(ENEM - 2012) Ns, brasileiros, estamos acostumados a ver juras de amor, feitas diante de Deus, serem quebradas por traio, interesses financeiros e sexuais. Casais se separam como inimigos, quando poderiam ser bons amigos, sem traumas. Bastante interessante a reportagem sobre separao. Mas acho que os advogados consultados, por sua competncia, esto acostumados a tratar de grandes separaes. Ser que a maioria dos leitores da revista tem obras de arte que precisam ser fotografadas antes da separao? No seria mais til dar conselhos mais bsicos? No seria interessante mostrar que a separao amigvel no interfere no modo de partilha dos bens? Que, seja qual for o tipo de separao, ela no vai prejudicar o direito penso dos filhos? Que acordo amigvel deve ser assinado com ateno, pois bastante complicado mudar suas clusulas? Acho que essas so dicas que podem interessar ao leitor mdio. Disponvel em: http://revistaepoca.globo.com. Acesso em: 26 fev. 2012 (adaptado). O texto foi publicado em uma revista de grande circulao na seo de carta do leitor. Nele, um dos leitores manifesta-se acerca de uma reportagem publicada na edio anterior. Ao fazer sua argumentao, o autor do texto
(ENEM - 2012) E-mail com hora programada Redao INFO, 28 de agosto de 2007. Agende o envio de e-mails no Thunderbird com a extenso SendLater Nem sempre interessante mandar um e-mail na hora. H situaes em que agendar o envio de uma mensagem til, como em datas comemorativas ou quando o e-mail serve para lembrar o destinatrio de algum evento futuro. O Thunderbird, o timo cliente de e-mail do grupo Mozilla, conta com uma extenso para esse fim. Trata-se do SendLater. Depois de instalado, ele cria um item no menu de criao de mensagens que permite marcar o dia e a hora exatos para o envio do e-mail. S h um ponto negativo: para garantir que a mensagem seja enviada na hora, o Thunderbird dever estar em execuo. Seno, ele mandar o e-mail somente na prxima vez que for rodado. Disponvel em: http://info.abril.com.br. Acesso em: 18 fev. 2012 (adaptado). Considerando-se a funo do SendLater, o objetivo do autor do texto E-mail com hora programada
(ENEM - 2012) O quadro Les Demoiselles dAvignon (1907), de Pablo Picasso, representa o rompimento com a esttica clssica e a revoluo da arte no incio do sculo XX. Essa nova tendncia se caracteriza pela
(ENEM - 2012) A capa do LP Os Mutantes, de 1968, ilustra o movimento da contracultura. O desafio tradio nessa criao musical caracterizado por
(ENEM - 2012) Sou feliz pelos amigos que tenho. Um deles muito sofre pelo meu descuido com o vernculo. Por alguns anos ele sistematicamente me enviava missivas eruditas com precisas informaes sobre as regras da gramtica, que eu no respeitava, e sobre a grafia correta dos vocbulos, que eu ignorava. Fi-lo sofrer pelo uso errado que fiz de uma palavra num desses meus badulaques. Acontece que eu, acostumado a conversar com a gente das Minas Gerais, falei em varreo do verbo varrer. De fato, trata-se de um equvoco que, num vestibular, poderia me valer uma reprovao. Pois o meu amigo, paladino da lngua portuguesa, se deu ao trabalho de fazer um xerox da pgina 827 do dicionrio, aquela que tem, no topo, a fotografia de umavarroa(sic!) (voc no sabe o que uma varroa?) para corrigir-me do meu erro. E confesso: ele est certo. O certo varrio e no varreo. Mas estou com medo de que os mineiros da roa faam troa de mim porque nunca os vi falar de varrio. E se eles rirem de mim no vai me adiantar mostrar-lhes o xerox da pgina do dicionrio com a varroa no topo. Porque para eles no o dicionrio que faz a lngua. o povo. E o povo, l nas montanhas de Minas Gerais, fala varreo quando no barreo. O que me deixa triste sobre esse amigo oculto que nunca tenha dito nada sobre o que eu escrevo, se bonito ou se feio. Toma a minha sopa, no diz nada sobre ela, mas reclama sempre que o prato est rachado. ALVES, R. Mais badulaques. So Paulo: Parbola, 2004 (fragmento). De acordo com o texto, aps receber a carta de um amigo que se deu ao trabalho de fazer um xerox da pgina 827 do dicionrio sinalizando um erro de grafia, o autor reconhece
(ENEM - 2012) Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos heris do Brasil? Em nada... O importante que ele tivesse sido feliz. Foi? No. Lembrou-se das coisas do tupi, do folk-lore, das suas tentativas agrcolas... Restava disso tudo em sua alma uma satisfao? Nenhuma! Nenhuma! O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, o escrnio; e levou-o loucura. Uma decepo. E a agricultura? Nada. As terras no eram ferazes e ela no era fcil como diziam os livros. Outra decepo. E, quando o seu patriotismo se fizera combatente, o que achara? Decepes. Onde estava a doura de nossa gente? Pois ele no a viu combater como feras? Pois no a via matar prisioneiros, inmeros? Outra decepo. A sua vida era uma decepo, uma srie, melhor, um encadeamento de decepes. A ptria que quisera ter era um mito; um fantasma criado por ele no silncio de seu gabinete. BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponvel em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 nov. 2011. O romance Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, foi publicado em 1911. No fragmento destacado, a reao do personagem aos desdobramentos de suas iniciativas patriticas evidencia que
(ENEM - 2012) A marcha galopante das tecnologias teve por primeiro resultado multiplicar em enormes propores tanto a massa das notcias que circulam quanto as ocasies de sermos solicitados por elas. Os profissionais tm tendncia a considerar esta inflao como automaticamente favorvel ao pblico, pois dela tiram proveito e tornam-se obcecados pela imagem liberal do grande mercado em que cada um, dotado de luzes por definio iguais, pode fazer sua escolha em toda liberdade. Isso jamais foi realizado e tende a nunca ser. Na verdade, os leitores, ouvintes, telespectadores, mesmo se se abandonam a sua bulimia*, no so realmente nutridos por esta indigesta sopa de informaes e sua busca finaliza em frustrao. Cada vez mais frequentemente, at, eles ressentem esse bombardeio de riquezas falsas como agressivo e se refugiam na resistncia a toda ou qualquer informao. O verdadeiro problema das sociedades ps-industriais no a penria**, mas a abundncia. As sociedades modernas tm a sua disposio muito mais do que necessitam em objetos, informaes e contatos. Ou, mais exatamente, disso resulta uma desarmonia entre uma oferta, no excessiva, mas incoerente, e uma demanda que, confusamente, exige uma escolha muito mais rpida a absorver. Por isso os rgos de informao devem escolher, uma vez que o homem contemporneo apressado, estressado, desorientado busca uma linha diretriz, uma classificao mais clara, um condensado do que realmente importante. (*) fome excessiva, desejo descontrolado. (**) misria, pobreza. VOYENNE, B. Informao hoje. Lisboa: Armand Colin, 1975 (adaptado). Com o uso das novas tecnologias, os domnios miditicos obtiveram um avano maior e uma presena mais atuante junto ao pblico, marcada ora pela quase simultaneidade das informaes, ora pelo uso abundante de imagens. A relao entre as necessidades da sociedade moderna e a oferta de informao, segundo o texto, desarmnica, porque
(ENEM - 2012) Logia e mitologia Meu corao de mil e novecentos e setenta e dois J no palpita fagueiro sabe que h morcegos de pesadas olheiras que h cabras malignas que h cardumes de hienas infiltradas no vo da unha da alma um porco belicoso de radar e que sangra e ri e que sangra e ri a vida anoitece provisria centuries sentinelas do Oiapoque ao Chu. CACASO. Lero-lero. Rio de Janeiro: 7Letras; So Paulo: Cosac Naify,2002. O ttulo do poema explora a expressividade de termos que representam o conflito do momento histrico vivido pelo poeta na dcada de 1970. Nesse contexto, correto afirmar que
(ENEM -2012) Desabafo Desculpem-me, mas no d pra fazer uma cronicazinha divertida hoje. Simplesmente no d. No tem como disfarar: esta uma tpica manh de segunda-feira. A comear pela luz acesa da sala que esqueci ontem noite. Seis recados para serem respondidos na secretria eletrnica. Recados chatos. Contas para pagar que venceram ontem. Estou nervoso. Estou zangado. CARNEIRO, J.E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento) Nos textos em geral, comum a manifestao simultnea de vrias funes da linguagem, com predomnio, entretanto, de uma sobre as outras. No fragmento da crnica Desabafo, a funo de linguagem predominante a emotiva ou expressiva, pois
(ENEM - 2012) Entrevista com Marcos Bagno Pode parecer inacreditvel, mas muitas das prescries da pedagogia tradicional da lngua at hoje se baseiam nos usos que os escritores portugueses do sculo XIX faziam da lngua. Se tantas pessoas condenam, por exemplo, o uso do verbo ter no lugar de haver, como em hoje tem feijoada, simplesmente porque os portugueses, em dado momento da histria de sua lngua, deixaram de fazer esse uso existencial do verbo ter. No entanto, temos registros escritos da poca medieval em que aparecem centenas desses usos. Se ns, brasileiros, assim como os falantes africanos de portugus, usamos at hoje o verbo ter como existencial porque recebemos esses usos de nossos ex-colonizadores. No faz sentido imaginar que brasileiros, angolanos e moambicanos decidiram se juntar para errar na mesma coisa. E assim acontece com muitas outras coisas: regncias verbais, colocao pronominal, concordncias nominais e verbais etc. Temos uma lngua prpria, mas ainda somos obrigados a seguir uma gramtica normativa de outra lngua diferente. s vsperas de comemorarmos nosso bicentenrio de independncia, no faz sentido continuar rejeitando o que nosso para s aceitar o que vem de fora. No faz sentido rejeitar a lngua de 190 milhes de brasileiros para s considerar certo o que usado por menos de dez milhes de portugueses. S na cidade de So Paulo temos mais falantes de portugus que em toda a Europa! Informativo Parbola Editorial, s/d. Na entrevista, o autor defende o uso de formas lingusticas coloquiais e faz uso da norma padro em toda a extenso do texto. Isso pode ser explicado pelo fato de que ele
(ENEM - 2012) O lxico e a cultura Potencialmente, todas as lnguas de todos os tempos podem candidatar-se a expressar qualquer contedo. A pesquisa lingustica do sculo XX demonstrou que no h diferena qualitativa entre os idiomas do mundo ou seja, no h idiomas gramaticalmente mais primitivos ou mais desenvolvidos. Entretanto, para que possa ser efetivamente utilizada, essa igualdade potencial precisa realizar-se na prtica histrica do idioma, o que nem sempre acontece.Teoricamente, uma lngua com pouca tradio escrita (como as lnguas indgenas brasileiras) ou uma lngua j extinta (como o latim ou o grego clssicos) podemser empregadas para falar sobre qualquer assunto, como, digamos, fsica quntica ou biologia molecular. Na prtica, contudo, no possvel, de uma hora para outra, expressar tais contedos em camaiur ou latim, simplesmente porque no haveria vocabulrio prprio para esses contedos. perfeitamente possveldesenvolver esse vocabulrio especfico, seja por meio de emprstimos de outras lnguas, seja por meio da criao de novos termos na lngua em questo, mas tal tarefa no se realizaria em pouco tempo nem com pouco esforo. BEARZOTI FILHO, P. Miniaurlio: o dicionrio da lngua portuguesa. Manual do professor. Curitiba: Positivo, 2004 (fragmento). Estudos contemporneos mostram que cada lngua possui sua prpria complexidade e dinmica de funcionamento. O texto ressalta essa dinmica, na medida em que enfatiza
(ENEM - 2012) A substituio do haver por ter em construes existenciais, no portugus do Brasil, corresponde a um dos processos mais caractersticos da histria da lngua portuguesa, paralelo ao que j ocorrera em relao ampliao do domnio de ter na rea semntica de posse, no final da fase arcaica. Mattos e Silva (2001:136) analisa as vitrias de ter sobre haver e discute a emergncia de ter existencial, tomando por base a obra pedaggica de Joo de Barros. Em textos escritos nos anos quarenta e cinquenta do sculo XVI, encontram-se evidncias, embora raras, tanto de ter existencial, no mencionado pelos clssicos estudos de sintaxe histrica, quanto de haver como verbo existencial com concordncia, lembrado por Ivo Castro, e anotado como novidade no sculo XVIII por Said Ali. Como se v, nada categrico e um purismo estreito s revela um conhecimento deficiente da lngua. H mais perguntas que respostas. Pode-se conceber uma norma nica e prescritiva? vlido confundir o bom uso e a norma com a prpria lngua e dessa forma fazer uma avaliao crtica e hierarquizante de outros usos e, atravs deles, dos usurios? Substitui-se uma norma por outra? CALLOU, D. A propsito de norma, correo e preconceito lingustico: do presente para o passado. In: Cadernos de Letras da UFF, n. 36, 2008. Disponvel em: www.uff.br. Acesso em: 26 fev. 2012 (adaptado). Para a autora, a substituio de haver por ter em diferentes contextos evidencia que
(ENEM - 2012) BARDI, P. M. Em torno da escultura no Brasil. So Paulo: Banco Sudameris Brasil, 1989. (Foto: Reproduo/Enem) Com contornos assimtricos, riqueza de detalhes nas vestes e nas feies, a escultura barroca no Brasil tem forte influncia do rococ europeu e est representada aqui por um dos profetas do ptio do Santurio do Bom Jesus de Matosinho, em Congonhas (MG), esculpido em pedra-sabo por Aleijadinho. Profundamente religiosa, sua obra revela:
(ENEM - 2012) Lugar de mulher tambm na oficina. Pelo menos nas oficinas dos cursos da rea automotiva fornecidos pela Prefeitura, a presena feminina tem aumentado ano a ano. De cinco mulheres matriculadas em 2005, a quantidade saltou para 79 alunas inscritas neste ano nos cursos de mecnica automotiva, eletricidade veicular, injeo eletrnica, repintura e funilaria. A presena feminina nos cursos automotivos da Prefeitura que so gratuitos cresceu 1 480% nos ltimos sete anos e tem aumentado ano a ano. Disponvel em: www.correiodeuberlandia.com.br. Acesso em: 27 fev. 2012 (adaptado). Na produo de um texto, so feitas escolhas referentes a sua estrutura, que possibilitam inferir o objetivo do autor. Nesse sentido, no trecho apresentado, o enunciado Lugar de mulher tambm na oficina corrobora o objetivo textual de
(ENEM - 2012) A publicidade, de uma forma geral, alia elementos verbais e imagticos na constituio de seus textos. Nessa pea publicitria, cujo tema a sustentabilidade, o autor procura convencer o leitor a