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Questões de Português - AFA | Gabarito e resoluções

Questão 11
2017Português

(AFA - 2017) PROMESSA CONTRA SINAIS DA IDADE 1 O tempo passa, e com ele os sinais da idade vo se 2 espalhando pelo nosso organismo. Entre eles, os mais 3 evidentes ficam estampados em nossa pele, e rostos, 4 na forma de rugas, flacidez e perda de elasticidade. 5 Um estudo publicado ontem no peridico cientfico 6 Journal ofInvestigative Dermatology, no entanto, 7 identificou um mecanismo molecular em clulas da 8 pele que pode estar por trs deste processo, abrindo 9 caminho para o desenvolvimento de novos 10tratamentos para, se no impedir, pelo menos 11retardar o envelhecimento delas e, talvez, 12as de outros tecidos e rgos do corpo. 13 Na pesquisa, cientistas da Universidade de 14Newcastle, no Reino Unido, analisaram amostras de 15 clulas da pele de vinte e sete doadores com entre 16 seis e 72 anos, tiradas de locais protegidos do Sol, 17 para determinar se havia alguma diferena no seu 18 comportamento com a idade. Eles verificaram que, 19quanto mais velha a pessoa, menor era a atividade de 20 suas mitocndrias, as usinas de energia de nossas 21 clulas. Essa queda, porm, era esperada, j que h 22 dcadas a reduo na capacidade de gerao de 23 energia por essas organelas celulares e na sua 24eficincia neste trabalho com o tempo uma das 25 - principais vertentes nas teorias sobre envelhecimento. /.../ (BAIMA, Csar. O Globo, 27 de fev.2016, p. 24.) Observe o uso da vrgula nos trechos abaixo destacados: I. O tempo passa, e com ele os sinais da idade vo se espalhando... (l.1 e 2) II. ...ficam estampados em nossa pele, e rostos, na forma... (l. 3 e 4 ) III. Eles verificaram que, quanto mais velha a pessoa, menor era a atividade de suas mitocndrias... (l.18 a 20) IV. Essa queda, porm, era esperada... (l.21) V. ...era esperada, j que h dcadas a reduo na capacidade de gerao de energia... (l. 21 a 23) Assinale a opo que apresenta uma anlise correta.

Questão 15
2017Português

(AFA - 2017) TEXTO I RETRATO Eu no tinha este rosto de hoje, Assim calmo, assim triste, assim magro, Nem estes olhos to vazios, Nem o lbio amargo Eu no tinha estas mos sem fora, To paradas e frias e mortas; Eu no tinha este corao Que nem se mostra. Eu no dei por esta mudana, To simples, to certa, to fcil: em que espelho ficou perdida a minha face? (MEIRELES, Ceclia. Obra Potica de Ceclia Meireles. Rio de Janeiro: Jos Aguilar, 1958.) TEXTO II ENVELHECER Arnaldo Antunes/ Ortinho/ Marcelo Jeneci A coisa mais moderna que existe nessa vida envelhecer A barba vai descendo e os cabelos vo caindo pra cabea aparecer Os filhos vo crescendo e o tempo vai dizendo que agora pra valer Os outros vo morrendo e a gente aprendendo a esquecer No quero morrer pois quero ver como ser que deve ser envelhecer Eu quero viver para ver qual e dizer venha pra o que vai acontecer (...) Pois ser eternamente adolescente nada mais dmod* com os ralos fios de cabelo sobre a testa que no para de crescer No sei por que essa gente vira a cara pro presente e esquece de aprender Que felizmente ou infelizmente sempre o tempo vai correr. (...) (www.arnaldoantunes.com.br/new/sec_discografia_sel.php?id=679) * dmod: fora de moda. TEXTO III ESTATUTO DO IDOSO (fragmentos) Art. 2 O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes pessoa humana, sem prejuzo da proteo integral 1de que trata esta Lei, 2assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, 3todas as oportunidades e facilidades, para 4preservao de sua sade fsica e mental e seu aperfeioamento moral, intelectual, espiritual e social, em condies de liberdade e dignidade. Art. 4 Nenhum idoso ser objeto de qualquer tipo de negligncia, discriminao, violncia, crueldade 5ou opresso, e todo atentado aos seus direitos, por ao ou por omisso, ser punido na forma da lei. www.planalto.gov.br/ccvil_03/leis/2003/L10.741.htm TEXTO VI LEITE DERRAMADO Um homem muito velho est num leito de hospital. E desfia a quem quiser ouvir suas memrias. Uma saga familiar caracterizada pela decadncia social e econmica, tendo como pano de fundo a histria do Brasil dos ltimos dois sculos. No sei por que voc no me alivia a dor. Todo dia a senhora levanta a persiana com bruteza e joga sol no meu rosto. No sei que graa pode achar dos meus esgares, uma pontada cada vez que respiro. s vezesaspiro fundo e encho os pulmes de um ar insuportvel, para ter alguns segundos de conforto, expelindo a dor. Mas bem antes da doena e da velhice, talvez minha vida j fosse um pouco assim, uma dorzinha chata a me espetar o tempo todo, e de repente uma lambada atroz.Quando perdi minha mulher, foi atroz. E qualquer coisa que eu recorde agora, vai doer, a memria uma vasta ferida. Mas nem assim voc me d os remdios, voc meio desumana. Acho que nem da enfermagem, nunca vi essa cara sua por aqui. Claro, voc a minhafilha que estava na contraluz, me d um beijo. Eu ia mesmo lhe telefonar para me fazer companhia, me ler jornais, romances russos. Fica essa televiso ligada o dia inteiro, as pessoas aqui no so sociveis. No estou me queixando de nada, seria uma ingratido comvoc e com o seu filho. Mas se o garoto est to rico, no sei por que diabos no me interna em uma casa de sade tradicional, de religiosas. Eu prprio poderia arcar com viagem e tratamento no estrangeiro, se o seu marido no me tivesse arruinado. (BUARQUE, Chico. Leite derramado. So Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 10 11.) Nos textos em geral, manifestam-se simultaneamente vrias funes da linguagem. No entanto, sempre h o predomnio de uma sobre as outras. Aps a leitura dos textos que constituem esta prova, assinale a alternativa correta.

Questão 16
2017Português

(AFA - 2017) TEXTO I RETRATO Eu no tinha este rosto de hoje, Assim calmo, assim triste, assim magro, Nem estes olhos to vazios, Nem o lbio amargo Eu no tinha estas mos sem fora, To paradas e frias e mortas; Eu no tinha este corao Que nem se mostra. Eu no dei por esta mudana, To simples, to certa, to fcil: em que espelho ficou perdida a minha face? (MEIRELES, Ceclia. Obra Potica de Ceclia Meireles. Rio de Janeiro: Jos Aguilar, 1958.) TEXTO II ENVELHECER Arnaldo Antunes/ Ortinho/ Marcelo Jeneci 1 A coisa mais moderna que existe nessa vida envelhecer 2 A barba vai descendo e os cabelos vo caindo pra cabea aparecer 3 Os filhos vo crescendo e o tempo vai dizendo que agora pra valer 4 Os outros vo morrendo e a gente aprendendo a esquecer 5 No quero morrer pois quero ver como ser que deve ser envelhecer 6 Eu quero viver para ver qual e dizer venha pra o que vai acontecer (...) 7 Pois ser eternamente adolescente nada mais dmod* com os ralos fios de cabelo sobre a testa que no para de crescer 8 No sei por que essa gente vira a cara pro presente e esquece de aprender 9 Que felizmente ou infelizmente sempre o tempo vai correr. (...) (www.arnaldoantunes.com.br/new/sec_discografia_sel.php?id=679) *dmod: fora de moda. TEXTO III ESTATUTO DO IDOSO (fragmentos) Art. 2 O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes pessoa humana, sem prejuzo da proteo integral 1de que trata esta Lei, 2assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, 3todas as oportunidades e facilidades, para 4preservao de sua sade fsica e mental e seu aperfeioamento moral, intelectual, espiritual e social, em condies de liberdade e dignidade. Art. 4 Nenhum idoso ser objeto de qualquer tipo de negligncia, discriminao, violncia, crueldade 5ou opresso, e todo atentado aos seus direitos, por ao ou por omisso, ser punido na forma da lei. www.planalto.gov.br/ccvil_03/leis/2003/L10.741.htm TEXTO IV PARA SEMPRE JOVEM 1 - Recentemente, vi na televiso a propaganda de um jipe que saltava obstculos como se fosse um cavalo de corrida. J tinha visto esse comercial, mas comecei a prestar ateno na letra da msica, soando 5 - forte e repetindo a estrofe de uma cano muito conhecida, forever Young...I wanna live forever and Young...(para sempre jovem...quero viver para sempre e jovem). Ser que, realmente, queremos viver muito e, de preferncia, para sempre jovens? (...) 10 - O crescimento da populao idosa nos pases desenvolvidos uma bomba-relgio que j comea a implodir os sistemas previdencirios, despreparados para amparar populaes com uma mdia de vida em torno de 140 anos. A velhice se tornou uma epidemia 15 - incontrolvel nos pases desenvolvidos. Sustentar a populao idosa sobrecarrega os jovens, cada vez em menor nmero, pois, nesses pases, h tambm um declnio da natalidade. Ser isso socialmente justo? Uma pessoa muito longeva consome 20 - uma quantidade total de alimentos muito maior do que as outras, o que contribui para esgotar mais rapidamente os recursos finitos do planeta e agravar ainda mais os desequilbrios sociais. Para que uns poucos possam viver muito, outros tero de passar fome. Ser que, em 25 - um futuro breve, teremos uma guerra de extermnio aos idosos, como na fico do escritor argentino Bioy Casares, O dirio da guerra do porco? Seria uma guerra justa? /.../ (TEIXEIRA, Joo. Para sempre jovens.In: Revista Filosofia: cincia vida. Ano VII, n. 92, maro-2014, p. 54.) TEXTO 5 PROMESSA CONTRA SINAIS DA IDADE O tempo passa, e com ele os sinais da idade vo se espalhando pelo nosso organismo. Entre eles, os mais evidentes ficam estampados em nossa pele, e rostos, na forma de rugas, flacidez e perda de elasticidade. 5 - Um estudo publicado ontem no peridico cientfico Journal of Investigative Dermatology, no entanto, identificou um mecanismo molecular em clulas da pele que pode estar por trs deste processo, abrindo caminho para o desenvolvimento de novos 10 - tratamentos para, se no impedir, pelo menos retardar o envelhecimento delas e, talvez, as de outros tecidos e rgos do corpo. Na pesquisa, cientistas da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, analisaram amostras de 15 - clulas da pele de vinte e sete doadores com entre seis e 72 anos, tiradas de locais protegidos do Sol, para determinar se havia alguma diferena no seu comportamento com a idade. Eles verificaram que, quanto mais velha a pessoa, menor era a atividade de 20 - suas mitocndrias, as usinas de energia de nossas clulas. Essa queda, porm, era esperada, j que h dcadas a reduo na capacidade de gerao de energia por essas organelas celulares e na sua eficincia neste trabalho com o tempo uma das 25 - principais vertentes nas teorias sobre envelhecimento. /.../ (BAIMA, Csar. O Globo, 27 de fev. 2016, p. 24.) Em todos os trechos apresentados, o emprego do termo destacado constitui uma estratgia do autor para criar envolvimento entre o receptor e a mensagem transmitida pelo texto, EXCETO:

Questão
2017Português

(AFA - 2017) LEITE DERRAMADO Um homem muito velho est num leito de hospital. E desfia a quem quiser ouvir suas memrias. Uma saga familiar caracterizada pela decadncia social e econmica, tendo como pano de fundo a histria do Brasil dos ltimos dois sculos. No sei por que voc no me alivia a dor. Todo dia a senhora levanta a persiana com bruteza e joga sol no meu rosto. No sei que graa pode achar dos meus esgares, uma pontada cada vez que respiro. s vezes aspiro fundo e encho os pulmes de um ar insuportvel, para ter alguns segundos de conforto, expelindo a dor. Mas bem antes da doena e da velhice, talvez minha vida j fosse um pouco assim, uma dorzinha chata a me espetar o tempo todo, e de repente uma lambada atroz. Quando perdi minha mulher, foi atroz. E qualquer coisa que eu recorde agora, vai doer, a memria uma vasta ferida. Mas nem assim voc me d os remdios, voc meio desumana. Acho que nem da enfermagem, nunca vi essa cara sua por aqui. Claro, voc a minha filha que estava na contraluz, me d um beijo. Eu ia mesmo lhe telefonar para me fazer companhia, me ler jornais, romances russos. Fica essa televiso ligada o dia inteiro, as pessoas aqui no so sociveis. No estou me queixando de nada, seria uma ingratido com voc e com o seu filho. Mas se o garoto est to rico, no sei por que diabos no me interna em uma casa de sade tradicional, de religiosas. Eu prprio poderia arcar com viagem e tratamento no estrangeiro, se o seu marido no me tivesse arruinado. BUARQUE, Chico. Leite derramado. So Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 10-11. Assinale a alternativa que apresenta uma inferncia INCORRETA.

Questão
2017Português

(AFA - 2017) Leia o texto a seguir e responda (s) questo(es). PROMESSA CONTRA SINAIS DA IDADE 1O tempo passa, e com ele os sinais da idade vo se espalhando pelo nosso organismo. Entre eles, os mais evidentes2ficam estampados em nossa pele, e rostos, na forma de rugas, flacidez e perda de elasticidade. Um estudo publicado ontem no peridico cientficoJournal of Investigative Dermatology, no entanto, identificou um mecanismo molecular em clulas da pele que pode estar por trs deste processo, abrindo caminho para o desenvolvimento de novos tratamentos para, se no impedir, pelo menos retardar o envelhecimento delas e, talvez, as de outros tecidos e rgos do corpo. Na pesquisa, cientistas da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, analisaram amostras de clulas da pele de vinte e sete doadores com entre seis e anos, tiradas de locais protegidos do Sol, para determinar se havia alguma diferena no seu comportamento com a idade.3Eles verificaram que, quanto mais velha a pessoa, menor era a atividade de suas mitocndrias, as 4usinas de energia de nossas clulas.5Essa queda, porm,6era esperada, j que h dcadas a reduo na capacidade de gerao de energia por essas7organelas celulares e na sua eficincia neste trabalho com o tempo uma das principais vertentes nas teorias sobre envelhecimento. /.../ BAIMA, Csar.O Globo, 27 de fev. 2016, p. 24. Sabe-se que, ao divulgar informaes de carter cientfico em um texto, alguns recursos de linguagem podem ser empregados para transmitir ao leitor maior confiabilidade quanto ao contedo apresentado. Em relao ao texto Promessa contra sinais da idade, assinale a alternativa que NO apresenta um desses recursos.

Questão
2017Português

(AFA - 2017) Leia os textos a seguir e responda (s) questo(es). RETRATO Eu no tinha este rosto de hoje, Assim calmo, assim triste, assim magro, Nem estes olhos to vazios, Nem o lbio amargo Eu no tinha estas mos sem fora, To paradas e frias e mortas; Eu no tinha este corao Que nem se mostra. Eu no dei por esta mudana, To simples, to certa, to fcil: em que espelho ficou perdida a minha face? MEIRELES, Ceclia. Obra Potica de Ceclia Meireles. Rio de Janeiro: Jos Aguilar, 1958. ENVELHECER Arnaldo Antunes/Ortinho/Marcelo Jeneci A coisa mais moderna que existe nessa vida envelhecer A barba vai descendo e os cabelos vo caindo pra cabea aparecer Os filhos vo crescendo e o tempo vai dizendo que agora pra valer Os outros vo morrendo e a gente aprendendo a esquecer No quero morrer pois quero ver como ser que deve ser envelhecer Eu quero viver para ver qual e dizer venha pra o que vai acontecer (...) Pois ser eternamente adolescente nada mais *dmod com os ralos fios de cabelo sobre a [testa que no para de crescer No sei por que essa gente vira a cara pro presente e esquece de aprender Que felizmente ou infelizmente sempre o tempo vai correr. (...) *dmod: fora de moda www.arnaldoantunes.com.br/new/sec_discografia_sel.php?id=679 ESTATUTO DO IDOSO (fragmentos) Art. 2 O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes pessoa humana, sem prejuzo da proteo integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservao de sua sade fsica e mental e seu aperfeioamento moral, intelectual, espiritual e social, em condies de liberdade e dignidade. Art. 4 Nenhum idoso ser objeto de qualquer tipo de negligncia, discriminao, violncia, crueldade ou opresso, e todo atentado aos seus direitos, por ao ou por omisso, ser punido na forma da lei. www.planalto.gov.br/ccvil_03/leis/2003/L10.741.htm PARA SEMPRE JOVEM Recentemente, vi na televiso a propaganda de um jipe que saltava obstculos como se fosse um cavalo de corrida. J tinha visto esse comercial, mas comecei a prestar ateno na letra da msica, soando forte e repetindo a estrofe de uma cano muito conhecida, forever Young... I wanna live forever and Young... (para sempre jovem... quero viver para sempre e jovem). Ser que, realmente, queremos viver muito e, de preferncia, para sempre jovens? (...) O crescimento da populao idosa nos pases desenvolvidos uma bomba-relgio que j comea a implodir os sistemas previdencirios, despreparados para amparar populaes com uma mdia de vida em torno de 140anos. A velhice se tornou uma epidemia incontrolvel nos pases desenvolvidos. Sustentar a populao idosa sobrecarrega os jovens, cada vez em menor nmero, pois, nesses pases, h tambm um declnio da natalidade. Ser isso socialmente justo? Uma pessoa muito longeva consome uma quantidade total de alimentos muito maior do que as outras, o que contribui para esgotar mais rapidamente os recursos finitos do planeta e agravar ainda mais os desequilbrios sociais. Para que uns poucos possam viver muito, outros tero de passar fome. Ser que, em um futuro breve, teremos uma guerra de extermnio aos idosos, como na fico do escritor argentino Bioy Casares, O dirio da guerra do porco? Seria uma guerra justa? /.../ TEIXEIRA, Joo. Para sempre jovens. In: Revista Filosofia: cincia vida. Ano VII, n. 92, maro-2014, p. 54. PROMESSA CONTRA SINAIS DA IDADE O tempo passa, e com ele os sinais da idade vo se espalhando pelo nosso organismo. Entre eles, os mais evidentes ficam estampados em nossa pele, e rostos, na forma de rugas, flacidez e perda de elasticidade. Um estudo publicado ontem no peridico cientfico Journal of Investigative Dermatology, no entanto, identificou um mecanismo molecular em clulas da pele que pode estar por trs deste processo, abrindo caminho para o desenvolvimento de novos tratamentos para, se no impedir, pelo menos retardar o envelhecimento delas e, talvez, as de outros tecidos e rgos do corpo. Na pesquisa, cientistas da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, analisaram amostras de clulas da pele de vinte e sete doadores com entre seis e anos, tiradas de locais protegidos do Sol, para determinar se havia alguma diferena no seu comportamento com a idade. Eles verificaram que, quanto mais velha a pessoa, menor era a atividade de suas mitocndrias, as usinas de energia de nossas clulas. Essa queda, porm, era esperada, j que h dcadas a reduo na capacidade de gerao de energia por essas organelas celulares e na sua eficincia neste trabalho com o tempo uma das principais vertentes nas teorias sobre envelhecimento. /.../ BAIMA, Csar. O Globo, 27 de fev. 2016, p. 24. LEITE DERRAMADO Um homem muito velho est num leito de hospital. E desfia a quem quiser ouvir suas memrias. Uma saga familiar caracterizada pela decadncia social e econmica, tendo como pano de fundo a histria do Brasil dos ltimos dois sculos. No sei por que voc no me alivia a dor. Todo dia a senhora levanta a persiana com bruteza e joga sol no meu rosto. No sei que graa pode achar dos meus esgares, uma pontada cada vez que respiro. s vezes aspiro fundo e encho os pulmes de um ar insuportvel, para ter alguns segundos de conforto, expelindo a dor. Mas bem antes da doena e da velhice, talvez minha vida j fosse um pouco assim, uma dorzinha chata a me espetar o tempo todo, e de repente uma lambada atroz. Quando perdi minha mulher, foi atroz. E qualquer coisa que eu recorde agora, vai doer, a memria uma vasta ferida. Mas nem assim voc me d os remdios, voc meio desumana. Acho que nem da enfermagem, nunca vi essa cara sua por aqui. Claro, voc a minha filha que estava na contraluz, me d um beijo. Eu ia mesmo lhe telefonar para me fazer companhia, me ler jornais, romances russos. Fica essa televiso ligada o dia inteiro, as pessoas aqui no so sociveis. No estou me queixando de nada, seria uma ingratido com voc e com o seu filho. Mas se o garoto est to rico, no sei por que diabos no me interna em uma casa de sade tradicional, de religiosas. Eu prprio poderia arcar com viagem e tratamento no estrangeiro, se o seu marido no me tivesse arruinado. BUARQUE, Chico. Leite derramado. So Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 10-11. Leia os trechos abaixo e assinale a opo correta. I. Claro, voc a minha filha que estava na contraluz, me d um beijo. (Leite derramado) II. O tempo passa, e com ele os sinais da idade vo se espalhando pelo nosso organismo. (Promessa contra sinais da idade) III. em que espelho ficou perdida/a minha face? (Retrato) IV. No sei por que essa gente vira a cara pro presente e esquece de aprender/Que felizmente ou infelizmente sempre o tempo vai correr. (Para sempre jovem) V. Todo dia a senhora levanta a persiana com bruteza e joga sol no meu rosto. (Leite derramado)

Questão
2017Português

(AFA - 2017) LEITE DERRAMADO Um homem muito velho est num leito de hospital. E desfia a quem quiser ouvir suas memrias. Uma saga familiar caracterizada pela decadncia social e econmica, tendo como pano de fundo a histria do Brasil dos ltimos dois sculos. No sei por que voc no me alivia a dor. Todo dia a senhora levanta a persiana com bruteza e joga sol no meu rosto. No sei que graa pode achar dos meus esgares, uma pontada cada vez que respiro. s vezes aspiro fundo e encho os pulmes de um ar insuportvel, para ter alguns segundos de conforto, expelindo a dor. Mas bem antes da doena e da velhice, talvez minha vida j fosse um pouco assim, uma dorzinha chata a me espetar o tempo todo, e de repente uma lambada atroz. Quando perdi minha mulher, foi atroz. E qualquer coisa que eu recorde agora, vai doer, a memria uma vasta ferida. Mas nem assim voc me d os remdios, voc meio desumana. Acho que nem da enfermagem, nunca vi essa cara sua por aqui. Claro, voc a minha filha que estava na contraluz, me d um beijo. Eu ia mesmo lhe telefonar para me fazer companhia, me ler jornais, romances russos. Fica essa televiso ligada o dia inteiro, as pessoas aqui no so sociveis. No estou me queixando de nada, seria uma ingratido com voc e com o seu filho. Mas se o garoto est to rico, no sei por que diabos no me interna em uma casa de sade tradicional, de religiosas. Eu prprio poderia arcar com viagem e tratamento no estrangeiro, se o seu marido no me tivesse arruinado. BUARQUE, Chico. Leite derramado. So Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 10-11. O discurso do personagem s NO nos permite afirmar que ele:

Questão 1
2016Português

(AFA - 2016) ATENO: O TEXTO ABAIXO FOI TRANSCRITO COMO NO ORIGINAL E OS DESVIOS DA NORMA PADRO, NELE PRESENTES, SERO OBJETOS DE ANLISE DESTA PROVA. TEXTO I Quarto de Despejo O grito da favela que tocou a conscincia do mundo inteiro 2 de MAIOde 1958. Eu no sou indolente. H tempos que eu pretendia fazer o meu diario. Mas eu pensava que no tinha valor e achei que era perder tempo. ...Eu fiz uma reforma para mim. Quero tratar as pessoas que eu conheo com mais ateno. Quero enviar sorriso amavel as crianas e aos operarios. ...Recebi intimao para comparecer as 8 horas da noite na Delegacia do 12. Passei o dia catando papel. A noite os meus ps doiam tanto que eu no podia andar. Comeou chover. Eu ia na Delegacia, ia levar o Jos Carlos. A intimao era para ele. O Jos Carlos tem 9 anos. 3 de MAIO. ...Fui na feira da Rua Carlos de Campos, catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura. Mas ficou sem efeito, porque eu no tenho gordura. Os meninos esto nervosos por no ter o que comer. 6 de MAIO. De manh no fui buscar agua. Mandei o Joo carregar. Eu estava contente. Recebi outra intimao. Eu estava inspirada e os versos eram bonitos e eu esqueci de ir na Delegacia. Era 11 horas quando eu recordei do convite do ilustre tenente da 12 Delegacia. ...o que eu aviso aos pretendentes a poltica, que o povo no tolera a fome. preciso conhecer a fome para saber descrev-la. Esto construindo um circo aqui na Rua Araguaia, Circo Theatro Nilo. 9 de MAIO. Eu cato papel, mas no gosto. Ento eu penso: Faz de conta que estou sonhando. 10 de MAIO. Fui na Delegacia e falei com o Tenente. Que homem amavel! Se eu soubesse que ele era to amavel, eu teria ido na Delegacia na primeira intimao. (...) O Tenente interessou-se pela educao dos meus filhos. Disse-me que a favela um ambiente propenso, que as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do que tornar-se util a patria e ao pas. Pensei: se ele sabe disso, porque no faz um relatorio e envia para os politicos? O Senhor Janio Quadros, o Kubstchek, e o Dr Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira. No posso resolver nem as minhas dificuldades.(...) O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que j passou fome. A fome tambem professora. Quem passa fome aprende a pensar no proximo e nas crianas. 11 de MAIO. Dia das mes. O cu est azul e branco. Parece que at a natureza quer homenagear as mes que atualmente se sentem infeliz por no realizar os desejos de seus filhos. (...) O sol vai galgando. Hoje no vai chover. Hoje o nosso dia. (...) A D. Teresinha veio visitar-me. Ela deu-me 15 cruzeiros. Disse-me que era para a Vera ir no circo. Mas eu vou deixar o dinheiro para comprar po amanh, porque eu s tenho 4 cruzeiros.(...) Ontem eu ganhei metade da cabea de um porco no frigorifico. Comemos a carne e guardei os ossos para ferver. E com o caldo fiz as batatas. Os meus filhos esto sempre com fome. Quando eles passam muita fome eles no so exigentes no paladar. (...) Surgiu a noite. As estrelas esto ocultas. O barraco est cheio de pernilongos. Eu vou acender uma folha de jornal e passar pelas paredes. assim que os favelados matam mosquitos. 13 de MAIO. Hoje amanheceu chovendo. um dia simpatico para mim. o dia da Abolio. Dia que comemoramos a libertao dos escravos. Nas prises os negros eram os bodes expiatorios. Mas os brancos agora so mais cultos. E no nos trata com desprezo. Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam feliz. (...) Continua chovendo. E eu tenho s feijo e sal. A chuva est forte. Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo at passar a chuva para mim ir l no Senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguia. A chuva passou um pouco. Vou sair. (...) Eu tenho d dos meus filhos. Quando eles v as coisas de comer eles brada: Viva a mame!. A manifestao agrada-me. Mas eu j perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o Joo pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Mandei-lhe um bilhete assim: Dona Ida peo-te se pode me arranjar um pouquinho de gordura, para eu fazer sopa para os meninos. Hoje choveu e no pude catar papel. Agradeo. Carolina (...) Choveu, esfriou. o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera comeou a pedir comida. E eu no tinha. Era a reprise do espetaculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos. E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual a fome! (DE JESUS, Carolina Maria.Quarto de Despejo.) O ttulo do livro Quarto de Despejo pode sugerir algumas inferncias. Assinale aquela que NO pode ser comprovada pelo relato.

Questão 2
2016Português

(AFA - 2016) ATENO: O TEXTO ABAIXO FOI TRANSCRITO COMO NO ORIGINAL E OS DESVIOS DA NORMA PADRO, NELE PRESENTES, SERO OBJETOS DE ANLISE DESTA PROVA. TEXTO I Quarto de Despejo O grito da favela que tocou a conscincia do mundo inteiro 2 de MAIOde 1958. Eu no sou indolente. H tempos que eu pretendia fazer o meu diario. Mas eu pensava que no tinha valor e achei que era perder tempo. ...Eu fiz uma reforma para mim. Quero tratar as pessoas que eu conheo com mais ateno. Quero enviar sorriso amavel as crianas e aos operarios. ...Recebi intimao para comparecer as 8 horas da noite na Delegacia do 12. Passei o dia catando papel. A noite os meus ps doiam tanto que eu no podia andar. Comeou chover. Eu ia na Delegacia, ia levar o Jos Carlos. A intimao era para ele. O Jos Carlos tem 9 anos. 3 de MAIO. ...Fui na feira da Rua Carlos de Campos, catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura. Mas ficou sem efeito, porque eu no tenho gordura. Os meninos esto nervosos por no ter o que comer. 6 de MAIO. De manh no fui buscar agua. Mandei o Joo carregar. Eu estava contente. Recebi outra intimao. Eu estava inspirada e os versos eram bonitos e eu esqueci de ir na Delegacia. Era 11 horas quando eu recordei do convite do ilustre tenente da 12 Delegacia. ...o que eu aviso aos pretendentes a poltica, que o povo no tolera a fome. preciso conhecer a fome para saber descrev-la. Esto construindo um circo aqui na Rua Araguaia, Circo Theatro Nilo. 9 de MAIO. Eu cato papel, mas no gosto. Ento eu penso: Faz de conta que estou sonhando. 10 de MAIO. Fui na Delegacia e falei com o Tenente. Que homem amavel! Se eu soubesse que ele era to amavel, eu teria ido na Delegacia na primeira intimao. (...) O Tenente interessou-se pela educao dos meus filhos. Disse-me que a favela um ambiente propenso, que as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do que tornar-se util a patria e ao pas. Pensei: se ele sabe disso, porque no faz um relatorio e envia para os politicos? O Senhor Janio Quadros, o Kubstchek, e o Dr Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira. No posso resolver nem as minhas dificuldades.(...) O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que j passou fome. A fome tambem professora. Quem passa fome aprende a pensar no proximo e nas crianas. 11 de MAIO. Dia das mes. O cu est azul e branco. Parece que at a natureza quer homenagear as mes que atualmente se sentem infeliz por no realizar os desejos de seus filhos. (...) O sol vai galgando. Hoje no vai chover. Hoje o nosso dia. (...) A D. Teresinha veio visitar-me. Ela deu-me 15 cruzeiros. Disse-me que era para a Vera ir no circo. Mas eu vou deixar o dinheiro para comprar po amanh, porque eu s tenho 4 cruzeiros.(...) Ontem eu ganhei metade da cabea de um porco no frigorifico. Comemos a carne e guardei os ossos para ferver. E com o caldo fiz as batatas. Os meus filhos esto sempre com fome. Quando eles passam muita fome eles no so exigentes no paladar. (...) Surgiu a noite. As estrelas esto ocultas. O barraco est cheio de pernilongos. Eu vou acender uma folha de jornal e passar pelas paredes. assim que os favelados matam mosquitos. 13 de MAIO. Hoje amanheceu chovendo. um dia simpatico para mim. o dia da Abolio. Dia que comemoramos a libertao dos escravos. Nas prises os negros eram os bodes expiatorios. Mas os brancos agora so mais cultos. E no nos trata com desprezo. Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam feliz. (...) Continua chovendo. E eu tenho s feijo e sal. A chuva est forte. Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo at passar a chuva para mim ir l no Senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguia. A chuva passou um pouco. Vou sair. (...) Eu tenho d dos meus filhos. Quando eles v as coisas de comer eles brada: Viva a mame!. A manifestao agrada-me. Mas eu j perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o Joo pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Mandei-lhe um bilhete assim: Dona Ida peo-te se pode me arranjar um pouquinho de gordura, para eu fazer sopa para os meninos. Hoje choveu e no pude catar papel. Agradeo. Carolina (...) Choveu, esfriou. o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera comeou a pedir comida. E eu no tinha. Era a reprise do espetaculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos. E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual a fome! (DE JESUS, Carolina Maria.Quarto de Despejo.) Dirio um gnero textual no qual so registrados acontecimentos cotidianos com base em uma perspectiva pessoal. A partir dessa definio correto afirmar que, no texto,

Questão 3
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(AFA - 2016) ATENO: O TEXTO ABAIXO FOI TRANSCRITO COMO NO ORIGINAL E OS DESVIOS DA NORMA PADRO, NELE PRESENTES, SERO OBJETOS DE ANLISE DESTA PROVA. TEXTO I Quarto de Despejo O grito da favela que tocou a conscincia do mundo inteiro 2 de MAIOde 1958. Eu no sou indolente. H tempos que eu pretendia fazer o meu diario. Mas eu pensava que no tinha valor e achei que era perder tempo. ...Eu fiz uma reforma para mim. Quero tratar as pessoas que eu conheo com mais ateno. Quero enviar sorriso amavel as crianas e aos operarios. ...Recebi intimao para comparecer as 8 horas da noite na Delegacia do 12. Passei o dia catando papel. A noite os meus ps doiam tanto que eu no podia andar. Comeou chover. Eu ia na Delegacia, ia levar o Jos Carlos. A intimao era para ele. O Jos Carlos tem 9 anos. 3 de MAIO. ...Fui na feira da Rua Carlos de Campos, catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura. Mas ficou sem efeito, porque eu no tenho gordura. Os meninos esto nervosos por no ter o que comer. 6 de MAIO. De manh no fui buscar agua. Mandei o Joo carregar. Eu estava contente. Recebi outra intimao. Eu estava inspirada e os versos eram bonitos e eu esqueci de ir na Delegacia. Era 11 horas quando eu recordei do convite do ilustre tenente da 12 Delegacia. ...o que eu aviso aos pretendentes a poltica, que o povo no tolera a fome. preciso conhecer a fome para saber descrev-la. Esto construindo um circo aqui na Rua Araguaia, Circo Theatro Nilo. 9 de MAIO. Eu cato papel, mas no gosto. Ento eu penso: Faz de conta que estou sonhando. 10 de MAIO. Fui na Delegacia e falei com o Tenente. Que homem amavel! Se eu soubesse que ele era to amavel, eu teria ido na Delegacia na primeira intimao. (...) O Tenente interessou-se pela educao dos meus filhos. Disse-me que a favela um ambiente propenso, que as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do que tornar-se util a patria e ao pas. Pensei: se ele sabe disso, porque no faz um relatorio e envia para os politicos? O Senhor Janio Quadros, o Kubstchek, e o Dr Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira. No posso resolver nem as minhas dificuldades.(...) O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que j passou fome. A fome tambem professora. Quem passa fome aprende a pensar no proximo e nas crianas. 11 de MAIO. Dia das mes. O cu est azul e branco. Parece que at a natureza quer homenagear as mes que atualmente se sentem infeliz por no realizar os desejos de seus filhos. (...) O sol vai galgando. Hoje no vai chover. Hoje o nosso dia. (...) A D. Teresinha veio visitar-me. Ela deu-me 15 cruzeiros. Disse-me que era para a Vera ir no circo. Mas eu vou deixar o dinheiro para comprar po amanh, porque eu s tenho 4 cruzeiros.(...) Ontem eu ganhei metade da cabea de um porco no frigorifico. Comemos a carne e guardei os ossos para ferver. E com o caldo fiz as batatas. Os meus filhos esto sempre com fome. Quando eles passam muita fome eles no so exigentes no paladar. (...) Surgiu a noite. As estrelas esto ocultas. O barraco est cheio de pernilongos. Eu vou acender uma folha de jornal e passar pelas paredes. assim que os favelados matam mosquitos. 13 de MAIO. Hoje amanheceu chovendo. um dia simpatico para mim. o dia da Abolio. Dia que comemoramos a libertao dos escravos. Nas prises os negros eram os bodes expiatorios. Mas os brancos agora so mais cultos. E no nos trata com desprezo. Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam feliz. (...) Continua chovendo. E eu tenho s feijo e sal. A chuva est forte. Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo at passar a chuva para mim ir l no Senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguia. A chuva passou um pouco. Vou sair. (...) Eu tenho d dos meus filhos. Quando eles v as coisas de comer eles brada: Viva a mame!. A manifestao agrada-me. Mas eu j perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o Joo pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Mandei-lhe um bilhete assim: Dona Ida peo-te se pode me arranjar um pouquinho de gordura, para eu fazer sopa para os meninos. Hoje choveu e no pude catar papel. Agradeo. Carolina (...) Choveu, esfriou. o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera comeou a pedir comida. E eu no tinha. Era a reprise do espetaculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos. E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual a fome! (DE JESUS, Carolina Maria.Quarto de Despejo.) Por meio do discurso de Carolina Maria de Jesus, percebemos marcas de preconceitos existentes na poca em que ela escreveu seu texto. Assinale a opo que ilustra explicitamente essa marca.

Questão 4
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(AFA - 2016) ATENO: O TEXTO ABAIXO FOI TRANSCRITO COMO NO ORIGINAL E OS DESVIOS DA NORMA PADRO, NELE PRESENTES, SERO OBJETOS DE ANLISE DESTA PROVA. TEXTO I Quarto de Despejo O grito da favela que tocou a conscincia do mundo inteiro 2 de MAIOde 1958. Eu no sou indolente. H tempos que eu pretendia fazer o meu diario. Mas eu pensava que no tinha valor e achei que era perder tempo. ...Eu fiz uma reforma para mim. Quero tratar as pessoas que eu conheo com mais ateno. Quero enviar sorriso amavel as crianas e aos operarios. ...Recebi intimao para comparecer as 8 horas da noite na Delegacia do 12. Passei o dia catando papel. A noite os meus ps doiam tanto que eu no podia andar. Comeou chover. Eu ia na Delegacia, ia levar o Jos Carlos. A intimao era para ele. O Jos Carlos tem 9 anos. 3 de MAIO. ...Fui na feira da Rua Carlos de Campos, catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura. Mas ficou sem efeito, porque eu no tenho gordura. Os meninos esto nervosos por no ter o que comer. 6 de MAIO. De manh no fui buscar agua. Mandei o Joo carregar. Eu estava contente. Recebi outra intimao. Eu estava inspirada e os versos eram bonitos e eu esqueci de ir na Delegacia. Era 11 horas quando eu recordei do convite do ilustre tenente da 12 Delegacia. ...o que eu aviso aos pretendentes a poltica, que o povo no tolera a fome. preciso conhecer a fome para saber descrev-la. Esto construindo um circo aqui na Rua Araguaia, Circo Theatro Nilo. 9 de MAIO. Eu cato papel, mas no gosto. Ento eu penso: Faz de conta que estou sonhando. 10 de MAIO. Fui na Delegacia e falei com o Tenente. Que homem amavel! Se eu soubesse que ele era to amavel, eu teria ido na Delegacia na primeira intimao. (...) O Tenente interessou-se pela educao dos meus filhos. Disse-me que a favela um ambiente propenso, que as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do que tornar-se util a patria e ao pas. Pensei: se ele sabe disso, porque no faz um relatorio e envia para os politicos? O Senhor Janio Quadros, o Kubstchek, e o Dr Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira. No posso resolver nem as minhas dificuldades.(...) O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que j passou fome. A fome tambem professora. Quem passa fome aprende a pensar no proximo e nas crianas. 11 de MAIO. Dia das mes. O cu est azul e branco. Parece que at a natureza quer homenagear as mes que atualmente se sentem infeliz por no realizar os desejos de seus filhos. (...) O sol vai galgando. Hoje no vai chover. Hoje o nosso dia. (...) A D. Teresinha veio visitar-me. Ela deu-me 15 cruzeiros. Disse-me que era para a Vera ir no circo. Mas eu vou deixar o dinheiro para comprar po amanh, porque eu s tenho 4 cruzeiros.(...) Ontem eu ganhei metade da cabea de um porco no frigorifico. Comemos a carne e guardei os ossos para ferver. E com o caldo fiz as batatas. Os meus filhos esto sempre com fome. Quando eles passam muita fome eles no so exigentes no paladar. (...) Surgiu a noite. As estrelas esto ocultas. O barraco est cheio de pernilongos. Eu vou acender uma folha de jornal e passar pelas paredes. assim que os favelados matam mosquitos. 13 de MAIO. Hoje amanheceu chovendo. um dia simpatico para mim. o dia da Abolio. Dia que comemoramos a libertao dos escravos. Nas prises os negros eram os bodes expiatorios. Mas os brancos agora so mais cultos. E no nos trata com desprezo. Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam feliz. (...) Continua chovendo. E eu tenho s feijo e sal. A chuva est forte. Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo at passar a chuva para mim ir l no Senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguia. A chuva passou um pouco. Vou sair. (...) Eu tenho d dos meus filhos. Quando eles v as coisas de comer eles brada: Viva a mame!. A manifestao agrada-me. Mas eu j perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o Joo pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Mandei-lhe um bilhete assim: Dona Ida peo-te se pode me arranjar um pouquinho de gordura, para eu fazer sopa para os meninos. Hoje choveu e no pude catar papel. Agradeo. Carolina (...) Choveu, esfriou. o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera comeou a pedir comida. E eu no tinha. Era a reprise do espetaculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos. E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual a fome! (DE JESUS, Carolina Maria.Quarto de Despejo.) Pode-se afirmar que um recorrente problema encontrado no texto, no que se refere ao uso da lngua padro, est relacionado acentuao grfica. Assinale a alternativa em que esse fato NO ocorre.

Questão 5
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(AFA - 2016) ATENO: O TEXTO ABAIXO FOI TRANSCRITO COMO NO ORIGINAL E OS DESVIOS DA NORMA PADRO, NELE PRESENTES, SERO OBJETOS DE ANLISE DESTA PROVA. TEXTO I Quarto de Despejo O grito da favela que tocou a conscincia do mundo inteiro 2 de MAIO de 1958. Eu no sou indolente. H tempos que eu pretendia fazer o meu diario. Mas eu pensava que no tinha valor e achei que era perder tempo. ...Eu fiz uma reforma para mim. Quero tratar as pessoas que eu conheo com mais ateno. Quero enviar sorriso amavel as crianas e aos operarios. ...Recebi intimao para comparecer as 8 horas da noite na Delegacia do 12. Passei o dia catando papel. A noite os meus ps doiam tanto que eu no podia andar. Comeou chover. Eu ia na Delegacia, ia levar o Jos Carlos. A intimao era para ele. O Jos Carlos tem 9 anos. 3 de MAIO. ...Fui na feira da Rua Carlos de Campos, catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura. Mas ficou sem efeito, porque eu no tenho gordura. Os meninos esto nervosos por no ter o que comer. 6 de MAIO. De manh no fui buscar agua. Mandei o Joo carregar. Eu estava contente. Recebi outra intimao. Eu estava inspirada e os versos eram bonitos e eu esqueci de ir na Delegacia. Era 11 horas quando eu recordei do convite do ilustre tenente da 12 Delegacia. ...o que eu aviso aos pretendentes a poltica, que o povo no tolera a fome. preciso conhecer a fome para saber descrev-la. Esto construindo um circo aqui na Rua Araguaia, Circo Theatro Nilo. 9 de MAIO. Eu cato papel, mas no gosto. Ento eu penso: Faz de conta que estou sonhando. 10 de MAIO. Fui na Delegacia e falei com o Tenente. Que homem amavel! Se eu soubesse que ele era to amavel, eu teria ido na Delegacia na primeira intimao. (...) O Tenente interessou-se pela educao dos meus filhos. Disse-me que a favela um ambiente propenso, que as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do que tornar-se util a patria e ao pas. Pensei: se ele sabe disso, porque no faz um relatorio e envia para os politicos? O Senhor Janio Quadros, o Kubstchek, e o Dr Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira. No posso resolver nem as minhas dificuldades.(...) O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que j passou fome. A fome tambem professora. Quem passa fome aprende a pensar no proximo e nas crianas. 11 de MAIO. Dia das mes. O cu est azul e branco. Parece que at a natureza quer homenagear as mes que atualmente se sentem infeliz por no realizar os desejos de seus filhos. (...) O sol vai galgando. Hoje no vai chover. Hoje o nosso dia. (...) A D. Teresinha veio visitar-me. Ela deu-me 15 cruzeiros. Disse-me que era para a Vera ir no circo. Mas eu vou deixar o dinheiro para comprar po amanh, porque eu s tenho 4 cruzeiros.(...) Ontem eu ganhei metade da cabea de um porco no frigorifico. Comemos a carne e guardei os ossos para ferver. E com o caldo fiz as batatas. Os meus filhos esto sempre com fome. Quando eles passam muita fome eles no so exigentes no paladar. (...) Surgiu a noite. As estrelas esto ocultas. O barraco est cheio de pernilongos. Eu vou acender uma folha de jornal e passar pelas paredes. assim que os favelados matam mosquitos. 13 de MAIO. Hoje amanheceu chovendo. um dia simpatico para mim. o dia da Abolio. Dia que comemoramos a libertao dos escravos. Nas prises os negros eram os bodes expiatorios. Mas os brancos agora so mais cultos. E no nos trata com desprezo. Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam feliz. (...) Continua chovendo. E eu tenho s feijo e sal. A chuva est forte. Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo at passar a chuva para mim ir l no Senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguia. A chuva passou um pouco. Vou sair. (...) Eu tenho d dos meus filhos. Quando eles v as coisas de comer eles brada: Viva a mame!. A manifestao agrada-me. Mas eu j perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o Joo pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Mandei-lhe um bilhete assim: Dona Ida peo-te se pode me arranjar um pouquinho de gordura, para eu fazer sopa para os meninos. Hoje choveu e no pude catar papel. Agradeo. Carolina (...) Choveu, esfriou. o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera comeou a pedir comida. E eu no tinha. Era a reprise do espetaculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos. E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual a fome! (DE JESUS, Carolina Maria. Quarto de Despejo.) Assinale a opo cuja reescrita ficou totalmente de acordo com as regras gramaticais da Lngua Portuguesa

Questão 6
2016Português

(AFA - 2016) ATENO: O TEXTO ABAIXO FOI TRANSCRITO COMO NO ORIGINAL E OS DESVIOS DA NORMA PADRO, NELE PRESENTES, SERO OBJETOS DE ANLISE DESTA PROVA. TEXTO I Quarto de Despejo O grito da favela que tocou a conscincia do mundo inteiro 2 de MAIOde 1958. Eu no sou indolente. H tempos que eu pretendia fazer o meu diario. Mas eu pensava que no tinha valor e achei que era perder tempo. ...Eu fiz uma reforma para mim. Quero tratar as pessoas que eu conheo com mais ateno. Quero enviar sorriso amavel as crianas e aos operarios. ...Recebi intimao para comparecer as 8 horas da noite na Delegacia do 12. Passei o dia catando papel. A noite os meus ps doiam tanto que eu no podia andar. Comeou chover. Eu ia na Delegacia, ia levar o Jos Carlos. A intimao era para ele. O Jos Carlos tem 9 anos. 3 de MAIO. ...Fui na feira da Rua Carlos de Campos, catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura. Mas ficou sem efeito, porque eu no tenho gordura. Os meninos esto nervosos por no ter o que comer. 6 de MAIO. De manh no fui buscar agua. Mandei o Joo carregar. Eu estava contente. Recebi outra intimao. Eu estava inspirada e os versos eram bonitos e eu esqueci de ir na Delegacia. Era 11 horas quando eu recordei do convite do ilustre tenente da 12 Delegacia. ...o que eu aviso aos pretendentes a poltica, que o povo no tolera a fome. preciso conhecer a fome para saber descrev-la. Esto construindo um circo aqui na Rua Araguaia, Circo Theatro Nilo. 9 de MAIO. Eu cato papel, mas no gosto. Ento eu penso: Faz de conta que estou sonhando. 10 de MAIO. Fui na Delegacia e falei com o Tenente. Que homem amavel! Se eu soubesse que ele era to amavel, eu teria ido na Delegacia na primeira intimao. (...) O Tenente interessou-se pela educao dos meus filhos. Disse-me que a favela um ambiente propenso, que as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do que tornar-se util a patria e ao pas. Pensei: se ele sabe disso, porque no faz um relatorio e envia para os politicos? O Senhor Janio Quadros, o Kubstchek, e o Dr Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira. No posso resolver nem as minhas dificuldades.(...) O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que j passou fome. A fome tambem professora. Quem passa fome aprende a pensar no proximo e nas crianas. 11 de MAIO. Dia das mes. O cu est azul e branco. Parece que at a natureza quer homenagear as mes que atualmente se sentem infeliz por no realizar os desejos de seus filhos. (...) O sol vai galgando. Hoje no vai chover. Hoje o nosso dia. (...) A D. Teresinha veio visitar-me. Ela deu-me 15 cruzeiros. Disse-me que era para a Vera ir no circo. Mas eu vou deixar o dinheiro para comprar po amanh, porque eu s tenho 4 cruzeiros.(...) Ontem eu ganhei metade da cabea de um porco no frigorifico. Comemos a carne e guardei os ossos para ferver. E com o caldo fiz as batatas. Os meus filhos esto sempre com fome. Quando eles passam muita fome eles no so exigentes no paladar. (...) Surgiu a noite. As estrelas esto ocultas. O barraco est cheio de pernilongos. Eu vou acender uma folha de jornal e passar pelas paredes. assim que os favelados matam mosquitos. 13 de MAIO. Hoje amanheceu chovendo. um dia simpatico para mim. o dia da Abolio. Dia que comemoramos a libertao dos escravos. Nas prises os negros eram os bodes expiatorios. Mas os brancos agora so mais cultos. E no nos trata com desprezo. Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam feliz. (...) Continua chovendo. E eu tenho s feijo e sal. A chuva est forte. Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo at passar a chuva para mim ir l no Senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguia. A chuva passou um pouco. Vou sair. (...) Eu tenho d dos meus filhos. Quando eles v as coisas de comer eles brada: Viva a mame!. A manifestao agrada-me. Mas eu j perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o Joo pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Mandei-lhe um bilhete assim: Dona Ida peo-te se pode me arranjar um pouquinho de gordura, para eu fazer sopa para os meninos. Hoje choveu e no pude catar papel. Agradeo. Carolina (...) Choveu, esfriou. o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera comeou a pedir comida. E eu no tinha. Era a reprise do espetaculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos. E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual a fome! (DE JESUS, Carolina Maria.Quarto de Despejo.) Assinale a alternativa abaixo em que os perodos NO apresentam relao de causa e consequncia entre si.

Questão 7
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(AFA - 2016) ATENO: O TEXTO ABAIXO FOI TRANSCRITO COMO NO ORIGINAL E OS DESVIOS DA NORMA PADRO, NELE PRESENTES, SERO OBJETOS DE ANLISE DESTA PROVA. TEXTO I Quarto de Despejo O grito da favela que tocou a conscincia do mundo inteiro 2 de MAIOde 1958. Eu no sou indolente. H tempos que eu pretendia fazer o meu diario. Mas eu pensava que no tinha valor e achei que era perder tempo. ...Eu fiz uma reforma para mim. Quero tratar as pessoas que eu conheo com mais ateno. Quero enviar sorriso amavel as crianas e aos operarios. ...Recebi intimao para comparecer as 8 horas da noite na Delegacia do 12. Passei o dia catando papel. A noite os meus ps doiam tanto que eu no podia andar. Comeou chover. Eu ia na Delegacia, ia levar o Jos Carlos. A intimao era para ele. O Jos Carlos tem 9 anos. 3 de MAIO. ...Fui na feira da Rua Carlos de Campos, catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura. Mas ficou sem efeito, porque eu no tenho gordura. Os meninos esto nervosos por no ter o que comer. 6 de MAIO. De manh no fui buscar agua. Mandei o Joo carregar. Eu estava contente. Recebi outra intimao. Eu estava inspirada e os versos eram bonitos e eu esqueci de ir na Delegacia. Era 11 horas quando eu recordei do convite do ilustre tenente da 12 Delegacia. ...o que eu aviso aos pretendentes a poltica, que o povo no tolera a fome. preciso conhecer a fome para saber descrev-la. Esto construindo um circo aqui na Rua Araguaia, Circo Theatro Nilo. 9 de MAIO. Eu cato papel, mas no gosto. Ento eu penso: Faz de conta que estou sonhando. 10 de MAIO. Fui na Delegacia e falei com o Tenente. Que homem amavel! Se eu soubesse que ele era to amavel, eu teria ido na Delegacia na primeira intimao. (...) O Tenente interessou-se pela educao dos meus filhos. Disse-me que a favela um ambiente propenso, que as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do que tornar-se util a patria e ao pas. Pensei: se ele sabe disso, porque no faz um relatorio e envia para os politicos? O Senhor Janio Quadros, o Kubstchek, e o Dr Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira. No posso resolver nem as minhas dificuldades.(...) O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que j passou fome. A fome tambem professora. Quem passa fome aprende a pensar no proximo e nas crianas. 11 de MAIO. Dia das mes. O cu est azul e branco. Parece que at a natureza quer homenagear as mes que atualmente se sentem infeliz por no realizar os desejos de seus filhos. (...) O sol vai galgando. Hoje no vai chover. Hoje o nosso dia. (...) A D. Teresinha veio visitar-me. Ela deu-me 15 cruzeiros. Disse-me que era para a Vera ir no circo. Mas eu vou deixar o dinheiro para comprar po amanh, porque eu s tenho 4 cruzeiros.(...) Ontem eu ganhei metade da cabea de um porco no frigorifico. Comemos a carne e guardei os ossos para ferver. E com o caldo fiz as batatas. Os meus filhos esto sempre com fome. Quando eles passam muita fome eles no so exigentes no paladar. (...) Surgiu a noite. As estrelas esto ocultas. O barraco est cheio de pernilongos. Eu vou acender uma folha de jornal e passar pelas paredes. assim que os favelados matam mosquitos. 13 de MAIO. Hoje amanheceu chovendo. um dia simpatico para mim. o dia da Abolio. Dia que comemoramos a libertao dos escravos. Nas prises os negros eram os bodes expiatorios. Mas os brancos agora so mais cultos. E no nos trata com desprezo. Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam feliz. (...) Continua chovendo. E eu tenho s feijo e sal. A chuva est forte. Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo at passar a chuva para mim ir l no Senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguia. A chuva passou um pouco. Vou sair. (...) Eu tenho d dos meus filhos. Quando eles v as coisas de comer eles brada: Viva a mame!. A manifestao agrada-me. Mas eu j perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o Joo pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Mandei-lhe um bilhete assim: Dona Ida peo-te se pode me arranjar um pouquinho de gordura, para eu fazer sopa para os meninos. Hoje choveu e no pude catar papel. Agradeo. Carolina (...) Choveu, esfriou. o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera comeou a pedir comida. E eu no tinha. Era a reprise do espetaculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos. E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual a fome! (DE JESUS, Carolina Maria.Quarto de Despejo.) Quanto ao uso da crase, percebe-se pela escrita de Carolina Maria de Jesus, que, nos trechos destacados abaixo, ela no foi utilizada, infringindo, dessa forma, a regra gramatical. Assinale a opo em que a crase NO deveria ocorrer obrigatoriamente.

Questão 8
2016Português

(AFA - 2016) ATENO: O TEXTO ABAIXO FOI TRANSCRITO COMO NO ORIGINAL E OS DESVIOS DA NORMA PADRO, NELE PRESENTES, SERO OBJETOS DE ANLISE DESTA PROVA. TEXTO I Quarto de Despejo O grito da favela que tocou a conscincia do mundo inteiro 2 de MAIOde 1958. Eu no sou indolente. H tempos que eu pretendia fazer o meu diario. Mas eu pensava que no tinha valor e achei que era perder tempo. ...Eu fiz uma reforma para mim. Quero tratar as pessoas que eu conheo com mais ateno. Quero enviar sorriso amavel as crianas e aos operarios. ...Recebi intimao para comparecer as 8 horas da noite na Delegacia do 12. Passei o dia catando papel. A noite os meus ps doiam tanto que eu no podia andar. Comeou chover. Eu ia na Delegacia, ia levar o Jos Carlos. A intimao era para ele. O Jos Carlos tem 9 anos. 3 de MAIO. ...Fui na feira da Rua Carlos de Campos, catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura. Mas ficou sem efeito, porque eu no tenho gordura. Os meninos esto nervosos por no ter o que comer. 6 de MAIO. De manh no fui buscar agua. Mandei o Joo carregar. Eu estava contente. Recebi outra intimao. Eu estava inspirada e os versos eram bonitos e eu esqueci de ir na Delegacia. Era 11 horas quando eu recordei do convite do ilustre tenente da 12 Delegacia. ...o que eu aviso aos pretendentes a poltica, que o povo no tolera a fome. preciso conhecer a fome para saber descrev-la. Esto construindo um circo aqui na Rua Araguaia, Circo Theatro Nilo. 9 de MAIO. Eu cato papel, mas no gosto. Ento eu penso: Faz de conta que estou sonhando. 10 de MAIO. Fui na Delegacia e falei com o Tenente. Que homem amavel! Se eu soubesse que ele era to amavel, eu teria ido na Delegacia na primeira intimao. (...) O Tenente interessou-se pela educao dos meus filhos. Disse-me que a favela um ambiente propenso, que as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do que tornar-se util a patria e ao pas. Pensei: se ele sabe disso, porque no faz um relatorio e envia para os politicos? O Senhor Janio Quadros, o Kubstchek, e o Dr Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira. No posso resolver nem as minhas dificuldades.(...) O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que j passou fome. A fome tambem professora. Quem passa fome aprende a pensar no proximo e nas crianas. 11 de MAIO. Dia das mes. O cu est azul e branco. Parece que at a natureza quer homenagear as mes que atualmente se sentem infeliz por no realizar os desejos de seus filhos. (...) O sol vai galgando. Hoje no vai chover. Hoje o nosso dia. (...) A D. Teresinha veio visitar-me. Ela deu-me 15 cruzeiros. Disse-me que era para a Vera ir no circo. Mas eu vou deixar o dinheiro para comprar po amanh, porque eu s tenho 4 cruzeiros.(...) Ontem eu ganhei metade da cabea de um porco no frigorifico. Comemos a carne e guardei os ossos para ferver. E com o caldo fiz as batatas. Os meus filhos esto sempre com fome. Quando eles passam muita fome eles no so exigentes no paladar. (...) Surgiu a noite. As estrelas esto ocultas. O barraco est cheio de pernilongos. Eu vou acender uma folha de jornal e passar pelas paredes. assim que os favelados matam mosquitos. 13 de MAIO. Hoje amanheceu chovendo. um dia simpatico para mim. o dia da Abolio. Dia que comemoramos a libertao dos escravos. Nas prises os negros eram os bodes expiatorios. Mas os brancos agora so mais cultos. E no nos trata com desprezo. Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam feliz. (...) Continua chovendo. E eu tenho s feijo e sal. A chuva est forte. Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo at passar a chuva para mim ir l no Senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguia. A chuva passou um pouco. Vou sair. (...) Eu tenho d dos meus filhos. Quando eles v as coisas de comer eles brada: Viva a mame!. A manifestao agrada-me. Mas eu j perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o Joo pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Mandei-lhe um bilhete assim: Dona Ida peo-te se pode me arranjar um pouquinho de gordura, para eu fazer sopa para os meninos. Hoje choveu e no pude catar papel. Agradeo. Carolina (...) Choveu, esfriou. o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera comeou a pedir comida. E eu no tinha. Era a reprise do espetaculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos. E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual a fome! (DE JESUS, Carolina Maria.Quarto de Despejo.) Quanto ao uso dos pronomes, assinale a opo que traz uma INFRAO norma padro da lngua.