os corpos celestes por meio de esferas encaixadas umas nas outras, propostas e desenvolvidas por Eudoxo e Aristteles, de modo a distinguir os mundos celeste e terrestre. nesse contexto, caracterizado pela tese de que o cosmo composto de dois mundos distintos (cu e Terra), e pelo axioma platnico, que deve ser entendido o contedo da carta de Kepler (1604). Ele apresenta uma etapa do processo de rompimento com essa distino e com o axioma platnico. Na carta, Kepler apresenta os procedimentos para obter as duas primeiras leis dos movimentos planetrios. A importncia disso to grande que a segunda lei aparece antes da primeira, e a lei das reas s se torna operante numa rbita elptica, no podendo ser aplicada s rbitas circulares sem produzir discrepncias com relao aos dados observacionais de Tycho Brahe. (Adaptado de Claudemir Roque Tossato, Os primrdios da primeira lei dos movimentos planetrios na carta de 14 de dezembro de 1604 de Kepler a Mstlin. Scientiae Studia, So Paulo, v. 1, n. 2, p. 199-201, jun. 2003.) Considerando o contexto histrico descrito e as leis fsicas apresentadas por Kepler, assinale a alternativa correta.

(UNICAMP - 2018 - 2 FASE) A ideia de que a demanda de especiarias resultava da necessidade de disfarar o gosto da carne e do peixe putrefatos um dos grandes mitos da histria da alimentao. Na Europa medieval, os alimentos frescos eram mais frescos que os atuais, pois provinham da produo local. Os alimentos em conserva mantinham-se em salga, curtio, dessecao ou gordura, assim como hoje em dia so enlatados, refrigerados, liofilizados ou embalados a vcuo. De qualquer forma, os aspectos determinantes do papel desempenhado pelas especiarias na gastronomia eram o gosto e a cultura. A cozinha muito temperada com especiarias era objeto de desejo por ser cara e por condimentar a posio social dos ricos e as aspiraes de quem ambicionava s-lo. Alm disso, a moda gastronmica predominante na baixa Idade Mdia europeia imitava as receitas rabes, que exigiam sabores doces e ingredientes fragrantes: leite de amndoa, extratos de flores aromticas e outras iguarias orientais. (Adaptado de Felipe Armesto-Fernndez, 1492: o ano em que o mundo comeou. So Paulo: Companhia das Letras, 2017, p.27). A partir do texto acima e de seus conhecimentos histricos: a) defina o que so as especiarias e explique seu significado social na Europa medieval. b) explique como era feito o comrcio de especiarias na baixa Idade Mdia.

(UNICAMP - 2018 - 2 FASE) Ao estudar a condio feminina no Brasil colonial no se pode ter a ingenuidade de crer numa solidariedade de gnero, acima de diferenas de raa, credo e segmento econmico. (Adaptado de Mary del Priore, A mulher na histria da colnia, em Ao sul do corpo: condio feminina, maternidade e mentalidades no Brasil colnia. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1993). a) Considerando como era a mentalidade portuguesa no perodo mencionado, cite e explique uma funo da mulher branca no processo de colonizao. b) Explique dois papeis sociais desempenhados pelas mulheres escravizadas de origem africana no contexto do Brasil colonial.

(UNICAMP - 2018 - 2 FASE) O orientalismo um estilo de pensamento baseado em uma distino entre Oriente e Ocidente. Quando o orientalista culto viajava para o pas de sua especializao, ia sempre acompanhado de mximas inabalveis sobre a civilizao que estudara; eram raros os orientalistas que tinham outro interesse que no o de provar poeirentas verdades, aplicando-as aos nativos que no os entendiam e, portanto, eram degenerados. O Oriente precisava primeiro ser conhecido, depois invadido e possudo, e ento recriado por estudiosos. (Adaptado de Edward Said, Orientalismo. So Paulo: Companhia das Letras, 1990). Considerando o texto e o quadro acima reproduzido e seus conhecimentos, responda s questes: a) Segundo Edward Said, o que era o orientalismo? b) Identifique um elemento do Orientalismo no quadro do pintor italiano Giulio Rosati (1858-1917) e explique esse elemento.

(UNICAMP - 2018 - 2 FASE) No dia seguinte ao decreto da Libertao, negros e negras deixaram apressadamente os lugares onde tinham vivido durante longo tempo nas humilhaes da escravido e, das fazendas e stios, afluram em direo s cidades prximas. A maior parte desses novos cidados livres tinha pequenas economias. Ora, seu primeiro ato foi correr s lojas de calados. (Adaptado de Louis Albert Gaffre, Visions du Brsil. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1912, p. 205. Disponvel em: https://archive.org/details/visionsdubrsil00gaff. Acessado em 01/08/2017.) a) Considerando o depoimento citado, explique um significado social do uso do sapato na poca. b) Nomeie duas estratgias de sobrevivncia dos brancos pobres, mestios e forros no perodo do ps-abolio.

(UNICAMP - 2018 - 2 FASE) A campanha nazista contra a arte moderna comea com a tomada de poder. Em 1933, Hitler fecha a Bauhaus e promove a primeira exposio difamatria da arte moderna em Karlsruhe e Mannheim. Segue-se a cassao de diversos curadores, diretores de museus e artistasprofessores. Os artistas comeam a emigrar. Livros so queimados em praa pblica e inicia-se um verdadeiro processo de expropriao arbitrria pelos nazistas dos acervos dos museus: mais de 16.500 obras de arte consideradas degeneradas so confiscadas, muitas das quais foram destrudas ou perdidas. Obras de valor - como Auto-Retrato, de Vincent van Gogh ou Acrobata e Jovem Arlequim, de Pablo Picasso - so vendidas em um leilo em 1939 na Galeria Fischer, na Sua, e revertidas em divisas para os nazistas. (Adaptado do verbete Arte Degenerada da Enciclopdia Ita Cultural disponvel em http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo328/ arte-degenerada. Acessado em 31 de agosto de 2017). a) A partir do texto acima e de seus conhecimentos, explique o que foi o projeto esttico do nazismo. b) Indique duas formas da violncia perpetrada pelo regime nazista.

(UNICAMP - 2018 - 2 FASE) No Brasil ps-ditadura, a disputa pela memria foi marcada pela publicao do projeto Brasil: Nunca Mais (BNM), em 1985. Pode-se dizer que se trata de um ato fundacional na construo da memria social sobre os crimes da ditadura, o qual favoreceu a constituio de uma conscincia coletiva acerca da poltica repressiva do perodo e do status dos sobreviventes. (Adaptado de Janaina de Almeida Teles, A constituio das memrias sobre a represso da ditadura: o projeto Brasil: Nunca Mais e a abertura da vala de Perus. Anos 90, Porto Alegre, v. 19, n. 35, p. 265, jul. 2012). a) Explique dois objetivos do projeto Brasil: Nunca Mais. b) Por quais razes a autora considera o projeto Brasil Nunca Mais um ato fundacional?

(UNICAMP - 2018 - 1 fase) ODORICO Eu sei. um movimento subversivo procurando me intrigar com a opinio pblica e criar problemas minha administrao. Sei, sim. uma conspirao. Eles no queriam o cemitrio. Desde o princpio foram contra. E agora que o cemitrio est pronto caem de pau em cima de mim, me chamam de demagogo, de tudo... (...) ODORICO Pois eu quero que depois o senhor soletre esta gazeta de ponta a ponta. Neco Pedreira o senhor conhece? ZECA Conheo no sinh. ODORICO o dono do jornal. Elemento perigoso. Sua primeira misso como delegado dar uma batida na redao dessa gazeta subversiva e sacudir a marreta em nome da lei e da democracia... (Dias Gomes, O bem amado. 12.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014, p. 40 e 68.) A pea de Dias Gomes uma crtica a um momento histrico e poltico da sociedade brasileira. Odorico Paraguassu tornou-se um personagem emblemtico desse perodo porque por meio dele

(UNICAMP - 2018 - 1 FASE) Os gregos sentiram paixo pelo humano, por suas capacidades, por sua energia construtiva. Por isso, inventaram a polis: a comunidade cidad em cujo espao artificial, antropocntrico, no governa a necessidade da natureza, nem a vontade dos deuses, mas a liberdade dos homens, isto , sua capacidade de raciocinar, de discutir, de escolher e de destituir dirigentes, de criar problemas e propor solues. O nome pelo qual hoje conhecemos essa inveno grega, a mais revolucionria, politicamente falando, que j se produziu na histria humana, democracia. (Adaptado de Fernando Savater, Poltica para meu filho. So Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 77.) Assinale a alternativa correta, considerando o texto acima e seus conhecimentos sobre a Grcia Antiga.

(UNICAMP - 2018 - 1 FASE) Estamos acostumados a considerar que o sistema centro/periferia, ao menos no Ocidente, um eixo essencial da estrutura e do funcionamento no espao das economias, das sociedades, das civilizaes. O historiador Fernand Braudel estimou que tal sistema s existiu e funcionou plenamente a partir do sculo XV. Essa definio no se aplica Cristandade Medieval sem importantes correes. A noo de centro e a oposio centro/periferia so menos decisivas que outros sistemas de orientao espacial. O principal sistema o que ope o baixo ao alto, quer dizer, o Aqui, esse mundo imperfeito e marcado pelo Pecado Original, ao cu, morada de Deus. (Adaptado de Jacques Le Goff e Jean-Claude Schmitt, Centro/Periferia, em Dicionrio temtico do ocidente medieval, v. 2. So Paulo: Edusc, 2002, p. 203.) A partir do texto acima, assinale a alternativa correta.