(ITA - 2019 - 1 FASE) (2 questo sobre o texto) Texto II Em frente da minha casa existe um muro enorme, todo branco. No Facebook, uma postagem me chama ateno: um muro virtual e a brincadeira pich-lo com qualquer frase que vier cabea. No quero pichar o mundo virtual, quero um muro de verdade, igual a este de frente para a minha casa. Pelas ruas e avenidas, vou trombando nos muros espalhados pelos quarteires, repletos de frases tolas, xingamentos e erros de portugus. Eu bem poderia modificar isso. O caminho se faz caminhando, essa frase genial, to forte e certeira do poeta espanholAntonioMachado, merece aparecer em diversos muros. Basta pensar um pouco e imaginar; de fato, no h caminho, o caminho se faz ao caminhar. De repente, vejo um prdio inteiro marcado por riscos sem sentido e me calo. Fui tentar entender e no me faltaram explicaes: grafite, tribal, coisas de difcil compreenso. As explicaes prosseguem: grafite arte, pichar vandalismo. O pequeno vndalo escondido dentro de mim busca frases na memria e, ento, sinto at o cheiro da lama de Woodstock em letras garrafais: No importam os motivos da guerra, a paz muito mais importante. Feita uma folha deslizando pelas guas correntes do rio me surge a imagem de John Lennon; junto dela, outra frase: O sonho no acabou, um tanto modificada pela minha mo, tornando-se: o sonho nunca acaba. E minha cabea j se transforma num muro todo branco. Desde os primrdios dos tempos, usamos a escrita como forma de expresso, os homens das cavernas deixaram pichados nas rochas diversos sinais. Num ato impulsivo, comprei uma tinta spray, atravessei a rua chacoalhando a lata e assim prossegui at chegar minha sala, abraado pela ansiedade aumentada a cada passo. Coloquei o dedo no gatilho do spray e fiquei respirando fundo, juntando coragem e na mente desenhando a primeira frase para pichar, um tipo de lema, aquela do L Borges: Os sonhos no envelhecem percebo, num sorrir de canto de boca, o quanto os sonhos marcam a minha existncia. Depois arriscaria uma frase que criei e gosto: A lagarta nunca pensou em voar, mas da, no espanto da metamorfose, lhe nasceram asas.... Ou outra, completamente tola, me ocorreu depois de assistir a um documentrio, convencido de que o panda um bicho cativante, mas vive distante daqui e sua agonia no menor das dos nossos bichos. Assim pensando, as letras duma nova pichao se formaram num estalo: Esqueam os pandas, salvem as jaguatiricas!. No muro do cemitrio, escreveria outra frase que gosto: Em longo prazo estaremos todos mortos, do John Keynes, que trago comigo desde os tempos da faculdade. Frases de tmulos ganhariam os muros; no de Salvador Allende est consagrado, de autoria desconhecida: Alguns anos de sombras no nos tornaro cegos. Sempre apegado aos sonhos, picharia tambm uma do Charles Chaplin: Nunca abandone os seus sonhos, porque se um dia eles se forem, voc continuar vivendo, mas ter deixado de existir. Claro, eu poderia escrever essas frases num livro, num caderno ou no papel amassado que embrulha o po da manh, mas o muro me cativa, porque est ao alcance das vistas de todos e quero gritar para o mundo as frases que gosto; so tantas, at temo que me faltem os muros. Poderia passar o dia todo pichando frases, as linhas vo se acabando e ainda tenho tanto a pichar... preciso muito tempo para se tornar jovem, de Picasso, H um certo prazer na loucura que s um louco conhece, de Neruda, Se me esqueceres, s uma coisa, esquece-me bem devagarzinho, cravada por Mrio Quintana... Encerro com Nietzsche: Isto um sonho, bem sei, mas quero continuar a sonhar, que serve para exemplificar o que sinto neste momento, aqui na minha sala, escrevendo no computador o que gostaria de jogar nos muros l fora, a custo me mantendo calmo, um olho na tela, outro voltado para o lado oposto da rua. L tem aquele muro enorme, branco e virgem, clamando por frases. No sei quanto tempo resistirei at puxar o gatilho do spray. Adaptado de ALVEZ, A, L. Um muro para pichar. Correio do Estado,fev.2018. Disponvel em:https://www.correiodoestado.com.br/opiniao/leia-a-cronica-de-andre-luiz-alvez-um-mur-para-pichar/321052/ Assinale a alternativa em que o item sublinhado NO pronome relativo.
(ITA - 2019 - 1 FASE) Texto 1 1 As discusses muitas vezes acaloradas sobre o reconhecimento da pixao como expresso artstica traz tona um questionamento conceitual importante: uma vez considerado arte contempornea, o movimento perderia sua essncia? Para compreendermos os desdobramentos da pixao, alguns aspectos presentes no graffiti so essenciais e importantes de serem resgatados. O graffiti nasceu originalmente nos EUA, na dcada de 1970, como um dos elementos da cultura hip-hop (Break, MC, DJ e Graffiti). Da at os dias atuais, ele ganhou em fora, criatividade e tcnica, sendo reconhecido hoje no Brasil como graffiti artstico. Sua caracterizao como arte contempornea foi consolidada definitivamente por volta do ano 2000. 2 A distino entre graffiti e pixao clara; ao primeiro atribuda a condio de arte, e o segundo classificado como um tipo de prtica de vandalismo e depredao das cidades, vinculado ilegalidade e marginalidade. Essa distino das expresses deu-se em boa parte pela institucionalizao do graffiti, com os primeiros resqucios j na dcada de 70. 3 Esse desenvolvimento tcnico e formal do graffiti ocasionou a perda da potncia subversiva que o marca como manifestao genuna de rua e caminha para uma arte de interveno domesticada enquadrada cada vez mais nos moldes do sistema de arte tradicional. O grafiteiro visto hoje como artista plstico, possuindo as caractersticas de todo e qualquer artista contemporneo, incluindo a prtica e o status. Muito alm da diferenciao conceitual entre as expresses ainda que elas compartilhem da mesma matria-prima trata-se de sua fora e essncia intervencionista. 4 Estudos sobre a origem da pixao afirmam que o graffiti nova-iorquino original equivale pixao brasileira; os dois mantm os mesmos princpios: a fora, a exploso e o vazio. Uma das principais caractersticas do pixo justamente o esvaziamento sgnico, a potncia esvaziada. No existem frases poticas, nem significados. A pixao possui dimenso incomunicativa, fechada, que no conversa com a sociedade. Pelo contrrio, de certa forma, a agride. A rejeio do pblico geral reside na falta de compreenso e inteleco das inscries; apenas os membros da prpria comunidade de pixadores decifram o contedo. 5 A significncia e a fora intervencionista do pixo residem, portanto, no prprio ato. Ela evidenciada pela impossibilidade de insero em qualquer estatuto pr-estabelecido, pois isso pressuporia a diluio e a perda de sua potncia signo-esttica. Enquanto o graffiti foi sendo introduzido como uma nova expresso de arte contempornea, a pichao utilizou o princpio de no autorizao para fortalecer sua essncia. 6 Mas o quo sensvel essa forma de expresso extremista e antissistema como a pixao? Como lidar com a linha tnue dos princpios estabelecidos para no cair em contradio? Na 26 Bienal de Arte de So Paulo, em 2004, houve um caso de pixo na obra do artista cubano naturalizado americano, Jorge Pardo. Seu comentrio, diante da interveno, foi Se algum faz alguma coisa no seu trabalho, isso positivo, para mim, porque escolheram a minha pea entre as expostas (). Quem fez isso deve discordar de alguma coisa na obra. Pode ser outro artista fazendo sua prpria obra dentro da minha. Pode ser s uma brincadeira e finalizou dizendo que pichar a obra de algum tambm no to incomum. J tradicional. 7 interessante notar, a partir do depoimento de Pardo, a recorrncia de padres em movimentos de qualquer natureza, e o inevitvel enquadramento em algum tipo de sistema, mesmo que imposto e organizado pelos prprios elementos do grupo. Na pixao, levando em conta o sistema em que esto inseridos, constatamos que tambm passa longe de ser perfeito; existe rivalidade pesada entre gangues, hierarquia e disputas pelo poder. 8 Em 2012, a Bienal de Arte de Berlim, com o tema Forget Fear, considerado ousado, priorizou fatos e inquietaes polticas da atualidade. Os pixadores brasileiros, Cripta (Djan Ivson), Biscoito, William e R.C., foram convidados na ocasio para realizar um workshop sobre pixao em um espao delimitado, na igreja Santa Elizabeth. Eles compareceram. Mas no seguiram as regras impostas pela curadoria, ao pixar o prprio monumento. O resultado foi tumulto e desentendimento entre os pixadores e a curadoria do evento. 9 O grande dilema diante do fato que, ao aceitarem o convite para participar de uma bienal de arte, automaticamente aceitaram as regras e o sistema imposto. Mesmo sem adotar o comportamento esperado, caram em contradio. Por outro lado, pela pichao ser conhecidamente transgressora (ou pelo jeito, no to conhecida assim), os organizadores deveriam pressupor que eles no seguiriam padres pr-estabelecidos. 10 Embora existam movimentos e grupos que consideram, sim, a pixao como forma de arte, como o caso dos curadores da Bienal de Berlim, h uma questo substancial que permeia a realidade dos pichadores. Quem disse que eles querem sua expresso reconhecida como arte? Se arte pressupe, como ocorreu com o graffiti, adaptar-se a um molde especfico, seguir determinadas regras e por consequncia ver sua potncia intervencionista diluda e branda, muito improvvel que tenham esse desejo. 11 A representao da pixao como forma de expresso destrutiva, contra o sistema, extremista e marginalizada o que a mantm viva. De certo modo, a rejeio e a ignorncia do pblico o que garante sua fora intervencionista e a to importante e sensvel essncia. Adaptado de: CARVALHO, M.F. Pichao-arte pichao? Revista Arruaa, Edio n 0, Csper lbero, 2013. Disponvel em https://casperlibero.edu.br/revistas/pichacao-arte-e-picha%C3%A7%C3%A3o/ Acesso em: maio 2018. Texto 2 Em frente da minha casa existe um muro enorme, todo branco. No Facebook, uma postagem me chama ateno: um muro virtual e a brincadeira pich-lo com qualquer frase que vier cabea. No quero pichar o mundo virtual, quero um muro de verdade, igual a este de frente para a minha casa. Pelas ruas e avenidas, vou trombando nos muros espalhados pelos quarteires, repletos de frases tolas, xingamentos e erros de portugus. Eu bem poderia modificar isso. O caminho se faz caminhando, essa frase genial, to forte e certeira do poeta espanhol Antonio Machado, merece aparecer em diversos muros. Basta pensar um pouco e imaginar; de fato, no h caminho, o caminho se faz ao caminhar. De repente, vejo um prdio inteiro marcado por riscos sem sentido e me calo. Fui tentar entender e no me faltaram explicaes: grafite, tribal, coisas de difcil compreenso. As explicaes prosseguem: grafite arte, pichar vandalismo. O pequeno vndalo escondido dentro de mim busca frases na memria e, ento, sinto at o cheiro da lama de Woodstock em letras garrafais: No importam os motivos da guerra, a paz muito mais importante. Feita uma folha deslizando pelas guas correntes do rio me surge a imagem de John Lennon; junto dela, outra frase: O sonho no acabou, um tanto modificada pela minha mo, tornando-se: o sonho nunca acaba. E minha cabea j se transforma num muro todo branco. Desde os primrdios dos tempos, usamos a escrita como forma de expresso, os homens das cavernas deixaram pichados nas rochas diversos sinais. Num ato impulsivo, comprei uma tinta spray, atravessei a rua chacoalhando a lata e assim prossegui at chegar minha sala, abraado pela ansiedade aumentada a cada passo. Coloquei o dedo no gatilho do spray e fiquei respirando fundo, juntando coragem e na mente desenhando a primeira frase para pichar, um tipo de lema, aquela do L Borges: Os sonhos no envelhecem percebo, num sorrir de canto de boca, o quanto os sonhos marcam a minha existncia. Depois arriscaria uma frase que criei e gosto: A lagarta nunca pensou em voar, mas da, no espanto da metamorfose, lhe nasceram asas.... Ou outra, completamente tola, me ocorreu depois de assistir a um documentrio, convencido de que o panda um bicho cativante, mas vive distante daqui e sua agonia no menor das dos nossos bichos. Assim pensando, as letras duma nova pichao se formaram num estalo: Esqueam os pandas, salvem as jaguatiricas!. No muro do cemitrio, escreveria outra frase que gosto: Em longo prazo estaremos todos mortos, do John Keynes, que trago comigo desde os tempos da faculdade. Frases de tmulos ganhariam os muros; no de Salvador Allende est consagrado, de autoria desconhecida: Alguns anos de sombras no nos tornaro cegos. Sempre apegado aos sonhos, picharia tambm uma do Charles Chaplin: Nunca abandone os seus sonhos, porque se um dia eles se forem, voc continuar vivendo, mas ter deixado de existir. Claro, eu poderia escrever essas frases num livro, num caderno ou no papel amassado que embrulha o po da manh, mas o muro me cativa, porque est ao alcance das vistas de todos e quero gritar para o mundo as frases que gosto; so tantas, at temo que me faltem os muros. Poderia passar o dia todo pichando frases, as linhas vo se acabando e ainda tenho tanto a pichar... preciso muito tempo para se tornar jovem, de Picasso, H um certo prazer na loucura que s um louco conhece, de Neruda, Se me esqueceres, s uma coisa, esquece-me bem devagarzinho, cravada por Mrio Quintana... Encerro com Nietzsche: Isto um sonho, bem sei, mas quero continuar a sonhar, que serve para exemplificar o que sinto neste momento, aqui na minha sala, escrevendo no computador o que gostaria de jogar nos muros l fora, a custo me mantendo calmo, um olho na tela, outro voltado para o lado oposto da rua. L tem aquele muro enorme, branco e virgem, clamando por frases. No sei quanto tempo resistirei at puxar o gatilho do spray. Adaptado de ALVEZ, A, L. Um muro para pichar. Correio do Estado, fev. 2018. Disponvel em: https://www.correiodoestado.com.br/opiniao/leia-a-cronica-de-andre-luiz-alvez-um-mur-para-pichar/321052/ A partir da leitura dos textos 1 e 2, depreende-se que I. os autores reiteram que grafite e pichao no so praticas artsticas bem aceitas por toda a sociedade. II. o texto 1 menciona a ausncia de poesia na pichao; o texto 2 explora a possibilidade de essa pratica disseminar cultura. III. o texto 1 contrasta grafite e pichao; j o texto 2 expressa motivaes subjetivas do autor para pichar. Est(o) correta(s)
(ITA - 2019 - 1 FASE) http://desdiscursos.blogspot.com/2011/12/crimes-ambientais.html Assinale a alternativa que exprime o teor critico da charge
(ITA - 2019 - 1 FASE) Senhora, de Jos de Alencar, uma obra representativa do Romantismo porque apresenta:
(ITA - 2019 - 1 FASE) No Realismo, o adultrio subverte o ideal romntico de casamento. Machado de Assis, porm, costuma trat-lo de modo ambguo, valendo-se, por exemplo, do cime masculino ou da dubiedade feminina. Com isso, em seus romances, a traio nem sempre comprovada, ou, mesmo que desejada pela mulher, no se consuma.Constatamos a ambiguidade emQuincas Borbasquando:
(ITA - 2019 - 1 FASE) So Bernardo, de Graciliano Ramos, obra representativa da Gerao de 30. Em relao ao protagonista podemos dizer que:
(ITA - 2019 - 1 FASE) Leia o poema de autoria de Ceclia Meireles. Epigrama n.04 O choro vem perto dos olhos para que a dor transborde e caia O choro vem quase chorando como a onda que toca a praia. Descem dos cus ordens augustas e o mar chama a onda para o centro O choro foge sem vestgios, mas levando nufragos dentro. O texto: I. Apresenta metaforicamente um fenmeno humano e um fenmeno natural a partir da identificao de, pelo menos, um trao comum a ambos: gua em movimento. II. Sugere que, enquanto o movimento do choro ligado variao das emoes, o movimento da onda deve-se a foras naturais, responsveis pela circularidade martima. III. Ameniza o dramtico do choro humano, pois, quando acomete o sujeito, ele passa naturalmente, como a onda que volta ao mar. IV. Leva-nos a perceber que o choro contido tem um impacto emocional que o torna desolador. Esto corretos:
(ITA - 2018 - 1 FASE) Em Senhora, de Jos de Alencar, h uma cena em que Aurlia sai bruscamente do jardim, onde estava com Seixas, vai para a sala e fecha as cortinas para apagar os reflexos da claridade argentina da lua. Assinale a opo que explica esse comportamento da personagem.
(ITA - 2018 - 1 FASE) Em vrias passagens de Quincas Borba, de Machado de Assis, as personagens interpretam erroneamente alguns fatos ou fazem ilaes equivocadas a partir de algumas falas. Vemos isso, por exemplo, no episdio em que, a partir do relato que ouve de um cocheiro, Rubio se convence de que
(ITA - 2018 - 1 FASE) Em So Bernardo, de Graciliano Ramos, o narrador-personagem afirma: ... se me escapa o retrato moral de minha mulher, para que serve esta narrativa? Para nada, mas sou forado a escrever. Essa frase revela que o propsito de Paulo Honrio
(ITA - 2018 - 1 FASE) O texto abaixo uma das liras que integram Marlia de Dirceu, de Toms Antnio Gonzaga. 1. Em uma frondosa Roseira se abria Um negro boto! Marlia adorada O p lhe torcia Com a branca mo. 2. Nas folhas viosas A abelha enraivada O corpo escondeu. Tocou-lhe Marlia, Na mo descuidada A fera mordeu. 3. Apenas lhe morde, Marlia, gritando, Co dedo fugiu. Amor, que no bosque Estava brincando, Aos ais acudiu. 4. Mal viu a rotura, E o sangue espargido, Que a Deusa mostrou, Risonho beijando O dedo ofendido, Assim lhe falou: 5. Se tu por to pouco O pranto desatas, Ah! d-me ateno: E como daquele, Que feres e matas, No tens compaixo? (GONZAGA, Toms Antnio. Marlia de Dirceu Cartas Chilenas. 10. ed. So Paulo: tica, 2011.) Neste poema, I. h o relato de um episdio vivido por Marlia: aps ser ferida por uma abelha, ela socorrida pelo Amor. II. o Amor personificado em uma deidade que dirige a Marlia uma pequena censura amorosa. III. a censura que o Amor faz a Marlia um artificio por meio do qual o sujeito lrico, indiretamente, dirige a ela uma queixa amorosa. IV. o propsito maior do poema surge, no final, no lamento que o sujeito lrico dirige amada, que parece faz-lo sofrer. Esto corretas:
(ITA - 2018 - 1 FASE) O texto abaixo uma das liras que integramMarlia de Dirceu, de Toms Antnio Gonzaga. 1. Em uma frondosa Roseira se abria Um negro boto! Marlia adorada O p lhe torcia Com a branca mo. 2. Nas folhas viosas A abelha enraivada O corpo escondeu. Tocou-lhe Marlia, Na mo descuidada A fera mordeu. 3. Apenas lhe morde, Marlia, gritando, Co dedo fugiu. Amor, que no bosque Estava brincando, Aos ais acudiu. 4. Mal viu a rotura, E o sangue espargido, Que a Deusa mostrou, Risonho beijando O dedo ofendido, Assim lhe falou: 5. Se tu por to pouco O pranto desatas, Ah! d-me ateno: E como daquele, Que feres e matas, No tens compaixo? (GONZAGA, Toms Antnio.Marlia de Dirceu Cartas Chilenas. 10. ed. So Paulo: tica, 2011.) O poema abaixo dialoga com as liras de Marlia de Dirceu. Haicai tirado de umafalsa lira de Gonzaga Quis gravar Amor No tronco de um velho freixo: Marlia escrevi. (BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. 20 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.) Dentre as marcas mais visveis de intertextualidade, encontram-se as seguintes, EXCETO
(ITA - 2018 - 1 FASE) Passeio no bosque o canivete na mo no deixa marcas no tronco da goiabeira cicatrizes no se transferem (CACASO. Beijo na boca. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2000.) Algumas pessoas, ao gravarem nomes, datas etc., nos troncos das rvores, buscam externar afetos ou sentimentos. Esse texto, contudo, registra uma experincia particular de algum que, fazendo isso,
(ITA - 2018 - 1 FASE) Texto 1 Achei que estava bem na foto. Magro, olhar vivo, rindo com os amigos na praia. Quase no havia cabelos brancos entre os poucos que sobreviviam. Comparada ao homem de hoje, era a fotografia de um jovem. Tinha 50 anos naquela poca, entretanto, idade em que me considerava bem distante da juventude. Se me for dado o privilgio de chegar aos 90 em pleno domnio da razo, possvel que uma imagem de agora me cause impresso semelhante. O envelhecimento sombra que nos acompanha desde a concepo: o feto de seis meses muito mais velho do que o embrio de cinco dias. Lidar com a inexorabilidade desse processo exige uma habilidade na qual ns somos inigualveis: a adaptao. No h animal capaz de criar solues diante da adversidade como ns, de sobreviver em nichos ecolgicos que vo do calor tropical s geleiras do rtico. Da mesma forma que ensaiamos os primeiros passos por imitao, temos que aprender a ser adolescentes, adultos e a ficar cada vez mais velhos. A adolescncia um fenmeno moderno. Nossos ancestrais passavam da infncia vida adulta sem estgios intermedirios. Nas comunidades agrrias o menino de sete anos trabalhava na roa e as meninas cuidavam dos afazeres domsticos antes de chegar a essa idade. A figura do adolescente que mora com os pais at os 30 anos, sem abrir mo do direito de reclamar da comida mesa e da camisa mal passada, surgiu nas sociedades industrializadas depois da Segunda Guerra Mundial. Bem mais cedo, nossos avs tinham filhos para criar. A exaltao da juventude como o perodo ureo da existncia humana um mito das sociedades ocidentais. Confinar aos jovens a publicidade dos bens de consumo, exaltar a esttica, os costumes e os padres de comportamento caractersticos dessa faixa etria tem o efeito perverso de insinuar que o declnio comea assim que essa fase se aproxima do fim. A ideia de envelhecer aflige mulheres e homens modernos, muito mais do que afligia nossos antepassados. Scrates tomou cicuta aos 70 anos, Ccero foi assassinado aos 63, Matusalm sabe-se l quantos anos teve, mas seus contemporneos gregos, romanos ou judeus viviam em mdia 30 anos. No incio do sculo 20, a expectativa de vida ao nascer nos pases da Europa mais desenvolvida no passava dos 40 anos. A mortalidade infantil era altssima; epidemias de peste negra, varola, malria, febre amarela, gripe e tuberculose dizimavam populaes inteiras. Nossos ancestrais viveram num mundo devastado por guerras, enfermidades infecciosas, escravido, dores sem analgesia e a onipresena da mais temvel das criaturas. Que sentido haveria em pensar na velhice quando a probabilidade de morrer jovem era to alta? Seria como hoje preocupar-nos com a vida aos cem anos de idade, que pouqussimos conhecero. Os que esto vivos agora tm boa chance de passar dos 80. Se assim for, preciso sabedoria para aceitar que nossos atributos se modificam com o passar dos anos. Que nenhuma cirurgia devolver aos 60 o rosto que tnhamos aos 18, mas que envelhecer no sinnimo de decadncia fsica para aqueles que se movimentam, no fumam, comem com parcimnia, exercitam a cognio e continuam atentos s transformaes do mundo. Considerar a vida um vale de lgrimas no qual submergimos de corpo e alma ao deixar a juventude torn-la experincia medocre. Julgar, aos 80 anos, que os melhores foram aqueles dos 15 aos 25 no levar em conta que a memria editora autoritria, capaz de suprimir por conta prpria as experincias traumticas e relegar ao esquecimento inseguranas, medos, desiluses afetivas, riscos desnecessrios e as burradas que fizemos nessa poca. Nada mais ofensivo para o velho do que dizer que ele tem cabea de jovem. consider-lo mais inadequado do que o rapaz de 20 anos que se comporta como criana de dez. Ainda que maldigamos o envelhecimento, ele que nos traz a aceitao das ambiguidades, das diferenas, do contraditrio e abre espao para uma diversidade de experincias com as quais nem sonhvamos anteriormente. VARELLA, D.A arte de envelhecer. Adaptado. Disponvel em http://www1.folha.uol.com.br/colunas/2016/01/1732457 Acesso em: mai. 2017. Depreende-se que o autor, em relao ao processo de envelhecimento, manifesta
(ITA - 2018 - 1 FASE) Texto 1 Achei que estava bem na foto. Magro, olhar vivo, rindo com os amigos na praia. Quase no havia cabelos brancos entre os poucos que sobreviviam. Comparada ao homem de hoje, era a fotografia de um jovem. Tinha 50 anos naquela poca, entretanto, idade em que me considerava bem distante da juventude. Se me for dado o privilgio de chegar aos 90 em pleno domnio da razo, possvel que uma imagem de agora me cause impresso semelhante. O envelhecimento sombra que nos acompanha desde a concepo: o feto de seis meses muito mais velho do que o embrio de cinco dias. Lidar com a inexorabilidade desse processo exige uma habilidade na qual ns somos inigualveis: a adaptao. No h animal capaz de criar solues diante da adversidade como ns, de sobreviver em nichos ecolgicos que vo do calor tropical s geleiras do rtico. Da mesma forma que ensaiamos os primeiros passos por imitao, temos que aprender a ser adolescentes, adultos e a ficar cada vez mais velhos. A adolescncia um fenmeno moderno. Nossos ancestrais passavam da infncia vida adulta sem estgios intermedirios. Nas comunidades agrrias o menino de sete anos trabalhava na roa e as meninas cuidavam dos afazeres domsticos antes de chegar a essa idade. A figura do adolescente que mora com os pais at os 30 anos, sem abrir mo do direito de reclamar da comida mesa e da camisa mal passada, surgiu nas sociedades industrializadas depois da Segunda Guerra Mundial. Bem mais cedo, nossos avs tinham filhos para criar. A exaltao da juventude como o perodo ureo da existncia humana um mito das sociedades ocidentais. Confinar aos jovens a publicidade dos bens de consumo, exaltar a esttica, os costumes e os padres de comportamento caractersticos dessa faixa etria tem o efeito perverso de insinuar que o declnio comea assim que essa fase se aproxima do fim. A ideia de envelhecer aflige mulheres e homens modernos, muito mais do que afligia nossos antepassados. Scrates tomou cicuta aos 70 anos, Ccero foi assassinado aos 63, Matusalm sabe-se l quantos anos teve, mas seus contemporneos gregos, romanos ou judeus viviam em mdia 30 anos. No incio do sculo 20, a expectativa de vida ao nascer nos pases da Europa mais desenvolvida no passava dos 40 anos. A mortalidade infantil era altssima; epidemias de peste negra, varola, malria, febre amarela, gripe e tuberculose dizimavam populaes inteiras. Nossos ancestrais viveram num mundo devastado por guerras, enfermidades infecciosas, escravido, dores sem analgesia e a onipresena da mais temvel das criaturas. Que sentido haveria em pensar na velhice quando a probabilidade de morrer jovem era to alta? Seria como hoje preocupar-nos com a vida aos cem anos de idade, que pouqussimos conhecero. Os que esto vivos agora tm boa chance de passar dos 80. Se assim for, preciso sabedoria para aceitar que nossos atributos se modificam com o passar dos anos. Que nenhuma cirurgia devolver aos 60 o rosto que tnhamos aos 18, mas que envelhecer no sinnimo de decadncia fsica para aqueles que se movimentam, no fumam, comem com parcimnia, exercitam a cognio e continuam atentos s transformaes do mundo. Considerar a vida um vale de lgrimas no qual submergimos de corpo e alma ao deixar a juventude torn-la experincia medocre. Julgar, aos 80 anos, que os melhores foram aqueles dos 15 aos 25 no levar em conta que a memria editora autoritria, capaz de suprimir por conta prpria as experincias traumticas e relegar ao esquecimento inseguranas, medos, desiluses afetivas, riscos desnecessrios e as burradas que fizemos nessa poca. Nada mais ofensivo para o velho do que dizer que ele tem cabea de jovem. consider-lo mais inadequado do que o rapaz de 20 anos que se comporta como criana de dez. Ainda que maldigamos o envelhecimento, ele que nos traz a aceitao das ambiguidades, das diferenas, do contraditrio e abre espao para uma diversidade de experincias com as quais nem sonhvamos anteriormente. VARELLA, D.A arte de envelhecer. Adaptado. Disponvel em http://www1.folha.uol.com.br/colunas/2016/01/1732457 Acesso em: mai. 2017. No perodo Da mesma forma que ensaiamos os primeiros passos por imitao, temos que aprender a ser adolescentes, adultos e a ficar cada vez mais velhos., (pargrafo 3), o autor