(UNESP - 2020 - 2 FASE) O sobrevivente Impossvel compor um poema a essa altura da evoluo da humanidade. Impossvel escrever um poema uma linha que seja de verdadeira poesia. O ltimo trovador morreu em 1914. Tinha um nome de que ningum se lembra mais. H mquinas terrivelmente complicadas para as necessidades mais simples. Se quer fumar um charuto aperte um boto. Palets abotoam-se por eletricidade. Amor se faz pelo sem-fio. No precisa estmago para digesto. Um sbio declarou a O Jornal que ainda falta muito para atingirmos um nvel razovel de cultura. Mas at l, felizmente, estarei morto. Os homens no melhoraram e matam-se como percevejos. Os percevejos heroicos renascem. Inabitvel, o mundo cada vez mais habitado. E se os olhos reaprendessem a chorar seria um segundo dilvio. (Desconfio que escrevi um poema.) (Poesia 1930-1962, 2012.) a) Qual a opinio do eu lrico sobre a evoluo da humanidade? Justifique sua resposta com base no texto. b) possvel que o eu lrico, no verso O ltimo trovador morreu em 1914., tenha feito aluso a um importante evento histrico. De que evento se trata e qual sua relao com o tema geral do poema?
(UNESP - 2019 - 1 FASE) Examine a tira do cartunista Fernando Gonsales. Na tira, Arlindo Gouveia caracterizado como
(UNESP - 2019 - 1 FASE) Leia o trecho do romance S. Bernardo, de Graciliano Ramos, para responder s questes de02a07. O caboclo mal-encarado eu encontrei um dia em casa do Mendona tambm se acabou em desgraa. Uma limpeza. Essa gente quase nunca morre direito. Uns so levados pela cobra, outros pela cachaa, outros matam-se. Na pedreira perdi um. A alavanca soltou-se da pedra, bateu-lhe no peito, e foi a conta. Deixou viva e rfos midos. Sumiram-se: um dos meninos caiu no fogo, as lombrigas comeram o segundo, o ltimo teve angina e a mulher enforcou-se. Para diminuir a mortalidade e aumentar a produo, proibi a aguardente. Conclui-se a construo da casa nova. Julgo que no preciso descrev-la. As partes principais apareceram ou aparecero; o resto dispensvel e apenas pode interessar aos arquitetos, homens que provavelmente no lero isto. Ficou tudo confortvel e bonito. Naturalmente deixei de dormir em rede. Comprei mveis e diversos objetos que entrei a utilizar com receio, outros que ainda hoje no utilizo, porque no sei para que servem. Aqui existe um salto de cinco anos, e em cinco anos o mundo d um bando de voltas. Ningum imaginar que, topando os obstculos mencionados, eu haja procedido invariavelmente com segurana e percorrido, sem me deter, caminhos certos. No senhor, no procedi nem percorri. Tive abatimentos, desejo de recuar; contornei dificuldades: muitas curvas. Acham que andei mal? A verdade que nunca soube quais foram os maus. Fiz coisas que me trouxeram prejuzo; fiz coisas ruins que deram lucro. E como sempre tive a inteno de possuir as terras de S. Bernardo, considerei legtimas as aes que me levaram a obt-las. Alcancei mais do que esperava, merc de Deus. Vieram-me as rugas, j se v, mas o crdito, que a princpio se esquivava, agarrou-se comigo, as taxas desceram. E os negcios desdobraram-se automaticamente. Automaticamente. Difcil? Nada! Se eles entram nos trilhos, rodam que uma beleza. Se no entram, cruzem os braos. Mas se virem que esto de sorte, metam o pau: as tolices que praticarem viram sabedoria. Tenho visto criaturas que trabalham demais e no progridem. Conheo indivduos preguiosos que tm faro: quando a ocasio chega, desenroscam-se, abrem a boca - e engolem tudo. Eu no sou preguioso. Fui feliz nas primeiras tentativas e obriguei a fortuna a ser-me favorvel nas seguintes. Depois da morte do Mendona, derrubei a cerca, naturalmente, e levei-a para alm do ponto em que estava no tempo de Salustiano Padilha. Houve reclamaes. - Minhas senhoras, seu Mendona pintou o diabo enquanto viveu. Mas agora isto. E quem no gostar, pacincia, v justia. Como a justia era cara, no foram justia. E eu, o caminho aplainado, invadi a terra do Fidlis, paraltico de um brao, e a dos Gama, que pandegavam no Recife, estudando Direito. Respeitei o engenho do Dr. Magalhes, juiz. Violncias midas passaram despercebidas. As questes mais srias foram ganhas no foro, graas s chicanas de Joo Nogueira. Efetuei transaes arriscadas, endividei-me, importei maquinismos e no prestei ateno aos que me censuravam por querer abarcar o mundo com as pernas. Iniciei a pomicultura e a avicultura. Para levar os meus produtos ao mercado, comecei uma estrada de rodagem. Azevedo Gondim comps sobre ela dois artigos, chamou-me patriota, citou Ford e Delmiro Gouveia. Costa Brito tambm publicou uma nota naGazeta, elogiando-me e elogiando o chefe poltico local. Em consequncia mordeu-me cem mil-ris. (S. Bernardo, 1996.) No trecho, o narrador revela-se uma pessoa
(UNESP - 2019 - 1 FASE) Leia o trecho do romance S. Bernardo, de Graciliano Ramos, para responder a questo. O caboclo mal-encarado que encontrei um dia em casa do Mendona tambm se acabou em desgraa. Uma limpeza. Essa gente quase nunca morre direito. Uns so levados pela cobra, outros pela cachaa, outros matam-se. Na pedreira perdi um. A alavanca soltou-se da pedra, bateu-lhe no peito, e foi a conta. Deixou viva e rfos midos. Sumiram-se: um dos meninos caiu no fogo, as lombrigas comeram o segundo, o ltimo teve angina e a mulher enforcou-se. Para diminuir a mortalidade e aumentar a produo, proibi a aguardente. Concluiu-se a construo da casa nova. Julgo que no preciso descrev-la. As partes principais apareceram ou aparecero; o resto dispensvel e apenas pode interessar aos arquitetos, homens que provavelmente no lero isto. Ficou tudo confortvel e bonito. Naturalmente deixei de dormir em rede. Comprei mveis e diversos objetos que entrei a utilizar com receio, outros que ainda hoje no utilizo, porque no sei para que servem. Aqui existe um salto de cinco anos, e em cinco anos o mundo d um bando de voltas. Ningum imaginar que, topando os obstculos mencionados, eu haja procedido invariavelmente com segurana e percorrido, sem me deter, caminhos certos. No senhor, no procedi nem percorri. Tive abatimentos, desejo de recuar; contornei dificuldades: muitas curvas. Acham que andei mal? A verdade que nunca soube quais foram os meus atos bons e quais foram os maus. Fiz coisas boas que me trouxeram prejuzo; fiz coisas ruins que deram lucro. E como sempre tive a inteno de possuir as terras de S. Bernardo, considerei legtimas as aes que me levaram a obt-las. Alcancei mais do que esperava, merc de Deus. Vieram-me as rugas, j se v, mas o crdito, que a princpio se esquivava, agarrou-se comigo, as taxas desceram. E os negcios desdobraram-se automaticamente. Automaticamente. Difcil? Nada! Se eles entram nos trilhos, rodam que uma beleza. Se no entram, cruzem os braos. Mas se virem que esto de sorte, metam o pau: as tolices que praticarem viram sabedoria. Tenho visto criaturas que trabalham demais e no progridem. Conheo indivduos preguiosos que tm faro: quando a ocasio chega, desenroscam-se, abrem a boca e engolem tudo. Eu no sou preguioso. Fui feliz nas primeiras tentativas e obriguei a fortuna a ser-me favorvel nas seguintes. Depois da morte do Mendona, derrubei a cerca, naturalmente, e levei-a para alm do ponto em que estava no tempo de Salustiano Padilha. Houve reclamaes. Minhas senhoras, seu Mendona pintou o diabo enquanto viveu. Mas agora isto. E quem no gostar, pacincia, v justia. Como a justia era cara, no foram justia. E eu, o caminho aplainado, invadi a terra do Fidlis, paraltico de um brao, e a dos Gama, que pandegavam no Recife, estudando Direito. Respeitei o engenho do Dr. Magalhes, juiz. Violncias midas passaram despercebidas. As questes mais srias foram ganhas no foro, graas s chicanas de Joo Nogueira. Efetuei transaes arriscadas, endividei-me, importei maquinismos e no prestei ateno aos que me censuravam por querer abarcar o mundo com as pernas. Iniciei a pomicultura e a avicultura. Para levar os meus produtos ao mercado, comecei uma estrada de rodagem. Azevedo Gondim comps sobre ela dois artigos, chamou-me patriota, citou Ford e Delmiro Gouveia. Costa Brito tambm publicou uma nota na Gazeta, elogiando-me e elogiando o chefe poltico local. Em consequncia mordeu-me cem mil-ris. (S. Bernardo, 1996.) O conhecido preceito os fins justificam os meios pode ser aplicado ao trecho:
(UNESP - 2019 - 1 FASE) Na pedreira perdi um. A alavanca soltou-seda pedra, bateu-lhe no peito, e foi a conta. Deixou viva e rfos midos. Sumiram-se: um dos meninos caiu no fogo,as lombrigas comeram o segundo, o ltimo teve angina e a mulher enforcou-se. (2 pargrafo) Os pronomes sublinhados referem-se, respectivamente, a
(UNESP - 2019 - 1 FASE) O narrador emprega expresso prpria da modalidade oral da linguagem em:
(UNESP - 2019 - 1 FASE) Verifica-se o emprego de verbo no modo imperativo no seguinte trecho:
(UNESP -2019 - 1 FASE) Tenho visto criaturas que trabalham demais e no progridem. (7 pargrafo) Considerada no atual contexto histrico, essa fala do narrador pode ser vista como uma crtica ideia de
(UNESP - 2019 - 1 FASE) Destinada unicamente exportao, em funo da qual se organiza e mantm a explorao, tal atividade econmica desenvolveu-se margem das necessidades prprias da sociedade brasileira. No alvorecer do sculo XIX, essa atividade econmica, que se iniciara sob to brilhantes auspcios e absorvera durante cem anos o melhor das atenes e dos esforos do pas, j tocava sua runa final. Os prenncios dessa runa j se faziam alis sentir para os observadores menos cegos pela cobia dessa longa data. De meados do sculo XVIII em diante, essa atividade econmica, contudo, no fizera mais que declinar. (Caio Prado Jnior. Formao do Brasil contemporneo, 1999. Adaptado.) A atividade econmica a que o texto se refere est presente em:
(UNESP - 2019 - 1 FASE) Examine a charge do cartunista Angeli, publicada originalmente em 2003, e as afirmaes que se seguem. * *obs: os nomes apontados aos homens so Bush, Powell e Blair, respectivamente. I. A figurao dos lderes polticos como reticncias sugere que esses lderes constituem entrave demanda sugerida pela palavra. II. Na medida em que, frente a uma multido de annimos, poucos indivduos so nomeados, depreende-se da charge uma crtica, sobretudo, ao processo de massificao da sociedade moderna. III. A charge satiriza as manifestaes contrrias guerra no Iraque lideradas por polticos dos EUA e do Reino Unido. Est correto apenas o que se afirma em
(UNESP - 2019 - 1 FASE) Tal movimento no era apenas um movimento europeu de carter universal, conquistando uma nao aps outra e criando uma linguagem literria universal que, em ltima anlise, era to inteligvel na Rssia e na Polnia quanto na Inglaterra e na Frana; ele tambm provou ser uma daquelas correntes que, como o Classicismo da Renascena, subsistiu como fator duradouro no desenvolvimento da arte. Na verdade, no existe produto da arte moderna, nenhum impulso emocional, nenhuma impresso ou estado de esprito do homem moderno, que no deva sua sutileza e variedade sensibilidade que se desenvolveu a partir desse movimento. Toda exuberncia, anarquia e violncia da arte moderna, seu lirismo balbuciante, seu exibicionismo irrestrito e profuso, derivaram dele. E essa atitude subjetiva e egocntrica tornou-se de tal modo natural para ns, to absolutamente inevitvel, que nos parece impossvel reproduzir sequer uma sequncia abstrata de pensamento sem fazer referncia aos nossos sentimentos. (Arnold Hauser. Histria social da arte e da literatura, 1995. Adaptado.) O texto refere-se ao movimento denominado
(UNESP - 2019 - 1 FASE) Leia o trecho do livro A dana do universo, do fsico brasileiro Marcelo Gleiser, para responder s questes de 12 a 17. Algumas pessoas tornam-se heris contra sua prpria vontade. Mesmo que elas tenham ideias realmente (ou potencialmente) revolucionrias, muitas vezes no as reconhecem como tais, ou no acreditam no seu prprio potencial. Divididas entre enfrentar sua insegurana expondo suas ideias opinio dos outros, ou manter-se na defensiva, elas preferem a segunda opo. O mundo est cheio de poemas e teorias escondidos no poro. Coprnico , talvez, o mais famoso desses relutantes heris da histria da cincia. Ele foi o homem que colocou o Sol de volta no centro do Universo, ao mesmo tempo fazendo de tudo para que suas ideias no fossem difundidas, possivelmente com medo de crticas ou perseguio religiosa. Foi quem colocou o Sol de volta no centro do Universo, motivado por razes erradas. Insatisfeito com a falha do modelo de Ptolomeu, que aplicava o dogma platnico do movimento circular uniforme aos corpos celestes, Coprnico props que o equante fosse abandonado e que o Sol passasse a ocupar o centro do cosmo. Ao tentar fazer com que o Universo se adaptasse s ideias platnicas, ele retornou aos pitagricos, ressuscitando a doutrina do fogo central, que levou ao modelo heliocntrico de Aristarco dezoito sculos antes. Seu pensamento reflete o desejo de reformular as ideias cosmolgicas de seu tempo apenas para voltar ainda mais no passado; Coprnico era, sem dvida, um revolucionrio conservador. Ele jamais poderia ter imaginado que, ao olhar para o passado, estaria criando uma nova viso csmica, que abriria novas portas para o futuro. Tivesse vivido o suficiente para ver os frutos de suas ideias, Coprnico decerto teria odiado a revoluo que involuntariamente causou. Entre 1510 e 1514, comps um pequeno trabalho resumindo suas ideias, intitulado Commentariolus (Pequeno comentrio). Embora na poca fosse relativamente fcil publicar um manuscrito, Coprnico decidiu no publicar seu texto, enviando apenas algumas cpias para uma audincia seleta. Ele acreditava piamente no ideal pitagrico de discrio; apenas aqueles que eram iniciados nas complicaes da matemtica aplicada astronomia tinham permisso para compartilhar sua sabedoria. Certamente essa posio elitista era muito peculiar, vinda de algum que fora educado durante anos dentro da tradio humanista italiana. Ser que Coprnico estava tentando sentir o clima intelectual da poca, para ter uma ideia do quo perigosas eram suas ideias? Ser que ele no acreditava muito nas suas prprias ideias e, portanto, queria evitar qualquer tipo de crtica? Ou ser que ele estava to imerso nos ideais pitagricos que realmente no tinha o menor interesse em tornar populares suas ideias? As razes que possam justificar a atitude de Coprnico so, at hoje, um ponto de discusso entre os especialistas. A dana do universo, 2006. Adaptado. De acordo com o texto,
(UNESP - 2019 - 1 FASE) Leia o trecho do livro A dana do universo, do fsico brasileiro Marcelo Gleiser, para responder questo. Algumas pessoas tornam-se heris contra sua prpria vontade. Mesmo que elas tenham ideias realmente (ou potencialmente) revolucionrias, muitas vezes no as reconhecem como tais, ou no acreditam no seu prprio potencial. Divididas entre enfrentar sua insegurana expondo suas ideias opinio dos outros, ou manter-se na defensiva, elas preferem a segunda opo. O mundo est cheio de poemas e teorias escondidos no poro. Coprnico , talvez, o mais famoso desses relutantes heris da histria da cincia. Ele foi o homem que colocou o Sol de volta no centro do Universo, ao mesmo tempo fazendo de tudo para que suas ideias no fossem difundidas, possivelmente com medo de crticas ou perseguio religiosa. Foi quem colocou o Sol de volta no centro do Universo, motivado por razes erradas. Insatisfeito com a falha do modelo de Ptolomeu, que aplicava o dogma platnico do movimento circular uniforme aos corpos celestes, Coprnico props que o equante fosse abandonado e que o Sol passasse a ocupar o centro do cosmo. Ao tentar fazer com que o Universo se adaptasse s ideias platnicas, ele retornou aos pitagricos, ressuscitando a doutrina do fogo central, que levou ao modelo heliocntrico de Aristarco dezoito sculos antes. Seu pensamento reflete o desejo de reformular as ideias cosmolgicas de seu tempo apenas para voltar ainda mais no passado; Coprnico era, sem dvida, um revolucionrio conservador. Ele jamais poderia ter imaginado que, ao olhar para o passado, estaria criando uma nova viso csmica, que abriria novas portas para o futuro. Tivesse vivido o suficiente para ver os frutos de suas ideias, Coprnico decerto teria odiado a revoluo que involuntariamente causou. Entre 1510 e 1514, comps um pequeno trabalho resumindo suas ideias, intitulado Commentariolus (Pequeno comentrio). Embora na poca fosse relativamente fcil publicar um manuscrito, Coprnico decidiu no publicar seu texto, enviando apenas algumas cpias para uma audincia seleta. Ele acreditava piamente no ideal pitagrico de discrio; apenas aqueles que eram iniciados nas complicaes da matemtica aplicada astronomia tinham permisso para compartilhar sua sabedoria. Certamente essa posio elitista era muito peculiar, vinda de algum que fora educado durante anos dentro da tradio humanista italiana. Ser que Coprnico estava tentando sentir o clima intelectual da poca, para ter uma ideia do quo perigosas eram suas ideias? Ser que ele no acreditava muito nas suas prprias ideias e, portanto, queria evitar qualquer tipo de crtica? Ou ser que ele estava to imerso nos ideais pitagricos que realmente no tinha o menor interesse em tornar populares suas ideias? As razes que possam justificar a atitude de Coprnico so, at hoje, um ponto de discusso entre os especialistas. (A dana do universo, 2006. Adaptado.) Em Coprnico era, sem dvida, um revolucionrio conservador (3o pargrafo), a expresso sublinhada constitui um exemplo de
(UNESP - 2019 - 1 FASE) Leia o trecho do livro A dana do universo, do fsico brasileiro Marcelo Gleiser, para responder questo. Algumas pessoas tornam-se heris contra sua prpria vontade. Mesmo que elas tenham ideias realmente (ou potencialmente) revolucionrias, muitas vezes no as reconhecem como tais, ou no acreditam no seu prprio potencial. Divididas entre enfrentar sua insegurana expondo suas ideias opinio dos outros, ou manter-se na defensiva, elas preferem a segunda opo. O mundo est cheio de poemas e teorias escondidos no poro. Coprnico , talvez, o mais famoso desses relutantes heris da histria da cincia. Ele foi o homem que colocou o Sol de volta no centro do Universo, ao mesmo tempo fazendo de tudo para que suas ideias no fossem difundidas, possivelmente com medo de crticas ou perseguio religiosa. Foi quem colocou o Sol de volta no centro do Universo, motivado por razes erradas. Insatisfeito com a falha do modelo de Ptolomeu, que aplicava o dogma platnico do movimento circular uniforme aos corpos celestes, Coprnico props que o equante fosse abandonado e que o Sol passasse a ocupar o centro do cosmo. Ao tentar fazer com que o Universo se adaptasse s ideias platnicas, ele retornou aos pitagricos, ressuscitando a doutrina do fogo central, que levou ao modelo heliocntrico de Aristarco dezoito sculos antes. Seu pensamento reflete o desejo de reformular as ideias cosmolgicas de seu tempo apenas para voltar ainda mais no passado; Coprnico era, sem dvida, um revolucionrio conservador. Ele jamais poderia ter imaginado que, ao olhar para o passado, estaria criando uma nova viso csmica, que abriria novas portas para o futuro. Tivesse vivido o suficiente para ver os frutos de suas ideias, Coprnico decerto teria odiado a revoluo que involuntariamente causou. Entre 1510 e 1514, comps um pequeno trabalho resumindo suas ideias, intitulado Commentariolus (Pequeno comentrio). Embora na poca fosse relativamente fcil publicar um manuscrito, Coprnico decidiu no publicar seu texto, enviando apenas algumas cpias para uma audincia seleta. Ele acreditava piamente no ideal pitagrico de discrio; apenas aqueles que eram iniciados nas complicaes da matemtica aplicada astronomia tinham permisso para compartilhar sua sabedoria. Certamente essa posio elitista era muito peculiar, vinda de algum que fora educado durante anos dentro da tradio humanista italiana. Ser que Coprnico estava tentando sentir o clima intelectual da poca, para ter uma ideia do quo perigosas eram suas ideias? Ser que ele no acreditava muito nas suas prprias ideias e, portanto, queria evitar qualquer tipo de crtica? Ou ser que ele estava to imerso nos ideais pitagricos que realmente no tinha o menor interesse em tornar populares suas ideias? As razes que possam justificar a atitude de Coprnico so, at hoje, um ponto de discusso entre os especialistas. (A dana do universo, 2006. Adaptado.) O medo de Coprnico de crticas ou perseguio religiosa (2pargrafo) deve-se ao fato de suas ideias se oporem teoria
(UNESP - 2019 - 1FASE) Leia o trecho do livro A dana do universo, do fsico brasileiro Marcelo Gleiser, para responder (s) questo(es) a seguir. Algumas pessoas tornam-se heris contra sua prpria vontade. Mesmo que elas tenham ideias realmente (ou potencialmente) revolucionrias, muitas vezes no as reconhecem como tais, ou no acreditam no seu prprio potencial. Divididas entre enfrentar sua insegurana expondo suas ideias opinio dos outros, ou manter-se na defensiva, elas preferem a segunda opo. O mundo est cheio de poemas e teorias escondidos no poro. Coprnico , talvez, o mais famoso desses relutantes heris da histria da cincia. Ele foi o homem que colocou o Sol de volta no centro do Universo, ao mesmo tempo fazendo de tudo para que suas ideias no fossem difundidas, possivelmente com medo de crticas ou perseguio religiosa. Foi quem colocou o Sol de volta no centro do Universo, motivado por razes erradas. Insatisfeito com a falha do modelo de Ptolomeu, que aplicava o dogma platnico do movimento circular uniforme aos corpos celestes, Coprnico props que o equante fosse abandonado e que o Sol passasse a ocupar o centro do cosmo. Ao tentar fazer com que o Universo se adaptasse s ideias platnicas, ele retornou aos pitagricos, ressuscitando a doutrina do fogo central, que levou ao modelo heliocntrico de Aristarco dezoito sculos antes. Seu pensamento reflete o desejo de reformular as ideias cosmolgicas de seu tempo apenas para voltar ainda mais no passado; Coprnico era, sem dvida, um revolucionrio conservador. Ele jamais poderia ter imaginado que, ao olhar para o passado, estaria criando uma nova viso csmica, que abriria novas portas para o futuro. Tivesse vivido o suficiente para ver os frutos de suas ideias, Coprnico decerto teria odiado a revoluo que involuntariamente causou. Entre 1510 e 1514, comps um pequeno trabalho resumindo suas ideias, intitulado Commentariolus (Pequeno comentrio). Embora na poca fosse relativamente fcil publicar um manuscrito, Coprnico decidiu no publicar seu texto, enviando apenas algumas cpias para uma audincia seleta. Ele acreditava piamente no ideal pitagrico de discrio; apenas aqueles que eram iniciados nas complicaes da matemtica aplicada astronomia tinham permisso para compartilhar sua sabedoria. Certamente essa posio elitista era muito peculiar, vinda de algum que fora educado durante anos dentro da tradio humanista italiana. Ser que Coprnico estava tentando sentir o clima intelectual da poca, para ter uma ideia do quo perigosas eram suas ideias? Ser que ele no acreditava muito nas suas prprias ideias e, portanto, queria evitar qualquer tipo de crtica? Ou ser que ele estava to imerso nos ideais pitagricos que realmente no tinha o menor interesse em tornar populares suas ideias? As razes que possam justificar a atitude de Coprnico so, at hoje, um ponto de discusso entre os especialistas. (A dana do universo, 2006. Adaptado.) Em Mesmo que elas tenham ideias realmente (ou potencialmente) revolucionrias, muitas vezes no as reconhecem como tais, ou no acreditam no seu prprio potencial (1 pargrafo), a locuo conjuntiva sublinhada pode ser substituda, sem prejuzo para o sentido do texto, por: