(PUC/Camp - 2017) TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Importa questionar como estabelecer critérios de valor estético e de definição do belo em tempos sombrios, no século XX. Em ‘Crítica Cultural e Sociedade’, Theodor Adorno expôs que “escrever um poema após Auschwitz é um ato bárbaro” (Adorno, 1998, p. 28). A afirmação se refere ao estatuto da produção poética em um contexto que não abarca mais condições viáveis para o estado contemplativo, intrinsecamente associado à poesia lírica em vários autores, fundamentais para a produção do gênero. Na era dos extremos, há necessidade de um estado de permanente alerta, em que as condições de integração ao relacionamento social foram abaladas e, em muitos casos, aniquiladas pela guerra, pela mercantilização e pelo aumento das intervenções violentas dos Estados na vida social. Permitir-se a contemplação passiva após Auschwitz significa, em certa medida, naturalizar o horror vivido, esquecê-lo ou trivializá-lo. A banalização dos atos desumanos praticados nos campos de concentração, associada à política de esquecimento exercida em diversos segmentos da educação e da produção cultural, é a legitimação necessária para que eles se repitam constantemente.
(GINZBURG, Jaime. Crítica em tempos de violência. São Paulo: Edusp/FAPESP, 2012, p. 460)
Após a Revolução Russa, com a instauração do regime socialista, foram empregadas muitas medidas governamentais que representavam intervenções violentas do Estado na sociedade, a fim de que o Partido Comunista, no poder, pudesse ter grande controle sobre todas as atividades praticadas. Um exemplo dessas medidas foi a
execução da NEP, Nova Política Econômica, cujo objetivo era o de planificar a economia, centralizar o controle da mesma pelo Estado, que passava a organizar todas as etapas dos processos de produção e exportação, nos mais diversos setores.
criação da Proletkult, entidade do Partido Comunista formada por escritores cuja função era fiscalizar e censurar as obras artísticas e literárias, cobrando dos intelectuais que direcionassem suas criações para o proletariado.
fundação da Internacional Comunista, instância superior ao Partido Comunista Soviético, que regulamentava a política externa e os acordos bilaterais firmados pela URSS, contando com o apoio e a participação das diretorias dos partidos comunistas de outras nações.
prática dos “expurgos”, empregados por meio de julgamentos públicos coordenados pelos Tribunais Revolucionários, diante dos quais aqueles considerados traidores da Revolução ou acusados de ações opositivas ao governo eram punidos, em muitos casos, com o banimento e a execução.
instituição da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, que substituiu formalmente o Império Russo e determinou que cada província fosse governada pelo Partido Comunista eleito localmente, de forma descentralizada, porém preservando o modelo autoritário e as milícias anteriores.