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Questões de Português - UNICAMP | Gabarito e resoluções

Questão 6
2023Português

(UNICAMP - 2023- 1 fase) Voc provavelmente j encontrou pelas redes sociais o famigerado #sqn, aquele jeito telegrfico de dizer que tal coisa muito legal, s que no. Agora, imagine uma lngua diferente do portugus que tenha incorporado um conceito parecido na prpria estrutura das palavras, criando o que foi apelidado de sufixo frustrativo. Bom, assim no kotiria, um idioma da famlia lingustica tukano falado por indgenas do Alto Rio Negro, na fronteira do Brasil com a Colmbia. Para exprimir a funo frustrativa, o kotiria usa um sufixo com a forma -ma. Voc quer dizer que foi at um lugar sem conseguir o que queria indo at l? Basta pegar o verbo ir, que waa em kotiria, e acrescentar o sufixo: waama, ir em vo. (Adaptado de: LOPES, R. J. L. A sofisticao das lnguas indgenas. Superinteressante, 18/11/2021.) O excerto, retirado de uma revista de jornalismo cientfico, exemplifica um processo de formao de palavras na lngua indgena kotiria e o compara com o uso da hashtag #sqn. correto afirmar que essa comparao

Questão 7
2023Português

(UNICAMP - 2023- 1 fase) Na ltima crnica da srie Bons dias!, de 29 de agosto de 1889, srie na qual um tema so as questes gerais em torno do curandeirismo, o narrador enuncia: Ho de fazer-me esta justia, ainda os meus mais ferrenhos inimigos; que no sou curandeiro, eu no tenho parente curandeiro, no conheo curandeiro, e nunca vi cara, fotografia ou relquia, sequer, de curandeiro. Quando adoeo, no de espinhela cada*, coisa que podia aconselhar-me a curanderia; sempre de molstias latinas ou gregas. Estou na regra; pago impostos, sou jurado, no me podem arguir a menor quebra de dever pblico. (ASSIS, Machado de. Bons dias! Campinas: Editora da UNICAMP, p. 295, 2008.) *espinhela cada: designao popular para doenas caracterizadas por dores pelo corpo (peito, costas e pernas), alm de cansao fsico. Na profisso de f, feita pelo narrador da crnica no pargrafo citado, percebe-se

Questão 8
2023Português

(UNICAMP - 2023- 1 fase) Conheo um povo sem poligamia: o povo macua. Este povo deixou as suas razes e apoligamou-se por influncia da religio. Islamizou-se. (...) Conheo um povo de tradio poligmica: o meu, do sul do meu pas. Inspirado no papa, nos padres e nos santos, disse no poligamia. Cristianizou-se. Jurou deixar os costumes brbaros de casar com muitas mulheres para tornar-se mongamo ou celibatrio. (...) Um dia dizem no aos costumes, sim ao cristianismo e lei. No momento seguinte, dizem no onde disseram sim, ou sim onde disseram no. (CHIZIANE, Paulina. Niketche. Uma histria de poligamia. So Paulo: Companhia das Letras, 2004, p. 92.) Baseando-se no excerto e na leitura da obra, correto afirmar que

Questão 9
2023Português

(UNICAMP - 2023- 1 fase) Texto 1 Parece-me gente de tal inocncia que, se ns os entendssemos e eles a ns, seriam logo cristos porque eles no tm nem conhecem nenhuma crena. E, portanto, se os degredados que aqui ho de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, no duvido que eles, segundo a santa inteno de Vossa Alteza, se tornem cristos e passem a crer em nossa santa f, qual praza a Nosso Senhor que os traga. Porque certamente esta gente boa e de boa simplicidade, e imprimir-se- ligeiramente neles qualquer cunho que lhes quiserem dar. E, pois, Nosso Senhor, que lhes deu bons corpos e bons rostos, como a bons homens, se aqui nos trouxe, creio que no foi sem um motivo. (CAMINHA, Pero Vaz de. Carta de Achamento do Brasil. Campinas: Editora da UNICAMP, 2001, p. 108.) Texto 2 As molas do homem primitivo podem ser postas em ao pelo exemplo, educao e benefcios (...). Newton, se houvesse nascido entre os guaranis, seria mais um bpede, que pisara sobre a superfcie da Terra; mas um guarani criado por Newton talvez ocupasse o seu lugar. Quem ler o dilogo que traz Lry na sua viagem ao Brasil entre um francs e um velho carij conhecer que no falta aos ndios bravos o lume natural da razo. (ANDRADA E SILVA, Jos Bonifcio de. Projetos para o Brasil. So Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 50.) A partir dos dois textos, escritos em momentos emblemticos da histria do Brasil (o achamento em 1500 e o debate de ideias para a criao de uma constituio em 1823), seria correto afirmar que os povos originrios so

Questão 10
2023Português

(UNICAMP - 2023- 1 fase) Texto 1 Desde que, naufragado, se salvara, o marinheiro vivia ali... Como ele no tinha meio de voltar ptria, e cada vez que se lembrava dela sofria, ps-se a sonhar uma ptria que nunca tivesse tido: ps-se a fazer ter sido sua uma outra ptria, uma outra espcie de pas com outras espcies de paisagens, e outra gente, e outro feitio de passarem pelas ruas e de se debruarem das janelas (...) (PESSOA, Fernando. O Marinheiro. Campinas: Editora da UNICAMP, p. 59, 2020.) Texto 2 Na capacidade para amoldar-se a todos os meios, em prejuzo, muitas vezes de suas prprias caractersticas raciais e culturais, revelou o portugus melhores aptides de colonizador do que os demais povos (...). Os portugueses precisaram anular-se durante o longo tempo para afinal vencerem. Como o gro de trigo dos Evangelhos, o qual h de primeiramente morrer para depois crescer e dar muitos frutos. (HOLANDA, Srgio Buarque de. Razes do Brasil. So Paulo: Companhia das Letras, p. 224, 2016.) Levando em conta os textos 1 e 2, assinale a alternativa correta.

Questão 11
2023Português

(UNICAMP - 2023- 1 fase) Ciclo Manh. Sangue em delrio, verde gomo, Promessa ardente, bero e liminar: A rvore pulsa, no primeiro assomo Da vida, inchando a seiva ao sol... Sonhar! Dia. A flor, o noivado e o beijo, como Em perfumes um tlamo e um altar: A rvore abre-se em riso, espera o pomo, E canta voz dos pssaros... Amar! Tarde. Messe e esplendor, glria e tributo; A rvore maternal levanta o fruto, A hstia da ideia em perfeio... Pensar! Noite. Oh! saudade!...A dolorosa rama Da rvore a aflita pelo cho derrama As folhas, como lgrimas... Lembrar! (BILAC, Olavo. Tarde. 1.ed. Rio de Janeiro; So Paulo; Belo Horizonte: Libraria Francisco Alves, p. 12-13, 1919.) No soneto Ciclo,

Questão 12
2023Português

(UNICAMP - 2023- 1 fase) Deus fez o mar, as rvore, as criana, o amor O homem me deu a favela, o crack, a trairagem, as arma, as bebida, as puta Eu?! Eu tenho uma Bblia velha, uma pistola automtica e um sentimento de revolta Eu t tentando sobreviver no inferno. (RACIONAIS MCS. Gnesis. In: Sobrevivendo no inferno. So Paulo: Companhia das Letras, p. 45, 2018.) A palavra Gnesis d nome ao primeiro livro da Bblia. Considerando a obra, na ntegra, dos Racionais MCs e o excerto acima dela reproduzido, pode-se dizer que, em relao a esse trecho, gnesis seria uma aluso

Questão 1
2022HistóriaPortuguês

(UNICAMP - 2022 - 2 fase) Na virada do sculo XIX para o XX, o Modernismo se constri com base em um conjunto de ideias que vinha transformando a cultura e a sensibilidade europeias. Predominava o imaginrio de ruptura e de libertao do passado, visto como um fardo a ser abandonado. Essa percepo do modernismo como urgncia de uma demanda de tornar-se novo foi particularmente experimentada no Brasil. Realizada no Teatro Municipal de So Paulo, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, a Semana de Arte Moderna assumiu o papel de acontecimento fundador do moderno Brasileiro. Desde o incio do sculo XX, porm, movimentos culturais relacionados ao advento de uma sensibilidade modernista vinham acontecendo em diversas cidades brasileiras. Ocorre que as dinmicas e os ritmos culturais desses lugares no necessariamente condiziam com o perfil urbano e industrial-tecnolgico de So Paulo. A coexistncia do arcaico e do moderno, marcando distintas temporalidades, era uma realidade na vida cultural brasileira. (...) Assim, criar o novo significava construir vnculos de pertencimento com o repertrio das tradies populares. O novo jamais inteiramente novo. (Adaptado de M. Velloso, Histria e Modernismo. Belo Horizonte: Autntica, 2010, pp. 20, 21, 28.) Ismael Nery (Belm 1909 Rio de Janeiro 1934), Autorretrato, leo sobre tela, 129 84 cm, 1927, coleo particular. a) As interpretaes sobre o modernismo enquanto movimento cultural e artstico no raro se concentram em pares de conceitos polarizados como tradicional/moderno ou local/internacional. Identifique, para cada conceito indicado na tabela (que aparece no espao da resposta), um elemento presente na imagem. No repita elementos nas clulas. b) A obra de Ismael Nery representativa do modernismo no Brasil. Com base na leitura do texto e na anlise da imagem, identifique e analise a distino entre o modernismo na Europa e no Brasil.

Questão 1
2022Português

(UNICAMP - 2022 - 2 fase) Lygia uma escritora que trabalha com mistrios e pequenas revelaes. Porm no se entenda errado: sua escrita no religiosa, nem mstica. Se h religiosidade, no modo como ela escava a banalidade em busca de seu miolo. Se h misticismo, ele se esconde em sua inclinao para valorizar as zonas subterrneas da existncia. (Jos Castello, Lygia na penumbra in Seminrio dos Ratos. So Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 170.) Etimologicamente, o grego alegoria significa dizer o outro, dizer alguma coisa diferente do sentido literal. Regra geral, a alegoria reporta-se a uma histria ou a uma situao que joga com sentidos duplos e figurados, sem limites textuais (pode ocorrer num simples poema como num romance inteiro), pelo que tambm tem afinidades com a parbola e a fbula. (Adaptado de Carlos Ceia, E-dicionrio de termos literrios. Disponvel em https://edftl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/alegoria. Acessado em 18/08/2021.) a) No conto Seminrio dos ratos, h um fato banal que se torna extraordinrio no percurso narrativo. Descreva esse fato e apresente dois elementos do enredo que colaboram para a construo do conflito narrado. b) H, no conto de Lygia Fagundes Telles, a elaborao de uma alegoria. Identifique qual o elemento central dessa alegoria e explique seu sentido, considerando o perodo em que o conto foi publicado.

Questão 2
2022HistóriaPortuguês

(UNICAMP - 2022 - 2 fase) Transcrio da primeira legenda: Mas tambm, quando a gente se lembra que eles assentam um pobre cristo naquele prato que travam no beio e o engolem como se fosse feijoada!Que horror! Transcrio da segunda legenda:Mas quem diria! Esses antropfagos que ficaram com medo de serem devorados pela curiosidade pblica. S a muito custo o diretor do museu impediu que eles fugissem. (Angelo Agostini, Charge sobre a Exposio Antropolgica, Revista Ilustrada, n. 310, 1882, p. 4-5.) A Exposio Antropolgica Brasileira, ocorrida em 1882, insere-se no quadro das grandes Exposies Internacionais, bem como das exposies etnogrficas desenvolvidas ao longo do sculo XIX. Marcadas pela prtica colecionista e pela ambio de conhecer, colonizar e categorizar o mundo, as exposies etnogrficas expunham objetos e muitas vezes pessoas de culturas exticas e distantes. Na ocasio, sete ndios botocudos, acompanhados de intrprete, foram enviados para o Rio de Janeiro com a finalidade de serem expostos ao pblico e tambm estudados pelos pesquisadores do Museu Nacional. Os Botocudos pareciam estar ali para performar o mito do primeiro contato ao serem apresentados como selvagens, brbaros, violentos e grotescos. Apesar de terem vivido no aldeamento do Mutum, portanto sob o jugo e tutela do Estado, foram lidos pelos habitantes da corte como se estivessem tendo seu primeiro contato com os brancos naquele momento, j que, segundo os jornais, estavam com medo e queriam fugir. Nessa exposio os Botocudos representavam por definio o outro, a imagem que espelha exatamente o contrrio do Brasil civilizado. (Adaptado de Marina Cavalcanti Vieira, A Exposio Antropolgica Brasileira de 1882 e a exibio de ndios botocudos: performances de primeiro contato em um caso de zoolgico humano brasileiro, in Horizontes antropolgicos, n. 53, 2019, p. 317-357.) a) Considerando o contexto das exposies da poca, explique qual o objetivo de apresentar os indgenas em um zoolgico humano durante a Exposio Antropolgica, de 1882. Analise criticamente a proposta da Exposio. b) H uma contradio entre os esteretipos sobre os Botocudos representados na charge e sua situao concreta no contexto de 1882. Relacionando a imagem com o excerto, identifique os atores das aes violentas na charge e explique essa contradio.

Questão 2
2022Português

(UNICAMP - 2022 - 2 fase) O tempo acaba o ano, o ms e a hora, A fora, a arte, a manha, a fortaleza, O tempo acaba a fama e a riqueza, O tempo o mesmo tempo de si chora. O tempo busca, e acaba o onde mora Qualquer ingratido, qualquer dureza, Mas no pode acabar minha tristeza, Enquanto no quiserdes vs, senhora O tempo o claro dia torna escuro, E o mais ledo prazer em choro triste, O tempo a tempestade em gr bonana Mas de abrandar o tempo estou seguro O peito de diamante, onde consiste A pena e o prazer desta esperana. (Lus de Cames, 20 sonetos. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p. 121.) a) Identifique quatro antteses poticas constitutivas do ncleo temtico desse soneto. b) Esse soneto de Cames defende uma tese em seu percurso argumentativo. Apresente essa tese e explique as partes que constituem o percurso argumentativo do poema.

Questão 3
2022Português

(UNICAMP - 2022 - 2 fase) Quando o batel alcanou a boca do rio j estavam ali 18 ou 20 homens pardos, todos nus, sem nenhuma coisa que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mos e suas flechas. Vinham todos rijos para o batel, mas Nicolau Coelho lhes fez sinal para que pousassem os arcos e eles os pousaram. Ali no pudemos entender a fala deles nem os ouvir direito, por o mar quebrar na costa. (Pero Vaz de Caminha, Carta de achamento do Brasil. Campinas: Editora da Unicamp, 2021, p. 64.) A primeira cena do contato, em que um imaginado rudo do mar impede a audio, vai se replicar pelo restante da carta, em que outros discursos indgenas, como a possante oratria dos antigos tupi, sero ignorados, no compreendidos ou observados com perplexidade. Numa outra cena da carta de Caminha, um ancio, visivelmente um lder tupi, recepciona os viajantes com um discurso, encarado com espanto por Pedro lvares Cabral, que lhes vira as costas e segue sua caminhada pela nova terra. (Adaptado de Sheila Hue, Pero Vaz de Caminha, o ouro e as vozes silenciadas dos indgenas. Disponvel em https://oglobo.globo.com/cultura/pero-vazde-caminha-ouro-as-vozes-silenciadas-dos-indigenas-25155244. Acessado em 16/08/2021.) a) Identifique, na Carta de Pero Vaz de Caminha, dois aspectos fundamentais do projeto colonizador portugus. Explique esses aspectos. b) Explique as duas cenas mencionadas na Carta de Caminha, relacionando-as situao atual dos povos indgenas.

Questão 4
2022Português

(UNICAMP - 2022 - 2 fase) Leia, a seguir, um excerto do roteiro e a sinopse do filme Saneamento Bsico, o Filme (2007), com direo e roteiro de Jorge Furtado. Texto 1 (Roteiro) CENA 21 - FBRICA (...) JOAQUIM (lendo): O monstro da fossa, roteiro de Marina Marghera Figueiredo. Ah ? MARINA: Com a colaborao de Joaquim Figueiredo. JOAQUIM: Colaborao... MARINA: Quem escreveu fui eu. Voc s inventou a histria. JOAQUIM: T bom. (lendo) Nossa histria comea numa pequena e tranquila comunidade ao p de uma montanha. Uma brisa refrescante traz do vale o aroma das corticeiras em flor. (para de ler) Como que voc vai filmar isso? MARINA: O qu? JOAQUIM: O aroma das corticeiras em flor. MARINA: No vou filmar, quem vai filmar o Fabrcio. JOAQUIM: E como o Fabrcio vai filmar o aroma das corticeiras em flor? MARINA: Isso s um roteiro. A Marcela disse que tem que ter dez pginas, estou enrolando, s tenho trs pginas prontas. No gostou? Escreve voc! (...) (Disponvel em: http://www.casacinepoa.com.br/sites/default/files/saneam1.txt. Acessado em 21/06/2021.) Texto 2 (Sinopse) Moradores de uma pequena vila se juntam para pleitear a construo de uma estao de tratamento de esgoto. Para conseguir o dinheiro, eles precisam fazer um filme de fico. (Disponvel em: https://globoplay.globo.com/saneamento-basico-o-filme/t/fcDXBmQBH1. Acessado em 21/06/2021.) a) Considerando a funo dos gneros textuais roteiro cinematogrfico (texto 1) e sinopse (texto 2), cite duas caractersticas que lhes so comuns e duas que os diferenciam. b) O uso da metalinguagem torna humorstica a cena 21 do roteiro. Selecione dois trechos e explique, a partir deles, como o humor produzido.

Questão 5
2022Português

(UNICAMP - 2022 - 2 fase) A imagem e o excerto abaixo foram extrados do livro do artista plstico Mulamb. Texto 1 Texto 2 Atravs da ideia de referncias e tudo mais, penso na minha figura como fora. Um corpo perifrico sorrindo e criando inspirao porque crescemos sem saber que possvel. (...) No comeo do meu trabalho, eu no tive referncias de artistas negros, suburbanos ou qualquer outro tipo de coisa que dialogasse comigo. Nossas mos so normalmente relacionadas a trabalhos braais, subalternos e tudo mais, ento eu sempre procurei mostrar meus braos fazendo os trabalhos. No no sentido de valorizar o precrio, romantizar o processo e bl bl bl, a ideia era justamente o contrrio, sabe? Mostrar que para aquele trabalho acontecer tive que catar madeira na rua, porque no tinha dinheiro pra tela. (...). Sou Mulamb e sou Joo. Meu trabalho somos ns, mesmo que eu seja um s. (Fonte: Mulamb. Mulamb - o livro. Edio do autor, 2020, pp. 28-30.) a) Qual o significado da expresso bl bl bl? Explique o sentido que essa escolha lexical assume nesse texto. b) O texto 1 traz a reproduo da obra Queria um pincel me deram uma vassoura. Relacione a obra e seu ttulo com a ideia de escassez de referncias de que o artista fala no texto 2.

Questão 6
2022Português

(UNICAMP - 2022 - 2 fase) Numa questo da 1 Fase do vestibular Unicamp 2022, voc leu que, na tradio dos povos indgenas, todo conhecimento de plantas, de cura, de mitos e narrativas produzido de maneira oral, transmitido por seus ancios e ancis; deste modo, tal conhecimento precisa ser registrado e mantido pelos jovens. Leia, agora, o texto a seguir: Em junho de 2020, o pesquisador Fernando Cespedes transformou sua tese de doutorado (USP-2019) em podcast para lev-la a um pblico mais amplo. muito importante criar um ambiente sonoro de alta-fidelidade e que faa o ouvinte mergulhar nos sons, porque a ideia recriar uma experincia de contao de histrias, explica. Assim como o texto escrito, os sons so elementos narrativos, e tanto o ritmo quanto o desenho de som so essenciais para revelar o ser-sonoro e captar a ateno do ouvinte. A escuta nos obriga a reconhecer tudo o que est ao redor, j que ela no reconhece barreiras, reflete o pesquisador. E aponta a dominao histrica da viso, no mundo europeu, como responsvel por isolar e transformar em objeto tudo que est fora. No h plpebras nos ouvidos. Ento, o principal ganho de cultivarmos uma relao mais sonora com o mundo nos aproximarmos e nos incluirmos nele, abandonarmos a ideia de um mundo externo, fora de ns. Foi essa noo de um mundo externo que pode ser domado ou conquistado que guiou o colonialismo e a pior face do capitalismo. No toa que sociedades nas quais a escuta elemento central so mais sustentveis e integradas aos seus ambientes. (Adaptado de Luiz Prado, Podcasts revelam como a msica cria o mundo e a humanidade. Jornal da USP, 31/08/2020.) a) Considerando o primeiro pargrafo do texto, cite uma proposta que poderia contribuir para a conservao da memria das narrativas dos povos indgenas e justifique sua resposta. b) Indique dois ganhos e duas perdas em nossas relaes com os mundos sonoros e visuais, mencionados no segundo pargrafo.