(UFPR - 2018 - 1 FASE) Mas, logo em seguida, adverti que enquanto eu queria assim pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta verdade: eu penso, logo existo, era to firme e to certa que todas as mais extravagantes suposies dos cticos no seriam capazes de abalar, julguei que podia aceit-la, sem escrpulo, como o primeiro princpio da Filosofia que procurava. (DESCARTES. Discurso do mtodo. Col. Os Pensadores. Trad. J. Guinsburg e Bento Prado Jnior. So Paulo: Nova Cultural, 1991, p. 46.) O texto citado corresponde a uma das passagens mais marcantes da filosofia de Descartes, um filsofo considerado por muitos intrpretes como o pai do racionalismo. Com base no texto e na ideia geral de racionalismo, correto afirmar:
(UFPR - 2018 - 1 FASE) A esttica corresponde ao ramo da filosofia que se ocupa das manifestaes artsticas, buscando apontar, por exemplo, os diferentes critrios e modos como em diferentes momentos ou culturas se percebe e classifica algo como belo, sublime ou agradvel. Trata-se, assim, de uma forma de conhecimento que no nega a razo, ao certo, mas que coloca em relevo a forma como ela se relaciona com a imaginao e com a sensibilidade. A partir do exposto acima, correto afirmar:
(UFPR - 2018 - 1 FASE) Considere as trs premissas abaixo: 1. Devemos proibir legalmente apenas o que moralmente incorreto. 2. Os filhos mentirem para os pais moralmente incorreto. 3. Todavia, os filhos mentirem para os pais no deve ser legalmente proibido. A partir dessas premissas, correto inferir que:
(UFPR - 2017 - 2 FASE) Mas aqueles, vares, so mais hbeis os que, se encarregando da educao da maioria de vocs desde meninos, tentavam convenc-los e me acusar de algo ainda mais no verdadeiro: de que h um certo Scrates, homem sbio, pensador das coisas suspensas no ar, e que tem investigado tudo o que h sob a terra, e que torna superior o discurso inferior. [...] Depois, esses acusadores so muitos e tm me acusado j faz muito tempo, falando junto a vocs, alm do mais, naquela idade em que mais seriam convencidos (alguns de vocs eram meninos ou adolescentes), simplesmente acusando de forma isolada sem que houvesse defesa. [...] E todos que, servindo-se da inveja e da calnia, tentavam convenc-los, mais os que, uma vez convencidos eles mesmos, iam convencendo outros todos esses so os mais inacessveis, pois no possvel fazer subir aqui nem refutar a nenhum deles; simplesmente imperioso bater-se como que com sombras ao se defender e refutar sem que haja resposta. Aceitem ento vocs tambm, segundo estou lhes dizendo, que se repartem em dois meus acusadores de um lado os que me acusaram h pouco, e de outro os que h tempos (dos quais eu estava falando). (PLATO. Apologia de Scrates. Trad. Andr Malta. Porto Alegre: LPM, 2016, p. 67-68.) A partir da citao acima e de outros trechos da obra, responda: em quais categorias Scrates divide seus acusadores? Que categoria de acusadores Scrates considera a mais temvel e que razes ele apresenta para embasar seu diagnstico?
(UFPR - 2017 - 2 FASE) Parece evidente que, se todas as cenas da natureza fossem continuamente alteradas de tal maneira que jamais dois acontecimentos tivessem qualquer semelhana um com o outro mas cada objeto fosse sempre inteiramente novo, sem nenhuma semelhana com qualquer coisa que se tivesse visto antes, jamais teramos, nesse caso, alcanado a mais tnue ideia de necessidade, ou de uma conexo entre esses objetos. (Hume, D. Uma Investigao sobre o Entendimento Humano, Seo 8, In: Antologia de textos filosficos, SEED, 2009, p. 378.) Com base na passagem acima e no conjunto do texto, responda: segundo Hume, como se forma a ideia de necessidade? Por que essa ideia no teria lugar se as cenas da natureza se alterassem continuamente?
(UFPR - 2017 - 2 FASE) Pois fiquem sabendo: se vocs me matarem por ser desse jeito que digo que sou, no prejudicaro a mim mais do que a vocs mesmos! que em nada me prejudicaria Meleto, ou Anito; nem seria capaz, pois no penso que lcito um varo melhor ser prejudicado por um inferior. Poderia sim talvez me condenar morte, ou ao exlio, ou atimia. Porm, se ele ou algum outro pensa talvez que essas coisas so grandes males, eu mesmo no penso muito pior fazer o que ele est fazendo, ao tencionar matar injustamente um homem. Portanto, vares atenienses, estou longe agora de falar em minha prpria defesa, como se poderia pensar; falo sim em defesa de vocs, para que no errem votando contra mim em relao ddiva do deus a vocs conferida. Porque se vocs me matarem no vo encontrar facilmente outro desse jeito, simplesmente ligado cidade por ordem do deus [...] Mas vocs poderiam talvez, quem sabe, ficar aborrecidos como os que so despertados de um cochilo e, me dando um safano e ouvidos a Anito, poderiam facilmente me matar e ento continuar dormindo pelo resto da vida, a menos que o deus aflito por vocs, lhes enviasse um outro. (PLATO. Apologia de Scrates. Trad. Andr Malta. Porto Alegre: LPM, 2016, p. 90-91.) A partir da citao acima e de outros trechos da obra, responda por que, segundo Scrates, longe de atuar em defesa prpria, ele atua na defesa dos atenienses?
(UFPR - 2017 - 2 FASE) Para este esclarecimento, no exigido nada mais seno liberdade; e, alis, a mais inofensiva de todas as espcies, a saber, aquela de fazer em todas as circunstncias uso pblico da sua razo. S que ouo clamarem de todos os lados: no raciocineis! O oficial diz: no raciocineis, mas exercitai! O conselheiro fiscal diz: no raciocineis, mas pagai! O sacerdote: no raciocineis, mas crede! (Somente um nico senhor no mundo diz: raciocinai tanto quanto quiserdes, e sobre o que quiserdes; mas obedecei!). Por toda parte, o que se v limitao da liberdade. Porm, qual limitao liberdade contrria ao esclarecimento? Qual no o , sendo-lhe, antes, favorvel?. (KANT, Immanuel. Resposta questo: O que esclarecimento? Trad. Vinicius de Figueiredo. In: MARAL, J.; CABARRO, M.; FANTIN, M. E. (Orgs.). Antologia de Textos Filosficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 408-409.) Considerando a passagem acima e o conjunto do texto citado, responda: O que esclarecimento? Qual a condio bsica para se atingir o esclarecimento? Qual o ponto em comum na ao do oficial, do conselheiro fiscal e do sacerdote que obstrui o esclarecimento? Por que Frederico II destoa dessas vozes? Qual o uso da razo que pode ser limitada sem que isso prejudique sensivelmente o progresso do esclarecimento?
(UFPR - 2017 - 2 FASE) Se no houvesse uniformidade nas aes humanas, e se todo experimento realizado nesse campo fornecesse resultados irregulares e anmalos, seria impossvel coletar quaisquer observaes gerais acerca da humanidade, e nenhuma experincia, por mais acuradamente digerida pela reflexo, poderia servir a qualquer propsito. (Hume, D. Uma Investigao sobre o Entendimento Humano, Seo 8, In: Antologia de textos filosficos, SEED, 2009, p. 381.) Com base na passagem acima e no conjunto do texto, responda: de acordo com Hume, as aes humanas so necessrias? Justifique sua resposta.
(UFPR - 2017 - 2 FASE) Aqui as coisas humanas revelam um curso estranho e no esperado, como tambm, quando o consideramos em larga escala, quase tudo nele paradoxal. Um grau maior de liberdade civil parece vantajoso liberdade de esprito do povo, e lhe coloca, entretanto, barreiras instransponveis; um grau menor da mesma, em contrapartida, proporciona a este o espao para expandirse conforme todas as suas capacidades. (KANT, Immanuel. Resposta questo: O que esclarecimento? Trad. Vinicius de Figueiredo. In: MARAL, J.; CABARRO, M.; FANTIN, M. E. (Orgs). Antologia de Textos Filosficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 415.) Tendo em vista essa passagem e o conjunto do texto, responda: Qual o paradoxo identificado por Kant? correto afirmar que, segundo Kant, quanto maior o grau de liberdade de um povo, maior o grau de esclarecimento que ele atinge? Explique. Em que sentido essa parte final do texto volta a se relacionar com Frederico II?
(UFPR - 2017 - 2 FASE) Apresente trs argumentos que permitiriam afirmar que Scrates seria o exemplo de um homem esclarecido no sentido pensado por Kant?
(UFPR - 2016 - 2 FASE) Em vista de uma globalizao imposta por meio de mercados sem limites, muitos de ns tm a esperana de um retorno ao poltico sob outra forma no a forma hobbesiana original de um Estado de segurana globalizado, ou seja, com dimenses de polcia, servio secreto e foras militares, mas de um poder mundial de configurao civilizadora. No momento no nos resta muito mais do que a plida esperana em alguma astcia da razo e um pouco de autorreflexo. Pois aquela ruptura muda cinde tambm a nossa prpria casa. Ns s conseguiremos aferir adequadamente os riscos de uma secularizao que saiu dos trilhos em outros lugares, se tivermos claro o que significa a secularizao em nossas sociedades ps-seculares. (HABERMAS, J. F e Saber. So Paulo: Editora Unesp, 2013, p. 4.) Explique por que Habermas considera que a secularizao saiu dos trilhos em outros lugares e o que seria necessrio para se construir uma possvel alternativa.
(UFPR - 2016 - 2 FASE) O amor no pode existir sem o reconhecer-se em um outro, a liberdade no pode existir sem o reconhecimento recproco. Essa reciprocidade na figura humana, por seu turno, tem de ser livre para poder retribuir a doao de Deus [...]. por isso que Deus pode determinar os homens no sentido de que ao mesmo tempo os capacita e os obriga liberdade. Ora, no preciso acreditar nas premissas teolgicas para entender que, se desaparecesse a diferena assumida no conceito de criao, e no lugar de Deus entrasse um sujeito qualquer, entraria em cena uma dependncia de tipo inteiramente no causal. Seria esse o caso, por exemplo, se um homem quisesse interferir na combinao causal dos cromossomos paterno-maternos segundo suas prprias preferncias, sem ao menos supor contrafaticamente um consenso com o outro concernido. (HABERMAS, J. F e Saber. So Paulo: Editor Unesp, 2013, p. 24-25.) Para Habermas, as intervenes pr-natais no teraputicas na composio gentica dos seres humanos tm consequncias que podem minar a autocompreenso da tica da humanidade. Qual a diferena conceitual entre uma criao atribuda a Deus e uma criao atribuda a um outro sujeito qualquer? Justifique sua resposta.
(UFPR - 2016 - 2 FASE) Esse discernimento se deve a uma trplice reflexo dos fiis sobre a sua possibilidade em uma sociedade pluralista. Primeiramente, a conscincia religiosa tem de assimilar o encontro cognitivo dissonante com outras confisses e religies. Em segundo lugar, ela tem de adaptar-se autoridade das cincias que detm o monoplio social do saber mundano. Por fim, ela tem de adaptar-se s premissas do Estado constitucional, que se fundam em uma moral profana. Sem esse impulso reflexivo, os monotesmos acabam por desenvolver um potencial destrutivo em sociedades impiedosamente modernizadas [...]. To logo uma questo existencialmente relevante v para a agenda poltica, os cidados tanto crentes como no crentes entram em coliso com suas convices impregnadas de vises de mundo e, medida que trabalham as agudas dissonncias desse conflito pblico de opinies, tm a experincia do fato chocante do pluralismo das vises de mundo. Quando aprendem a lidar pacificamente com esse fato na conscincia de sua prpria facilidade sem rasgar, portanto, o lao de uma comunidade poltica eles reconhecem o que significam, em uma sociedade ps-secular as condies seculares de tomada de decises, estabelecidas pela Constituio. (HABERMAS, J. F e Saber. So Paulo: Editor Unesp, 2013, p. 6-7.) De acordo com Habermas, quais so as principais condies para que os argumentos religiosos sejam levados em considerao na agenda poltica? Qual a proposta de Habermas para melhorar a comunicao entre F e Cincia em sociedades ps-seculares?
(UFPR - 2016 - 2 FASE) Inrcia e covardia so as causas de que uma to grande maioria dos homens, mesmo depois de a natureza h muito t-los liberado de uma direo alheia (naturalmente maiores), de bom grado permanea toda a vida na menoridade, e porque seja to fcil a outros apresentarem-se como seus tutores. to cmodo ser menor. Possuo um livro que faz as vezes de meu entendimento; um guru espiritual, que faz as vezes de minha conscincia; um mdico, que decide por mim a dieta etc.; assim no preciso eu mesmo dispender nenhum esforo. No preciso necessariamente pensar, se posso apenas pagar; outros se incumbiro por mim desta aborrecida ocupao. (KANT, I. Resposta questo: o que esclarecimento? In: MARAL, J.; CABARRO, M.; FANTIN, M. E. (Org.). Antologia de Textos Filosficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 406.) Na passagem citada acima, extrada do texto Resposta questo: o que esclarecimento?, Kant apresenta alguns motivos pelos quais o homem, a despeito de sua idade, prefere manter-se num estado de menoridade, abdicando ao esclarecimento. Tendo em vista essa passagem e o conjunto do texto no qual ela se encontra, responda s seguintes questes: O que o esclarecimento para Kant? O que ele entende por menoridade? Em que circunstncia, segundo o filsofo, o homem seria considerado culpado por manter-se em um estado de menoridade?
(UFPR - 2016 - 2 FASE) O uso pblico de sua razo deve sempre ser livre, e ele apenas pode difundir o esclarecimento entre os homens; o uso privado da mesma pode, contudo, ser estreitamente limitado, sem todavia por isso prejudicar sensivelmente o progresso do esclarecimento. (KANT, I. Resposta questo: o que esclarecimento? In: MARAL, J.; CABARRO, M.; FANTIN, M. E. (Org.). Antologia de Textos Filosficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 409.) Na passagem citada acima, temos uma distino entre o uso pblico e o uso privado da razo e a observao de que o uso privado da razo no prejudica, necessariamente, o progresso do esclarecimento. Tendo em vista o texto citado e as explicaes de Kant sobre o tema, defina o que seja o uso pblico e o uso privado da razo e explique o que seria necessrio para que um profissional, um oficial ou um sacerdote, por exemplo, mesmo cumprindo suas obrigaes no mbito privado, no prejudicasse o esclarecimento