(ENEM - 2012) Com o texto eletrnico, enfim, parece estar ao alcance de nossos olhos e de nossas mos um sonho muito antigo da humanidade, que se poderia resumir em duas palavras, universalidade e interatividade. As luzes, que pensavam que Gutenberg tinha propiciado aos homens uma promessa universal, cultivavam um modo de utopia. Elas imaginavam poder, a partir das prticas privadas de cada um, construir um espao de intercmbio crtico das ideias e opinies. O sonho de Kant era que cada um fosse ao mesmo tempo leitor e autor, que emitisse juzos sobre as instituies de seu tempo, quaisquer que elas fossem e que, ao mesmo tempo, pudesse refletir sobre o juzo emitido pelos outros. Aquilo que outrora s era permitido pela comunicao manuscrita ou a circulao dos impressos encontra hoje um suporte poderoso com o texto eletrnico. CHARTIER, R. A aventura do livro: do leitor ao navegador. So Paulo: Imprensa Oficial do Estado de So Paulo; Unesp, 1998. No trecho apresentado, o socilogo Roger Chartier caracteriza o texto eletrnico como um poderoso suporte que coloca ao alcance da humanidade o antigo sonho de universalidade e interatividade, uma vez que cada um passa a ser, nesse espao de interao social, leitor eautor ao mesmo tempo. A universalidade e a interatividade que o texto eletrnico possibilita esto diretamente relacionadas funo social da internet de
(ENEM - 2012) O senhor Carta a uma jovem que, estando em uma roda em que dava aos presentes o tratamento de voc, se dirigiu ao autor chamando-o o senhor: Senhora: Aquele a quem chamastes senhor aqui est, de peito magoado e cara triste, para vos dizer que senhor ele no , de nada, nem de ningum. Bem o sabeis, por certo, que a nica nobreza do plebeu est em no querer esconder sua condio, e esta nobreza tenho eu. Assim, se entre tantos senhores ricos e nobres a quem chamveis voc escolhestes a mim para tratar de senhor, e bem de ver que s podereis ter encontrado essa senhoria nas rugas de minha testa e na prata de meus cabelos. Senhor de muitos anos, eis a; o territrio onde eu mando no pas do tempo que foi. Essa palavra senhor, no meio de uma frase, ergueu entre ns um muro frio e triste. Vi o muro e calei: no de muito, eu juro, que me acontece essa tristeza; mas tambm no era a vez primeira. BRAGA, R. A borboleta amarela. Rio de Janeiro: Record, 1991. A escolha do tratamento que se queira atribuir a algum geralmente considera as situaes especficas de uso social. A violao desse princpio causou um mal-estar no autor da carta. O trecho que descreve essa violao :
(ENEM - 2012) Que estratgia argumentativa leva o personagem do terceiro quadrinho a persuadir sua interlocutora?
(ENEM - 2012) No somos to especiais Todas as caractersticas tidas como exclusivas dos humanos so compartilhadas por outros animais, ainda que em menor grau. INTELIGNCIA A ideia de que somos os nicos animais racionais tem sido destruda desde os anos 40. A maioria das aves e mamferos tem algum tipo de raciocnio. AMOR O amor, tido como o mais elevado dos sentimentos, parecido em vrias espcies, como os corvos, que tambm criam laos duradouros, se preocupam com o ente querido e ficam de luto depois de sua morte. CONSCINCIA Chimpanzs se reconhecem no espelho. Orangotangos observam e enganam humanos distrados. Sinais de que sabem quem so e se distinguem dos outros. Ou seja, so conscientes. CULTURA O primatologista Frans de Waal juntou vrios exemplos de cetceos e primatas que so capazes de aprender novos hbitos e de transmiti-los para as geraes seguintes. O que cultura se no isso? BURGIERMAN, D. Superinteressante, n. 190, jul. 2003. O ttulo do texto traz o ponto de vista do autor sobre a suposta supremacia dos humanos em relao aos outros animais. As estratgias argumentativas utilizadas para sustentar esse ponto de vista so
(ENEM - 2012) TEXTO I Antigamente Antigamente, os pirralhos dobravam a lngua diante dos pais e se um se esquecia de arear os dentes antes de cair nos braos de Morfeu, era capaz de entrar no couro. No devia tambm se esquecer de lavar os ps, sem tugir nem mugir. Nada de bater na cacunda do padrinho, nem de debicar os mais velhos, pois levava tunda. Ainda cedinho, aguava as plantas, ia ao corte e logo voltava aos penates. No ficava mangando na rua, nem escapulia do mestre, mesmo que no entendesse patavina da instruo moral e cvica. O verdadeiro smart calava botina de botes para comparecer todo lir ao copo dgua, se bem que no convescote apenas lambiscasse, para evitar flatos. Os bilontras que eram um precipcio, jogando com pau de dois bicos, pelo que carecia muita cautela e caldo de galinha. O melhor era pr as barbas de molho diante de um treteiro de topete, depois de fintar e engambelar os cois, e antes que se pusesse tudo em pratos limpos, ele abria o arco. ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983 (fragmento). TEXTO II Palavras do arco da velha Na leitura do fragmento do texto Antigamente constata-se, pelo emprego de palavras obsoletas, que itens lexicais outrora produtivos no mais o so no portugus brasileiro atual. Esse fenmeno revela que
(ENEM - 2012) BROWNE, D. Folha de S. Paulo, 13 ago. 2011. As palavras e as expresses so mediadoras dos sentidos produzidos nos textos. Na fala de Hagar, a expresso como se ajuda a conduzir o contedo enunciado para o campo da
(ENEM - 2012) Cabeludinho Quando a V me recebeu nas frias, ela me apresentou aos amigos: Este meu neto. Ele foi estudar no Rio e voltou de ateu. Ela disse que eu voltei de ateu. Aquela preposio deslocada me fantasiava de ateu. Como quem dissesse no Carnaval: aquele menino est fantasiado de palhao. Minha av entendia de regncias verbais. Ela falava de srio. Mas todo-mundo riu. Porque aquela preposio deslocada podia fazer de uma informao um chiste. E fez. E mais: eu acho que buscar a beleza nas palavras uma solenidade de amor. E pode ser instrumento de rir. De outra feita, no meio da pelada um menino gritou: Disilimina esse, Cabeludinho. Eu no disiliminei ningum. Mas aquele verbo novo trouxe um perfume de poesia nossa quadra. Aprendinessas frias a brincar de palavras mais do que trabalhar com elas. Comecei a no gostar de palavra engavetada. Aquela que no pode mudar de lugar. Aprendi a gostar mais das palavras pelo que elas entoam do que pelo que elas informam. Por depois ouvi um vaqueiro a cantar com saudade: Ai morena, no me escreve / que eu no sei a ler. Aquele a preposto ao verbo ler, ao meu ouvir, ampliava a solido do vaqueiro. BARROS, M. Memrias inventadas: a infncia. So Paulo: Planeta, 2003. No texto, o autor desenvolve uma reflexo sobre diferentes possibilidades de uso da lngua e sobre os sentidos que esses usos podem produzir, a exemplo das expresses voltou de ateu, disilimina esse e eu no sei a ler. Com essa reflexo, o autor destaca
(ENEM - 2012) TEXTO I A caracterstica da oralidade radiofnica, ento, seria aquela que prope o dilogo com o ouvinte: a simplicidade, no sentido da escolha lexical; a conciso e coerncia, que se traduzem em um texto curto, em linguagem coloquial e com organizao direta; e o ritmo, marcado pelo locutor, que deve ser o mais natural (dodilogo). esta organizao que vai reger a veiculao da mensagem, seja ela interpretada ou de improviso, com objetivo de dar melodia transmisso oral, dar emoo, personalidade ao relato de fato. VELHO, A. P. M. A linguagem do rdio multimdia. Disponvel em: www.bocc.ubi.pt. Acesso em: 27 fev. 2012. TEXTO II A dois passos do paraso A Rdio Atividade leva at vocs Mais um programa da sria srie Dedique uma cano a quem voc ama Eu tenho aqui em minhas mos uma carta Uma carta duma ouvinte que nos escreve E assina com o singelo pseudnimo de Mariposa Apaixonada de Guadalupe Ela nos conta que no dia que seria o dia mais feliz de sua vida Arlindo Orlando, seu noivo Um caminhoneiro conhecido da pequena e Pacata cidade de Miracema do Norte Fugiu, desapareceu, escafedeu-se Oh! Arlindo Orlando volte Onde quer que voc se encontre Volte para o seio de sua amada Ela espera ver aquele caminho voltando De faris baixos e para-choque duro... BLITZ. Disponvel em: http://letras.terra.com.br. Acesso em: 28 fev. 2012 (fragmento). Em relao ao Texto I, que analisa a linguagem do rdio, o Texto II apresenta, em uma letra de cano,
(ENEM - 2012) Ai, palavras, ai, palavras Que estranha potncia a vossa! Todo o sentido da vida Principia a vossa porta: O mel do amor cristaliza Seu perfume em vossa rosa; Sois o sonho e sois a audcia, Calnia, fria, derrota... A liberdade das almas, ai! Com letras se elabora... e dos venenos humanos sois a mais fina retorta: frgil, frgil, como o vidro e mais que o ao poderosa! Reis, imprios, povos, tempos, pelo vosso impulso rodam... MEIRELES, C. Obra potica. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985 (fragmento). O fragmento destacado foi transcrito do Romanceiro da Inconfidncia, de Ceclia Meireles. Centralizada no episdio histrico da Inconfidncia Mineira, a obra, no entanto, elabora uma reflexo mais ampla sobre a seguinte relao entre o homem e a linguagem:
(ENEM - 2012) Pote Cru meu pastor. Ele me guiar. Ele est comprometido de monge. De tarde deambula no azedal entre torsos de cachorros, trampas, trapos, panos de regra, couros, de rato ao podre, vsceras de piranhas, baratas albinas, dlias secas, vergalhos de lagartos, linguetas de sapatos, aranhas dependuradas em gotas de orvalho etc. etc. Pote Cru, ele dormia nas runas de um convento Foi encontrado em osso. Ele tinha uma voz de oratrios perdidos. BARROS, M. Retrato do artista quando coisa. Rio de Janeiro: Record, 2002. Ao estabelecer uma relao com o texto bblico nesse poema, o eu lrico identifica-se com o Pote Cru porque
(ENEM - 2012) Considerando-se a finalidade comunicativa comum do gnero e o contexto especfico do Sistema de Biblioteca da UFG, esse cartaz tem funo predominantemente
(ENEM - 2012) Aqui o pas do futebol Brasil est vazio na tarde de domingo, n? Olha o sambo, aqui o pas do futebol [...] No fundo desse pas Ao longo das avenidas Nos campos de terra e grama Brasil s futebol Nesses noventa minutos De emoo e alegria Esqueo a casa e o trabalho A vida fica l fora Dinheiro fica l fora A cama fica l fora A mesa fica l fora Salrio fica l fora A fome fica l fora A comida fica l fora A vida fica l fora E tudo fica l fora SIMONAL, W. Aqui o pas do futebol. Disponvel em: www.vagalume.com.br. Acesso em: 27 out. 2011 (fragmento) Na letra da cano Aqui o pas do futebol, de Wilson Simonal, o futebol, como elemento da cultura corporal de movimento e expresso da tradio nacional, apresentado de forma crtica e emancipada devido ao fato de
(ENEM - 2012) LXXVIII (Cames, 1525?-1580) Leda serenidade deleitosa, Que representa em terra um paraso; Entre rubis e perlas doce riso; Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa; Presena moderada e graciosa, Onde ensinando esto despejo e siso Que se pode por arte e por aviso, Como por natureza, ser fermosa; Fala de quem a morte e a vida pende, Rara, suave; enfim, Senhora, vossa; Repouso nela alegre e comedido: Estas as armas so com que me rende E me cativa Amor; mas no que possa Despojar-me da glria de rendido. CAMES, L. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008. TEXTO II A pintura e o poema, embora sendo produtos de duas linguagens artsticas diferentes, participaram do mesmo contexto social e cultural de produo pelo fato de ambos
(ENEM - 2012) Das irms os meus irmos sujando-se na lama e eis-me aqui cercada de alvura e enxovais eles se provocando e provando do fogo e eu aqui fechada provendo a comida eles se lambuzando e arrotando na mesa e eu a temperada servindo, contida os meus irmos jogando-se na cama e eis-me afianada por dote e marido QUEIROZ, S. O sacro ofcio. Belo Horizonte: Comunicao, 1980. O poema de Sonia Queiroz apresenta uma voz lrica feminina que contrape o estilo de vida do homem ao modelo reservado mulher. Nessa contraposio, ela conclui que
(ENEM - 2012) O sedutor mdio Vamos juntar Nossas rendas e expectativas de vida querida, o que me dizes? Ter 2, 3 filhos e ser meio felizes? VERISSIMO, L. F. Poesia numa hora dessas?! Rio de Janeiro: Objetiva, 2002. No poema O sedutor mdio, possvel reconhecer a presena de posies crticas