(UFPR - 2015- 2 FASE) Cada sistema cultural est sempre em mudana. Entender essa dinmica importante para atenuar o choque entre as geraes e evitar comportamentos preconceituosos. Da mesma forma que fundamental para a humanidade a compreenso das diferenas entre povos de culturas diferentes, necessrio saber entender as diferenas que ocorrem dentro do mesmo sistema. Esse o nico procedimento que prepara o homem para enfrentar serenamente este constante e admirvel mundo novo do porvir. (LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropolgico. Rio de Janeiro: Zahar, 2008, p. 52.) Explique com exemplos do prprio livro indicado na bibliografia, a formulao do autor sobre os tipos de mudanas culturais internas e externas em um sistema cultural.
(UFPR- 2015- 2 FASE) Para o socilogo Erving Goffman (1975, p.14), podem-se mencionar trs tipos de estigma nitidamente diferentes. Em primeiro lugar, h as abominaes do corpo as vrias deformidades fsicas. Em segundo, as culpas de carter individual, percebidas como vontade fraca, paixes tirnicas ou no naturais, crenas falsas e rgidas, desonestidade, sendo essas inferidas a partir de relatos conhecidos de, por exemplo, distrbio mental, priso, vcio, alcoolismo, homossexualismo, desemprego, tentativas de suicdio e comportamento poltico radical. Finalmente, h os estigmas tribais de raa, nao e religio, que podem ser transmitidos atravs de linhagem e contaminar por igual todos os membros de uma famlia. Em todos esses exemplos de estigma, entretanto, inclusive aqueles que os gregos tinham em mente, encontram-se as mesmas caractersticas sociolgicas: um indivduo que poderia ter sido facilmente recebido na relao social quotidiana possui um trao que pode-se impor ateno e afastar aqueles que ele encontra, destruindo a possibilidade de ateno para outros atributos seus. [...] Assim deixamos de consider-la criatura comum e total, reduzindo-a a uma pessoa estragada e diminuda. Tal caracterstica estigma, especialmente quando o seu efeito de descrdito muito grande [...]. Construmos uma teoria do estigma; uma ideologia para explicar a sua inferioridade e dar conta do perigo que ela representa, racionalizando algumas vezes uma animosidade baseada em outras diferenas, tais como as de classe social. Utilizamos termos especficos de estigma, como aleijado, bastardo, retardado, em nosso discurso dirio como fonte de metfora e representao, de maneira caracterstica, sem pensar no seu significado original. Tendemos a inferir uma srie de imperfeies a partir da imperfeio original e, ao mesmo tempo, a imputar ao interessado alguns atributos desejveis mas no desejados, frequentemente de aspecto sobrenatural, tais como sexto sentido ou percepo: Alguns podem hesitar em tocar ou guiar o cego, enquanto que outros generalizam a deficincia de viso sob a forma de uma gestalt de incapacidade, de tal modo que o indivduo grita com o cego como se ele fosse surdo ou tenta ergu-lo como se ele fosse aleijado. Aqueles que esto diante de um cego podem ter uma gama enorme de crenas ligadas ao esteretipo. Por exemplo, podem pensar que esto sujeitos a um tipo nico de avaliao, supondo que o indivduo cego recorre a canais especficos de informao no disponveis para os outros. Alm disso, podemos perceber a sua resposta defensiva a tal situao como uma expresso direta de seu defeito e, ento, considerar os dois, defeito e resposta, apenas como retribuio de algo que ele, seus pais ou sua tribo fizeram, e, consequentemente, uma justificativa da maneira como o tratamos apenas como retribuio de algo que ele, seus pais ou sua tribo fizeram, e, consequentemente, uma justificativa da maneira como o tratamos. (GOFFMAN, 1975, p. 16). GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulao da identidade deteriorada. 4 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1988. p. 12-16. Com base na classificao de Erving Goffman, mencione e analise duas situaes cotidianas presentes nas relaes sociais que caracterizam processos de estigmatizao.
(UFPR - 2015- 2 FASE) Para o socilogo Erving Goffman (1975, p.14), podem-se mencionar trs tipos de estigma nitidamente diferentes. Em primeiro lugar, h as abominaes do corpo as vrias deformidades fsicas. Em segundo, as culpas de carter individual, percebidas como vontade fraca, paixes tirnicas ou no naturais, crenas falsas e rgidas, desonestidade, sendo essas inferidas a partir de relatos conhecidos de, por exemplo, distrbio mental, priso, vcio, alcoolismo, homossexualismo, desemprego, tentativas de suicdio e comportamento poltico radical. Finalmente, h os estigmas tribais de raa, nao e religio, que podem ser transmitidos atravs de linhagem e contaminar por igual todos os membros de uma famlia. Em todos esses exemplos de estigma, entretanto, inclusive aqueles que os gregos tinham em mente, encontram-se as mesmas caractersticas sociolgicas: um indivduo que poderia ter sido facilmente recebido na relao social quotidiana possui um trao que pode-se impor ateno e afastar aqueles que ele encontra, destruindo a possibilidade de ateno para outros atributos seus. [...] Assim deixamos de consider-la criatura comum e total, reduzindo-a a uma pessoa estragada e diminuda. Tal caracterstica estigma, especialmente quando o seu efeito de descrdito muito grande [...]. Construmos uma teoria do estigma; uma ideologia para explicar a sua inferioridade e dar conta do perigo que ela representa, racionalizando algumas vezes uma animosidade baseada em outras diferenas, tais como as de classe social. Utilizamos termos especficos de estigma, como aleijado, bastardo, retardado, em nosso discurso dirio como fonte de metfora e representao, de maneira caracterstica, sem pensar no seu significado original. Tendemos a inferir uma srie de imperfeies a partir da imperfeio original e, ao mesmo tempo, a imputar ao interessado alguns atributos desejveis mas no desejados, frequentemente de aspecto sobrenatural, tais como sexto sentido ou percepo: Alguns podem hesitar em tocar ou guiar o cego, enquanto que outros generalizam a deficincia de viso sob a forma de uma gestalt de incapacidade, de tal modo que o indivduo grita com o cego como se ele fosse surdo ou tenta ergu-lo como se ele fosse aleijado. Aqueles que esto diante de um cego podem ter uma gama enorme de crenas ligadas ao esteretipo. Por exemplo, podem pensar que esto sujeitos a um tipo nico de avaliao, supondo que o indivduo cego recorre a canais especficos de informao no disponveis para os outros. Alm disso, podemos perceber a sua resposta defensiva a tal situao como uma expresso direta de seu defeito e, ento, considerar os dois, defeito e resposta, apenas como retribuio de algo que ele, seus pais ou sua tribo fizeram, e, consequentemente, uma justificativa da maneira como o tratamos apenas como retribuio de algo que ele, seus pais ou sua tribo fizeram, e, consequentemente, uma justificativa da maneira como o tratamos. (GOFFMAN, 1975, p. 16). GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulao da identidade deteriorada. 4 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1988. p. 12-16. Com base nas afirmaes de Goffman, como a sociedade constri o processo de estigmatizao e a que tal processo pode levar?
(UFPR 2015) Numa plancie alagada, bastante estvel h milhes de anos, existe uma espcie de arbusto txico que produz flores com 10 variedades de cores distintas (fentipos). Sabendo que as cores das flores em questo so determinadas geneticamente, um pesquisador lanou a seguinte pergunta: por que arbustos que produzem flores azuis so mais abundantes que os que produzem flores de outras cores? Para tentar responder a essa pergunta, o pesquisador investigou cinco parmetros nos arbustos que apresentam esses 10 fentipos distintos. De acordo com a teoria da seleo natural, qual parmetro levantado pelo pesquisador imprescindvel para responder pergunta formulada?
(Ufpr 2015) Tendo em vista diferentes contextos históricos em que predominou a escravidão, identifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmativas que comparam a escravidão na Roma antiga e a escravidão no período colonial da América portuguesa: ( ) Na Roma antiga os escravos eram mercadorias obtidas no comércio triangular, enquanto que no período colonial brasileiro os escravos eram prisioneiros de guerra ou apreendidos por motivo de dívida. ( ) Tanto no período antigo de Roma quanto no período colonial brasileiro, os escravos obedeciam a uma hierarquia de funções, sendo utilizados para vários tipos de atividades afazeres domésticos, comércio e trabalho na agricultura. ( ) Tanto no período antigo de Roma quanto no período colonial brasileiro, a escravidão era considerada uma realidade natural, justificada por pensadores e por sacerdotes, mas também era questionada por opositores da escravidão dentro das próprias elites. ( ) Na Roma antiga, as rebeliões de escravos eram raras, pois eles viviam em boas condições e tinham a compra da alforria facilitada, enquanto que no período colonial brasileiro, as rebeliões eram constantes devido às condições desumanas de tratamento e impossibilidade de alforria. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.
(UFPR - 2015- 2 FASE) Na Climatologia Aplicada, crescente o nmero de estudos relacionando o clima com as doenas. Enfermidades relacionadas ao clima podem ocorrer durante todo o ano. No inverno, alguns problemas so acentuados, devido ao frio. J no vero, o principal problema relacionado ao perodo chuvoso e a altas temperaturas. Alm disso, a poluio nos grandes centros urbanos pode causar ou acentuar algumas doenas. Por meio de exemplos, explique como pode ocorrer a relao entre clima e doenas.
(UFPR - 2015- 2 FASE) Normalmente o cientista um solucionador de quebra-cabeas como um jogador de xadrez, e a adeso induzida pela educao o que lhe d as regras do jogo que se pratica no seu tempo. Na ausncia delas, ele no seria um fsico, um qumico ou o que quer que fosse aquilo para que fosse preparado (p. 25). [...] As regras fornecidas pelo paradigma no podem ento ser postas em questo, uma vez que sem essas regras no haveria quebra-cabeas para resolver. No h, portanto, dvidas de que os problemas (ou quebra-cabeas), pelos quais o praticante da cincia madura normalmente se interessa, pressupem a adeso profunda a um paradigma. E uma sorte que essa adeso no seja abandonada com facilidade. A experincia mostra que, em quase todos os casos, os esforos repetidos, quer do indivduo, quer do grupo profissional, acabam finalmente por produzir, dentro do mbito do paradigma, uma soluo mesmo para os problemas mais difceis. Esta uma das maneiras pela qual avana (p. 49-50). [...] Porm, essa imagem da investigao cientfica como resoluo de quebra-cabeas ou ajustamento de paradigmas deve estar, em ltima anlise, bastante incompleta. [...] Embora o cientista no se esforce normalmente por inventar novos tipos de teorias fundamentais, tais teorias com frequncia tm surgido da prtica continuada da investigao. [...] Para ele trata-se de alterar as regras do jogo e qualquer alterao de regras intrinsecamente subversiva. Esse elemento subversivo torna-se, claro est, mais aparente em inovaes tericas de grande importncia, como as associadas aos nomes de Coprnico, Lavoisier ou Einstein. [...] O que se segue que, se a atividade normal de solucionar quebra-cabeas tivesse sempre xito, o desenvolvimento da cincia no poderia conduzir a qualquer tipo de inovao fundamental (p. 51). (KUHN, Thomas. A funo do dogma na investigao cientfica. Disponvel em: .) Em 08/12/2014, o jornal Gazeta do Povo anunciou, em uma de suas manchetes: Espaonave far imagens da superfcie de Pluto. Nela, era afirmado que certo cientista acreditava que na superfcie de Pluto poderiam ser encontradas crateras e montanhas, visto que, com o conhecimento que tinham, elas eram evidentes. Alguns meses depois, em 17/07/2015, uma nova manchete confirma a previso: Sonda envia imagens de montanhas em Pluto. Vrios jornais do mundo divulgaram os avanos das imagens obtidas do astro. Uma delas, publicada pelo jornal The Guardian, em 12/07/2015, mostra a evoluo delas ao longo dos anos: Do episdio tal como descrito acima, pode-se dizer que ele representa um desenvolvimento da cincia normal/madura ou uma revoluo cientfica? Quais so as principais caractersticas desse perodo da cincia?
(UFPR - 2015- 2 FASE) Considere o texto a seguir: A palavra secularizao teve, a princpio, o significado jurdico de uma transferncia compulsria dos bens da Igreja para o poder pblico secular. Esse significado foi transmutado para o surgimento da modernidade cultural e social como um todo. (HABERMAS, Jrgen. F e saber. Editora So Paulo: Unesp, 2013.) Discorra sobre quatro das principais caractersticas do processo moderno de secularizao
(UFPR - 2015- 2 FASE) Reconhecemos [...] uma uniformidade nas aes e motivaes humanas de forma to pronta e universal como o fazemos no caso da operao dos corpos (p. 379). Parece [...] no apenas que a conjuno entre motivos e aes voluntrias to regular e uniforme como a que existe entre a causa e o efeito de qualquer parte da natureza, mas tambm que essa conjuno regular tem sido universalmente reconhecida pela humanidade [...] (p. 384). [...] Quando consideramos quo adequadamente se ligam as evidncias natural e moral, formando uma nica cadeia de argumentos, no hesitaremos em admitir que elas so da mesma natureza e derivam dos mesmos princpios. Um prisioneiro [...] quando levado ao cadafalso, prev com tanta certeza sua morte tanto a partir da constncia e fidelidade de seus guardas quanto da operao do machado ou da roda. Sua mente percorre uma certa sequncia de ideias: a recusa dos soldados em consentir na sua fuga, a ao do carrasco, a cabea separando-se do corpo, a hemorragia, os movimentos convulsivos e a morte. Eis aqui um encadeamento de causas naturais e aes voluntrias, mas a mente no sente nenhuma diferena entre elas ao passar de um elo para outro, nem est menos certa do futuro resultado do que estaria se ele se conectasse a objetos presentes sua memria ou sentidos por uma sequncia de causas cimentadas pelo que nos apraz chamar uma necessidade fsica (p. 385-6). [...] Um homem que ao meio-dia deixe sua bolsa recheada de ouro na calada de Charing Cross [uma movimentada rua de Londres] pode to bem esperar que ela voe longe como uma pena como que a encontrar intacta uma hora mais tarde. Mais da metade dos raciocnios humanos contm inferncias de natureza semelhante, acompanhadas de maiores ou menores graus de certeza, em proporo experincia que temos da conduta costumeira dos homens (p. 386-7). [...] Logo que nos convencemos de que tudo o que sabemos acerca de qualquer tipo de causao simplesmente a conjuno constante de objetos e a consequente inferncia de um ao outro realizada pela mente, e descobrimos que todos admitem universalmente que essas duas condies ocorrem nas aes voluntrias, reconhecemos talvez mais facilmente que essa mesma necessidade comum a todas as causas (p. 387). (Hume, David. Da liberdade e necessidade. Uma investigao sobre o entendimento humano, seo 8. In: Antologia de textos filosficos. Secretaria de Estado da Educao do Paran, 2009.) O que o autor entende nessa passagem por evidncia natural? O que ele entende por evidncia moral? O que, segundo ele, tais tipos de evidncias tm em comum?
(UFPR - 2015- 2 FASE) Reconhecemos [...] uma uniformidade nas aes e motivaes humanas de forma to pronta e universal como o fazemos no caso da operao dos corpos (p. 379). Parece [...] no apenas que a conjuno entre motivos e aes voluntrias to regular e uniforme como a que existe entre a causa e o efeito de qualquer parte da natureza, mas tambm que essa conjuno regular tem sido universalmente reconhecida pela humanidade [...] (p. 384). [...] Quando consideramos quo adequadamente se ligam as evidncias natural e moral, formando uma nica cadeia de argumentos, no hesitaremos em admitir que elas so da mesma natureza e derivam dos mesmos princpios. Um prisioneiro [...] quando levado ao cadafalso, prev com tanta certeza sua morte tanto a partir da constncia e fidelidade de seus guardas quanto da operao do machado ou da roda. Sua mente percorre uma certa sequncia de ideias: a recusa dos soldados em consentir na sua fuga, a ao do carrasco, a cabea separando-se do corpo, a hemorragia, os movimentos convulsivos e a morte. Eis aqui um encadeamento de causas naturais e aes voluntrias, mas a mente no sente nenhuma diferena entre elas ao passar de um elo para outro, nem est menos certa do futuro resultado do que estaria se ele se conectasse a objetos presentes sua memria ou sentidos por uma sequncia de causas cimentadas pelo que nos apraz chamar uma necessidade fsica (p. 385-6). [...] Um homem que ao meio-dia deixe sua bolsa recheada de ouro na calada de Charing Cross [uma movimentada rua de Londres] pode to bem esperar que ela voe longe como uma pena como que a encontrar intacta uma hora mais tarde. Mais da metade dos raciocnios humanos contm inferncias de natureza semelhante, acompanhadas de maiores ou menores graus de certeza, em proporo experincia que temos da conduta costumeira dos homens (p. 386-7). [...] Logo que nos convencemos de que tudo o que sabemos acerca de qualquer tipo de causao simplesmente a conjuno constante de objetos e a consequente inferncia de um ao outro realizada pela mente, e descobrimos que todos admitem universalmente que essas duas condies ocorrem nas aes voluntrias, reconhecemos talvez mais facilmente que essa mesma necessidade comum a todas as causas (p. 387). (Hume, David. Da liberdade e necessidade. Uma investigao sobre o entendimento humano, seo 8. In: Antologia de textos filosficos. Secretaria de Estado da Educao do Paran, 2009.) O que so, segundo Hume, raciocnios causais ou causao?
(UFPR - 2015- 2 FASE) Reconhecemos [...] uma uniformidade nas aes e motivaes humanas de forma to pronta e universal como o fazemos no caso da operao dos corpos (p. 379). Parece [...] no apenas que a conjuno entre motivos e aes voluntrias to regular e uniforme como a que existe entre a causa e o efeito de qualquer parte da natureza, mas tambm que essa conjuno regular tem sido universalmente reconhecida pela humanidade [...] (p. 384). [...] Quando consideramos quo adequadamente se ligam as evidncias natural e moral, formando uma nica cadeia de argumentos, no hesitaremos em admitir que elas so da mesma natureza e derivam dos mesmos princpios. Um prisioneiro [...] quando levado ao cadafalso, prev com tanta certeza sua morte tanto a partir da constncia e fidelidade de seus guardas quanto da operao do machado ou da roda. Sua mente percorre uma certa sequncia de ideias: a recusa dos soldados em consentir na sua fuga, a ao do carrasco, a cabea separando-se do corpo, a hemorragia, os movimentos convulsivos e a morte. Eis aqui um encadeamento de causas naturais e aes voluntrias, mas a mente no sente nenhuma diferena entre elas ao passar de um elo para outro, nem est menos certa do futuro resultado do que estaria se ele se conectasse a objetos presentes sua memria ou sentidos por uma sequncia de causas cimentadas pelo que nos apraz chamar uma necessidade fsica (p. 385-6). [...] Um homem que ao meio-dia deixe sua bolsa recheada de ouro na calada de Charing Cross [uma movimentada rua de Londres] pode to bem esperar que ela voe longe como uma pena como que a encontrar intacta uma hora mais tarde. Mais da metade dos raciocnios humanos contm inferncias de natureza semelhante, acompanhadas de maiores ou menores graus de certeza, em proporo experincia que temos da conduta costumeira dos homens (p. 386-7). [...] Logo que nos convencemos de que tudo o que sabemos acerca de qualquer tipo de causao simplesmente a conjuno constante de objetos e a consequente inferncia de um ao outro realizada pela mente, e descobrimos que todos admitem universalmente que essas duas condies ocorrem nas aes voluntrias, reconhecemos talvez mais facilmente que essa mesma necessidade comum a todas as causas (p. 387). (Hume, David. Da liberdade e necessidade. Uma investigao sobre o entendimento humano, seo 8. In: Antologia de textos filosficos. Secretaria de Estado da Educao do Paran, 2009.) Hume pretende mostrar com seus exemplos que os homens comuns de fato aceitam a doutrina da necessidade da conduta humana, contrariamente ao que afirmam certos filsofos, quando dizem que o homem dotado de uma vontade livre. Explique como os exemplos servem para mostrar que os homens entendem que a conduta humana necessria e que a vontade no livre.
(UFPR 2015) O palito de fsforo um dos artigos mais teis no nosso cotidiano. Na sua composio, possui fsforo vermelho, enxofre e clorato de potssio. A cabea de um palito de fsforo pesa aproximadamente 0,05 g. A reao que ocorre na queima da cabea de fsforo est representada a seguir: 3 P4+ S + 10 KClO3+ O23 P4O10+ 10 KCl + SO2 O cheiro caracterstico de fsforo queimado se deve ao dixido de enxofre formado. Dados: No palito de fsforo, os componentes esto em quantidades estequiomtricas. M (g mol-1): Cl = 35,5; K = 39; O= 16; P = 31; S = 32. A massa (em g) de dixido de enxofre produzido ao queimar uma cabea de fsforo aproximadamente:
(UFPR - 2015 - 2 FASE) Considere o texto abaixo: Complexo de vira-lata dos brasileiros Adam Smith (estudante de Oxford) Pouco depois de chegar a So Paulo, fui a uma loja na Vila Madalena comprar um violo. O atendente, notando meu sotaque, perguntou de onde eu era. Quando respondi de Londres, veio um grande sorriso de aprovao. Devolvi a pergunta e ele respondeu: sou deste pas sofrido aqui. Fiquei surpreso. Eu como vrios gringos que conheo que ficaram um tempo no Brasil adoro o pas pela cultura e pelo povo, apesar dos problemas. E que pas no tem problemas? O Brasil tem uma reputao invejvel no exterior, mas os brasileiros, s vezes, parecem ser cegos para tudo exceto o lado negativo. Frustrao e dio da prpria cultura foram coisas que senti bastante e me surpreenderam durante meus 6 meses no Brasil. Sei que h problemas, mas ser que no h tambm exagero (no sentido apartidrio da discusso)? Tem uma expresso brasileira, frequentemente mencionada, que parece resumir essa questo: complexo de vira-lata. A frase tem origem na derrota desastrosa do Brasil nas mos da seleo uruguaia no Maracan, na final da Copa de 1950. Foi usada por Nelson Rodrigues para descrever a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. E, por todo lado, percebi o que gradualmente comecei a enxergar como o aspecto mais sofrido deste pas: a combinao do abandono de tudo brasileiro, e venerao, principalmente, de tudo americano. um processo que parece estrangular a identidade brasileira. Sei que complicado generalizar e que minha estada no Brasil no me torna um especialista, mas isso pode ser visto nos shoppings, clones dos malls dos Estados Unidos, com aquele microclima de consumismo frgido e lojas com nomes em ingls e onde mesmo liquidao vira sale. Pode ser sentido na comida. Neste pas tropical to frtil e com tantos produtos maravilhosos, mais fcil achar hot dog e hambrguer do que tapioca nas ruas. Pode ser ouvido na msica americana que toca nos carros, lojas e bares no bero do Samba e da Bossa Nova. Pode ser visto tambm no estilo das pessoas na rua. Para mim, uma das coisas mais lindas do Brasil a mistura das raas. Mas, em Sampa, vi brasileiras com cabelo loiro descolorido por toda a parte. Para mim (alis, tenho orgulho de ser mulato e afro- britnico), d pena ver o esforo das brasileiras em criar uma aparncia caucasiana. O Brasil est passando por um perodo difcil e, para muitos brasileiros com quem falei sobre os problemas, a soluo ideal seria ir embora, abandonar este pas para viver um idealizado sonho americano. Acho esta soluo deprimente. No tenho remdio para os problemas do Brasil, obviamente, mas no consigo me desfazer da impresso de que, talvez, se os brasileiros tivessem um pouco mais orgulho da prpria identidade, este pas ficaria ainda mais incrvel. Se h insatisfao, no faz mais sentido tentar melhorar o sistema? (Disponvel em http://www.pragmatismopolitico.com.br. 14 mai. 2015. Adaptado.)
(UFPR - 2015 - 2 FASE) Leia abaixo um trecho da entrevista do fsico Marcelo Gleiser ao jornal Zero Hora. Zero Hora O senhor veio a Porto Alegre para falar sobre tica na cincia. Curiosamente, uma recente coluna sua sobre o tema est repleta de pontos de interrogao. O texto uma sucesso de perguntas difceis. O senhor j chegou a alguma resposta? Gleiser Nessa coluna, comecei tratando do romance Frankenstein, um dos smbolos mais poderosos sobre a questo da tica na cincia. Esse romance, de fora mtica profunda, diz que existem certas questes cientficas que esto alm do que os humanos podem controlar. Mesmo que tecnologicamente possamos fazer algo caso do doutor Victor Frankenstein, ao ressuscitar um cadver usando eletricidade no significa que moralmente estejamos prontos para faz-lo. Voc me pergunta se eu tenho respostas. O que a gente est tentando comear a fazer as perguntas certas. Porque s quando se faz as perguntas certas possvel comear a encontrar algumas respostas. ZH E estamos prontos para chegar a essas respostas? Gleiser A questo em que voc est interessado se temos maturidade moral para decidir. E a resposta simplesmente a seguinte: no. No temos maturidade moral para certas questes. Mas isso no significa que a gente no deva fazer a pesquisa. Existe a ideia da Caixa de Pandora, onde esto guardados todos os males do mundo, e se voc abre a Caixa de Pandora tudo escapa. As pessoas veem a cincia como um tipo de Caixa de Pandora: Ah, esses cientistas ficam fuxicando, descobrem problemas srios e depois a sociedade fica merc de avanos sobre os quais no temos controle. Na verdade, no nada disso. A cincia tem de ter total liberdade de pesquisa, contanto que certas questes sejam controladas ou pelo menos monitoradas por corpos especiais. Por exemplo, a questo da clonagem humana. Para mim, essa uma das reas que deveriam ser controladas com muito cuidado. ZH Quem deveria decidir as regras sobre o que se pode fazer? Gleiser Essa a grande questo. Quem decide o que pode e o que no pode? Quem tem o direito de decidir por todas as pessoas? Acho que deveria haver uma aliana entre o Judicirio e um corpo de cientistas escolhido por rgos do governo para estabelecer regras. Mas, infelizmente, qualquer tecnologia que possa ser desenvolvida mais cedo ou mais tarde vai ser desenvolvida. (Zero Hora.13 out 2013.) Exponha as principais ideias de Marcelo Gleiser num texto de 8 a 10 linhas, totalmente em discurso indireto.
(UFPR - 2015 - 2 FASE) Considere o seguinte texto: Um inadivel acerto de contas com a Me Terra A encclica do Papa Francisco sobre O cuidado da Casa Comum (Laudato Si) est sendo vista como a encclica verde, semelhantemente como quando dizemos economia verde. Eis aqui um grande equvoco. Ela no quer ser apenas verde, mas tambm propor a ecologia integral. Na verdade, o Papa deu um salto terico da maior relevncia ao ir alm do ambientalismo verde e pensar a ecologia numa perspectiva holstica, que inclui o ambiental, o social, o poltico, o educacional, o cotidiano e o espiritual. Ele se coloca no corao do novo paradigma, segundo o qual cada ser possui valor intrnseco, mas est sempre em relao com tudo, formando uma imensa rede, como alis o diz exemplarmente a Carta da Terra. Em outras palavras, trata-se de superar o paradigma da modernidade. Este coloca o ser humano fora da natureza e acima dela, como seu mestre e dono (Descartes), imaginando que ela no possui nenhum outro sentido seno quando posta a servio do ser humano, que pode explor-la a seu bel-prazer. Esse paradigma subjaz tecnocincia, que tantos benefcios nos trouxe, mas que simultaneamente gestou a atual crise ecolgica, pela sistemtica pilhagem de seus bens naturais. E o fez com tal voracidade que ultrapassou os principais limites intransponveis (a sobrecarga da Terra). Uma vez transpostos, colocam em risco as bases fsico-qumico-energticas que sustentam a vida (clima, gua, solos e biodiversidade, entre outros). hora de se fazer um ajuste de contas com a Me Terra: ou redefinimos uma nova relao mais cooperativa para com ela, e assim garantimos a nossa sobrevivncia, ou conheceremos um colapso planetrio. O Papa inteligentemente se deu conta dessa possibilidade. Da que sua encclica se dirige a toda a humanidade e no apenas aos cristos. Tem como propsito fundamental cobrar um novo estilo de vida e uma verdadeira converso ecolgica. Esta implica um novo modo de produo e de consumo, respeitando os ritmos e os limites da natureza tambm em considerao das futuras geraes s quais igualmente pertence a Terra. Isso est implcito no novo paradigma ecolgico. Como temos a ver com um problema global que afeta indistintamente a todos, todos so convocados a dar a sua contribuio: cada pas, cada instituio, cada saber, cada pessoa e, no caso, cada religio. Assevera claramente que devemos buscar no nosso rico patrimnio espiritual as motivaes que alimentam a paixo pelo cuidado da criao (Carta do Papa Francisco de 6/08/2015). Observe-se a expresso paixo pelo cuidado da criao. No se trata de uma reflexo ou algum empenho meramente racional, mas de algo mais radical, uma paixo. Invoca-se aqui a razo sensvel e emocional. ela e no simplesmente a razo que nos far tomar decises, nos impulsionar a agir com paixo e de modo inovador, consoante a urgncia da atual crise ecolgica mundial. O Papa tem conscincia de que o cristianismo (e a Igreja) no est isento de culpa por termos chegado a esta situao dramtica. Durante sculos pregou-se um Deus sem o mundo, o que propiciou o surgimento de um mundo sem Deus. No entrava em nenhuma catequese o mandato divino, claramente assinalado no segundo captulo do Genesis, de cultivar e cuidar o jardim do den. Pelo contrrio, o conhecido historiador norte-americano Lynn White Jr., ainda em 1967, acusou o judeu-cristianismo, com sua doutrina do domnio do ser humano sobre a criao, como o fator principal da crise ecolgica. Exagerou, como a crtica tem mostrado. Mas, de todo modo, suscitou a questo do estreito vnculo entre a interpretao comum sobre o senhorio do ser humano sobre todas as coisas e a devastao da Terra, o que reforou o projeto de dominao dos modernos sobre a natureza. O Papa opera em sua encclica uma vigorosa crtica ao antropocentrismo dessa interpretao. Entretanto, na carta de instaurao do dia de orao, com humildade suplica a Deus misericrdia pelos pecados cometidos contra o mundo em que vivemos. Volta a referir-se a So Francisco, com seu amor csmico e respeito pela criao, o verdadeiro antecipador daquilo que devemos viver nos dias atuais. (BOFF, Leonardo. Em http://www.jb.com.br/leonardo-boff/noticias/2015/09/06/um-inadiavel-acerto-de-contas-com-a-mae-terra/. Acesso em 14 set 2015. Adaptado.) ● Elabore um resumo desse texto, de 09 a 12 linhas, respeitando as caractersticas do gnero textual. ● Apresente a tese do autor e os argumentos que ele utiliza para justific-la. ● Escreva com suas prprias palavras, sem copiar trechos do texto.