(UFPR - 2016 - 2 FASE) Se, ento, for perguntado: vivemos em uma poca esclarecida? A resposta ser: no, mas em uma poca de esclarecimento. No atual estado de coisas, falta ainda muito para que os homens, tomados em seu conjunto, estejam em condies, ou possam vir a dispor de condies, de servirem-se do seu prprio entendimento sem a direo alheia de modo seguro e desejvel em matria de religio. (KANT, I. Resposta questo: o que esclarecimento? In: MARAL, J.; CABARRO, M.; FANTIN, M. E. (Org.). Antologia de Textos Filosficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 413.) Kant um dos primeiros filsofos a se perguntar sobre o seu prprio tempo, no caso, se esse tempo corresponde a uma poca esclarecida. Qual o assunto que Kant coloca em relevo quando ele se pergunta se vive em uma poca esclarecida e por que, ao analisar esse assunto, ele pode dizer que vive em uma poca de esclarecimento?
(UFPR - 2016 - 2 FASE) A humanidade to semelhante em todas as pocas e lugares que a histria no nos revela nada de novo ou estranho nesse aspecto. Sua principal utilidade apenas revelar os princpios constantes e universais da natureza humana, mostrando os homens em todas as variedades de circunstncias e situaes e fornecendo materiais a partir dos quais podemos ordenar nossas observaes e familiarizar-nos com os motivos regulares da ao e do comportamento humano. (Hume, D. Uma Investigao sobre o entendimento humano, seo 8, In: MARAL, J.; CABARRO, M.; FANTIN, M. E. (Orgs.). Antologia de Textos Filosficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 379.) De acordo com David Hume em Uma Investigao sobre o entendimento humano, seo 8, possvel fazer uma cincia da ao e do comportamento humano? Por qu?
(UFPR - 2016 - 2 FASE) O que se entende por liberdade quando esse termo aplicado s aes voluntrias? Com certeza no estamos querendo dizer que as aes tenham to pouca conexo com motivos, inclinaes e circunstncias que no se sigam deles com certo grau de uniformidade, e que estes no apoiem nenhuma inferncia que nos permita concluir a ocorrncia daquelas, pois tais fatos so simples e bem conhecidos. Por liberdade, ento, s podemos entender um poder de agir ou no agir de acordo com as determinaes da vontade; ou seja, se escolhermos ficar parados, podemos ficar assim, e se escolhemos nos mover, tambm podemos faz-lo. (...) Qualquer que seja a definio que se d de liberdade, devemos ter o cuidado de observar duas condies necessrias: primeiro, que essa definio seja consistente com os fatos; segundo, que seja consistente consigo mesma. (HUME, D. Uma Investigao sobre o entendimento humano, seo 8, In: MARAL, J.; CABARRO, M.; FANTIN, M. E. (Orgs.). Antologia de Textos Filosficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 390.) De acordo com Hume, em Uma Investigao sobre o entendimento humano, seo 8, qual seria a boa definio de liberdade? Quais razes ele aponta para defender essa definio?
(UFPR - 2016 - 2 FASE) No possvel explicar precisamente como a Divindade poder ser a causa imediata de todas as aes dos homens sem ser autora do pecado e da maldade moral. Esses so mistrios que a simples razo natural desassistida no est minimamente preparada para examinar (...). Feliz [da filosofia] se (...) tornar-se consciente de quo temerrio espreitar mistrios to sublimes, e, abandonando um cenrio to cheio de obscuridades e complicaes, retornar com a devida modstia a sua provncia prpria e genuna, o exame da vida ordinria, em que encontrar dificuldades suficientes com que se ocupar em suas investigaes, sem mergulhar na imensido de um oceano de dvidas, incertezas e contradies! (HUME, D. Uma Investigao sobre o entendimento humano, seo 8, In: MARAL, J.; CABARRO, M.; FANTIN, M. E. (Orgs.). Antologia de Textos Filosficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 397.) De acordo com Hume, em Uma Investigao sobre o entendimento humano, seo 8, que tipo de investigao apropriado filosofia? Que tipo de investigao no ? Por qu?
(UFPR - 2016 - 2 FASE) Pois como se supe que as faculdades da mente so naturalmente iguais em todos os indivduos e se assim no fosse, nada poderia ser mais infrutfero que argumentarmos ou debatermos uns com os outros [...]. (HUME, D. Uma Investigao sobre o entendimento humano, seo 8. In: MARAL, J.; CABARRO, M.; FANTIN, M. E. (Orgs.). Antologia de textos filosficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 377.) Que um pblico se esclarea a si mesmo, porm, bem possvel; e isso at quase inevitvel, se lhe for concedida liberdade. Pois, mesmo dentre os tutores esclarecidos do vulgo, sempre se encontraro alguns livres pensadores , os quais, aps terem sacudido de si o jugo da menoridade, difundiro volta de si o esprito de uma avaliao racional do prprio valor e a vocao de cada um de pensar por si mesmo. (KANT, I. Resposta questo: O que esclarecimento? In: MARAL, J.; CABARRO, M.; FANTIN, M. E. (Orgs.). Antologia de Textos Filosficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 408.) claro que o senso comum, que produz tantas iluses sobre o mundo, tem de ser esclarecido sem reservas pelas cincias. Mas as teorias cientficas que penetram o mundo da vida deixam intacto em seu cerne o quadro do saber cotidiano, no qual se constitui a autocompreenso de pessoas capazes de falar e agir [...]. O senso comum est entrelaado, portanto, com a conscincia de pessoas que podem tomar iniciativas, cometer erros e corrigi-los. (HABERMAS, J. F e Saber. So Paulo: Editora Unesp, 2013, p. 8 e p.14) A partir do conjunto dos textos de Hume, Kant e Habermas, e em especial das passagens acima, discorra sobre os elementos fundamentais na construo de sociedades contemporneas cuja opinio pblica seja esclarecida e tolerante.
(UFPR - 2016) No incio da primeira parte da Apologia de Scrates, na qual este apresenta a sua defesa diante dos cidados atenienses acerca dos seus acusadores, podemos ler: Contudo, no disseram nada de verdadeiro. Mas, entre as muitas mentiras que divulgaram, uma, acima de todas, eu admiro. Qual alternativa a seguir se refere a tal mentira\calnia atribuda contra Scrates? Assinale a alternativa CORRETA.
(UFPR - 2015- 2 FASE) Leia o texto abaixo: To logo uma questo existencialmente relevante v para a agenda poltica, os cidados tanto crentes como no crentes entram em coliso com suas convices impregnadas de vises de mundo e, medida que trabalham as agudas dissonncias desse conflito pblico de opinies, tm a experincia do fato chocante do pluralismo das vises de mundo. Quando aprendem a lidar pacificamente com esse fato na conscincia de sua prpria falibilidade sem rasgar, portanto, o lao de uma comunidade poltica , eles reconhecem o que significam, em uma sociedade ps-secular, as condies seculares da tomada de decises, estabelecidas pela Constituio. No conflito entre as pretenses do saber e as pretenses da f, o Estado, sendo neutro no que diz respeito s vises de mundo, no tem qualquer predisposio a tomar decises polticas em favor desta ou daquela parte. A razo pluralizada do pblico constitudo pelos cidados do Estado s segue uma dinmica de secularizao na medida em que fora, no resultado, a um distanciamento igual em relao s tradies fortes e aos contedos impregnados de vises de mundo. Sem renunciar sua autonomia, ela permanece aberta, como que osmoticamente, para a possibilidade de aprender com ambas as partes do conflito. (HABERMAS, Jrgen. F e saber. Editora So Paulo: Unesp, 2013.) Segundo Habermas, os ataques terroristas de 11 de setembro fizeram vibrar uma corda religiosa no mais ntimo da sociedade secular e apresentaram o desafio de se pensar e de se construir uma sociedade ps-secular. Quais as principais prerrogativas para se consolidar tal sociedade?
(UFPR - 2015- 2 FASE) Considere a seguinte manchete e texto na sequncia: Em fevereiro de 1997, a opinio pblica tomou conhecimento de que um grupo de pesquisadores do Roslin Institute, de Edimburgo, havia conseguido fazer pela primeira vez o clone de um mamfero adulto. (Jornal Estado de So Paulo, segunda-feira, 24 de fevereiro de 1997) Em seu discurso, Habermas observa que a engenharia gentica foi objeto de discusses envolvendo f e saber. Ainda h pouco, os espritos se dividiam a respeito de outro tema: se e em que medida deveramos submeter-nos a uma autoinstrumentalizao ou mesmo perseguir a meta de uma auto-otimizao por meio da engenharia gentica. Durante os primeiros passos nesse caminho, deflagrou-se uma luta de valores ltimos entre os defensores da cincia e as Igrejas. Um dos lados temia o obscurantismo e uma exaltao de sentimentos arcaicos que alimentassem o ceticismo em relao cincia, ao passo que o outro lado se voltava contra a crena no progresso cientfico, prpria de um naturalismo cru que pretendia enterrar a moral. Na controvrsia sobre como lidar com os embries humanos, por exemplo, muitas vozes se remetem a Moiss I, 27: Deus criou o homem sua imagem, imagem de Deus ele o criou. No preciso acreditar que Deus, que amor, atribui a Ado e Eva um ser livre semelhante ao seu, para compreender o que significa algo ser criado imagem de algo. O amor no pode existir sem o reconhecer-se em um outro, a liberdade no pode existir sem o reconhecimento recproco. Essa reciprocidade na figura humana, por seu turno, tem de ser livre para poder retribuir a doao de Deus. [...] Ora, no preciso acreditar nas premissas teolgicas para entender que, se desaparecesse a diferena assumida no conceito de criao, e no lugar de Deus entrasse um sujeito qualquer, entraria em cena uma dependncia de tipo inteiramente no causal. [...] O primeiro homem a determinar um outro em seu ser-assim natural, a seu bel-prazer, no destruiria aquelas mesmas liberdades que existem entre iguais para, assim, assegurar a sua diferena? (HABERMAS, Jrgen. F e saber. Editora So Paulo: Unesp, 2013.) Sabendo que a crtica que a tradio religiosa faz tradio cientfica envolve aspectos morais, aponte as preocupaes e as consequncias, segundo Habermas, que devem dizer respeito tanto a religiosos quanto a no religiosos acerca da manipulao gentica de seres humanos.
(UFPR - 2015- 2 FASE) Em visita sede da Organizao das Naes Unidas (ONU), em 24/09/2015, o Papa tratou dos refugiados: O nosso mundo est a enfrentar uma crise de refugiados de tais propores que no se via desde os tempos da II Guerra Mundial. Esta realidade coloca-nos diante de grandes desafios e decises difceis. [...] Se queremos segurana, dmos segurana; se queremos vida, dmos vida; se queremos oportunidades, providenciemos oportunidades. A medida que usarmos para os outros ser a medida que o tempo usar para conosco. A regra de ouro pe-nos diante tambm da nossa responsabilidade de proteger e defender a vida humana em todas as fases do seu desenvolvimento. Em 01/10/2015, Habermas deu uma entrevista revista alem Deutsche Welle, em que comenta a poltica do Estado alemo em relao aos refugiados, dizendo que a frase de [Angela] Merkel se agora tivermos de nos desculpar por mostrarmos um rosto amigo para aqueles que precisam de nossa ajuda, este no mais o meu pas tanto me surpreendeu quanto recebeu o meu respeito. Relacione os comentrios feitos pelo Papa Francisco e pela chefe do governo alemo, Angela Merkel, com as opinies de Habermas sobre o necessrio dilogo entre convices religiosas e polticas de Estado no espao pblico: Uma secularizao no aniquiladora se realiza no modo da traduo (p. 24). (HABERMAS, Jrgen. F e saber. Editora So Paulo: Unesp, 2013.)
(UFPR - 2015- 2 FASE) Reconhecemos [...] uma uniformidade nas aes e motivaes humanas de forma to pronta e universal como o fazemos no caso da operao dos corpos (p. 379). Parece [...] no apenas que a conjuno entre motivos e aes voluntrias to regular e uniforme como a que existe entre a causa e o efeito de qualquer parte da natureza, mas tambm que essa conjuno regular tem sido universalmente reconhecida pela humanidade [...] (p. 384). [...] Quando consideramos quo adequadamente se ligam as evidncias natural e moral, formando uma nica cadeia de argumentos, no hesitaremos em admitir que elas so da mesma natureza e derivam dos mesmos princpios. Um prisioneiro [...] quando levado ao cadafalso, prev com tanta certeza sua morte tanto a partir da constncia e fidelidade de seus guardas quanto da operao do machado ou da roda. Sua mente percorre uma certa sequncia de ideias: a recusa dos soldados em consentir na sua fuga, a ao do carrasco, a cabea separando-se do corpo, a hemorragia, os movimentos convulsivos e a morte. Eis aqui um encadeamento de causas naturais e aes voluntrias, mas a mente no sente nenhuma diferena entre elas ao passar de um elo para outro, nem est menos certa do futuro resultado do que estaria se ele se conectasse a objetos presentes sua memria ou sentidos por uma sequncia de causas cimentadas pelo que nos apraz chamar uma necessidade fsica (p. 385-6). [...] Um homem que ao meio-dia deixe sua bolsa recheada de ouro na calada de Charing Cross [uma movimentada rua de Londres] pode to bem esperar que ela voe longe como uma pena como que a encontrar intacta uma hora mais tarde. Mais da metade dos raciocnios humanos contm inferncias de natureza semelhante, acompanhadas de maiores ou menores graus de certeza, em proporo experincia que temos da conduta costumeira dos homens (p. 386-7). [...] Logo que nos convencemos de que tudo o que sabemos acerca de qualquer tipo de causao simplesmente a conjuno constante de objetos e a consequente inferncia de um ao outro realizada pela mente, e descobrimos que todos admitem universalmente que essas duas condies ocorrem nas aes voluntrias, reconhecemos talvez mais facilmente que essa mesma necessidade comum a todas as causas (p. 387). (Hume, David. Da liberdade e necessidade. Uma investigao sobre o entendimento humano, seo 8. In: Antologia de textos filosficos. Secretaria de Estado da Educao do Paran, 2009.) Hume pretende mostrar com seus exemplos que os homens comuns de fato aceitam a doutrina da necessidade da conduta humana, contrariamente ao que afirmam certos filsofos, quando dizem que o homem dotado de uma vontade livre. Explique como os exemplos servem para mostrar que os homens entendem que a conduta humana necessria e que a vontade no livre.
(UFPR - 2015- 2 FASE) Reconhecemos [...] uma uniformidade nas aes e motivaes humanas de forma to pronta e universal como o fazemos no caso da operao dos corpos (p. 379). Parece [...] no apenas que a conjuno entre motivos e aes voluntrias to regular e uniforme como a que existe entre a causa e o efeito de qualquer parte da natureza, mas tambm que essa conjuno regular tem sido universalmente reconhecida pela humanidade [...] (p. 384). [...] Quando consideramos quo adequadamente se ligam as evidncias natural e moral, formando uma nica cadeia de argumentos, no hesitaremos em admitir que elas so da mesma natureza e derivam dos mesmos princpios. Um prisioneiro [...] quando levado ao cadafalso, prev com tanta certeza sua morte tanto a partir da constncia e fidelidade de seus guardas quanto da operao do machado ou da roda. Sua mente percorre uma certa sequncia de ideias: a recusa dos soldados em consentir na sua fuga, a ao do carrasco, a cabea separando-se do corpo, a hemorragia, os movimentos convulsivos e a morte. Eis aqui um encadeamento de causas naturais e aes voluntrias, mas a mente no sente nenhuma diferena entre elas ao passar de um elo para outro, nem est menos certa do futuro resultado do que estaria se ele se conectasse a objetos presentes sua memria ou sentidos por uma sequncia de causas cimentadas pelo que nos apraz chamar uma necessidade fsica (p. 385-6). [...] Um homem que ao meio-dia deixe sua bolsa recheada de ouro na calada de Charing Cross [uma movimentada rua de Londres] pode to bem esperar que ela voe longe como uma pena como que a encontrar intacta uma hora mais tarde. Mais da metade dos raciocnios humanos contm inferncias de natureza semelhante, acompanhadas de maiores ou menores graus de certeza, em proporo experincia que temos da conduta costumeira dos homens (p. 386-7). [...] Logo que nos convencemos de que tudo o que sabemos acerca de qualquer tipo de causao simplesmente a conjuno constante de objetos e a consequente inferncia de um ao outro realizada pela mente, e descobrimos que todos admitem universalmente que essas duas condies ocorrem nas aes voluntrias, reconhecemos talvez mais facilmente que essa mesma necessidade comum a todas as causas (p. 387). (Hume, David. Da liberdade e necessidade. Uma investigao sobre o entendimento humano, seo 8. In: Antologia de textos filosficos. Secretaria de Estado da Educao do Paran, 2009.) O que so, segundo Hume, raciocnios causais ou causao?
(UFPR - 2015- 2 FASE) Reconhecemos [...] uma uniformidade nas aes e motivaes humanas de forma to pronta e universal como o fazemos no caso da operao dos corpos (p. 379). Parece [...] no apenas que a conjuno entre motivos e aes voluntrias to regular e uniforme como a que existe entre a causa e o efeito de qualquer parte da natureza, mas tambm que essa conjuno regular tem sido universalmente reconhecida pela humanidade [...] (p. 384). [...] Quando consideramos quo adequadamente se ligam as evidncias natural e moral, formando uma nica cadeia de argumentos, no hesitaremos em admitir que elas so da mesma natureza e derivam dos mesmos princpios. Um prisioneiro [...] quando levado ao cadafalso, prev com tanta certeza sua morte tanto a partir da constncia e fidelidade de seus guardas quanto da operao do machado ou da roda. Sua mente percorre uma certa sequncia de ideias: a recusa dos soldados em consentir na sua fuga, a ao do carrasco, a cabea separando-se do corpo, a hemorragia, os movimentos convulsivos e a morte. Eis aqui um encadeamento de causas naturais e aes voluntrias, mas a mente no sente nenhuma diferena entre elas ao passar de um elo para outro, nem est menos certa do futuro resultado do que estaria se ele se conectasse a objetos presentes sua memria ou sentidos por uma sequncia de causas cimentadas pelo que nos apraz chamar uma necessidade fsica (p. 385-6). [...] Um homem que ao meio-dia deixe sua bolsa recheada de ouro na calada de Charing Cross [uma movimentada rua de Londres] pode to bem esperar que ela voe longe como uma pena como que a encontrar intacta uma hora mais tarde. Mais da metade dos raciocnios humanos contm inferncias de natureza semelhante, acompanhadas de maiores ou menores graus de certeza, em proporo experincia que temos da conduta costumeira dos homens (p. 386-7). [...] Logo que nos convencemos de que tudo o que sabemos acerca de qualquer tipo de causao simplesmente a conjuno constante de objetos e a consequente inferncia de um ao outro realizada pela mente, e descobrimos que todos admitem universalmente que essas duas condies ocorrem nas aes voluntrias, reconhecemos talvez mais facilmente que essa mesma necessidade comum a todas as causas (p. 387). (Hume, David. Da liberdade e necessidade. Uma investigao sobre o entendimento humano, seo 8. In: Antologia de textos filosficos. Secretaria de Estado da Educao do Paran, 2009.) O que o autor entende nessa passagem por evidncia natural? O que ele entende por evidncia moral? O que, segundo ele, tais tipos de evidncias tm em comum?
(UFPR - 2015- 2 FASE) Considere o texto a seguir: A palavra secularizao teve, a princpio, o significado jurdico de uma transferncia compulsria dos bens da Igreja para o poder pblico secular. Esse significado foi transmutado para o surgimento da modernidade cultural e social como um todo. (HABERMAS, Jrgen. F e saber. Editora So Paulo: Unesp, 2013.) Discorra sobre quatro das principais caractersticas do processo moderno de secularizao
(UFPR - 2015- 2 FASE) Normalmente o cientista um solucionador de quebra-cabeas como um jogador de xadrez, e a adeso induzida pela educao o que lhe d as regras do jogo que se pratica no seu tempo. Na ausncia delas, ele no seria um fsico, um qumico ou o que quer que fosse aquilo para que fosse preparado (p. 25). [...] As regras fornecidas pelo paradigma no podem ento ser postas em questo, uma vez que sem essas regras no haveria quebra-cabeas para resolver. No h, portanto, dvidas de que os problemas (ou quebra-cabeas), pelos quais o praticante da cincia madura normalmente se interessa, pressupem a adeso profunda a um paradigma. E uma sorte que essa adeso no seja abandonada com facilidade. A experincia mostra que, em quase todos os casos, os esforos repetidos, quer do indivduo, quer do grupo profissional, acabam finalmente por produzir, dentro do mbito do paradigma, uma soluo mesmo para os problemas mais difceis. Esta uma das maneiras pela qual avana (p. 49-50). [...] Porm, essa imagem da investigao cientfica como resoluo de quebra-cabeas ou ajustamento de paradigmas deve estar, em ltima anlise, bastante incompleta. [...] Embora o cientista no se esforce normalmente por inventar novos tipos de teorias fundamentais, tais teorias com frequncia tm surgido da prtica continuada da investigao. [...] Para ele trata-se de alterar as regras do jogo e qualquer alterao de regras intrinsecamente subversiva. Esse elemento subversivo torna-se, claro est, mais aparente em inovaes tericas de grande importncia, como as associadas aos nomes de Coprnico, Lavoisier ou Einstein. [...] O que se segue que, se a atividade normal de solucionar quebra-cabeas tivesse sempre xito, o desenvolvimento da cincia no poderia conduzir a qualquer tipo de inovao fundamental (p. 51). (KUHN, Thomas. A funo do dogma na investigao cientfica. Disponvel em: .) Em 08/12/2014, o jornal Gazeta do Povo anunciou, em uma de suas manchetes: Espaonave far imagens da superfcie de Pluto. Nela, era afirmado que certo cientista acreditava que na superfcie de Pluto poderiam ser encontradas crateras e montanhas, visto que, com o conhecimento que tinham, elas eram evidentes. Alguns meses depois, em 17/07/2015, uma nova manchete confirma a previso: Sonda envia imagens de montanhas em Pluto. Vrios jornais do mundo divulgaram os avanos das imagens obtidas do astro. Uma delas, publicada pelo jornal The Guardian, em 12/07/2015, mostra a evoluo delas ao longo dos anos: Do episdio tal como descrito acima, pode-se dizer que ele representa um desenvolvimento da cincia normal/madura ou uma revoluo cientfica? Quais so as principais caractersticas desse perodo da cincia?
(UFPR - 2015- 2 FASE) Normalmente o cientista um solucionador de quebra-cabeas como um jogador de xadrez, e a adeso induzida pela educao o que lhe d as regras do jogo que se pratica no seu tempo. Na ausncia delas, ele no seria um fsico, um qumico ou o que quer que fosse aquilo para que fosse preparado (p. 25). [...] As regras fornecidas pelo paradigma no podem ento ser postas em questo, uma vez que sem essas regras no haveria quebra-cabeas para resolver. No h, portanto, dvidas de que os problemas (ou quebra-cabeas), pelos quais o praticante da cincia madura normalmente se interessa, pressupem a adeso profunda a um paradigma. E uma sorte que essa adeso no seja abandonada com facilidade. A experincia mostra que, em quase todos os casos, os esforos repetidos, quer do indivduo, quer do grupo profissional, acabam finalmente por produzir, dentro do mbito do paradigma, uma soluo mesmo para os problemas mais difceis. Esta uma das maneiras pela qual avana (p. 49-50). [...] Porm, essa imagem da investigao cientfica como resoluo de quebra-cabeas ou ajustamento de paradigmas deve estar, em ltima anlise, bastante incompleta. [...] Embora o cientista no se esforce normalmente por inventar novos tipos de teorias fundamentais, tais teorias com frequncia tm surgido da prtica continuada da investigao. [...] Para ele trata-se de alterar as regras do jogo e qualquer alterao de regras intrinsecamente subversiva. Esse elemento subversivo torna-se, claro est, mais aparente em inovaes tericas de grande importncia, como as associadas aos nomes de Coprnico, Lavoisier ou Einstein. [...] O que se segue que, se a atividade normal de solucionar quebra-cabeas tivesse sempre xito, o desenvolvimento da cincia no poderia conduzir a qualquer tipo de inovao fundamental (p. 51). (KUHN, Thomas. A funo do dogma na investigao cientfica. Disponvel em: .) Em uma de suas citaes, Kuhn afirma que as regras fornecidas pelo paradigma no podem ento ser postas em questo, uma vez que sem essas regras no haveria quebra-cabeas para resolver. Como Kuhn chama os episdios nos quais essas regras so postas em questo e substitudas por outras? O que caracteriza esses momentos?