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Questões de Português - ITA | Gabarito e resoluções

Questão 34
2007Português

(ITA - 2007 - 1 FASE) TEXTO 1 O ritual brasileiro do trote 1Estamos na poca dos trotes em calouros de universidade, um ritual coletivo to brasileirinho quanto o Carnaval e a carnavalizao da Justia nas CPIs. O trote medieval como a universidade e quase deixou de existir em lugar civilizado. No Brasil, um meio de reafirmar, na passagem para a vida adulta, que o jovem estudante pertence mesmo a uma sociedade 5autoritria, violenta e de privilgio. Submisso e humilhao so a essncia do rito, mas expressivas mesmo so suas formas: o calouro muita vez obrigado a assumir o papel de pobre brasileiro. A humilhao tambm faz parte da iniciao universitria americana, embora nesse caso o rito marque a entrada na irmandade, sinal de exclusivismo e vivncia de segredos de uma elite que se ressente da falta de aristocracia e de mistrios em sua sociedade ideologicamente 10igualitria e laica. De incio, como em muito ritual, o jovem descaracterizado e marcado fisicamente. sujo de tinta, de lama, at de porcarias excrementcias; raspam sua cabea. Ao mesmo tempo que apaga simbolicamente sua identidade, a pichao do calouro lhe confere a marca do privilegiado universitrio (so poucos e tm cadeia especial!). Pais e estudantes se orgulham da marca suja e da violncia. 15Na mmica da humilhao dos servos, o jovem colocado em fila, amarrado ou de mos dadas, e conduzido pelas ruas, como se fazia com escravos, como a polcia faz com favelados. jogado em fontes imundas, como garotos de rua. Deve esmolar para seu veterano-cafeto. Na aula-trote, o veterano vinga-se do professor autoritrio ao encenar sua raiva e descarreg-la no calouro, com o que a estupidez se reproduz. Como universidade at outro dia era privilgio oligrquico, o trote nasceu na oligarquia, imitada pelos 20arrivistas. Da oligarquia veio ainda o ritual universitrio do assalto a restaurantes (pindura), rito de iniciao pelo qual certa elite indica que se exclui da ordem legal dos comuns. De vez em quando, ferem, aleijam ou matam um garoto na cretinice do trote. Ningum punido. Os oligarcas velhos relevam: acidente. No, no: tudo de propsito. (Vinicius Torres Freire. In: Folha de S. Paulo, 13/02/2006.) Arrivista. Pessoa inescrupulosa, que quer vencer na vida a todo custo. (Dicionrio Aurlio Eletrnico. Verso 2.0.) TEXTO 2 Vagabundagem universitria comea no trote 1Todo comeo de ano a mesma cena: calouros de universidades, as cabeas raspadas e as caras pintadas, incitados ou obrigados por veteranos, ocupam os sinais de trnsito pedindo dinheiro aos motoristas. uma das formas do chamado trote, o mais artificial dos ritos de iniciao da mais artificial das instituies contemporneas a universidade. 5O trote nada mais do que o retrato da alienao em que vivem esses adolescentes das classes favorecidas. Com tempo de sobra, eles no tm em que empregar tanta liberdade. Ou querem dizer que essas simples caras pintadas tm qualquer simbologia semelhante das mscaras de dana das tribos primitivas estudadas por Lvi-Strauss? Para aquelas tribos ndias, as mscaras eram o atestado da onipresena do sobrenatural e da pujana dos 10mitos. Mas esses adolescentes urbanos no tm tanta complexidade. Movido a MTV e shopping centers, o esprito deles vive nas trevas. A ausncia de conhecimento e saber limita-lhes os desejos e as atitudes. Em tempos mais admirveis, ou em sociedades mais ideais, essa massa de vagabundos estaria ajudando a cortar cana nos campos, envolvidos com a reforma agrria, em programas de assistncia social nas favelas ou com crianas de rua, ou mesmo explorando os sertes e florestas do pas, como faziam os estudantes do extinto 15projeto Rondon. Hoje, mais do que nunca, h uma tendncia caracterstica da mentalidade das elites da economia capitalista de adulao da adolescncia, de excessivo prolongamento da mesma e da excessiva indulgncia para com esse perodo tido como de intensos processos conflituosos e persistentes esforos de auto-afirmao. Desde adolescente, sempre olhei com desprezo esse tratamento que se pretende dar adolescncia (ou 20pelo menos a certa camada social adolescente): um cuidado especial, semelhante ao que se d s mulheres grvidas. Pois exatamente esse pisar em ovos da sociedade que acaba por transformar a adolescncia num grande vazio, numa gravidez do nada, numa angustiante fase de absoro dos valores sociais e de integrao social. Se os adolescentes se ocupassem mais, sofreriam menos ou pelo menos amadureceriam de verdade, 25solidrios, ocupados com o sofrimento real dos outros. Mas no, ficam vagabundando pelos semforos das cidades, catando moedas para festas e outras leviandades. E o que pior, sentindo-se deuses por terem conseguido decorar um punhado de frmulas e datas e resumos de livros que os fizeram passar no teste para entrar na universidade. A mim que trabalhava e estudava ao mesmo tempo desde os 15 anos causava alarme o esprito de 30vagabundagem que, cultuado na adolescncia, vi prolongar-se na realidade alienada de uma universidade pblica. Na Universidade de So Paulo, onde estudei, os filhos dos ricos ainda passam anos na hibernao adolescente sustentada pelo dinheiro pblico. (Marilene Felinto. In: Folha de S. Paulo, 25/02/1997.) A expresso pisar em ovos (Texto 2, linha 21) tem equivalncia de sentido com o seguinte dito popular:

Questão 35
2007Português

(ITA - 2007 - 1 FASE) TEXTO 1 O ritual brasileiro do trote 1Estamos na poca dos trotes em calouros de universidade, um ritual coletivo to brasileirinho quanto o Carnaval e a carnavalizao da Justia nas CPIs. O trote medieval como a universidade e quase deixou de existir em lugar civilizado. No Brasil, um meio de reafirmar, na passagem para a vida adulta, que o jovem estudante pertence mesmo a uma sociedade5autoritria, violenta e de privilgio. Submisso e humilhao so a essncia do rito, mas expressivas mesmo so suas formas: o calouro muita vez obrigado a assumir o papel de pobre brasileiro. A humilhao tambm faz parte da iniciao universitria americana, embora nesse caso o rito marque a entrada na irmandade, sinal de exclusivismo e vivncia de segredos de uma elite que se ressente da falta de aristocracia e de mistrios em sua sociedade ideologicamente10igualitria e laica. De incio, como em muito ritual, o jovem descaracterizado e marcado fisicamente. sujo de tinta, de lama, at de porcarias excrementcias; raspam sua cabea. Ao mesmo tempo que apaga simbolicamente sua identidade, a pichao do calouro lhe confere a marca do privilegiado universitrio (so poucos e tm cadeia especial!). Pais e estudantes se orgulham da marca suja e da violncia. 15Na mmica da humilhao dos servos, o jovem colocado em fila, amarrado ou de mos dadas, e conduzido pelas ruas, como se fazia com escravos, como a polcia faz com favelados. jogado em fontes imundas, como garotos de rua. Deve esmolar para seu veterano-cafeto. Na aula-trote, o veterano vinga-se do professor autoritrio ao encenar sua raiva e descarreg-la no calouro, com o que a estupidez se reproduz. Como universidade at outro dia era privilgio oligrquico, o trote nasceu na oligarquia, imitada pelos20arrivistas. Da oligarquia veio ainda o ritual universitrio do assalto a restaurantes (pindura), rito de iniciao pelo qual certa elite indica que se exclui da ordem legal dos comuns. De vez em quando, ferem, aleijam ou matam um garoto na cretinice do trote. Ningum punido. Os oligarcas velhos relevam: acidente. No, no: tudo de propsito. (Vinicius Torres Freire. In: Folha de S. Paulo, 13/02/2006.) Arrivista. Pessoa inescrupulosa, que quer vencer na vida a todo custo. (Dicionrio Aurlio Eletrnico. Verso 2.0.) TEXTO 2 Vagabundagem universitria comea no trote 1Todo comeo de ano a mesma cena: calouros de universidades, as cabeas raspadas e as caras pintadas, incitados ou obrigados por veteranos, ocupam os sinais de trnsito pedindo dinheiro aos motoristas. uma das formas do chamado trote, o mais artificial dos ritos de iniciao da mais artificial das instituies contemporneas a universidade. 5O trote nada mais do que o retrato da alienao em que vivem esses adolescentes das classes favorecidas. Com tempo de sobra, eles no tm em que empregar tanta liberdade. Ou querem dizer que essas simples caras pintadas tm qualquer simbologia semelhante das mscaras de dana das tribos primitivas estudadas por Lvi-Strauss? Para aquelas tribos ndias, as mscaras eram o atestado da onipresena do sobrenatural e da pujana dos10mitos. Mas esses adolescentes urbanos no tm tanta complexidade. Movido a MTV e shopping centers, o esprito deles vive nas trevas. A ausncia de conhecimento e saber limita-lhes os desejos e as atitudes. Em tempos mais admirveis, ou em sociedades mais ideais, essa massa de vagabundos estaria ajudando a cortar cana nos campos, envolvidos com a reforma agrria, em programas de assistncia social nas favelas ou com crianas de rua, ou mesmo explorando os sertes e florestas do pas, como faziam os estudantes do extinto15projeto Rondon. Hoje, mais do que nunca, h uma tendncia caracterstica da mentalidade das elites da economia capitalista de adulao da adolescncia, de excessivo prolongamento da mesma e da excessiva indulgncia para com esse perodo tido como de intensos processos conflituosos e persistentes esforos de auto-afirmao. Desde adolescente, sempre olhei com desprezo esse tratamento que se pretende dar adolescncia (ou20pelo menos a certa camada social adolescente): um cuidado especial, semelhante ao que se d s mulheres grvidas. Pois exatamente esse pisar em ovos da sociedade que acaba por transformar a adolescncia num grande vazio, numa gravidez do nada, numa angustiante fase de absoro dos valores sociais e de integrao social. Se os adolescentes se ocupassem mais, sofreriam menos ou pelo menos amadureceriam de verdade,25solidrios, ocupados com o sofrimento real dos outros. Mas no, ficam vagabundando pelos semforos das cidades, catando moedas para festas e outras leviandades. E o que pior, sentindo-se deuses por terem conseguido decorar um punhado de frmulas e datas e resumos de livros que os fizeram passar no teste para entrar na universidade. A mim que trabalhava e estudava ao mesmo tempo desde os 15 anos causava alarme o esprito de30vagabundagem que, cultuado na adolescncia, vi prolongar-se na realidade alienada de uma universidade pblica. Na Universidade de So Paulo, onde estudei, os filhos dos ricos ainda passam anos na hibernao adolescente sustentada pelo dinheiro pblico. (Marilene Felinto. In: Folha de S. Paulo, 25/02/1997.) Considerando que os sinais de pontuao podem servir como recursos argumentativos, assinale a opo INCORRETA em relao pontuao nos Textos 1 e 2:

Questão 36
2007Português

(ITA - 2007 - 1 FASE) TEXTO 1 O ritual brasileiro do trote 1Estamos na poca dos trotes em calouros de universidade, um ritual coletivo to brasileirinho quanto o Carnaval e a carnavalizao da Justia nas CPIs. O trote medieval como a universidade e quase deixou de existir em lugar civilizado. No Brasil, um meio de reafirmar, na passagem para a vida adulta, que o jovem estudante pertence mesmo a uma sociedade 5autoritria, violenta e de privilgio. Submisso e humilhao so a essncia do rito, mas expressivas mesmo so suas formas: o calouro muita vez obrigado a assumir o papel de pobre brasileiro. A humilhao tambm faz parte da iniciao universitria americana, embora nesse caso o rito marque a entrada na irmandade, sinal de exclusivismo e vivncia de segredos de uma elite que se ressente da falta de aristocracia e de mistrios em sua sociedade ideologicamente 10igualitria e laica. De incio, como em muito ritual, o jovem descaracterizado e marcado fisicamente. sujo de tinta, de lama, at de porcarias excrementcias; raspam sua cabea. Ao mesmo tempo que apaga simbolicamente sua identidade, a pichao do calouro lhe confere a marca do privilegiado universitrio (so poucos e tm cadeia especial!). Pais e estudantes se orgulham da marca suja e da violncia. 15Na mmica da humilhao dos servos, o jovem colocado em fila, amarrado ou de mos dadas, e conduzido pelas ruas, como se fazia com escravos, como a polcia faz com favelados. jogado em fontes imundas, como garotos de rua. Deve esmolar para seu veterano-cafeto. Na aula-trote, o veterano vinga-se do professor autoritrio ao encenar sua raiva e descarreg-la no calouro, com o que a estupidez se reproduz. Como universidade at outro dia era privilgio oligrquico, o trote nasceu na oligarquia, imitada pelos 20arrivistas. Da oligarquia veio ainda o ritual universitrio do assalto a restaurantes (pindura), rito de iniciao pelo qual certa elite indica que se exclui da ordem legal dos comuns. De vez em quando, ferem, aleijam ou matam um garoto na cretinice do trote. Ningum punido. Os oligarcas velhos relevam: acidente. No, no: tudo de propsito. (Vinicius Torres Freire. In: Folha de S. Paulo, 13/02/2006.) Arrivista. Pessoa inescrupulosa, que quer vencer na vida a todo custo. (Dicionrio Aurlio Eletrnico. Verso 2.0.) TEXTO 2 Vagabundagem universitria comea no trote 1Todo comeo de ano a mesma cena: calouros de universidades, as cabeas raspadas e as caras pintadas, incitados ou obrigados por veteranos, ocupam os sinais de trnsito pedindo dinheiro aos motoristas. uma das formas do chamado trote, o mais artificial dos ritos de iniciao da mais artificial das instituies contemporneas a universidade. 5O trote nada mais do que o retrato da alienao em que vivem esses adolescentes das classes favorecidas. Com tempo de sobra, eles no tm em que empregar tanta liberdade. Ou querem dizer que essas simples caras pintadas tm qualquer simbologia semelhante das mscaras de dana das tribos primitivas estudadas por Lvi-Strauss? Para aquelas tribos ndias, as mscaras eram o atestado da onipresena do sobrenatural e da pujana dos 10mitos. Mas esses adolescentes urbanos no tm tanta complexidade. Movido a MTV e shopping centers, o esprito deles vive nas trevas. A ausncia de conhecimento e saber limita-lhes os desejos e as atitudes. Em tempos mais admirveis, ou em sociedades mais ideais, essa massa de vagabundos estaria ajudando a cortar cana nos campos, envolvidos com a reforma agrria, em programas de assistncia social nas favelas ou com crianas de rua, ou mesmo explorando os sertes e florestas do pas, como faziam os estudantes do extinto 15projeto Rondon. Hoje, mais do que nunca, h uma tendncia caracterstica da mentalidade das elites da economia capitalista de adulao da adolescncia, de excessivo prolongamento da mesma e da excessiva indulgncia para com esse perodo tido como de intensos processos conflituosos e persistentes esforos de auto-afirmao. Desde adolescente, sempre olhei com desprezo esse tratamento que se pretende dar adolescncia (ou 20pelo menos a certa camada social adolescente): um cuidado especial, semelhante ao que se d s mulheres grvidas. Pois exatamente esse pisar em ovos da sociedade que acaba por transformar a adolescncia num grande vazio, numa gravidez do nada, numa angustiante fase de absoro dos valores sociais e de integrao social. Se os adolescentes se ocupassem mais, sofreriam menos ou pelo menos amadureceriam de verdade, 25solidrios, ocupados com o sofrimento real dos outros. Mas no, ficam vagabundando pelos semforos das cidades, catando moedas para festas e outras leviandades. E o que pior, sentindo-se deuses por terem conseguido decorar um punhado de frmulas e datas e resumos de livros que os fizeram passar no teste para entrar na universidade. A mim que trabalhava e estudava ao mesmo tempo desde os 15 anos causava alarme o esprito de 30vagabundagem que, cultuado na adolescncia, vi prolongar-se na realidade alienada de uma universidade pblica. Na Universidade de So Paulo, onde estudei, os filhos dos ricos ainda passam anos na hibernao adolescente sustentada pelo dinheiro pblico. (Marilene Felinto. In: Folha de S. Paulo, 25/02/1997.) Em relao s pessoas do discurso, pode-se dizer que I.apesar de o Texto 1 se iniciar com ns (Estamos), a forma impessoal que predomina; II.no Texto 2, embora predomine a forma impessoal, a autora desliza para a pessoalidade quando se reporta sua experincia como estudante; III.nos Textos 1 e 2, os autores dialogam explicitamente com o leitor. Ento, est(ao) correta(s):

Questão 37
2007Português

(ITA - 2007 - 1 FASE) TEXTO 1 O ritual brasileiro do trote 1Estamos na poca dos trotes em calouros de universidade, um ritual coletivo to brasileirinho quanto o Carnaval e a carnavalizao da Justia nas CPIs. O trote medieval como a universidade e quase deixou de existir em lugar civilizado. No Brasil, um meio de reafirmar, na passagem para a vida adulta, que o jovem estudante pertence mesmo a uma sociedade5autoritria, violenta e de privilgio. Submisso e humilhao so a essncia do rito, mas expressivas mesmo so suas formas: o calouro muita vez obrigado a assumir o papel de pobre brasileiro. A humilhao tambm faz parte da iniciao universitria americana, embora nesse caso o rito marque a entrada na irmandade, sinal de exclusivismo e vivncia de segredos de uma elite que se ressente da falta de aristocracia e de mistrios em sua sociedade ideologicamente10igualitria e laica. De incio, como em muito ritual, o jovem descaracterizado e marcado fisicamente. sujo de tinta, de lama, at de porcarias excrementcias; raspam sua cabea. Ao mesmo tempo que apaga simbolicamente sua identidade, a pichao do calouro lhe confere a marca do privilegiado universitrio (so poucos e tm cadeia especial!). Pais e estudantes se orgulham da marca suja e da violncia. 15Na mmica da humilhao dos servos, o jovem colocado em fila, amarrado ou de mos dadas, e conduzido pelas ruas, como se fazia com escravos, como a polcia faz com favelados. jogado em fontes imundas, como garotos de rua. Deve esmolar para seu veterano-cafeto. Na aula-trote, o veterano vinga-se do professor autoritrio ao encenar sua raiva e descarreg-la no calouro, com o que a estupidez se reproduz. Como universidade at outro dia era privilgio oligrquico, o trote nasceu na oligarquia, imitada pelos20arrivistas. Da oligarquia veio ainda o ritual universitrio do assalto a restaurantes (pindura), rito de iniciao pelo qual certa elite indica que se exclui da ordem legal dos comuns. De vez em quando, ferem, aleijam ou matam um garoto na cretinice do trote. Ningum punido. Os oligarcas velhos relevam: acidente. No, no: tudo de propsito. (Vinicius Torres Freire. In: Folha de S. Paulo, 13/02/2006.) Arrivista. Pessoa inescrupulosa, que quer vencer na vida a todo custo. (Dicionrio Aurlio Eletrnico. Verso 2.0.) TEXTO 2 Vagabundagem universitria comea no trote 1Todo comeo de ano a mesma cena: calouros de universidades, as cabeas raspadas e as caras pintadas, incitados ou obrigados por veteranos, ocupam os sinais de trnsito pedindo dinheiro aos motoristas. uma das formas do chamado trote, o mais artificial dos ritos de iniciao da mais artificial das instituies contemporneas a universidade. 5O trote nada mais do que o retrato da alienao em que vivem esses adolescentes das classes favorecidas. Com tempo de sobra, eles no tm em que empregar tanta liberdade. Ou querem dizer que essas simples caras pintadas tm qualquer simbologia semelhante das mscaras de dana das tribos primitivas estudadas por Lvi-Strauss? Para aquelas tribos ndias, as mscaras eram o atestado da onipresena do sobrenatural e da pujana dos10mitos. Mas esses adolescentes urbanos no tm tanta complexidade. Movido a MTV e shopping centers, o esprito deles vive nas trevas. A ausncia de conhecimento e saber limita-lhes os desejos e as atitudes. Em tempos mais admirveis, ou em sociedades mais ideais, essa massa de vagabundos estaria ajudando a cortar cana nos campos, envolvidos com a reforma agrria, em programas de assistncia social nas favelas ou com crianas de rua, ou mesmo explorando os sertes e florestas do pas, como faziam os estudantes do extinto15projeto Rondon. Hoje, mais do que nunca, h uma tendncia caracterstica da mentalidade das elites da economia capitalista de adulao da adolescncia, de excessivo prolongamento da mesma e da excessiva indulgncia para com esse perodo tido como de intensos processos conflituosos e persistentes esforos de auto-afirmao. Desde adolescente, sempre olhei com desprezo esse tratamento que se pretende dar adolescncia (ou20pelo menos a certa camada social adolescente): um cuidado especial, semelhante ao que se d s mulheres grvidas. Pois exatamente esse pisar em ovos da sociedade que acaba por transformar a adolescncia num grande vazio, numa gravidez do nada, numa angustiante fase de absoro dos valores sociais e de integrao social. Se os adolescentes se ocupassem mais, sofreriam menos ou pelo menos amadureceriam de verdade,25solidrios, ocupados com o sofrimento real dos outros. Mas no, ficam vagabundando pelos semforos das cidades, catando moedas para festas e outras leviandades. E o que pior, sentindo-se deuses por terem conseguido decorar um punhado de frmulas e datas e resumos de livros que os fizeram passar no teste para entrar na universidade. A mim que trabalhava e estudava ao mesmo tempo desde os 15 anos causava alarme o esprito de30vagabundagem que, cultuado na adolescncia, vi prolongar-se na realidade alienada de uma universidade pblica. Na Universidade de So Paulo, onde estudei, os filhos dos ricos ainda passam anos na hibernao adolescente sustentada pelo dinheiro pblico. (Marilene Felinto. In: Folha de S. Paulo, 25/02/1997.) Assinale a opo que indica o efeito sinttico-semntico provocado pelo emprego do ponto e vrgula no trecho abaixo: sujo de tinta, de lama, at de porcarias excrementcias; raspam sua cabea. (Texto 1, linhas 11 e 12)

Questão 38
2007Português

(ITA - 2007 - 1 FASE) TEXTO 1 O ritual brasileiro do trote 1Estamos na poca dos trotes em calouros de universidade, um ritual coletivo to brasileirinho quanto o Carnaval e a carnavalizao da Justia nas CPIs. O trote medieval como a universidade e quase deixou de existir em lugar civilizado. No Brasil, um meio de reafirmar, na passagem para a vida adulta, que o jovem estudante pertence mesmo a uma sociedade 5autoritria, violenta e de privilgio. Submisso e humilhao so a essncia do rito, mas expressivas mesmo so suas formas: o calouro muita vez obrigado a assumir o papel de pobre brasileiro. A humilhao tambm faz parte da iniciao universitria americana, embora nesse caso o rito marque a entrada na irmandade, sinal de exclusivismo e vivncia de segredos de uma elite que se ressente da falta de aristocracia e de mistrios em sua sociedade ideologicamente 10igualitria e laica. De incio, como em muito ritual, o jovem descaracterizado e marcado fisicamente. sujo de tinta, de lama, at de porcarias excrementcias; raspam sua cabea. Ao mesmo tempo que apaga simbolicamente sua identidade, a pichao do calouro lhe confere a marca do privilegiado universitrio (so poucos e tm cadeia especial!). Pais e estudantes se orgulham da marca suja e da violncia. 15Na mmica da humilhao dos servos, o jovem colocado em fila, amarrado ou de mos dadas, e conduzido pelas ruas, como se fazia com escravos, como a polcia faz com favelados. jogado em fontes imundas, como garotos de rua. Deve esmolar para seu veterano-cafeto. Na aula-trote, o veterano vinga-se do professor autoritrio ao encenar sua raiva e descarreg-la no calouro, com o que a estupidez se reproduz. Como universidade at outro dia era privilgio oligrquico, o trote nasceu na oligarquia, imitada pelos 20arrivistas. Da oligarquia veio ainda o ritual universitrio do assalto a restaurantes (pindura), rito de iniciao pelo qual certa elite indica que se exclui da ordem legal dos comuns. De vez em quando, ferem, aleijam ou matam um garoto na cretinice do trote. Ningum punido. Os oligarcas velhos relevam: acidente. No, no: tudo de propsito. (Vinicius Torres Freire. In: Folha de S. Paulo, 13/02/2006.) Arrivista. Pessoa inescrupulosa, que quer vencer na vida a todo custo. (Dicionrio Aurlio Eletrnico. Verso 2.0.) TEXTO 2 Vagabundagem universitria comea no trote 1Todo comeo de ano a mesma cena: calouros de universidades, as cabeas raspadas e as caras pintadas, incitados ou obrigados por veteranos, ocupam os sinais de trnsito pedindo dinheiro aos motoristas. uma das formas do chamado trote, o mais artificial dos ritos de iniciao da mais artificial das instituies contemporneas a universidade. 5O trote nada mais do que o retrato da alienao em que vivem esses adolescentes das classes favorecidas. Com tempo de sobra, eles no tm em que empregar tanta liberdade. Ou querem dizer que essas simples caras pintadas tm qualquer simbologia semelhante das mscaras de dana das tribos primitivas estudadas por Lvi-Strauss? Para aquelas tribos ndias, as mscaras eram o atestado da onipresena do sobrenatural e da pujana dos 10mitos. Mas esses adolescentes urbanos no tm tanta complexidade. Movido a MTV e shopping centers, o esprito deles vive nas trevas. A ausncia de conhecimento e saber limita-lhes os desejos e as atitudes. Em tempos mais admirveis, ou em sociedades mais ideais, essa massa de vagabundos estaria ajudando a cortar cana nos campos, envolvidos com a reforma agrria, em programas de assistncia social nas favelas ou com crianas de rua, ou mesmo explorando os sertes e florestas do pas, como faziam os estudantes do extinto 15projeto Rondon. Hoje, mais do que nunca, h uma tendncia caracterstica da mentalidade das elites da economia capitalista de adulao da adolescncia, de excessivo prolongamento da mesma e da excessiva indulgncia para com esse perodo tido como de intensos processos conflituosos e persistentes esforos de auto-afirmao. Desde adolescente, sempre olhei com desprezo esse tratamento que se pretende dar adolescncia (ou 20pelo menos a certa camada social adolescente): um cuidado especial, semelhante ao que se d s mulheres grvidas. Pois exatamente esse pisar em ovos da sociedade que acaba por transformar a adolescncia num grande vazio, numa gravidez do nada, numa angustiante fase de absoro dos valores sociais e de integrao social. Se os adolescentes se ocupassem mais, sofreriam menos ou pelo menos amadureceriam de verdade, 25solidrios, ocupados com o sofrimento real dos outros. Mas no, ficam vagabundando pelos semforos das cidades, catando moedas para festas e outras leviandades. E o que pior, sentindo-se deuses por terem conseguido decorar um punhado de frmulas e datas e resumos de livros que os fizeram passar no teste para entrar na universidade. A mim que trabalhava e estudava ao mesmo tempo desde os 15 anos causava alarme o esprito de 30vagabundagem que, cultuado na adolescncia, vi prolongar-se na realidade alienada de uma universidade pblica. Na Universidade de So Paulo, onde estudei, os filhos dos ricos ainda passam anos na hibernao adolescente sustentada pelo dinheiro pblico. (Marilene Felinto. In: Folha de S. Paulo, 25/02/1997.) Para o autor (Texto 1, linha 6), NO uma das expressivas formas do ritual do trote

Questão 39
2007Português

(ITA - 2007 - 1 FASE) O romance O Guarani, de Jos de Alencar, publicado em 1857, um marco da fico romntica brasileira. Dentre as caractersticas mais evidentes do projeto romntico que sustentam a construo dessa obra, destacam-se I.a figura do protagonista, o ndio Peri, que um tpico heri romntico, tanto pela sua fora fsica como pelo seu carter; II.o amor do ndio Peri por Ceclia, uma moa branca, sendo que esse amor segue o modelo medieval do amor corts; III.o fato de o livro ser ambientado na poca da colonizao do Brasil pelos portugueses, dada a predileo dos romnticos pornarrativas histricas; IV. o final do livro marca o retorno a um passado mtico, pois Peri e Ceclia simbolicamente regressam poca do dilvio. Ento, esto corretas:

Questão 40
2007Português

(ITA - 2007 - 1 FASE) Alguns estudiosos consideram que a publicao, em 1881, do romance Memrias pstumas de Brs Cubas, de Machado de Assis, marca o incio do Realismo na literatura brasileira. Contudo, no difcil perceber que esse livro j apresenta algumas caractersticas que sero desenvolvidas pela fico moderna do sculo XX, principalmente

Questão 41
2007Português

(ITA - 2007 - 1 FASE) Certos traos da vertente realista-naturalista da literatura brasileira renascem com fora nos anos 30 do sculo XX. Um marco desse renascimento a publicao, em 1938, do livro Vidas secas, de Graciliano Ramos, romance acerca do qual possvel dizer: I.Ele registra com nitidez as seqelas da misria sobre uma famlia pobre de retirantes nordestinos, misria essa que acaba levando as personagens a um estgio de degradao moral. II.Diferentemente da narrativa realista do sculo XIX, o tema desse livro no mais o adultrio feminino e as relaes de interesse que marcam a classe burguesa, mas sim as condies precrias de pessoas humildes do serto brasileiro. III.Apesar de as personagens viverem em condies desumanas, elas mantm a sua dignidade e no perdem o seu carter nem a sua humanidade. Est(ao) correta(s):

Questão 42
2007Português

(ITA - 2007 - 1 FASE) O conto A hora e vez de Augusto Matraga, de Guimares Rosa, faz parte do livro Sagarana, de 1946. Nesse texto, o personagem central vive aquilo que aparentemente um processo de converso crist, que se inicia quando ele

Questão 43
2007Português

(ITA - 2007 - 1 FASE) O romance A hora da estrela, de Clarice Lispector, publicado em 1977, pouco antes da morte da autora, um dos livros mais famosos da fico brasileira contempornea. Podemos fazer algumas relaes entre esta obra e alguns livros importantes de nossa tradio literria. Por exemplo: I.Pode-se dizer que o livro de Clarice comea no ponto em que Vidas secas termina, pois Graciliano Ramos mostra as personagens indo para uma cidade grande, e a autora localiza a personagem central do livro vivendo numa metrpole. II.Assim como em Memrias pstumas de Brs Cubas, o narrador de Clarice narra os fatos e comenta acerca da forma como est narrando. III. possvel pensar que Macaba mantm alguns traos da herona romntica, no quanto beleza fsica, mas inteligncia e ao carter, o que a aproxima de algumas personagens de Jos de Alencar. Est(ao) correta(s):

Questão 44
2007Português

(ITA - 2007 - 1 FASE) Cemitrio Pernambucano Nesta terra ningum jaz, pois tambm no jaz um rio noutro rio, nem o mar cemitrio de rios. Nenhum dos mortos daqui vem vestido de caixo. Portanto, eles no se enterram, so derramados no cho. Vm em redes de varandas abertas ao sol e chuva. Trazem suas prprias moscas. O cho lhes vai como luva. Mortos ao ar-livre, que eram, hoje terra-livre esto. So to da terra que a terra nem sente sua intruso. O poema acimaconsta do livro Paisagem com figuras, de Joo Cabral de Melo Neto, publicado em 1955. Este texto mostra com clareza duas das marcas mais recorrentes da obra de Joo Cabral, que so:

Questão 45
2007Português

(ITA - 2007 - 1 FASE) Sem mo no acorda a pedra sem lngua no ascende o canto sem olho no existe o sol. (Editado por Gerao Editorial, So Paulo.) O poema acima, que no possui ttulo, faz parte do livro Teia, de 1996, da escritora Orides Fontela. Nesse poema, a autora estabelece metaforicamente a relao do homem com a natureza. Aponte a opo que traduz essa relao:

Questão 1
2006Português

(ITA - 2006 - 1 FASE) A Daslu e o shopping-bunker A nova Daslu o assunto preferido das conversas em So Paulo. Os ricos se entusiasmam com a criao de um local to exclusivo e cheio de roupas e objetos sofisticados e internacionais. Os pequeno-burgueses praguejam contra a iniciativa, indignados com tanta ostentao. Antes instalada num conjunto de casas na Vila Nova Conceio, regio de classe alta, a loja que vende as grifes mais famosas e caras do mundo passar agora a funcionar num prdio monumental construdo no bairro nouveau riche da Vila Olmpia e ao lado do infelizmente ptrido e mal cheiroso rio Pinheiros. A imprensa aproveita a mudana da Daslu para discorrer sobre as vantagens de uma vida luxuosa e exibir fotos exclusivas do interior da megaloja de quatro andares e seus sales labirnticos, onde praticamente no h corredores, pois, como diz a dona da loja, a idia que o consumidor se sinta em sua casa. Estranha casa, deve-se dizer. Para entrar nela preciso fazer uma carteira de scio, depois de deixar o carro num estacionamento que custa R$ 30,00 (a primeira hora). Obviamente, tudo isso tem por objetivo selecionar os consumidores e intimidar os pouco afortunados os mesmos que, ao se aventurar na antiga loja, reclamavam da indiferena das vendedoras, as dasluzetes,muito mais solcitas com aqueles que elas j conheciam ou que demonstravam de cara seu poder de compra. As complicaes na portaria visam tambm, embora no se diga com clareza, a proteger o local e dar segurana aos milionrios de todo o pas que certamente faro da nova Daslu um de seus points durante a estada em So Paulo, como j ocorria com a antiga casa. A segurana um item cada vez mais prioritrio nos negcios hoje em dia antes mesmo da inaugurao, a loja teve um de seus caminhes de mudana roubado. As formalidades na entrada levam ainda em conta a privacidade do local de quase 20 mil metros quadrados, no muito longe da favela Coliseu (sic). A reportagem de um site calculou, por falar nisso, que a soma da renda mensal de todas as famlias da favela (R$ 10.725, segundo o IBGE) daria para comprar apenas duas calas Dolce Gabbana na loja. Tais fatores, digamos assim, sinistros da realidade brasileira que impulsionam o pioneirismo da nova Daslu. Sim, a loja uma empreitada verdadeiramente indita. A Daslu, que desenvolveu no Brasil um certo tipo de atendimento exclusivo e personalizado para ricos, agora introduz, pela primeira vez no mundo, o modelo do shopping-bunker. Todos sabem como os shopping centers floresceram em So Paulo e nas capitais brasileiras, tanto pelas facilidades que propiciam para a gente que vive nos centros urbanos congestionados e tumultuados, quanto pela segurana. Ao longo dos anos, eles foram surgindo aqui e ali, alterando a sociabilidade e a paisagem das cidades. Acabaram se transformando em uma espcie de praa (fechada), onde as classes alta e mdia podiam circular com tranqilidade, sem serem importunadas pela viso e a presena dos numerosos pobres e miserveis, que, por sua vez, ocuparam as praas pblicas (abertas), como a da Repblica e a da S, em So Paulo. Dentro dos shoppings, os brasileiros sonhamos um mundo de riqueza, organizao, limpeza, segurana, facilidades e sobretudo de distino que l fora, nas ruas, est agora longe de existir. Mas talvez os shoppings, mesmo os mais sofisticados, como o Iguatemi, tenham se tornado democrticos demais para o gosto da classe alta paulista. A cada pequeno entusiasmo econmico, logo a alvoroada classe mdia da cidade resolve se intrometer aos bandos nas searas exclusivas dos muito ricos. [...] (http://www1.folha.uol.com.br, por Alcino Leite Neto. Consulta em 08/07/2005.) A denominao shopping-bunker apropriada pelo fato de a loja

Questão 2
2006Português

(ITA - 2006 - 1 FASE) A Daslu e o shopping-bunker A nova Daslu o assunto preferido das conversas em So Paulo. Os ricos se entusiasmam com a criao de um local to exclusivo e cheio de roupas e objetos sofisticados e internacionais. Os pequeno-burgueses praguejam contra a iniciativa, indignados com tanta ostentao. Antes instalada num conjunto de casas na Vila Nova Conceio, regio de classe alta, a loja que vende as grifes mais famosas e caras do mundo passar agora a funcionar num prdio monumental construdo no bairro nouveau riche da Vila Olmpia e ao lado do infelizmente ptrido e mal cheiroso rio Pinheiros. A imprensa aproveita a mudana da Daslu para discorrer sobre as vantagens de uma vida luxuosa e exibir fotos exclusivas do interior da megaloja de quatro andares e seus sales labirnticos, onde praticamente no h corredores, pois, como diz a dona da loja, a idia que o consumidor se sinta em sua casa. Estranha casa, deve-se dizer. Para entrar nela preciso fazer uma carteira de scio, depois de deixar o carro num estacionamento que custa R$ 30,00 (a primeira hora). Obviamente, tudo isso tem por objetivo selecionar os consumidores e intimidar os pouco afortunados os mesmos que, ao se aventurar na antiga loja, reclamavam da indiferena das vendedoras, as dasluzetes,muito mais solcitas com aqueles que elas j conheciam ou que demonstravam de cara seu poder de compra. As complicaes na portaria visam tambm, embora no se diga com clareza, a proteger o local e dar segurana aos milionrios de todo o pas que certamente faro da nova Daslu um de seus points durante a estada em So Paulo, como j ocorria com a antiga casa. A segurana um item cada vez mais prioritrio nos negcios hoje em dia antes mesmo da inaugurao, a loja teve um de seus caminhes de mudana roubado. As formalidades na entrada levam ainda em conta a privacidade do local de quase 20 mil metros quadrados, no muito longe da favela Coliseu (sic). A reportagem de um site calculou, por falar nisso, que a soma da renda mensal de todas as famlias da favela (R$ 10.725, segundo o IBGE) daria para comprar apenas duas calas Dolce Gabbana na loja. Tais fatores, digamos assim, sinistros da realidade brasileira que impulsionam o pioneirismo da nova Daslu. Sim, a loja uma empreitada verdadeiramente indita. A Daslu, que desenvolveu no Brasil um certo tipo de atendimento exclusivo e personalizado para ricos, agora introduz, pela primeira vez no mundo, o modelo do shopping-bunker. Todos sabem como os shopping centers floresceram em So Paulo e nas capitais brasileiras, tanto pelas facilidades que propiciam para a gente que vive nos centros urbanos congestionados e tumultuados, quanto pela segurana. Ao longo dos anos, eles foram surgindo aqui e ali, alterando a sociabilidade e a paisagem das cidades. Acabaram se transformando em uma espcie de praa (fechada), onde as classes alta e mdia podiam circular com tranqilidade, sem serem importunadas pela viso e a presena dos numerosos pobres e miserveis, que, por sua vez, ocuparam as praas pblicas (abertas), como a da Repblica e a da S, em So Paulo. Dentro dos shoppings, os brasileiros sonhamos um mundo de riqueza, organizao, limpeza, segurana, facilidades e sobretudo de distino que l fora, nas ruas, est agora longe de existir. Mas talvez os shoppings, mesmo os mais sofisticados, como o Iguatemi, tenham se tornado democrticos demais para o gosto da classe alta paulista. A cada pequeno entusiasmo econmico, logo a alvoroada classe mdia da cidade resolve se intrometer aos bandos nas searas exclusivas dos muito ricos. [...] (http://www1.folha.uol.com.br, por Alcino Leite Neto. Consulta em 08/07/2005.) Considerando o contexto e os vrios pontos de vista presentes no texto, aponte a opo que, da perspectiva dos ricos, NO constitui atributo da Daslu.

Questão 3
2006Português

(ITA - 2006 - 1 FASE) A Daslu e o shopping-bunker A nova Daslu o assunto preferido das conversas em So Paulo. Os ricos se entusiasmam com a criao de um local to exclusivo e cheio de roupas e objetos sofisticados e internacionais. Os pequeno-burgueses praguejam contra a iniciativa, indignados com tanta ostentao. Antes instalada num conjunto de casas na Vila Nova Conceio, regio de classe alta, a loja que vende as grifes1 mais famosas e caras do mundo passar agora a funcionar num prdio monumental construdo no bairro nouveau riche da Vila Olmpia e ao lado do infelizmente ptrido e mal cheiroso rio Pinheiros. A imprensa aproveita a mudana da Daslu para discorrer sobre as vantagens de uma vida luxuosa e exibir fotos exclusivas do interior da megaloja de quatro andares e seus sales labirnticos, onde praticamente no h corredores, pois, como diz a dona da loja, a idia que o consumidor se sinta em sua casa. Estranha casa, deve-se dizer2. Para entrar nela preciso fazer uma carteira de scio, depois de deixar o carro num estacionamento que custa R$ 30,00 (a primeira hora). Obviamente, tudo isso tem por objetivo selecionar os consumidores e intimidar os pouco afortunados os mesmos que, ao se aventurar na antiga loja, reclamavam da indiferena das vendedoras, as dasluzetes,muito mais solcitas com aqueles que elas j conheciam ou que demonstravam de cara3 seu poder de compra. As complicaes na portaria visam tambm, embora no se diga com clareza, a proteger o local e dar segurana aos milionrios de todo o pas que certamente faro da nova Daslu um de seus points durante a estada em So Paulo, como j ocorria com a antiga casa. A segurana um item cada vez mais prioritrio nos negcios hoje em dia antes mesmo da inaugurao, a loja teve um de seus caminhes de mudana roubado. As formalidades na entrada levam ainda em conta a privacidade do local de quase 20 mil metros quadrados, no muito longe da favela Coliseu (sic). A reportagem de um site calculou, por falar nisso, que a soma da renda mensal de todas as famlias da favela (R$ 10.725, segundo o IBGE) daria para comprar apenas duas calas Dolce Gabbana na loja. Tais fatores, digamos assim, sinistros4 da realidade brasileira que impulsionam o pioneirismo da nova Daslu. Sim, a loja uma empreitada verdadeiramente indita. A Daslu, que desenvolveu no Brasil um certo tipo de atendimento exclusivo e personalizado para ricos, agora introduz, pela primeira vez no mundo, o modelo do shopping-bunker. Todos sabem como os shoppings centers floresceram em So Paulo e nas capitais brasileiras, tanto pelas facilidades que propiciam para a gente5 que vive nos centros urbanos congestionados e tumultuados, quanto pela segurana. Ao longo dos anos, eles foram surgindo aqui e ali, alterando a sociabilidade e a paisagem das cidades. Acabaram se transformando em uma espcie de praa (fechada), onde as classes alta e mdia podiam circular com tranqilidade, sem serem importunadas pela viso e a presena dos numerosos pobres e miserveis, que, por sua vez, ocuparam as praas pblicas (abertas), como a da Repblica e a da S, em So Paulo. Dentro dos shoppings, os brasileiros sonhamos um mundo de riqueza, organizao, limpeza, segurana, facilidades e sobretudo de distino que l fora, nas ruas, est agora longe de existir. Mas talvez os shoppings, mesmo os mais sofisticados, como o Iguatemi, tenham se tornado democrticos demais para o gosto da classe alta paulista. A cada pequeno entusiasmo econmico, logo a alvoroada classe mdia da cidade resolve se intrometer aos bandos nas searas exclusivas dos muito ricos. [...] (http://www1.folha.uol.com.br, por Alcino Leite Neto. Consulta em 08/07/2005.) No texto, predomina a linguagem formal. No entanto, podem-se perceber nele algumas marcas de linguagem coloquial, como em