(IME- 2017/2018 - 2 FASE ) EXAUSTO Eu quero uma licena de dormir, perdo pra descansar horas a fio, sem ao menos sonhar a leve palha de um pequeno sonho. Quero o que antes da vida foi o sono profundo das espcies, a graa de um estado. Semente. Muito mais que razes. PRADO, Adlia. Exausto. Disponvel em http://byluleoa-tecendopalavras.blogspot.com.br/. Acesso em 31/07/17. A respeito dos versos abaixo (versos 3 e 4), sem ao menos sonhar a leve palha de um pequeno sonho. podemos afirmar que
(IME - 2017/2018 - 2 FASE ) EXAUSTO Eu quero uma licena de dormir, perdo pra descansar horas a fio, sem ao menos sonhar a leve palha de um pequeno sonho. Quero o que antes da vida foi o sono profundo das espcies, a graa de um estado. Semente. Muito mais que razes. PRADO, Adlia. Exausto. Disponvel em http://byluleoa-tecendopalavras.blogspot.com.br/. Acesso em 31/07/17. Qual das palavras a seguir substituindo a palavra semente no verso 8, acarretaria mudana de sentido?
(IME - 2017/2018 - 2 FASE ) Texto 1 A CONDIO HUMANA A Vita Activa e a Condio Humana Com a expresso vita activa, pretendo designar trs atividades humanas fundamentais: 1labor, trabalho e ao. Trata-se de atividades fundamentais porque a cada uma delas corresponde uma das condies bsicas mediante as quais a vida foi dada ao homem na Terra. O labor a atividade que corresponde ao processo biolgico do corpo humano, 2cujos crescimento espontneo, metabolismo e eventual declnio tm a ver com as necessidades vitais produzidas e introduzidas pelo labor no processo da vida. A condio humana do labor a prpria vida. 3O trabalho a atividade correspondente ao artificialismo da existncia humana, existncia esta no necessariamente contida no eterno ciclo vital da espcie, e cuja mortalidade no compensada por este ltimo. O trabalho produz um mundo artificial de coisas, nitidamente diferente de qualquer ambiente natural. Dentro de suas fronteiras habita cada vida individual, embora esse mundo se destine a sobreviver e a transcender todas as vidas individuais. A condio humana do trabalho a mundanidade. A ao, nica atividade que se exerce diretamente entre os homens sem a mediao das coisas ou da matria, corresponde condio humana da pluralidade, ao fato de que homens, e no o Homem, vivem na Terra e habitam o mundo. Todos os aspectos da condio humana tm alguma relao com a poltica; mas esta pluralidade especificamente a condio no apenas a conditio sine qua non, mas a conditio per quam de toda a vida poltica. Assim, o idioma dos romanos talvez o povo mais poltico que conhecemos empregava como sinnimas as expresses viver e estar entre os homens (inter homines esse), ou morrer e deixar de estar entre os homens (inter homines esse desinere). Mas, em sua forma mais elementar, a condio humana da ao est implcita at mesmo em Gnesis (macho e fmea Ele os criou), se entendermos que esta verso da criao do homem diverge, em princpio, da outra segundo a qual Deus originalmente criou o Homem (adam) a ele, e no a eles, de sorte que a pluralidade dos seres humanos vem a ser o resultado da multiplicao4. A ao seria um luxo desnecessrio, uma caprichosa interferncia com as leis gerais do comportamento, se os homens no passassem de repeties interminavelmente reproduzveis do mesmo modelo, todas dotadas da mesma natureza e essncia, to previsveis quanto a natureza e a essncia de qualquer outra coisa. A pluralidade a condio da ao humana pelo fato de sermos todos os mesmos, isto , humanos, sem que ningum seja exatamente igual a qualquer pessoa que tenha existido, exista ou venha a existir. As trs atividades e suas respectivas condies tm ntima relao com as condies mais gerais da existncia humana: o nascimento e a morte, a natalidade e a mortalidade. O labor assegura no apenas a sobrevivncia do indivduo, mas a vida da espcie. O trabalho e seu produto, o artefato humano, emprestam certa permanncia e durabilidade futilidade da vida mortal e ao carter efmero do corpo humano. A ao, na medida em que se empenha em fundar e preservar corpos polticos, cria a condio para a lembrana, ou seja, para a histria. O labor e o trabalho, bem como a ao, tm tambm razes na natalidade, na medida em que sua tarefa produzir e preservar o mundo para o constante influxo de recm-chegados que vm a este mundo na qualidade de estranhos, alm de prev-los e lev-los em conta. No obstante, das trs atividades, a ao a mais intimamente relacionada com a condio humana da natalidade; o novo comeo inerente a cada nascimento pode fazer-se sentir no mundo somente porque o recm-chegado possui a capacidade de iniciar algo novo, isto , de agir. Neste sentido de iniciativa, todas as atividades humanas possuem um elemento de ao e, portanto, de natalidade. Alm disto, como a ao a atividade poltica por excelncia, a natalidade, e no a mortalidade, pode constituir a categoria central do pensamento poltico, em contraposio ao pensamento metafsico. A condio humana compreende algo mais que as condies nas quais a vida foi dada ao homem. Os homens so seres condicionados: tudo aquilo com o qual eles entram em contato torna-se imediatamente uma condio de sua existncia. O mundo no qual transcorre a vita activa consiste em coisas produzidas pelas atividades humanas; mas, constantemente, as coisas que devem sua existncia exclusivamente aos homens tambm condicionam os seus autores humanos. Alm das condies nas quais a vida dada ao homem na Terra e, at certo ponto, a partir delas, os homens constantemente criam as suas prprias condies que, a despeito de sua variabilidade e sua origem humana, possuem a mesma fora condicionante das coisas naturais. O que quer que toque a vida humana ou entre em duradoura relao com ela, assume imediatamente o carter de condio da existncia humana. por isso que os homens, independentemente do que faam, so sempre seres condicionados. Tudo o que espontaneamente adentra o mundo humano, ou para ele trazido pelo esforo humano, torna-se parte da condio humana. O impacto da realidade do mundo sobre a existncia humana sentido e recebido como fora condicionante. A objetividade do mundo o seu carter de coisa ou objeto e a condio humana complementam-se uma outra; por ser uma existncia condicionada, a existncia humana seria impossvel sem as coisas, e estas seriam um amontoado de artigos incoerentes, um no mundo, se esses artigos no fossem condicionantes da existncia humana. ARENDT, Hannah. A Condio Humana. Traduo de Roberto Raposo: Editora da Universidade de So Paulo, 1981. pp. 15-17 (texto adaptado). 4Quando se analisa o pensamento poltico ps-clssico, muito se pode aprender verificando-se qual das duas verses bblicas da criao citada. Assim, tpico da diferena entre os ensinamentos de Jesus de Nazareth e de Paulo o fato de que Jesus, discutindo a relao entre marido e mulher, refere-se a Gnesis 1:27 No tendes lido que quem criou o homem desde o princpio f-los macho e fmea (Mateus 19:4), enquanto Paulo, em ocasio semelhante, insiste em que a mulher foi criada do homem e, portanto, para o homem, embora em seguida atenue um pouco a dependncia: nem o varo sem mulher, nem a mulher sem o varo (1 Cor.11:8-12). A diferena indica muito mais que uma atitude diferente em relao ao papel da mulher. Para Jesus, a f era intimamente relacionada com a ao; para Paulo, a f relacionava-se, antes de mais nada, com a salvao. Especialmente interessante a este respeito Agostinho (De civitate Dei xii.21), que no s desconsidera inteiramente o que dito em Gnesis 1:27, mas v a diferena entre o homem e o animal no fato de ter sido o homem criado unum ac singulum, enquanto se ordenou aos animais que passassem a existir vrios de uma s vez (plura simul iussit existere). Para Agostinho, a histria da criao constitui boa oportunidade para salientar-se o carter de espcie da vida animal, em oposio singularidade da existncia humana. Texto 2 DAS VANTAGENS DE SER BOBO O bobo, por no se ocupar com ambies, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que no faz alguma coisa, responde: Estou fazendo. Estou pensando.. Ser bobo s vezes oferece um mundo de sada porque os espertos s se lembram de sair por meio da esperteza, e 1o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia. O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos no veem. Os espertos esto sempre to atentos _____(i)_____ espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os veem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo um Dostoievski. _____(ii)_____ desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para _____(iii)_____ compra de um ar refrigerado de segunda mo: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gvea onde fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem v-lo sequer. Resultado: no funciona. Chamado um tcnico, a opinio deste era de que o aparelho estava to estragado que o conserto seria carssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo ter boa-f, no desconfiar, e portanto estar tranquilo, enquanto o esperto no dorme noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com lcera no estmago. O bobo no percebe que venceu. Aviso: no confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. uma das tristezas que o bobo no prev. Csar terminou dizendo a clebre frase: 2At tu, Brutus?. Bobo no reclama. Em compensao, como exclama! Os bobos, com todas as suas palhaadas, devem estar todos no cu. Se Cristo tivesse sido esperto no teria morrido na cruz. O bobo sempre to simptico que h espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo uma criatividade e, como toda criao, difcil. Por isso que os espertos no conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensao os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ningum desconfie. Alis no se importam que saibam que eles sabem. H lugares que facilitam mais _____(iv)_____ pessoas serem bobas (no confundir bobo com burro, com tolo, com ftil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por no nascer em Minas! 3Bobo Chagall, que pe vaca no espao, voando por cima das casas. quase impossvel evitar o excesso de amor que o bobo provoca. que s o bobo capaz de excesso de amor. E s o amor faz o bobo. LISPECTOR, Clarice. Das vantagens de ser bobo. Disponvel em: http://www.revistapazes.com/das-vantagens-de-ser-bobo/. Acesso em 10 de maio de 2017. Originalmente publicado no Jornal do Brasil em 12 de setembro de 1970 Comparando-se os textos, possvel dizer que
(IME - 2017/2018 - 2 FASE ) Texto 1 A CONDIO HUMANA A Vita Activa e a Condio Humana Com a expresso vita activa, pretendo designar trs atividades humanas fundamentais: 1labor, trabalho e ao. Trata-se de atividades fundamentais porque a cada uma delas corresponde uma das condies bsicas mediante as quais a vida foi dada ao homem na Terra. O labor a atividade que corresponde ao processo biolgico do corpo humano, 2cujos crescimento espontneo, metabolismo e eventual declnio tm a ver com as necessidades vitais produzidas e introduzidas pelo labor no processo da vida. A condio humana do labor a prpria vida. 3O trabalho a atividade correspondente ao artificialismo da existncia humana, existncia esta no necessariamente contida no eterno ciclo vital da espcie, e cuja mortalidade no compensada por este ltimo. O trabalho produz um mundo artificial de coisas, nitidamente diferente de qualquer ambiente natural. Dentro de suas fronteiras habita cada vida individual, embora esse mundo se destine a sobreviver e a transcender todas as vidas individuais. A condio humana do trabalho a mundanidade. A ao, nica atividade que se exerce diretamente entre os homens sem a mediao das coisas ou da matria, corresponde condio humana da pluralidade, ao fato de que homens, e no o Homem, vivem na Terra e habitam o mundo. Todos os aspectos da condio humana tm alguma relao com a poltica; mas esta pluralidade especificamente a condio no apenas a conditio sine qua non, mas a conditio per quam de toda a vida poltica. Assim, o idioma dos romanos talvez o povo mais poltico que conhecemos empregava como sinnimas as expresses viver e estar entre os homens (inter homines esse), ou morrer e deixar de estar entre os homens (inter homines esse desinere). Mas, em sua forma mais elementar, a condio humana da ao est implcita at mesmo em Gnesis (macho e fmea Ele os criou), se entendermos que esta verso da criao do homem diverge, em princpio, da outra segundo a qual Deus originalmente criou o Homem (adam) a ele, e no a eles, de sorte que a pluralidade dos seres humanos vem a ser o resultado da multiplicao4. A ao seria um luxo desnecessrio, uma caprichosa interferncia com as leis gerais do comportamento, se os homens no passassem de repeties interminavelmente reproduzveis do mesmo modelo, todas dotadas da mesma natureza e essncia, to previsveis quanto a natureza e a essncia de qualquer outra coisa. A pluralidade a condio da ao humana pelo fato de sermos todos os mesmos, isto , humanos, sem que ningum seja exatamente igual a qualquer pessoa que tenha existido, exista ou venha a existir. As trs atividades e suas respectivas condies tm ntima relao com as condies mais gerais da existncia humana: o nascimento e a morte, a natalidade e a mortalidade. O labor assegura no apenas a sobrevivncia do indivduo, mas a vida da espcie. O trabalho e seu produto, o artefato humano, emprestam certa permanncia e durabilidade futilidade da vida mortal e ao carter efmero do corpo humano. A ao, na medida em que se empenha em fundar e preservar corpos polticos, cria a condio para a lembrana, ou seja, para a histria. O labor e o trabalho, bem como a ao, tm tambm razes na natalidade, na medida em que sua tarefa produzir e preservar o mundo para o constante influxo de recm-chegados que vm a este mundo na qualidade de estranhos, alm de prev-los e lev-los em conta. No obstante, das trs atividades, a ao a mais intimamente relacionada com a condio humana da natalidade; o novo comeo inerente a cada nascimento pode fazer-se sentir no mundo somente porque o recm-chegado possui a capacidade de iniciar algo novo, isto , de agir. Neste sentido de iniciativa, todas as atividades humanas possuem um elemento de ao e, portanto, de natalidade. Alm disto, como a ao a atividade poltica por excelncia, a natalidade, e no a mortalidade, pode constituir a categoria central do pensamento poltico, em contraposio ao pensamento metafsico. A condio humana compreende algo mais que as condies nas quais a vida foi dada ao homem. Os homens so seres condicionados: tudo aquilo com o qual eles entram em contato torna-se imediatamente uma condio de sua existncia. O mundo no qual transcorre a vita activa consiste em coisas produzidas pelas atividades humanas; mas, constantemente, as coisas que devem sua existncia exclusivamente aos homens tambm condicionam os seus autores humanos. Alm das condies nas quais a vida dada ao homem na Terra e, at certo ponto, a partir delas, os homens constantemente criam as suas prprias condies que, a despeito de sua variabilidade e sua origem humana, possuem a mesma fora condicionante das coisas naturais. O que quer que toque a vida humana ou entre em duradoura relao com ela, assume imediatamente o carter de condio da existncia humana. por isso que os homens, independentemente do que faam, so sempre seres condicionados. Tudo o que espontaneamente adentra o mundo humano, ou para ele trazido pelo esforo humano, torna-se parte da condio humana. O impacto da realidade do mundo sobre a existncia humana sentido e recebido como fora condicionante. A objetividade do mundo o seu carter de coisa ou objeto e a condio humana complementam-se uma outra; por ser uma existncia condicionada, a existncia humana seria impossvel sem as coisas, e estas seriam um amontoado de artigos incoerentes, um no mundo, se esses artigos no fossem condicionantes da existncia humana. ARENDT, Hannah. A Condio Humana. Traduo de Roberto Raposo: Editora da Universidade de So Paulo, 1981. pp. 15-17 (texto adaptado). 4Quando se analisa o pensamento poltico ps-clssico, muito se pode aprender verificando-se qual das duas verses bblicas da criao citada. Assim, tpico da diferena entre os ensinamentos de Jesus de Nazareth e de Paulo o fato de que Jesus, discutindo a relao entre marido e mulher, refere-se a Gnesis 1:27 No tendes lido que quem criou o homem desde o princpio f-los macho e fmea (Mateus 19:4), enquanto Paulo, em ocasio semelhante, insiste em que a mulher foi criada do homem e, portanto, para o homem, embora em seguida atenue um pouco a dependncia: nem o varo sem mulher, nem a mulher sem o varo (1 Cor.11:8-12). A diferena indica muito mais que uma atitude diferente em relao ao papel da mulher. Para Jesus, a f era intimamente relacionada com a ao; para Paulo, a f relacionava-se, antes de mais nada, com a salvao. Especialmente interessante a este respeito Agostinho (De civitate Dei xii.21), que no s desconsidera inteiramente o que dito em Gnesis 1:27, mas v a diferena entre o homem e o animal no fato de ter sido o homem criado unum ac singulum, enquanto se ordenou aos animais que passassem a existir vrios de uma s vez (plura simul iussit existere). Para Agostinho, a histria da criao constitui boa oportunidade para salientar-se o carter de espcie da vida animal, em oposio singularidade da existncia humana. Texto 2 DAS VANTAGENS DE SER BOBO O bobo, por no se ocupar com ambies, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que no faz alguma coisa, responde: Estou fazendo. Estou pensando.. Ser bobo s vezes oferece um mundo de sada porque os espertos s se lembram de sair por meio da esperteza, e 1o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia. O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos no veem. Os espertos esto sempre to atentos _____(i)_____ espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os veem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo um Dostoievski. _____(ii)_____ desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para _____(iii)_____ compra de um ar refrigerado de segunda mo: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gvea onde fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem v-lo sequer. Resultado: no funciona. Chamado um tcnico, a opinio deste era de que o aparelho estava to estragado que o conserto seria carssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo ter boa-f, no desconfiar, e portanto estar tranquilo, enquanto o esperto no dorme noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com lcera no estmago. O bobo no percebe que venceu. Aviso: no confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. uma das tristezas que o bobo no prev. Csar terminou dizendo a clebre frase: 2At tu, Brutus?. Bobo no reclama. Em compensao, como exclama! Os bobos, com todas as suas palhaadas, devem estar todos no cu. Se Cristo tivesse sido esperto no teria morrido na cruz. O bobo sempre to simptico que h espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo uma criatividade e, como toda criao, difcil. Por isso que os espertos no conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensao os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ningum desconfie. Alis no se importam que saibam que eles sabem. H lugares que facilitam mais _____(iv)_____ pessoas serem bobas (no confundir bobo com burro, com tolo, com ftil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por no nascer em Minas! 3Bobo Chagall, que pe vaca no espao, voando por cima das casas. quase impossvel evitar o excesso de amor que o bobo provoca. que s o bobo capaz de excesso de amor. E s o amor faz o bobo. LISPECTOR, Clarice. Das vantagens de ser bobo. Disponvel em: http://www.revistapazes.com/das-vantagens-de-ser-bobo/. Acesso em 10 de maio de 2017. Originalmente publicado no Jornal do Brasil em 12 de setembro de 1970 Marque a opo em que a regra usada para a colocao das vrgulas a mesma encontrada no trecho abaixo destacado: () cujos crescimento espontneo, metabolismo e eventual declnio tm a ver com as necessidades vitais produzidas e introduzidas pelo labor no processo da vida (A condio humana, referncia 2).
(IME - 2017/2018 - 2 FASE ) Texto 1 A CONDIO HUMANA A Vita Activa e a Condio Humana Com a expresso vita activa, pretendo designar trs atividades humanas fundamentais: 1labor, trabalho e ao. Trata-se de atividades fundamentais porque a cada uma delas corresponde uma das condies bsicas mediante as quais a vida foi dada ao homem na Terra. O labor a atividade que corresponde ao processo biolgico do corpo humano, 2cujos crescimento espontneo, metabolismo e eventual declnio tm a ver com as necessidades vitais produzidas e introduzidas pelo labor no processo da vida. A condio humana do labor a prpria vida. 3O trabalho a atividade correspondente ao artificialismo da existncia humana, existncia esta no necessariamente contida no eterno ciclo vital da espcie, e cuja mortalidade no compensada por este ltimo. O trabalho produz um mundo artificial de coisas, nitidamente diferente de qualquer ambiente natural. Dentro de suas fronteiras habita cada vida individual, embora esse mundo se destine a sobreviver e a transcender todas as vidas individuais. A condio humana do trabalho a mundanidade. A ao, nica atividade que se exerce diretamente entre os homens sem a mediao das coisas ou da matria, corresponde condio humana da pluralidade, ao fato de que homens, e no o Homem, vivem na Terra e habitam o mundo. Todos os aspectos da condio humana tm alguma relao com a poltica; mas esta pluralidade especificamente a condio no apenas a conditio sine qua non, mas a conditio per quam de toda a vida poltica. Assim, o idioma dos romanos talvez o povo mais poltico que conhecemos empregava como sinnimas as expresses viver e estar entre os homens (inter homines esse), ou morrer e deixar de estar entre os homens (inter homines esse desinere). Mas, em sua forma mais elementar, a condio humana da ao est implcita at mesmo em Gnesis (macho e fmea Ele os criou), se entendermos que esta verso da criao do homem diverge, em princpio, da outra segundo a qual Deus originalmente criou o Homem (adam) a ele, e no a eles, de sorte que a pluralidade dos seres humanos vem a ser o resultado da multiplicao4. A ao seria um luxo desnecessrio, uma caprichosa interferncia com as leis gerais do comportamento, se os homens no passassem de repeties interminavelmente reproduzveis do mesmo modelo, todas dotadas da mesma natureza e essncia, to previsveis quanto a natureza e a essncia de qualquer outra coisa. A pluralidade a condio da ao humana pelo fato de sermos todos os mesmos, isto , humanos, sem que ningum seja exatamente igual a qualquer pessoa que tenha existido, exista ou venha a existir. As trs atividades e suas respectivas condies tm ntima relao com as condies mais gerais da existncia humana: o nascimento e a morte, a natalidade e a mortalidade. O labor assegura no apenas a sobrevivncia do indivduo, mas a vida da espcie. O trabalho e seu produto, o artefato humano, emprestam certa permanncia e durabilidade futilidade da vida mortal e ao carter efmero do corpo humano. A ao, na medida em que se empenha em fundar e preservar corpos polticos, cria a condio para a lembrana, ou seja, para a histria. O labor e o trabalho, bem como a ao, tm tambm razes na natalidade, na medida em que sua tarefa produzir e preservar o mundo para o constante influxo de recm-chegados que vm a este mundo na qualidade de estranhos, alm de prev-los e lev-los em conta. No obstante, das trs atividades, a ao a mais intimamente relacionada com a condio humana da natalidade; o novo comeo inerente a cada nascimento pode fazer-se sentir no mundo somente porque o recm-chegado possui a capacidade de iniciar algo novo, isto , de agir. Neste sentido de iniciativa, todas as atividades humanas possuem um elemento de ao e, portanto, de natalidade. Alm disto, como a ao a atividade poltica por excelncia, a natalidade, e no a mortalidade, pode constituir a categoria central do pensamento poltico, em contraposio ao pensamento metafsico. A condio humana compreende algo mais que as condies nas quais a vida foi dada ao homem. Os homens so seres condicionados: tudo aquilo com o qual eles entram em contato torna-se imediatamente uma condio de sua existncia. O mundo no qual transcorre a vita activa consiste em coisas produzidas pelas atividades humanas; mas, constantemente, as coisas que devem sua existncia exclusivamente aos homens tambm condicionam os seus autores humanos. Alm das condies nas quais a vida dada ao homem na Terra e, at certo ponto, a partir delas, os homens constantemente criam as suas prprias condies que, a despeito de sua variabilidade e sua origem humana, possuem a mesma fora condicionante das coisas naturais. O que quer que toque a vida humana ou entre em duradoura relao com ela, assume imediatamente o carter de condio da existncia humana. por isso que os homens, independentemente do que faam, so sempre seres condicionados. Tudo o que espontaneamente adentra o mundo humano, ou para ele trazido pelo esforo humano, torna-se parte da condio humana. O impacto da realidade do mundo sobre a existncia humana sentido e recebido como fora condicionante. A objetividade do mundo o seu carter de coisa ou objeto e a condio humana complementam-se uma outra; por ser uma existncia condicionada, a existncia humana seria impossvel sem as coisas, e estas seriam um amontoado de artigos incoerentes, um no mundo, se esses artigos no fossem condicionantes da existncia humana. ARENDT, Hannah. A Condio Humana. Traduo de Roberto Raposo: Editora da Universidade de So Paulo, 1981. pp. 15-17 (texto adaptado). 4Quando se analisa o pensamento poltico ps-clssico, muito se pode aprender verificando-se qual das duas verses bblicas da criao citada. Assim, tpico da diferena entre os ensinamentos de Jesus de Nazareth e de Paulo o fato de que Jesus, discutindo a relao entre marido e mulher, refere-se a Gnesis 1:27 No tendes lido que quem criou o homem desde o princpio f-los macho e fmea (Mateus 19:4), enquanto Paulo, em ocasio semelhante, insiste em que a mulher foi criada do homem e, portanto, para o homem, embora em seguida atenue um pouco a dependncia: nem o varo sem mulher, nem a mulher sem o varo (1 Cor.11:8-12). A diferena indica muito mais que uma atitude diferente em relao ao papel da mulher. Para Jesus, a f era intimamente relacionada com a ao; para Paulo, a f relacionava-se, antes de mais nada, com a salvao. Especialmente interessante a este respeito Agostinho (De civitate Dei xii.21), que no s desconsidera inteiramente o que dito em Gnesis 1:27, mas v a diferena entre o homem e o animal no fato de ter sido o homem criado unum ac singulum, enquanto se ordenou aos animais que passassem a existir vrios de uma s vez (plura simul iussit existere). Para Agostinho, a histria da criao constitui boa oportunidade para salientar-se o carter de espcie da vida animal, em oposio singularidade da existncia humana. Texto 2 DAS VANTAGENS DE SER BOBO O bobo, por no se ocupar com ambies, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que no faz alguma coisa, responde: Estou fazendo. Estou pensando.. Ser bobo s vezes oferece um mundo de sada porque os espertos s se lembram de sair por meio da esperteza, e 1o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia. O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos no veem. Os espertos esto sempre to atentos _____(i)_____ espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os veem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo um Dostoievski. _____(ii)_____ desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para _____(iii)_____ compra de um ar refrigerado de segunda mo: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gvea onde fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem v-lo sequer. Resultado: no funciona. Chamado um tcnico, a opinio deste era de que o aparelho estava to estragado que o conserto seria carssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo ter boa-f, no desconfiar, e portanto estar tranquilo, enquanto o esperto no dorme noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com lcera no estmago. O bobo no percebe que venceu. Aviso: no confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. uma das tristezas que o bobo no prev. Csar terminou dizendo a clebre frase: 2At tu, Brutus?. Bobo no reclama. Em compensao, como exclama! Os bobos, com todas as suas palhaadas, devem estar todos no cu. Se Cristo tivesse sido esperto no teria morrido na cruz. O bobo sempre to simptico que h espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo uma criatividade e, como toda criao, difcil. Por isso que os espertos no conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensao os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ningum desconfie. Alis no se importam que saibam que eles sabem. H lugares que facilitam mais _____(iv)_____ pessoas serem bobas (no confundir bobo com burro, com tolo, com ftil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por no nascer em Minas! 3Bobo Chagall, que pe vaca no espao, voando por cima das casas. quase impossvel evitar o excesso de amor que o bobo provoca. que s o bobo capaz de excesso de amor. E s o amor faz o bobo. LISPECTOR, Clarice. Das vantagens de ser bobo. Disponvel em: http://www.revistapazes.com/das-vantagens-de-ser-bobo/. Acesso em 10 de maio de 2017. Originalmente publicado no Jornal do Brasil em 12 de setembro de 1970 Texto 3 EXAUSTO Eu quero uma licena de dormir, perdo pra descansar horas a fio, sem ao menos sonhar a leve palha de um pequeno sonho. Quero o que antes da vida foi o sono profundo das espcies, a graa de um estado. Semente. Muito mais que razes. PRADO, Adlia. Exausto. Disponvel em http://byluleoa-tecendopalavras.blogspot.com.br/. Acesso em 31/07/17. Considere os trs textos desta prova para analisar as assertivas abaixo. I. O desejo de ser semente (Exausto, verso 8) pode ser comparado ao labor explanado no texto A condio humana, ou seja, aquilo que d permanncia e continuidade vida sem que haja, necessariamente, uma ao para que essa continuidade e permanncia aconteam. II. O texto Das vantagens de ser bobo desconstri a ideia de que o mundo dos espertos. III. As implicaes de que estar no mundo estar em constante relao com o outro so questes relativas alteridade e no dizem respeito a nenhum dos trs textos. Assinale a opo correta:
(IME - 2016/2017 - 2 FASE) Texto 1 A CRISE AMBIENTAL Benedito Braga Segundo Miller (1985), nosso planeta pode ser comparado a uma astronave que dispe de um eficiente sistema de aproveitamento de energia solar e de reciclagem de matria, deslocando-se a cem mil quilmetros por hora pelo espao sideral. H atualmente na astronave ar, gua e comida suficientes para manter seus passageiros. Tendo em vista o progressivo aumento do nmero desses passageiros, em forma exponencial, e a ausncia de portos para reabastecimento, podem-se vislumbrar, em mdio e longo prazos, problemas srios para a manuteno de sua populao. Pela segunda lei da termodinmica, o uso da energia implica degradao de sua qualidade. Como consequncia da lei da conservao da massa, os resduos energticos, principalmente na forma de calor, somados aos resduos de matria, alteram a qualidade do meio ambiente no interior dessa astronave. A tendncia natural de qualquer sistema, como um todo, de aumento de sua entropia (grau de desordem). Assim, os passageiros, utilizando-se da inesgotvel energia solar, processam, por meio de sua tecnologia e de seu metabolismo, os recursos naturais finitos, gerando, inexoravelmente, algum tipo de poluio. O nvel de qualidade de vida no planeta depender do equilbrio entre estes trs elementos: populao, recursos naturais e poluio. Os aspectos mais relevantes de cada vrtice do tringulo formado por esses elementos e suas interligaes so analisados nos itens subsequentes. 1.1 Populao A populao mundial cresceu de 2,5 bilhes em 1950 para 6,2 bilhes no ano 2002 (...) e, atualmente, a taxa de crescimento se aproxima de 1,13% ao ano. De acordo com a analogia da astronave, isso significa que, nos dias de hoje, ela transporta 6,2 bilhes de passageiros e, a cada ano, outros 74 milhes de passageiros nela embarcam. Esses passageiros esto divididos em 227 naes nos cinco continentes, poucas das quais pertencem aos chamados pases desenvolvidos, com 19% da populao total. As demais so os chamados pases em desenvolvimento ou subdesenvolvidos, com os restantes 81% da populao. Novamente, usando a analogia com a astronave, como se os habitantes dos pases desenvolvidos fossem passageiros de primeira classe, enquanto os demais viajam no poro. Em decorrncia das altas taxas de crescimento populacional que hoje somente ocorrem nos pases menos desenvolvidos, essa situao de desequilbrio tende a se agravar ainda mais:em 1950, os pases desenvolvidos tinham 31,5% da populao mundial; em 2002, apenas 19,3%; e, em 2050, tero 13,7% (). Um casal que tenha cinco filhos, os quais, por sua vez, tenham cinco filhos cada um, representa, a partir de duas pessoas, uma populao familiar de 25 pessoas em duas geraes. Esse fenmeno vem ocorrendo mundialmente desde meados do sculo XIX, com a Revoluo Industrial. A partir dessa revoluo, a tecnologia proporcionou uma reduo da taxa bruta de mortalidade, responsvel pelo aumento da taxa de crescimento populacional anual, apesar de a taxa de natalidade estar se reduzindo desde aquela poca at os dias atuais. () Dentro dessa perspectiva de crescimento, cabe questionar at quando os recursos naturais sero suficientes para sustentar os passageiros da astronave Terra. Existem autores, como Lappe e Collins (1977), que contestam a tese de insuficincia de recursos naturais e responsabilizam a m distribuio da renda e a m orientao da produo agrcola pela fome do mundo hoje. 1.2 Recursos naturais Recurso natural qualquer insumo de que os organismos, as populaes e os ecossistemas necessitam para sua manuteno, sendo, portanto, algo til. H uma estreita relao entre recursos naturais e tecnologia, toda vez que ocorrerem processos tecnolgicos para utilizao de um recurso. Exemplo tpico o magnsio, at pouco tempo no era considerado um recurso natural e passou a s-lo quando se descobriu como utiliz-lo na confeco de ligas metlicas para avies. Recursos naturais e economia interagem de modo bastante evidente, pois algo recurso na medida em que sua explorao economicamente vivel. Exemplo dessa situao o lcool, que, antes da crise do petrleo de 1973, apresentava custos de produo extremamente elevados em relao aos custos de explorao de petrleo. Hoje, no Brasil, apesar da diminuio do Prolcool, o lcool ainda pode ser considerado um importante combustvel para automveis e um recurso natural estratgico de alta significncia uma vez que h possibilidade de sua renovao e consequente disponibilidade. Sua utilizao efetiva depende de anlises polticas e econmicas que podero ser revistas sempre que necessrio. Finalmente, algo se torna recurso natural caso sua explorao, processamento e utilizao no causem danos ao meio ambiente. Assim, na definio de recurso natural, encontramos trs tpicos relacionados: tecnologia, economia e meio ambiente. 1.3 Poluio Completando o terceiro vrtice do tringulo, como resultado da utilizao dos recursos naturais pela populao surge a poluio que uma alterao indesejvel nas caractersticas fsicas, qumicas ou biolgicas da atmosfera, litosfera ou hidrosfera, podendo causar prejuzo sade, sobrevivncia ou s atividades dos seres humanos e outras espcies ou ainda deteriorar materiais. Para fins prticos, em especial do ponto de vista legal de controle da poluio, acrescentamos que o conceito de poluio deve ser associado s alteraes indesejveis provocadas pelas atividades e intervenes humanas no ambiente. Desse modo, uma erupo vulcnica, apesar de poder ser considerada uma fonte poluidora, um fenmeno natural no provocado pelo homem e que foge ao seu controle, assim como outros fenmenos naturais, como incndios florestais, grandes secas ou inundaes. Poluentes so resduos gerados pelas atividades humanas, causando um impacto ambiental negativo, ou seja, uma alterao indesejvel. Dessa maneira, a poluio est ligada concentrao,ou quantidade de resduos presentes no ar, na gua ou no solo. Para 2 80 85 90 que se possa exercer o controle da poluio de acordo com a legislao ambiental, definemse padres e indicadores de qualidade do ar (concentraes de CO, NOx, SOx, Pb etc.), da gua (concentrao de O2, fenis e Hg, pH, temperatura etc.) e do solo (taxa de eroso etc.) que se deseja respeitar em um determinado ambiente. Os efeitos detectados mais recentemente, como o efeito estufa e a reduo da camada de oznio, ainda no so bem conhecidos, mas podem trazer consequncias que afetaro o clima e o equilbrio do planeta como um todo. importante um esforo conjunto e sem precedentes para que se possa conhecer esses efeitos e control-los de modo eficaz. Os efeitos globais tm contribudo bastante para a sensibilizao recente da sociedade sobre questes ambientais, merecendo destaque na mdia e na agenda de polticos e grupos ambientalistas em todo o planeta. Isso talvez possa ser explicado pela incerteza que os humanos passaram a experimentar em relao prpria sobrevivncia da espcie e pela constatao de sua incapacidade de entender e controlar os processos e as transformaes ambientais decorrentes de suas atividades. At recentemente, acreditava-se que a inteligncia e a tecnologia resolveriam qualquer problema e que no havia limites para o desenvolvimento da espcie e para a utilizao de matria e energia na busca de conforto e qualidade de vida. BRAGA, Benedito et alli. Introduo Engenharia Ambiental. So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005, 2a Ed, pp. 2-6. (Texto adaptado). TEXTO 2 O HOMEM: AS VIAGENS Carlos Drummond de Andrade O homem, bicho da terra to pequeno Chateia-se na terra Lugar de muita misria e pouca diverso, Faz um foguete, uma cpsula, um mdulo Toca para a lua Desce cauteloso na lua Pisa na lua Planta bandeirola na lua Experimenta a lua Coloniza a lua Civiliza a lua Humaniza a lua. Lua humanizada: to igual terra. O homem chateia-se na lua. Vamos para marte - ordena a suas mquinas. Elas obedecem, o homem desce em marte Pisa em marte Experimenta Coloniza Civiliza Humaniza marte com engenho e arte. Marte humanizado, que lugar quadrado. Vamos a outra parte? Claro - diz o engenho Sofisticado e dcil. Vamos a vnus. O homem pe o p em vnus, V o visto - isto? Idem Idem Idem. O homem funde a cuca se no for a jpiter Proclamar justia junto com injustia Repetir a fossa Repetir o inquieto Repetitrio. Outros planetas restam para outras colnias. O espao todo vira terra-a-terra. O homem chega ao sol ou d uma volta S para tever? No-v que ele inventa Roupa insidervel de viver no sol. Pe o p e: Mas que chato o sol, falso touro Espanhol domado. Restam outros sistemas fora Do solar a col- Onizar. Ao acabarem todos S resta ao homem (estar equipado?) A dificlima dangerosssima viagem De si a si mesmo: Pr o p no cho Do seu corao Experimentar Colonizar Civilizar Humanizar O homem Descobrindo em suas prprias inexploradas entranhas A perene, insuspeitada alegria De con-viver. ANDRADE, Carlos Drummond. Nova reunio: 19 livros de poesia 3 ed. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1978, pp. 448-450. Texto 3 OS LUSADAS CANTO PRIMEIRO Lus de Cames As armas e os bares assinalados, Que da ocidental praia Lusitana, Por mares nunca de antes navegados, Passaram ainda alm da Taprobana, Em perigos e guerras esforados, Mais do que prometia a fora humana, E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram; E tambm as memrias gloriosas Daqueles Reis, que foram dilatando A F, o Imprio, e as terras viciosas De frica e de sia andaram devastando; E aqueles, que por obras valerosas Se vo da lei da morte libertando; Cantando espalharei por toda parte, Se a tanto me ajudar o engenho e arte. Cessem do sbio Grego e do Troiano As navegaes grandes que fizeram; Cale-se de Alexandro e de Trajano A fama das vitrias que tiveram; Que eu canto o peito ilustre Lusitano, A quem Neptuno e Marte obedeceram: Cesse tudo o que a Musa antiga canta, Que outro valor mais alto se alevanta. () No mar tanta tormenta e tanto dano Tantas vezes a morte apercebida Na terra tanta guerra, tanto engano, Tanta necessidade aborrecida Onde pode acolher-se um fraco humano Onde ter segura a curta vida, Que no se arme e se indigne o cu sereno Contra um bicho da terra to pequeno? CAMES, Lus de (1524-1580). Os Lusadas. So Paulo: Abril Cultural, [1572] 1979, pp. 29- 31 e 61. Na comparao entre os dois primeiros textos apresentados, pode-se afirmar que
(IME - 2016/2017 - 2 FASE) Texto 1 A CRISE AMBIENTAL Benedito Braga Segundo Miller (1985), nosso planeta pode ser comparado a uma astronave que1 dispe de um eficiente sistema de aproveitamento de energia solar e de reciclagem de matria, deslocando-se a cem mil quilmetros por hora pelo espao sideral. H atualmente na astronave ar, gua e comida suficientes para manter seus2 passageiros. Tendo em vista o progressivo aumento do nmero desses passageiros, em forma exponencial, e a ausncia de portos para reabastecimento, podem-se vislumbrar, em mdio e longo prazos, problemas srios para a manuteno de sua populao. Pela segunda lei da termodinmica, o uso da energia implica degradao de sua3 qualidade. Como consequncia da lei da conservao da massa, os resduos energticos, principalmente na forma de calor, somados aos resduos de matria, alteram a qualidade do meio ambiente no interior dessa astronave. A tendncia natural de qualquer sistema, como um todo, de aumento de 4sua entropia (grau de desordem). Assim, os passageiros, utilizando-se da inesgotvel energia solar, processam, por meio de sua tecnologia e de seu metabolismo, os recursos naturais finitos, gerando, inexoravelmente, algum tipo de poluio. O nvel de qualidade de vida no planeta depender do equilbrio entre estes trs elementos: populao, recursos naturais e poluio. Os aspectos mais relevantes de cada vrtice do tringulo formado por esses elementos e suas interligaes so analisados nos itens subsequentes. 1.1 Populao A populao mundial cresceu de 2,5 bilhes em 1950 para 6,2 bilhes no ano 2002 (...) e, atualmente, a taxa de crescimento se aproxima de 1,13% ao ano. De acordo com a analogia da astronave, isso significa que, nos dias de hoje, ela transporta 6,2 bilhes de passageiros e, a cada ano, outros 74 milhes de passageiros nela embarcam. Esses passageiros esto divididos em 227 naes nos cinco continentes, poucas das quais pertencem aos chamados pases desenvolvidos, com 19% da populao total. As demais so os chamados pases em desenvolvimento ou subdesenvolvidos, com os restantes 81% da populao. Novamente, usando a analogia com a astronave, como se os habitantes dos pases desenvolvidos fossem passageiros de primeira classe, enquanto os demais viajam no poro. Em decorrncia das altas taxas de crescimento populacional que hoje somente ocorrem nos pases menos desenvolvidos, essa situao de desequilbrio tende a se agravar ainda mais: em 1950, os pases desenvolvidos tinham 31,5% da populao mundial; em 2002, apenas 19,3%; e, em 2050, tero 13,7% (). Um casal que tenha cinco filhos, os quais, por sua vez, tenham cinco filhos cada um, representa, a partir de duas pessoas, uma populao familiar de 25 pessoas em duas geraes. Esse fenmeno vem ocorrendo mundialmente desde meados do sculo XIX, com a Revoluo Industrial. A partir dessa revoluo, a tecnologia proporcionou uma reduo da taxa bruta de mortalidade, responsvel pelo aumento da taxa de crescimento populacional anual, apesar de a taxa de natalidade estar se reduzindo desde aquela poca at os dias atuais. () Dentro dessa perspectiva de crescimento, cabe questionar at quando os recursos naturais sero suficientes para sustentar os passageiros da astronave Terra. Existem autores, como Lappe e Collins (1977), que contestam a tese de insuficincia de recursos naturais e responsabilizam a m distribuio da renda e a m orientao da produo agrcola pela fome do mundo hoje. 1.2 Recursos naturais Recurso natural qualquer insumo de que os organismos, as populaes e os ecossistemas necessitam para sua manuteno, sendo, portanto, algo til. H uma estreita relao entre recursos naturais e tecnologia, toda vez que ocorrerem processos tecnolgicos para utilizao de um recurso. Exemplo tpico o magnsio, at pouco tempo no era considerado um recurso natural e passou a s-lo quando se descobriu como utiliz-lo na confeco de ligas metlicas para avies. Recursos naturais e economia interagem de modo bastante evidente, pois algo recurso na medida em que sua explorao economicamente vivel. Exemplo dessa situao o lcool, que, antes da crise do petrleo de 1973, apresentava custos de produo extremamente elevados em relao aos custos de explorao de petrleo. Hoje, no Brasil, apesar da diminuio do Prolcool, o lcool ainda pode ser considerado um importante combustvel para automveis e um recurso natural estratgico de alta significncia uma vez que h possibilidade de sua renovao e consequente disponibilidade. Sua utilizao efetiva depende de anlises polticas e econmicas que podero ser revistas sempre que necessrio. Finalmente, algo se torna recurso natural caso sua explorao, processamento e utilizao no causem danos ao meio ambiente. Assim, na definio de recurso natural, encontramos trs tpicos relacionados: tecnologia, economia e meio ambiente. 1.3 Poluio Completando o terceiro vrtice do tringulo, como resultado da utilizao dos recursos naturais pela populao surge a poluio que uma alterao indesejvel nas caractersticas fsicas, qumicas ou biolgicas da atmosfera, litosfera ou hidrosfera, podendo causar prejuzo sade, sobrevivncia ou s atividades dos seres humanos e outras espcies ou ainda deteriorar materiais. Para fins prticos, em especial do ponto de vista legal de controle da poluio, acrescentamos que o conceito de poluio deve ser associado s alteraes indesejveis provocadas pelas atividades e intervenes humanas no ambiente. Desse modo, uma erupo vulcnica, apesar de poder ser considerada uma fonte poluidora, um fenmeno natural no provocado pelo homem e que foge ao seu controle, assim como outros fenmenos naturais, como incndios florestais, grandes secas ou inundaes. Poluentes so resduos gerados pelas atividades humanas, causando um impacto ambiental negativo, ou seja, uma alterao indesejvel. Dessa maneira, a poluio est ligada concentrao, ou quantidade de resduos presentes no ar, na gua ou no solo. Para que se possa exercer o controle da poluio de acordo com a legislao ambiental, definem-se padres e indicadores de qualidade do ar (concentraes de CO, NOx, SOx, Pb etc.), da gua (concentrao de O2, fenis e Hg, pH, temperatura etc.) e do solo (taxa de eroso etc.) que se deseja respeitar em um determinado ambiente. Os efeitos detectados mais recentemente, como o efeito estufa e a reduo da camada de oznio, ainda no so bem conhecidos, mas podem trazer consequncias que afetaro o clima e o equilbrio do planeta como um todo. importante um esforo conjunto e sem precedentes para que se possa conhecer esses efeitos e control-los de modo eficaz. Os efeitos globais tm contribudo bastante para a sensibilizao recente da sociedade sobre questes ambientais, merecendo destaque na mdia e na agenda de polticos e grupos ambientalistas em todo o planeta. Isso talvez possa ser explicado pela incerteza que os humanos passaram a experimentar em relao prpria sobrevivncia da espcie e pela constatao de sua incapacidade de entender e controlar os processos e as transformaes ambientais decorrentes de 5suas atividades. At recentemente, acreditava-se que a inteligncia e a tecnologia resolveriam qualquer problema e que no havia limites para o desenvolvimento da espcie e para a utilizao de matria e energia na busca de conforto e qualidade de vida. BRAGA, Benedito et alli. Introduo Engenharia Ambiental. So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005, 2a Ed, pp. 2-6. (Texto adaptado). Atente para os seguintes recursos coesivos usados no Texto 1: QUE (ref. 1; 1); SEUS (ref. 2; 1); SUA (ref. 3; 2); SUA (ref. 4; 2); SUAS (ref. 5; 10); Tais recursos recuperam, respectivamente, as palavras:
(IME - 2016/2017 - 2 FASE) TEXTO 2 O homem e as viagens - Carlos Drummond de Andrade O homem, bicho da terra to pequeno Chateia-se na terra Lugar de muita misria e pouca diverso, Faz um foguete, uma cpsula, um mdulo Toca para a lua Desce cauteloso na lua Pisa na lua Planta bandeirola na lua Experimenta a lua Coloniza a lua Civiliza a lua Humaniza a lua. Lua humanizada: to igual terra. O homem chateia-se na lua. Vamos para marte - ordena a suas mquinas. Elas obedecem, o homem desce em marte Pisa em marte Experimenta Coloniza Civiliza Humaniza marte com engenho e arte. Marte humanizado, que lugar quadrado. Vamos a outra parte? Claro - diz o engenho Sofisticado e dcil. Vamos a vnus. O homem pe o p em vnus, V o visto - isto? Idem Idem Idem. O homem funde a cuca se no for a jpiter Proclamar justia junto com injustia Repetir a fossa Repetir o inquieto Repetitrio. Outros planetas restam para outras colnias. O espao todo vira terra-a-terra. O homem chega ao sol ou d uma volta S para tever? No-v que ele inventa Roupa insidervel de viver no sol. Pe o p e: Mas que chato o sol, falso touro Espanhol domado. Restam outros sistemas fora Do solar a col- Onizar. Ao acabarem todos S resta ao homem (estar equipado?) A dificlima dangerosssima viagem De si a si mesmo: Pr o p no cho Do seu corao Experimentar Colonizar Civilizar Humanizar O homem Descobrindo em suas prprias inexploradas entranhas A perene, insuspeitada alegria De con-viver. ANDRADE, Carlos Drummond. Nova reunio: 19 livros de poesia 3 ed. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1978, pp. 448-450. Ao longo de todo o poema O Homem: As Viagens (Texto 2), o poeta usa exaustivamente como recurso de expresso (estilo) a
(IME - 2016/2017 - 2 FASE) Texto 1 A CRISE AMBIENTAL Benedito Braga Segundo Miller (1985), nosso planeta pode ser comparado a uma astronave que dispe de um eficiente sistema de aproveitamento de energia solar e de reciclagem de matria, deslocando-se a cem mil quilmetros por hora pelo espao sideral. H atualmente na astronave ar, gua e comida suficientes para manter seus passageiros. Tendo em vista o progressivo aumento do nmero desses passageiros, em forma exponencial, e a ausncia de portos para reabastecimento, podem-se vislumbrar, em mdio e longo prazos, problemas srios para a manuteno de sua populao. Pela segunda lei da termodinmica, o uso da energia implica degradao de sua qualidade. Como consequncia da lei da conservao da massa, os resduos energticos, principalmente na forma de calor, somados aos resduos de matria, alteram a qualidade do meio ambiente no interior dessa astronave. A tendncia natural de qualquer sistema, como um todo, de aumento de sua entropia (grau de desordem). Assim, os passageiros, utilizando-se da inesgotvel energia solar, processam, por meio de sua tecnologia e de seu metabolismo, os recursos naturais finitos, gerando, inexoravelmente, algum tipo de poluio. O nvel de qualidade de vida no planeta depender do equilbrio entre estes trs elementos: populao, recursos naturais e poluio. Os aspectos mais relevantes de cada vrtice do tringulo formado por esses elementos e suas interligaes so analisados nos itens subsequentes. 1.1Populao A populao mundial cresceu de 2,5 bilhes em 1950 para 6,2 bilhes no ano 2002 (...) e, atualmente, a taxa de crescimento se aproxima de 1,13% ao ano. De acordo com a analogia da astronave, isso significa que, nos dias de hoje, ela transporta 6,2 bilhes de passageiros e, a cada ano, outros 74 milhes de passageiros nela embarcam. Esses passageiros esto divididos em 227 naes nos cinco continentes, poucas das quais pertencem aos chamados pases desenvolvidos, com 19% da populao total. As demais so os chamados pases em desenvolvimento ou subdesenvolvidos, com os restantes 81% da populao. Novamente, usando a analogia com a astronave, como se os habitantes dos pases desenvolvidos fossem passageiros de primeira classe, enquanto os demais viajam no poro. Em decorrncia das altas taxas de crescimento populacional que hoje somente ocorrem nos pases menos desenvolvidos, essa situao de desequilbrio tende a se agravar ainda mais: em 1950, os pases desenvolvidos tinham 31,5% da populao mundial; em 2002, apenas 19,3%; e, em 2050, tero 13,7% (). Um casal que tenha cinco filhos, os quais, por sua vez, tenham cinco filhos cada um, representa, a partir de duas pessoas, uma populao familiar de 25 pessoas em duas geraes. Esse fenmeno vem ocorrendo mundialmente desde meados do sculo XIX, com a Revoluo Industrial. A partir dessa revoluo, a tecnologia proporcionou uma reduo da taxa bruta de mortalidade, responsvel pelo aumento da taxa de crescimento populacional anual, apesar de a taxa de natalidade estar se reduzindo desde aquela poca at os dias atuais. () Dentro dessa perspectiva de crescimento, cabe questionar at quando os recursos naturais sero suficientes para sustentar os passageiros da astronave Terra. Existem autores, como Lappe e Collins (1977), que contestam a tese de insuficincia de recursos naturais e responsabilizam a m distribuio da renda e a m orientao da produo agrcola pela fome do mundo hoje. 1.2 Recursos naturais Recurso natural qualquer insumo de que os organismos, as populaes e os ecossistemas necessitam para sua manuteno, sendo, portanto, algo til. H uma estreita relao entre recursos naturais e tecnologia, toda vez que ocorrerem processos tecnolgicos para utilizao de um recurso. Exemplo tpico o magnsio, at pouco tempo no era considerado um recurso natural e passou a s-lo quando se descobriu como utiliz-lo na confeco de ligas metlicas para avies. Recursos naturais e economia interagem de modo bastante evidente, pois algo recurso na medida em que sua explorao economicamente vivel. Exemplo dessa situao o lcool, que, antes da crise do petrleo de 1973, apresentava custos de produo extremamente elevados em relao aos custos de explorao de petrleo. Hoje, no Brasil, apesar da diminuio do Prolcool, o lcool ainda pode ser considerado um importante combustvel para automveis e um recurso natural estratgico de alta significncia uma vez que h possibilidade de sua renovao e consequente disponibilidade. Sua utilizao efetiva depende de anlises polticas e econmicas que podero ser revistas sempre que necessrio. Finalmente, algo se torna recurso natural caso sua explorao, processamento e utilizao no causem danos ao meio ambiente. Assim, na definio de recurso natural, encontramos trs tpicos relacionados: tecnologia, economia e meio ambiente. 1.3 Poluio Completando o terceiro vrtice do tringulo, como resultado da utilizao dos recursos naturais pela populao surge a poluio que uma alterao indesejvel nas caractersticas fsicas, qumicas ou biolgicas da atmosfera, litosfera ou hidrosfera, podendo causar prejuzo sade, sobrevivncia ou s atividades dos seres humanos e outras espcies ou ainda deteriorar materiais. Para fins prticos, em especial do ponto de vista legal de controle da poluio, acrescentamos que o conceito de poluio deve ser associado s alteraes indesejveis provocadas pelas atividades e intervenes humanas no ambiente. Desse modo, uma erupo vulcnica, apesar de poder ser considerada uma fonte poluidora, um fenmeno natural no provocado pelo homem e que foge ao seu controle, assim como outros fenmenos naturais, como incndios florestais, grandes secas ou inundaes. Poluentes so resduos gerados pelas atividades humanas, causando um impacto ambiental negativo, ou seja, uma alterao indesejvel. Dessa maneira, a poluio est ligada concentrao, ou quantidade de resduos presentes no ar, na gua ou no solo. Para que se possa exercer o controle da poluio de acordo com a legislao ambiental, definemse padres e indicadores de qualidade do ar (concentraes de CO, NOx, SOx, Pb etc.), da gua (concentrao de O2, fenis e Hg, pH, temperatura etc.) e do solo (taxa de eroso etc.) que se deseja respeitar em um determinado ambiente. Os efeitos detectados mais recentemente, como o efeito estufa e a reduo da camada de oznio, ainda no so bem conhecidos, mas podem trazer consequncias que afetaro o clima e o equilbrio do planeta como um todo. importante um esforo conjunto e sem precedentes para que se possa conhecer esses efeitos e control-los de modo eficaz. Os efeitos globais tm contribudo bastante para a sensibilizao recente da sociedade sobre questes ambientais, merecendo destaque na mdia e na agenda de polticos e grupos ambientalistas em todo o planeta. Isso talvez possa ser explicado pela incerteza que os humanos passaram a experimentar em relao prpria sobrevivncia da espcie e pela constatao de sua incapacidade de entender e controlar os processos e as transformaes ambientais decorrentes de suas atividades. At recentemente, acreditava-se que a inteligncia e a tecnologia resolveriam qualquer problema e que no havia limites para o desenvolvimento da espcie e para a utilizao de matria e energia na busca de conforto e qualidade de vida. BRAGA, Benedito et alli. Introduo Engenharia Ambiental. So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005, 2a Ed, pp. 2-6. (Texto adaptado). Texto2 O HOMEM E AS VIAGENS Carlos Drummond de Andrade O homem, bicho da terra to pequeno Chateia-se na terra Lugar de muita misria e pouca diverso, Faz um foguete, uma cpsula, um mdulo Toca para a lua Desce cauteloso na lua Pisa na lua Planta bandeirola na lua Experimenta a lua Coloniza a lua Civiliza a lua Humaniza a lua. Lua humanizada: to igual terra. O homem chateia-se na lua. Vamos para marte - ordena a suas mquinas. Elas obedecem, o homem desce em marte Pisa em marte Experimenta Coloniza Civiliza Humaniza marte com engenho e arte. Marte humanizado, que lugar quadrado. Vamos a outra parte? Claro - diz o engenho Sofisticado e dcil. Vamos a vnus. O homem pe o p em vnus, V o visto - isto? Idem Idem Idem. O homem funde a cuca se no for a jpiter Proclamar justia junto com injustia Repetir a fossa Repetir o inquieto Repetitrio. Outros planetas restam para outras colnias. O espao todo vira terra-a-terra. O homem chega ao sol ou d uma volta S para tever? No-v que ele inventa Roupa insidervel de viver no sol. Pe o p e: Mas que chato o sol, falso touro Espanhol domado. Restam outros sistemas fora Do solar a col- Onizar. Ao acabarem todos S resta ao homem (estar equipado?) A dificlima dangerosssima viagem De si a si mesmo: Pr o p no cho Do seu corao Experimentar Colonizar Civilizar Humanizar O homem Descobrindo em suas prprias inexploradas entranhas A perene, insuspeitada alegria De con-viver. ANDRADE, Carlos Drummond. Nova reunio: 19 livros de poesia 3 ed. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1978, pp. 448-450. Leia atentamente as assertivas seguintes em relao ao ltimo pargrafo do Texto 1 e a 2, a 5 e a 6 estrofes do Texto 2. O poeta salienta um desejo insacivel do homem em encontrar novos lugares para explorar. O ltimo pargrafo do Texto 1 trata, dentre outras coisas, da frustrao vivenciada em funo de, um dia, ter havido confiana desmedida na capacidade do homem para gerenciar as questes relacionadas aos recursos do planeta Terra. A insuspeitada alegria a que o poeta faz referncia remete busca de conforto e qualidade de vida por meio da inteligncia e da tecnologia, conforme aos anseios apontados no ltimo pargrafo do Texto 1. O neologismo dangerosssima aponta para o perigo de se descobrir coisas que podem ser ruins dentro de si mesmo. So verdadeiras
(IME - 2016/2017 - 2 FASE) Texto 1 A CRISE AMBIENTAL Benedito Braga Segundo Miller (1985), nosso planeta pode ser comparado a uma astronave que dispe de um eficiente sistema de aproveitamento de energia solar e de reciclagem de matria, deslocando-se a cem mil quilmetros por hora pelo espao sideral. H atualmente na astronave ar, gua e comida suficientes para manter seus passageiros. Tendo em vista o progressivo aumento do nmero desses passageiros, em forma exponencial, e a ausncia de portos para reabastecimento, podem-se vislumbrar, em mdio e longo prazos, problemas srios para a manuteno de sua populao. Pela segunda lei da termodinmica, o uso da energia implica degradao de sua qualidade. Como consequncia da lei da conservao da massa, os resduos energticos, principalmente na forma de calor, somados aos resduos de matria, alteram a qualidade do meio ambiente no interior dessa astronave. A tendncia natural de qualquer sistema, como um todo, de aumento de sua entropia (grau de desordem). Assim, os passageiros, utilizando-se da inesgotvel energia solar, processam, por meio de sua tecnologia e de seu metabolismo, os recursos naturais finitos, gerando, inexoravelmente, algum tipo de poluio. O nvel de qualidade de vida no planeta depender do equilbrio entre estes trs elementos: populao, recursos naturais e poluio. Os aspectos mais relevantes de cada vrtice do tringulo formado por esses elementos e suas interligaes so analisados nos itens subsequentes. 1.1 Populao A populao mundial cresceu de 2,5 bilhes em 1950 para 6,2 bilhes no ano 2002 (...) e, atualmente, a taxa de crescimento se aproxima de 1,13% ao ano. De acordo com a analogia da astronave, isso significa que, nos dias de hoje, ela transporta 6,2 bilhes de passageiros e, a cada ano, outros 74 milhes de passageiros nela embarcam. Esses passageiros esto divididos em 227 naes nos cinco continentes, poucas das quais pertencem aos chamados pases desenvolvidos, com 19% da populao total. As demais so os chamados pases em desenvolvimento ou subdesenvolvidos, com os restantes 81% da populao. Novamente, usando a analogia com a astronave, como se os habitantes dos pases desenvolvidos fossem passageiros de primeira classe, enquanto os demais viajam no poro. Em decorrncia das altas taxas de crescimento populacional que hoje somente ocorrem nos pases menos desenvolvidos, essa situao de desequilbrio tende a se agravar ainda mais: em 1950, os pases desenvolvidos tinham 31,5% da populao mundial; em 2002, apenas 19,3%; e, em 2050, tero 13,7% (). Um casal que tenha cinco filhos, os quais, por sua vez, tenham cinco filhos cada um, representa, a partir de duas pessoas, uma populao familiar de 25 pessoas em duas geraes. Esse fenmeno vem ocorrendo mundialmente desde meados do sculo XIX, com a Revoluo Industrial. A partir dessa revoluo, a tecnologia proporcionou uma reduo da taxa bruta de mortalidade, responsvel pelo aumento da taxa de crescimento populacional anual, apesar de a taxa de natalidade estar se reduzindo desde aquela poca at os dias atuais. () Dentro dessa perspectiva de crescimento, cabe questionar at quando os recursos naturais sero suficientes para sustentar os passageiros da astronave Terra. Existem autores, como Lappe e Collins (1977), que contestam a tese de insuficincia de recursos naturais e responsabilizam a m distribuio da renda e a m orientao da produo agrcola pela fome do mundo hoje. 1.2 Recursos naturais Recurso natural qualquer insumo de que os organismos, as populaes e os ecossistemas necessitam para sua manuteno, sendo, portanto, algo til. H uma estreita relao entre recursos naturais e tecnologia, toda vez que ocorrerem processos tecnolgicos para utilizao de um recurso. Exemplo tpico o magnsio, at pouco tempo no era considerado um recurso natural e passou a s-lo quando se descobriu como utiliz-lo na confeco de ligas metlicas para avies. Recursos naturais e economia interagem de modo bastante evidente, pois algo recurso na medida em que sua explorao economicamente vivel. Exemplo dessa situao o lcool, que, antes da crise do petrleo de 1973, apresentava custos de produo extremamente elevados em relao aos custos de explorao de petrleo. Hoje, no Brasil, apesar da diminuio do Prolcool, o lcool ainda pode ser considerado um importante combustvel para automveis e um recurso natural estratgico de alta significncia uma vez que h possibilidade de sua renovao e consequente disponibilidade. Sua utilizao efetiva depende de anlises polticas e econmicas que podero ser revistas sempre que necessrio. Finalmente, algo se torna recurso natural caso sua explorao, processamento e utilizao no causem danos ao meio ambiente. Assim, na definio de recurso natural, encontramos trs tpicos relacionados: tecnologia, economia e meio ambiente. 1.3 Poluio Completando o terceiro vrtice do tringulo, como resultado da utilizao dos recursos naturais pela populao surge a poluio que uma alterao indesejvel nas caractersticas fsicas, qumicas ou biolgicas da atmosfera, litosfera ou hidrosfera, podendo causar prejuzo sade, sobrevivncia ou s atividades dos seres humanos e outras espcies ou ainda deteriorar materiais. Para fins prticos, em especial do ponto de vista legal de controle da poluio, acrescentamos que o conceito de poluio deve ser associado s alteraes indesejveis provocadas pelas atividades e intervenes humanas no ambiente. Desse modo, uma erupo vulcnica, apesar de poder ser considerada uma fonte poluidora, um fenmeno natural no provocado pelo homem e que foge ao seu controle, assim como outros fenmenos naturais, como incndios florestais, grandes secas ou inundaes. Poluentes so resduos gerados pelas atividades humanas, causando um impacto ambiental negativo, ou seja, uma alterao indesejvel. Dessa maneira, a poluio est ligada concentrao, ou quantidade de resduos presentes no ar, na gua ou no solo. Para que se possa exercer o controle da poluio de acordo com a legislao ambiental, definemse padres e indicadores de qualidade do ar (concentraes de CO, NOx, SOx, Pb etc.), da gua (concentrao de O2, fenis e Hg, pH, temperatura etc.) e do solo (taxa de eroso etc.) que se deseja respeitar em um determinado ambiente. Os efeitos detectados mais recentemente, como o efeito estufa e a reduo da camada de oznio, ainda no so bem conhecidos, mas podem trazer consequncias que afetaro o clima e o equilbrio do planeta como um todo. importante um esforo conjunto e sem precedentes para que se possa conhecer esses efeitos e control-los de modo eficaz. Os efeitos globais tm contribudo bastante para a sensibilizao recente da sociedade sobre questes ambientais, merecendo destaque na mdia e na agenda de polticos e grupos ambientalistas em todo o planeta. Isso talvez possa ser explicado pela incerteza que os humanos passaram a experimentar em relao prpria sobrevivncia da espcie e pela constatao de sua incapacidade de entender e controlar os processos e as transformaes ambientais decorrentes de suas atividades. At recentemente, acreditava-se que a inteligncia e a tecnologia resolveriam qualquer problema e que no havia limites para o desenvolvimento da espcie e para a utilizao de matria e energia na busca de conforto e qualidade de vida. BRAGA, Benedito et all.Introduo Engenharia Ambiental. So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005, 2a Ed, pp. 2-6. (Texto adaptado). Observe a pontuao apresentada nos trechos abaixo destacados: () os passageiros, utilizando-se da inesgotvel energia solar, processam, por meio de sua tecnologia e de seu metabolismo, os recursos naturais finitos, gerando, inexoravelmente, algum tipo de poluio. (linhas 12 a 14 do Texto 1) () uma erupo vulcnica, apesar de poder ser considerada uma fonte poluidora, um fenmeno natural no provocado pelo homem (). (linhas 71 e 72 do Texto 1) O uso de vrgulas nos trechos destacadas indicam
(IME - 2016/2017 - 2 FASE) TEXTO 2 O HOMEM: AS VIAGENS Carlos Drummond de Andrade O homem, bicho da terra to pequeno Chateia-se na terra Lugar de muita misria e pouca diverso, Faz um foguete, uma cpsula, um mdulo Toca para a lua Desce cauteloso na lua Pisa na lua Planta bandeirola na lua Experimenta a lua Coloniza a lua Civiliza a lua Humaniza a lua. Lua humanizada: to igual terra. O homem chateia-se na lua. Vamos para marte - ordena a suas mquinas. Elas obedecem, o homem desce em marte Pisa em marte Experimenta Coloniza Civiliza Humaniza marte com engenho e arte. Marte humanizado, que lugar quadrado. Vamos a outra parte? Claro - diz o engenho Sofisticado e dcil. Vamos a vnus. O homem pe o p em vnus, V o visto - isto? Idem Idem Idem. O homem funde a cuca se no for a jpiter Proclamar justia junto com injustia Repetir a fossa Repetir o inquieto Repetitrio. Outros planetas restam para outras colnias. O espao todo vira terra-a-terra. O homem chega ao sol ou d uma volta S para tever? No-v que ele inventa Roupa insidervel de viver no sol. Pe o p e: Mas que chato o sol, falso touro Espanhol domado. Restam outros sistemas fora Do solar a col- Onizar. Ao acabarem todos S resta ao homem (estar equipado?) A dificlima dangerosssima viagem De si a si mesmo: Pr o p no cho Do seu corao Experimentar Colonizar Civilizar Humanizar O homem Descobrindo em suas prprias inexploradas entranhas A perene, insuspeitada alegria De con-viver. ANDRADE, Carlos Drummond. Nova reunio: 19 livros de poesia 3 ed. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1978, pp. 448-450. Texto 3 OS LUSADAS CANTO PRIMEIRO Lus de Cames As armas e os bares assinalados, Que da ocidental praia Lusitana, Por mares nunca de antes navegados, Passaram ainda alm da Taprobana, Em perigos e guerras esforados, Mais do que prometia a fora humana, E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram; E tambm as memrias gloriosas Daqueles Reis, que foram dilatando A F, o Imprio, e as terras viciosas De frica e de sia andaram devastando; E aqueles, que por obras valerosas Se vo da lei da morte libertando; Cantando espalharei por toda parte, Se a tanto me ajudar o engenho e arte. Cessem do sbio Grego e do Troiano As navegaes grandes que fizeram; Cale-se de Alexandro e de Trajano A fama das vitrias que tiveram; Que eu canto o peito ilustre Lusitano, A quem Neptuno e Marte obedeceram: Cesse tudo o que a Musa antiga canta, Que outro valor mais alto se alevanta. () No mar tanta tormenta e tanto dano Tantas vezes a morte apercebida Na terra tanta guerra, tanto engano, Tanta necessidade aborrecida Onde pode acolher-se um fraco humano Onde ter segura a curta vida, Que no se arme e se indigne o cu sereno Contra um bicho da terra to pequeno? CAMES, Lus de (1524-1580). Os Lusadas. So Paulo: Abril Cultural, [1572] 1979, pp. 29- 31 e 61. A transtextualizao ou intertextualidade um processo pelo qual o enunciador constri seu texto (texto meta) mediante a incorporao ou transformao da totalidade ou de parte de outro texto (texto fonte) (AZEREDO, J. C. Gramtica Houaiss da Lngua Portuguesa, p. 96). So vrios os tipos de transtextualizao elencados na referida obra, dentre eles a incorporao, a citao, a aluso, a reelaborao, a parfrase, a traduo e a pardia. Especificamente, a aluso consiste em evocar um texto ou discurso anterior (de outro gnero, de outra poca, de outra cultura), para produzir, no presente, um efeito de sentido autorizado ou legitimado pelo texto/discurso evocado. Diferentemente da citao, cuja incorporao o interlocutor identifica graas s marcas, a aluso s percebida se o texto que ela evoca faz parte da cultura do interlocutor (Ibidem, p. 98). Atente para as seguintes assertivas apresentadas na comparao dos textos 2 e 3. I. H uma relao explcita entre o primeiro verso do poema de Drummond e o ltimo verso do Canto I de Os Lusadas, de Cames, apresentados nesta prova. II. O verso camoniano Tanta necessidade aborrecida pode ser visto como um desencadeador da descrio drummondiana do tdio do homem face a suas conquistas que no o levam resoluo de problemas mais imediatos como a fome, a desigualdade e as injustias, tambm evocadas por Cames nos versos iniciais da estrofe 106 de Os Lusadas. III. O texto brasileiro alude diretamente ao texto portugus no uso da expresso engenho e arte, recorrendo, inclusive, mesma parceria rtmica (parte/arte). IV. Enquanto em Cames a humanizao reivindicada refere-se a uma europeizao do espao terrestre, no poema de Drummond, diferentemente, a humanizao interplanetria, o que se verifica inclusive pelo uso da maiscula na palavra Terra no primeiro verso de seu poema. So marcas de aluso
(IME - 2016/2017 - 2 FASE) TEXTO 2 O HOMEM: AS VIAGENS Carlos Drummond de Andrade O homem, bicho da terra to pequeno Chateia-se na terra Lugar de muita misria e pouca diverso, Faz um foguete, uma cpsula, um mdulo Toca para a lua Desce cauteloso na lua Pisa na lua Planta bandeirola na lua Experimenta a lua Coloniza a lua Civiliza a lua Humaniza a lua. Lua humanizada: to igual terra. O homem chateia-se na lua. Vamos para marte - ordena a suas mquinas. Elas obedecem, o homem desce em marte Pisa em marte Experimenta Coloniza Civiliza Humaniza marte com engenho e arte. Marte humanizado, que lugar quadrado. Vamos a outra parte? Claro - diz o engenho Sofisticado e dcil. Vamos a vnus. O homem pe o p em vnus, V o visto - isto? Idem Idem Idem. O homem funde a cuca se no for a jpiter Proclamar justia junto com injustia Repetir a fossa Repetir o inquieto Repetitrio. Outros planetas restam para outras colnias. O espao todo vira terra-a-terra. O homem chega ao sol ou d uma volta S para tever? No-v que ele inventa Roupa insidervel de viver no sol. Pe o p e: Mas que chato o sol, falso touro Espanhol domado. Restam outros sistemas fora Do solar a col- Onizar. Ao acabarem todos S resta ao homem (estar equipado?) A dificlima dangerosssima viagem De si a si mesmo: Pr o p no cho Do seu corao Experimentar Colonizar Civilizar Humanizar O homem Descobrindo em suas prprias inexploradas entranhas A perene, insuspeitada alegria De con-viver. ANDRADE, Carlos Drummond. Nova reunio: 19 livros de poesia 3 ed. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1978, pp. 448-450. Texto 3 OS LUSADAS CANTO PRIMEIRO Lus de Cames As armas e os bares assinalados, Que da ocidental praia Lusitana, Por mares nunca de antes navegados, Passaram ainda alm da Taprobana, Em perigos e guerras esforados, Mais do que prometia a fora humana, E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram; E tambm as memrias gloriosas Daqueles Reis, que foram dilatando A F, o Imprio, e as terras viciosas De frica e de sia andaram devastando; E aqueles, que por obras valerosas Se vo da lei da morte libertando; Cantando espalharei por toda parte, Se a tanto me ajudar o engenho e arte. Cessem do sbio Grego e do Troiano As navegaes grandes que fizeram; Cale-se de Alexandro e de Trajano A fama das vitrias que tiveram; Que eu canto o peito ilustre Lusitano, A quem Neptuno e Marte obedeceram: Cesse tudo o que a Musa antiga canta, Que outro valor mais alto se alevanta. () No mar tanta tormenta e tanto dano Tantas vezes a morte apercebida Na terra tanta guerra, tanto engano, Tanta necessidade aborrecida Onde pode acolher-se um fraco humano Onde ter segura a curta vida, Que no se arme e se indigne o cu sereno Contra um bicho da terra to pequeno? CAMES, Lus de (1524-1580). Os Lusadas. So Paulo: Abril Cultural, [1572] 1979, pp. 29- 31 e 61. Leia atentamente as assertivas seguintes a propsito dos Textos 2 e 3: I. Os versos Cesse tudo o que a Musa antiga canta,/Que outro valor mais alto se alevanta. reivindicam, para os portugueses, a glria de haver sobrepujado qualquer outra faanha humana, o que se confirma no prprio poema quando se afirma que mesmo os deuses Netuno e Marte obedeceram a esse povo ilustre. II. Tanto os versos de Cames quanto os de Carlos Drummond de Andrade recorrem mudana de tempo verbal, ressaltando a importncia dessa escolha para melhor revelar as incertezas que assolam o homem em sua pequenez e insignificncia diante dos mistrios de sua existncia. III. Os textos diferem completamente um do outro quanto escolha do lxico e sintaxe: enquanto o texto do poeta brasileiro abriga neologismos e grias em suas construes e faz uso de construes sintticas diretas e simples, o texto do poeta portugus apresenta vocabulrio erudito e construes sintticas que invertem a ordem natural da sintaxe portuguesa. IV. possvel estabelecer uma comparao entre o verso drummondiano roupa insidervel de viver no Sol (7 estrofe do Texto 2) e o verso camoniano mais do que prometia a fora humana (1 estrofe do Texto 3): ambos constatam a forte presena dos engenhos que a capacidade inventiva do homem consegue elaborar. So verdadeiras
(IME - 2016/2017 - 2 FASE) Texto 3 OS LUSADAS - CANTO PRIMEIRO Lus de Cames 1 As armas e os bares assinalados, Que da ocidental praia Lusitana, Por mares nunca de antes navegados, Passaram ainda alm da Taprobana, Em perigos e guerras esforados, Mais do que prometia a fora humana, E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram; 2 E tambm as memrias gloriosas Daqueles Reis, que foram dilatando A F, o Imprio, e as terras viciosas De frica e de sia andaram devastando; E aqueles, que por obras valerosas Se vo da lei da morte libertando; Cantando espalharei por toda parte, Se a tanto me ajudar o engenho e arte. 3 Cessem do sbio Grego e do Troiano As navegaes grandes que fizeram; Cale-se de Alexandro e de Trajano A fama das vitrias que tiveram; Que eu canto o peito ilustre Lusitano, A quem Neptuno e Marte obedeceram: Cesse tudo o que a Musa antiga canta, Que outro valor mais alto se alevanta. () 106 No mar tanta tormenta e tanto dano Tantas vezes a morte apercebida Na terra tanta guerra, tanto engano, Tanta necessidade aborrecida Onde pode acolher-se um fraco humano Onde ter segura a curta vida, Que no se arme e se indigne o cu sereno Contra um bicho da terra to pequeno? CAMES, Lus de (1524-1580).Os Lusadas. So Paulo: Abril Cultural, [1572] 1979, pp. 29- 31 e 61. A palavra QUE nos versos do Texto 3 Que eu canto o peito ilustre, Lusitano (verso 21) e Que outro valor mais alto se alevanta (verso 24) tem valor
(IME - 2016/2017 - 2 FASE) Texto 1 A CRISE AMBIENTAL Benedito Braga Segundo Miller (1985), nosso planeta pode ser comparado a uma astronave que dispe de um eficiente sistema de aproveitamento de energia solar e de reciclagem de matria, deslocando-se a cem mil quilmetros por hora pelo espao sideral. H atualmente na astronave ar, gua e comida suficientes para manter seus passageiros. Tendo em vista o progressivo aumento do nmero desses passageiros, em forma exponencial, e a ausncia de portos para reabastecimento, podem-se vislumbrar, em mdio e longo prazos, problemas srios para a manuteno de sua populao. Pela segunda lei da termodinmica, o uso da energia implica degradao de sua qualidade. Como consequncia da lei da conservao da massa, os resduos energticos, principalmente na forma de calor, somados aos resduos de matria, alteram a qualidade do meio ambiente no interior dessa astronave. A tendncia natural de qualquer sistema, como um todo, de aumento de sua entropia (grau de desordem). Assim, os passageiros, utilizando-se da inesgotvel energia solar, processam, por meio de sua tecnologia e de seu metabolismo, os recursos naturais finitos, gerando, inexoravelmente, algum tipo de poluio. O nvel de qualidade de vida no planeta depender do equilbrio entre estes trs elementos: populao, recursos naturais e poluio. Os aspectos mais relevantes de cada vrtice do tringulo formado por esses elementos e suas interligaes so analisados nos itens subsequentes. 1.1 Populao A populao mundial cresceu de 2,5 bilhes em 1950 para 6,2 bilhes no ano 2002 (...) e, atualmente, a taxa de crescimento se aproxima de 1,13% ao ano. De acordo com a analogia da astronave, isso significa que, nos dias de hoje, ela transporta 6,2 bilhes de passageiros e, a cada ano, outros 74 milhes de passageiros nela embarcam. Esses passageiros esto divididos em 227 naes nos cinco continentes, poucas das quais pertencem aos chamados pases desenvolvidos, com 19% da populao total. As demais so os chamados pases em desenvolvimento ou subdesenvolvidos, com os restantes 81% da populao. Novamente, usando a analogia com a astronave, como se os habitantes dos pases desenvolvidos fossem passageiros de primeira classe, enquanto os demais viajam no poro. Em decorrncia das altas taxas de crescimento populacional que hoje somente ocorrem nos pases menos desenvolvidos, essa situao de desequilbrio tende a se agravar ainda mais:em 1950, os pases desenvolvidos tinham 31,5% da populao mundial; em 2002, apenas 19,3%; e, em 2050, tero 13,7% (). Um casal que tenha cinco filhos, os quais, por sua vez, tenham cinco filhos cada um, representa, a partir de duas pessoas, uma populao familiar de 25 pessoas em duas geraes. Esse fenmeno vem ocorrendo mundialmente desde meados do sculo XIX, com a Revoluo Industrial. A partir dessa revoluo, a tecnologia proporcionou uma reduo da taxa bruta de mortalidade, responsvel pelo aumento da taxa de crescimento populacional anual, apesar de a taxa de natalidade estar se reduzindo desde aquela poca at os dias atuais. () Dentro dessa perspectiva de crescimento, cabe questionar at quando os recursos naturais sero suficientes para sustentar os passageiros da astronave Terra. Existem autores, como Lappe e Collins (1977), que contestam a tese de insuficincia de recursos naturais e responsabilizam a m distribuio da renda e a m orientao da produo agrcola pela fome do mundo hoje. 1.2 Recursos naturais Recurso natural qualquer insumo de que os organismos, as populaes e os ecossistemas necessitam para sua manuteno, sendo, portanto, algo til. H uma estreita relao entre recursos naturais e tecnologia, toda vez que ocorrerem processos tecnolgicos para utilizao de um recurso. Exemplo tpico o magnsio, at pouco tempo no era considerado um recurso natural e passou a s-lo quando se descobriu como utiliz-lo na confeco de ligas metlicas para avies. Recursos naturais e economia interagem de modo bastante evidente, pois algo recurso na medida em que sua explorao economicamente vivel. Exemplo dessa situao o lcool, que, antes da crise do petrleo de 1973, apresentava custos de produo extremamente elevados em relao aos custos de explorao de petrleo. Hoje, no Brasil, apesar da diminuio do Prolcool, o lcool ainda pode ser considerado um importante combustvel para automveis e um recurso natural estratgico de alta significncia uma vez que h possibilidade de sua renovao e consequente disponibilidade. Sua utilizao efetiva depende de anlises polticas e econmicas que podero ser revistas sempre que necessrio. Finalmente, algo se torna recurso natural caso sua explorao, processamento e utilizao no causem danos ao meio ambiente. Assim, na definio de recurso natural, encontramos trs tpicos relacionados: tecnologia, economia e meio ambiente. 1.3 Poluio Completando o terceiro vrtice do tringulo, como resultado da utilizao dos recursos naturais pela populao surge a poluio que uma alterao indesejvel nas caractersticas fsicas, qumicas ou biolgicas da atmosfera, litosfera ou hidrosfera, podendo causar prejuzo sade, sobrevivncia ou s atividades dos seres humanos e outras espcies ou ainda deteriorar materiais. Para fins prticos, em especial do ponto de vista legal de controle da poluio, acrescentamos que o conceito de poluio deve ser associado s alteraes indesejveis provocadas pelas atividades e intervenes humanas no ambiente. Desse modo, uma erupo vulcnica, apesar de poder ser considerada uma fonte poluidora, um fenmeno natural no provocado pelo homem e que foge ao seu controle, assim como outros fenmenos naturais, como incndios florestais, grandes secas ou inundaes. Poluentes so resduos gerados pelas atividades humanas, causando um impacto ambiental negativo, ou seja, uma alterao indesejvel. Dessa maneira, a poluio est ligada concentrao,ou quantidade de resduos presentes no ar, na gua ou no solo. Para 2 80 85 90 que se possa exercer o controle da poluio de acordo com a legislao ambiental, definemse padres e indicadores de qualidade do ar (concentraes de CO, NOx, SOx, Pb etc.), da gua (concentrao de O2, fenis e Hg, pH, temperatura etc.) e do solo (taxa de eroso etc.) que se deseja respeitar em um determinado ambiente. Os efeitos detectados mais recentemente, como o efeito estufa e a reduo da camada de oznio, ainda no so bem conhecidos, mas podem trazer consequncias que afetaro o clima e o equilbrio do planeta como um todo. importante um esforo conjunto e sem precedentes para que se possa conhecer esses efeitos e control-los de modo eficaz. Os efeitos globais tm contribudo bastante para a sensibilizao recente da sociedade sobre questes ambientais, merecendo destaque na mdia e na agenda de polticos e grupos ambientalistas em todo o planeta. Isso talvez possa ser explicado pela incerteza que os humanos passaram a experimentar em relao prpria sobrevivncia da espcie e pela constatao de sua incapacidade de entender e controlar os processos e as transformaes ambientais decorrentes de suas atividades. At recentemente, acreditava-se que a inteligncia e a tecnologia resolveriam qualquer problema e que no havia limites para o desenvolvimento da espcie e para a utilizao de matria e energia na busca de conforto e qualidade de vida. BRAGA, Benedito et all. Introduo Engenharia Ambiental. So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005, 2a Ed, pp. 2-6. (Texto adaptado). O quarto pargrafo do Texto 1 apresenta o papel da Revoluo Industrial e seu impacto no mundo. Sobre a explanao dos autores, podemos afirmar que
(IME - 2016/2017 - 2 FASE) Texto 1 A CRISE AMBIENTAL Benedito Braga Segundo Miller (1985), nosso planeta pode ser comparado a uma astronave que dispe de um eficiente sistema de aproveitamento de energia solar e de reciclagem de matria, deslocando-se a cem mil quilmetros por hora pelo espao sideral. H atualmente na astronave ar, gua e comida suficientes para manter seus passageiros. Tendo em vista o progressivo aumento do nmero desses passageiros, em forma exponencial, e a ausncia de portos para reabastecimento, podem-se vislumbrar, em mdio e longo prazos, problemas srios para a manuteno de sua populao. Pela segunda lei da termodinmica, o uso da energia implica degradao de sua qualidade. Como consequncia da lei da conservao da massa, os resduos energticos, principalmente na forma de calor, somados aos resduos de matria, alteram a qualidade do meio ambiente no interior dessa astronave. A tendncia natural de qualquer sistema, como um todo, de aumento de sua entropia (grau de desordem). Assim, os passageiros, utilizando-se da inesgotvel energia solar, processam, por meio de sua tecnologia e de seu metabolismo, os recursos naturais finitos, gerando, inexoravelmente, algum tipo de poluio. O nvel de qualidade de vida no planeta depender do equilbrio entre estes trs elementos: populao, recursos naturais e poluio. Os aspectos mais relevantes de cada vrtice do tringulo formado por esses elementos e suas interligaes so analisados nos itens subsequentes. 1.1 Populao A populao mundial cresceu de 2,5 bilhes em 1950 para 6,2 bilhes no ano 2002 (...) e, atualmente, a taxa de crescimento se aproxima de 1,13% ao ano. De acordo com a analogia da astronave, isso significa que, nos dias de hoje, ela transporta 6,2 bilhes de passageiros e, a cada ano, outros 74 milhes de passageiros nela embarcam. Esses passageiros esto divididos em 227 naes nos cinco continentes, poucas das quais pertencem aos chamados pases desenvolvidos, com 19% da populao total. As demais so os chamados pases em desenvolvimento ou subdesenvolvidos, com os restantes 81% da populao. Novamente, usando a analogia com a astronave, como se os habitantes dos pases desenvolvidos fossem passageiros de primeira classe, enquanto os demais viajam no poro. Em decorrncia das altas taxas de crescimento populacional que hoje somente ocorrem nos pases menos desenvolvidos, essa situao de desequilbrio tende a se agravar ainda mais:em 1950, os pases desenvolvidos tinham 31,5% da populao mundial; em 2002, apenas 19,3%; e, em 2050, tero 13,7% (). Um casal que tenha cinco filhos, os quais, por sua vez, tenham cinco filhos cada um, representa, a partir de duas pessoas, uma populao familiar de 25 pessoas em duas geraes. Esse fenmeno vem ocorrendo mundialmente desde meados do sculo XIX, com a Revoluo Industrial. A partir dessa revoluo, a tecnologia proporcionou uma reduo da taxa bruta de mortalidade, responsvel pelo aumento da taxa de crescimento populacional anual, apesar de a taxa de natalidade estar se reduzindo desde aquela poca at os dias atuais. () Dentro dessa perspectiva de crescimento, cabe questionar at quando os recursos naturais sero suficientes para sustentar os passageiros da astronave Terra. Existem autores, como Lappe e Collins (1977), que contestam a tese de insuficincia de recursos naturais e responsabilizam a m distribuio da renda e a m orientao da produo agrcola pela fome do mundo hoje. 1.2 Recursos naturais Recurso natural qualquer insumo de que os organismos, as populaes e os ecossistemas necessitam para sua manuteno, sendo, portanto, algo til. H uma estreita relao entre recursos naturais e tecnologia, toda vez que ocorrerem processos tecnolgicos para utilizao de um recurso. Exemplo tpico o magnsio, at pouco tempo no era considerado um recurso natural e passou a s-lo quando se descobriu como utiliz-lo na confeco de ligas metlicas para avies. Recursos naturais e economia interagem de modo bastante evidente, pois algo recurso na medida em que sua explorao economicamente vivel. Exemplo dessa situao o lcool, que, antes da crise do petrleo de 1973, apresentava custos de produo extremamente elevados em relao aos custos de explorao de petrleo. Hoje, no Brasil, apesar da diminuio do Prolcool, o lcool ainda pode ser considerado um importante combustvel para automveis e um recurso natural estratgico de alta significncia uma vez que h possibilidade de sua renovao e consequente disponibilidade. Sua utilizao efetiva depende de anlises polticas e econmicas que podero ser revistas sempre que necessrio. Finalmente, algo se torna recurso natural caso sua explorao, processamento e utilizao no causem danos ao meio ambiente. Assim, na definio de recurso natural, encontramos trs tpicos relacionados: tecnologia, economia e meio ambiente. 1.3 Poluio Completando o terceiro vrtice do tringulo, como resultado da utilizao dos recursos naturais pela populao surge a poluio que uma alterao indesejvel nas caractersticas fsicas, qumicas ou biolgicas da atmosfera, litosfera ou hidrosfera, podendo causar prejuzo sade, sobrevivncia ou s atividades dos seres humanos e outras espcies ou ainda deteriorar materiais. Para fins prticos, em especial do ponto de vista legal de controle da poluio, acrescentamos que o conceito de poluio deve ser associado s alteraes indesejveis provocadas pelas atividades e intervenes humanas no ambiente. Desse modo, uma erupo vulcnica, apesar de poder ser considerada uma fonte poluidora, um fenmeno natural no provocado pelo homem e que foge ao seu controle, assim como outros fenmenos naturais, como incndios florestais, grandes secas ou inundaes. Poluentes so resduos gerados pelas atividades humanas, causando um impacto ambiental negativo, ou seja, uma alterao indesejvel. Dessa maneira, a poluio est ligada concentrao,ou quantidade de resduos presentes no ar, na gua ou no solo. Para 2 80 85 90 que se possa exercer o controle da poluio de acordo com a legislao ambiental, definemse padres e indicadores de qualidade do ar (concentraes de CO, NOx, SOx, Pb etc.), da gua (concentrao de O2, fenis e Hg, pH, temperatura etc.) e do solo (taxa de eroso etc.) que se deseja respeitar em um determinado ambiente. Os efeitos detectados mais recentemente, como o efeito estufa e a reduo da camada de oznio, ainda no so bem conhecidos, mas podem trazer consequncias que afetaro o clima e o equilbrio do planeta como um todo. importante um esforo conjunto e sem precedentes para que se possa conhecer esses efeitos e control-los de modo eficaz. Os efeitos globais tm contribudo bastante para a sensibilizao recente da sociedade sobre questes ambientais, merecendo destaque na mdia e na agenda de polticos e grupos ambientalistas em todo o planeta. Isso talvez possa ser explicado pela incerteza que os humanos passaram a experimentar em relao prpria sobrevivncia da espcie e pela constatao de sua incapacidade de entender e controlar os processos e as transformaes ambientais decorrentes de suas atividades. At recentemente, acreditava-se que a inteligncia e a tecnologia resolveriam qualquer problema e que no havia limites para o desenvolvimento da espcie e para a utilizao de matria e energia na busca de conforto e qualidade de vida. BRAGA, Benedito et alli. Introduo Engenharia Ambiental. So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005, 2a Ed, pp. 2-6. (Texto adaptado). TEXTO 2 O HOMEM: AS VIAGENS Carlos Drummond de Andrade O homem, bicho da terra to pequeno Chateia-se na terra Lugar de muita misria e pouca diverso, Faz um foguete, uma cpsula, um mdulo Toca para a lua Desce cauteloso na lua Pisa na lua Planta bandeirola na lua Experimenta a lua Coloniza a lua Civiliza a lua Humaniza a lua. Lua humanizada: to igual terra. O homem chateia-se na lua. Vamos para marte - ordena a suas mquinas. Elas obedecem, o homem desce em marte Pisa em marte Experimenta Coloniza Civiliza Humaniza marte com engenho e arte. Marte humanizado, que lugar quadrado. Vamos a outra parte? Claro - diz o engenho Sofisticado e dcil. Vamos a vnus. O homem pe o p em vnus, V o visto - isto? Idem Idem Idem. O homem funde a cuca se no for a jpiter Proclamar justia junto com injustia Repetir a fossa Repetir o inquieto Repetitrio. Outros planetas restam para outras colnias. O espao todo vira terra-a-terra. O homem chega ao sol ou d uma volta S para tever? No-v que ele inventa Roupa insidervel de viver no sol. Pe o p e: Mas que chato o sol, falso touro Espanhol domado. Restam outros sistemas fora Do solar a col- Onizar. Ao acabarem todos S resta ao homem (estar equipado?) A dificlima dangerosssima viagem De si a si mesmo: Pr o p no cho Do seu corao Experimentar Colonizar Civilizar Humanizar O homem Descobrindo em suas prprias inexploradas entranhas A perene, insuspeitada alegria De con-viver. ANDRADE, Carlos Drummond. Nova reunio: 19 livros de poesia 3 ed. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1978, pp. 448-450. Acerca do ponto de vista legal do controle da poluio, o autor do Texto 1 afirma: (...) para fins prticos, em especial do ponto de vista legal de controle da poluio, acrescentamos que o conceito de poluio deve ser associado s alteraes indesejveis provocadas pelas atividades e intervenes humanas no ambiente. Considerando o trecho acima e o comportamento do homem ao desbravar novos territrios explorado no poema O homem: as viagens, podemos afirmar que o verso humaniza Marte com engenho e arte no pode ser lido como uma crtica s alteraes do homem em meios ambientais. o verso outros planetas restam para outras colnias traz a ideia de comportamento repetitivo adotado pelo homem em suas colnias. o engenho citado no poema pode ser considerado como a prtica das aes poluidoras citadas no conceito de poluio do item 1.3.