(UNESP - 2015 - 1FASE) As questestomam por base uma passagem de um romance de Autran Dourado (1926- 2012). A gente Honrio Cota Quando o coronel Joo Capistrano Honrio Cota mandou erguer o sobrado, tinha pouco mais de trinta anos. Mas j era homem srio de velho, reservado, cumpridor. Cuidava muito dos trajes, da sua aparncia medida. O jaqueto de casimira inglesa, o colete de linho atravessado pela grossa corrente de ouro do relgio; a cala que era como a de todos na cidade de brim, a no ser em certas ocasies (batizado, morte, casamento ento era parelho mesmo, por igual), mas sempre muito bem passada, o vinco perfeito. Dava gosto ver: O passo vagaroso de quem no tem pressa o mundo podia esperar por ele, o peito magro estufado, os gestos lentos, a voz pausada e grave, descia a rua da Igreja cumprimentando cerimoniosamente, nobremente, os que por ele passavam ou os que chegavam na janela muitas vezes s para v-lo passar. Desde longe a gente adivinhava ele vindo: alto, magro, descarnado, como uma ave pernalta de grande porte. Sendo assim to descomunal, podia ser desajeitado: no era, dava sempre a impresso de uma grande e ponderada figura. No jogava as pernas para os lados nem as trazia abertas, esticava-as feito medisse os passos, quebrando os joelhos em reto. Quando montado, indo para a sua Fazenda da Pedra Menina, no cavalo branco ajaezado de couro trabalhado e prata, a ento sim era a grande, imponente figura, que enchia as vistas. Parecia um daqueles cavaleiros antigos, fugidos do Amadis de Gaula ou do Palmeirim, quando iam para a guerra armados cavaleiros. (pera dos mortos, 1970.) No incio do segundo pargrafo, por ter na frase a mesma funo sinttica que o vocbulo vagaroso com relao a passo, a orao de quem no tem pressa considerada
(UNESP - 2015/2 - 1 FASE) Aquestotoma por base uma modinha de Domingos Caldas Barbosa (1740-1800). Protestos a Arminda Conheo muitas pastoras Que beleza e graa tm, Mas uma s que eu amo S Arminda e mais ningum. Revolvam meu corao Procurem meu peito bem, Vero estar dentro dele S Arminda e mais ningum. De tantas, quantas belezas Os meus ternos olhos veem, Nenhuma outra me agrada S Arminda e mais ningum. Estes suspiros que eu solto Vo buscar meu doce bem, causa dos meus suspiros S Arminda e mais ningum. Os segredos de meu peito Guard-los nele convm, Guard-los aonde os veja S Arminda e mais ningum. No cuidem que a mim me importa Parecer s outras bem, Basta que de mim se agrade S Arminda e mais ningum. No me alegra, ou me desgosta Doutra o mimo, ou o desdm, Satisfaz-me e me contenta S Arminda e mais ningum. Cantem os outros pastores Outras pastoras tambm, Que eu canto e cantarei sempre S Arminda e mais ningum. (Viola de Lereno, 1980.) Sob o ponto de vista expressivo, a repetio do ltimo verso de todas as estrofes tem a funo de
(UNESP -2015 - 1 FASE) A gente Honrio Cota Quando o coronel Joo Capistrano Honrio Cota mandou erguer o sobrado, tinha pouco mais de trinta anos. Mas j era homem srio de velho, reservado, cumpridor. Cuidava muito dos trajes, da sua aparncia medida. O jaqueto de casimira inglesa, o colete de linho atravessado pela grossa corrente de ouro do relgio; a cala que era como a de todos na cidade de brim, a no ser em certas ocasies (batizado, morte, casamento ento era parelho mesmo, por igual), mas sempre muito bem passada, o vinco perfeito. Dava gosto ver: O passo vagaroso de quem no tem pressa o mundo podia esperar por ele, o peito magro estufado, os gestos lentos, a voz pausada e grave, descia a rua da Igreja cumprimentando cerimoniosamente, nobremente, os que por ele passavam ou os que chegavam na janela muitas vezes s para v-lo passar. Desde longe a gente adivinhava ele vindo: alto, magro, descarnado, como uma ave pernalta de grande porte. Sendo assim to descomunal, podia ser desajeitado: no era, dava sempre a impresso de uma grande e ponderada figura. No jogava as pernas para os lados nem as trazia abertas, esticava-as feito medisse os passos, quebrando os joelhos em reto. Quando montado, indo para a sua Fazenda da Pedra Menina, no cavalo branco ajaezado de couro trabalhado e prata, a ento sim era a grande, imponente figura, que enchia as vistas. Parecia um daqueles cavaleiros antigos, fugidos do Amadis de Gaula ou do Palmeirim, quando iam para a guerra armados cavaleiros. pera dos mortos, 1970.de Autran Dourado (1926- 2012) Analisando o ltimo perodo do terceiro pargrafo, verifica-se que a palavra feito empregada como
(UNESP - 2015/2 - 1 FASE) Aquesto focalizaum trecho de uma crnica do escritor Graciliano Ramos (1892-1953). Para chegar ao soberbo resultado de transformar a banha em fibra, a vem o futebol. Mas por que o futebol? No seria, porventura, melhor exercitar-se a mocidade em jogos nacionais, sem mescla de estrangeirismo, o murro, o cacete, a faca de ponta, por exemplo? No que me repugne a introduo de coisas exticas entre ns. Mas gosto de indagar se elas sero assimilveis ou no. No caso afirmativo, seja muito bem-vinda a instituio alheia, fecundemo-la, arranjemos nela um filho hbrido que possa viver c em casa. De outro modo, resignemo-nos s broncas tradies dos sertanejos e dos matutos. Ora, parece-me que o futebol no se adapta a estas boas paragens do cangao. roupa de emprstimo, que no nos serve. Para que um costume intruso possa estabelecer-se definitivamente em um pas necessrio, no s que se harmonize com a ndole do povo que o vai receber, mas que o lugar a ocupar no esteja tomado por outro mais antigo, de cunho indgena. preciso, pois, que v preencher uma lacuna, como diz o chavo. O do futebol no preenche coisa nenhuma, pois j temos a muito conhecida bola de palha de milho, que nossos amadores mambembes1jogam com uma percia que deixaria o mais experimentadosportmanbritnico de queixo cado. Os campees brasileiros no teriam feito a figura triste que fizeram em Anturpia se a bola figurasse nos programas das Olimpadas e estivessem a disput-la quatro sujeitos de pulso. Apenas um representante nosso conseguiu ali distinguir-se, no tiro de revlver, o que pouco lisonjeiro para a vaidade de um pas em que se fala tanto. Aqui seria muito mais fcil o indivduo salientar-se no tiro de espingarda umbiguda, emboscado atrs de um pau. Temos esportes em quantidade. Para que metermos o bedelho em coisas estrangeiras? O futebol no pega, tenham a certeza. No vale o argumento de que ele tem ganho terreno nas capitais de importncia. No confundamos. As grandes cidades esto no litoral; isto aqui diferente, serto. As cidades regurgitam de gente de outras raas ou que pretende ser de outras raas; ns somos mais ou menos botocudos, com laivos de sangue cabinda e galego. Nas cidades os viciados elegantes absorvem o pio, a cocana, a morfina; por aqui h pessoas que ainda fumam liamba2. 1mambembe: medocre, reles, de baixa condio. 2liamba: cnhamo, maconha. (Linhas tortas, 1971.) No fragmento da crnica, publicada pela primeira vez em 1921, o cronista considerava que:
(UNESP - 2015 - 1 FASE )As questes de nmeros 06 a 10 focalizam uma passagem de um artigo de Cludia Vassallo. Aliadas ou concorrentes Alguns nmeros: nos Estados Unidos, 60% dos formados em universidades so mulheres. Metade das europeias que esto no mercado de trabalho passou por universidades. No Japo, as mulheres tm nveis semelhantes de educao, mas deixam o mercado assim que se casam e tm filhos. A tradio joga contra a economia. O governo credita parte da estagnao dos ltimos anos ausncia de participao feminina no mercado de trabalho. As brasileiras avanam mais rpido na educao. Atualmente, 12% das mulheres tm diploma universitrio ante 10% dos homens. Metade das garotas de 15 entrevistadas numa pesquisa da OCDE1 disse pretender fazer carreira em engenharia e cincias reas especialmente promissoras. [...] Agora, a condio de minoria vai caindo por terra e os padres de comportamento comeam a mudar. Cada vez menos mulheres esto dispostas a abdicar de sua natureza em nome da carreira. No se trata de mudar a essncia do trabalho e das obrigaes que homens e mulheres tm de encarar. No se trata de trabalhar menos ou ter menos ambio. s uma questo de forma. muito provvel que legisladores e empresas tenham de ser mais flexveis para abrigar mulheres de talento que no desistiram do papel de me. Porque, de fato, essa a grande e nica questo de gnero que importa. Mais fortalecidas e mais preparadas, as mulheres tero um lugar ao sol nas empresas do jeito que so ou desistiro delas, porque sero capazes de ganhar dinheiro de outra forma. H 8,3 milhes de empresas lideradas por mulheres nos Estados Unidos o tipo de empreendedorismo que mais cresce no pas. De acordo com um estudo da EY2 , o Brasil tem 10,4 milhes de empreendedoras, o maior ndice entre as 20 maiores economias. Um nmero crescente delas tem migrado das grandes empresas para o prprio negcio. Os fatos mostram: as empresas em todo o mundo tero, mais cedo ou mais tarde, de decidir se querem ter metade da populao como aliada ou como concorrente. (Exame, outubro de 2013.) 1 OCDE: Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico. 2 EY: Organizao global com o objetivo de auxiliar seus clientes a fortalecerem seus negcios ao redor do mundo. Indique a acepo da palavra estagnao que melhor se enquadra no contexto do primeiro pargrafo:
(UNESP - 2015 - 1 FASE )As questes de nmeros 06 a 10 focalizam uma passagem de um artigo de Cludia Vassallo. Aliadas ou concorrentes Alguns nmeros: nos Estados Unidos, 60% dos formados em universidades so mulheres. Metade das europeias que esto no mercado de trabalho passou por universidades. No Japo, as mulheres tm nveis semelhantes de educao, mas deixam o mercado assim que se casam e tm filhos. A tradio joga contra a economia. O governo credita parte da estagnao dos ltimos anos ausncia de participao feminina no mercado de trabalho. As brasileiras avanam mais rpido na educao. Atualmente, 12% das mulheres tm diploma universitrio ante 10% dos homens. Metade das garotas de 15 entrevistadas numa pesquisa da OCDE1 disse pretender fazer carreira em engenharia e cincias reas especialmente promissoras. [...] Agora, a condio de minoria vai caindo por terra e os padres de comportamento comeam a mudar. Cada vez menos mulheres esto dispostas a abdicar de sua natureza em nome da carreira. No se trata de mudar a essncia do trabalho e das obrigaes que homens e mulheres tm de encarar. No se trata de trabalhar menos ou ter menos ambio. s uma questo de forma. muito provvel que legisladores e empresas tenham de ser mais flexveis para abrigar mulheres de talento que no desistiram do papel de me. Porque, de fato, essa a grande e nica questo de gnero que importa. Mais fortalecidas e mais preparadas, as mulheres tero um lugar ao sol nas empresas do jeito que so ou desistiro delas, porque sero capazes de ganhar dinheiro de outra forma. H 8,3 milhes de empresas lideradas por mulheres nos Estados Unidos o tipo de empreendedorismo que mais cresce no pas. De acordo com um estudo da EY2 , o Brasil tem 10,4 milhes de empreendedoras, o maior ndice entre as 20 maiores economias. Um nmero crescente delas tem migrado das grandes empresas para o prprio negcio. Os fatos mostram: as empresas em todo o mundo tero, mais cedo ou mais tarde, de decidir se querem ter metade da populao como aliada ou como concorrente. (Exame, outubro de 2013.) 1 OCDE: Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico. 2 EY: Organizao global com o objetivo de auxiliar seus clientes a fortalecerem seus negcios ao redor do mundo. Cada vez menos mulheres esto dispostas a abdicar de sua natureza em nome da carreira. Considerando esse trecho, do segundo pargrafo, marque a alternativa que melhor traduz o conceito apresentado pela autora com a expresso abdicar de sua natureza:
(UNESP - 2015/2 - 1 FASE)Aquesto focalizaum trecho de uma crnica do escritor Graciliano Ramos (1892-1953). Para chegar ao soberbo resultado de transformar a banha em fibra, a vem o futebol. Mas por que o futebol? No seria, porventura, melhor exercitar-se a mocidade em jogos nacionais, sem mescla de estrangeirismo, o murro, o cacete, a faca de ponta, por exemplo? No que me repugne a introduo de coisas exticas entre ns. Mas gosto de indagar se elas sero assimilveis ou no. No caso afirmativo, seja muito bem-vinda a instituio alheia, fecundemo-la, arranjemos nela um filho hbrido que possa viver c em casa. De outro modo, resignemo-nos s broncas tradies dos sertanejos e dos matutos. Ora, parece-me que o futebol no se adapta a estas boas paragens do cangao. roupa de emprstimo, que no nos serve. Para que um costume intruso possa estabelecer-se definitivamente em um pas necessrio, no s que se harmonize com a ndole do povo que o vai receber, mas que o lugar a ocupar no esteja tomado por outro mais antigo, de cunho indgena. preciso, pois, que v preencher uma lacuna, como diz o chavo. O do futebol no preenche coisa nenhuma, pois j temos a muito conhecida bola de palha de milho, que nossos amadores mambembes1jogam com uma percia que deixaria o mais experimentado sportman britnico de queixo cado. Os campees brasileiros no teriam feito a figura triste que fizeram em Anturpia se a bola figurasse nos programas das Olimpadas e estivessem a disput-la quatro sujeitos de pulso. Apenas um representante nosso conseguiu ali distinguir-se, no tiro de revlver, o que pouco lisonjeiro para a vaidade de um pas em que se fala tanto. Aqui seria muito mais fcil o indivduo salientar-se no tiro de espingarda umbiguda, emboscado atrs de um pau. Temos esportes em quantidade. Para que metermos o bedelho em coisas estrangeiras? O futebol no pega, tenham a certeza. No vale o argumento de que ele tem ganho terreno nas capitais de importncia. No confundamos. As grandes cidades esto no litoral; isto aqui diferente, serto. As cidades regurgitam de gente de outras raas ou que pretende ser de outras raas; ns somos mais ou menos botocudos, com laivos de sangue cabinda e galego. Nas cidades os viciados elegantes absorvem o pio, a cocana, a morfina; por aqui h pessoas que ainda fumam liamba2. 1 mambembe: medocre, reles, de baixa condio. 2 liamba: cnhamo, maconha. (Linhas tortas, 1971.) No contexto da crnica, transformar a banha em fibra significa converter
(UNESP - 2015/2 - 1 FASE)Aquesto focalizaum trecho de uma crnica do escritor Graciliano Ramos (1892-1953). Para chegar ao soberbo resultado de transformar a banha em fibra, a vem o futebol. Mas por que o futebol? No seria, porventura, melhor exercitar-se a mocidade em jogos nacionais, sem mescla de estrangeirismo, o murro, o cacete, a faca de ponta, por exemplo? No que me repugne a introduo de coisas exticas entre ns. Mas gosto de indagar se elas sero assimilveis ou no. No caso afirmativo, seja muito bem-vinda a instituio alheia, fecundemo-la, arranjemos nela um filho hbrido que possa viver c em casa. De outro modo, resignemo-nos s broncas tradies dos sertanejos e dos matutos. Ora, parece-me que o futebol no se adapta a estas boas paragens do cangao. roupa de emprstimo, que no nos serve. Para que um costume intruso possa estabelecer-se definitivamente em um pas necessrio, no s que se harmonize com a ndole do povo que o vai receber, mas que o lugar a ocupar no esteja tomado por outro mais antigo, de cunho indgena. preciso, pois, que v preencher uma lacuna, como diz o chavo. O do futebol no preenche coisa nenhuma, pois j temos a muito conhecida bola de palha de milho, que nossos amadores mambembes1jogam com uma percia que deixaria o mais experimentado sportman britnico de queixo cado. Os campees brasileiros no teriam feito a figura triste que fizeram em Anturpia se a bola figurasse nos programas das Olimpadas e estivessem a disput-la quatro sujeitos de pulso. Apenas um representante nosso conseguiu ali distinguir-se, no tiro de revlver, o que pouco lisonjeiro para a vaidade de um pas em que se fala tanto. Aqui seria muito mais fcil o indivduo salientar-se no tiro de espingarda umbiguda, emboscado atrs de um pau. Temos esportes em quantidade. Para que metermos o bedelho em coisas estrangeiras? O futebol no pega, tenham a certeza. No vale o argumento de que ele tem ganho terreno nas capitais de importncia. No confundamos. As grandes cidades esto no litoral; isto aqui diferente, serto. As cidades regurgitam de gente de outras raas ou que pretende ser de outras raas; ns somos mais ou menos botocudos, com laivos de sangue cabinda e galego. Nas cidades os viciados elegantes absorvem o pio, a cocana, a morfina; por aqui h pessoas que ainda fumam liamba2. 1 mambembe: medocre, reles, de baixa condio. 2 liamba: cnhamo, maconha. (Linhas tortas, 1971.) Indique a expresso empregada pelo cronista que ilustra seu argumento sobre a adoo do futebol no serto:
(UNESP - 2015 - 1 FASE) As questes de nmeros 06 a 10 focalizam uma passagem de um artigo de Cludia Vassallo. Aliadas ou concorrentes Alguns nmeros: nos Estados Unidos, 60% dos formados em universidades so mulheres. Metade das europeias que esto no mercado de trabalho passou por universidades. No Japo, as mulheres tm nveis semelhantes de educao, mas deixam o mercado assim que se casam e tm filhos. A tradio joga contra a economia. O governo credita parte da estagnao dos ltimos anos ausncia de participao feminina no mercado de trabalho. As brasileiras avanam mais rpido na educao. Atualmente, 12% das mulheres tm diploma universitrio ante 10% dos homens. Metade das garotas de 15 entrevistadas numa pesquisa da OCDE1 disse pretender fazer carreira em engenharia e cincias reas especialmente promissoras. [...] Agora, a condio de minoria vai caindo por terra e os padres de comportamento comeam a mudar. Cada vez menos mulheres esto dispostas a abdicar de sua natureza em nome da carreira. No se trata de mudar a essncia do trabalho e das obrigaes que homens e mulheres tm de encarar. No se trata de trabalhar menos ou ter menos ambio. s uma questo de forma. muito provvel que legisladores e empresas tenham de ser mais flexveis para abrigar mulheres de talento que no desistiram do papel de me. Porque, de fato, essa a grande e nica questo de gnero que importa. Mais fortalecidas e mais preparadas, as mulheres tero um lugar ao sol nas empresas do jeito que so ou desistiro delas, porque sero capazes de ganhar dinheiro de outra forma. H 8,3 milhes de empresas lideradas por mulheres nos Estados Unidos o tipo de empreendedorismo que mais cresce no pas. De acordo com um estudo da EY2 , o Brasil tem 10,4 milhes de empreendedoras, o maior ndice entre as 20 maiores economias. Um nmero crescente delas tem migrado das grandes empresas para o prprio negcio. Os fatos mostram: as empresas em todo o mundo tero, mais cedo ou mais tarde, de decidir se querem ter metade da populao como aliada ou como concorrente. (Exame, outubro de 2013.) 2OCDE: Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico. 2EY: Organizao global com o objetivo de auxiliar seus clientes a fortalecerem seus negcios ao redor do mundo. Em sua argumentao, a autora revela que a importncia da presena das mulheres em atividades empresariais se deve, entre outros, a um motivo de ordem estatstica:
(UNESP - 2015 - 1 FASE )As questes de nmeros 06 a 10 focalizam uma passagem de um artigo de Cludia Vassallo. Aliadas ou concorrentes Alguns nmeros: nos Estados Unidos, 60% dos formados em universidades so mulheres. Metade das europeias que esto no mercado de trabalho passou por universidades. No Japo, as mulheres tm nveis semelhantes de educao, mas deixam o mercado assim que se casam e tm filhos. A tradio joga contra a economia. O governo credita parte da estagnao dos ltimos anos ausncia de participao feminina no mercado de trabalho. As brasileiras avanam mais rpido na educao. Atualmente, 12% das mulheres tm diploma universitrio ante 10% dos homens. Metade das garotas de 15 entrevistadas numa pesquisa da OCDE1 disse pretender fazer carreira em engenharia e cincias reas especialmente promissoras. [...] Agora, a condio de minoria vai caindo por terra e os padres de comportamento comeam a mudar. Cada vez menos mulheres esto dispostas a abdicar de sua natureza em nome da carreira. No se trata de mudar a essncia do trabalho e das obrigaes que homens e mulheres tm de encarar. No se trata de trabalhar menos ou ter menos ambio. s uma questo de forma. muito provvel que legisladores e empresas tenham de ser mais flexveis para abrigar mulheres de talento que no desistiram do papel de me. Porque, de fato, essa a grande e nica questo de gnero que importa. Mais fortalecidas e mais preparadas, as mulheres tero um lugar ao sol nas empresas do jeito que so ou desistiro delas, porque sero capazes de ganhar dinheiro de outra forma. H 8,3 milhes de empresas lideradas por mulheres nos Estados Unidos o tipo de empreendedorismo que mais cresce no pas. De acordo com um estudo da EY2 , o Brasil tem 10,4 milhes de empreendedoras, o maior ndice entre as 20 maiores economias. Um nmero crescente delas tem migrado das grandes empresas para o prprio negcio. Os fatos mostram: as empresas em todo o mundo tero, mais cedo ou mais tarde, de decidir se querem ter metade da populao como aliada ou como concorrente. (Exame, outubro de 2013.) 1 OCDE: Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico. 2 EY: Organizao global com o objetivo de auxiliar seus clientes a fortalecerem seus negcios ao redor do mundo. Desde o ttulo do artigo, que retomado no ltimo pargrafo, os argumentos da autora so motivados por um fato no referido de modo ostensivo, ou seja,
(UNESP - 2015/2 - 1 FASE)Aquesto focalizaum trecho de uma crnica do escritor Graciliano Ramos (1892-1953). Para chegar ao soberbo resultado de transformar a banha em fibra, a vem o futebol. Mas por que o futebol? No seria, porventura, melhor exercitar-se a mocidade em jogos nacionais, sem mescla de estrangeirismo, o murro, o cacete, a faca de ponta, por exemplo? No que me repugne a introduo de coisas exticas entre ns. Mas gosto de indagar se elas sero assimilveis ou no. No caso afirmativo, seja muito bem-vinda a instituio alheia, fecundemo-la, arranjemos nela um filho hbrido que possa viver c em casa. De outro modo, resignemo-nos s broncas tradies dos sertanejos e dos matutos. Ora, parece-me que o futebol no se adapta a estas boas paragens do cangao. roupa de emprstimo, que no nos serve. Para que um costume intruso possa estabelecer-se definitivamente em um pas necessrio, no s que se harmonize com a ndole do povo que o vai receber, mas que o lugar a ocupar no esteja tomado por outro mais antigo, de cunho indgena. preciso, pois, que v preencher uma lacuna, como diz o chavo. O do futebol no preenche coisa nenhuma, pois j temos a muito conhecida bola de palha de milho, que nossos amadores mambembes1jogam com uma percia que deixaria o mais experimentado sportman britnico de queixo cado. Os campees brasileiros no teriam feito a figura triste que fizeram em Anturpia se a bola figurasse nos programas das Olimpadas e estivessem a disput-la quatro sujeitos de pulso. Apenas um representante nosso conseguiu ali distinguir-se, no tiro de revlver, o que pouco lisonjeiro para a vaidade de um pas em que se fala tanto. Aqui seria muito mais fcil o indivduo salientar-se no tiro de espingarda umbiguda, emboscado atrs de um pau. Temos esportes em quantidade. Para que metermos o bedelho em coisas estrangeiras? O futebol no pega, tenham a certeza. No vale o argumento de que ele tem ganho terreno nas capitais de importncia. No confundamos. As grandes cidades esto no litoral; isto aqui diferente, serto. As cidades regurgitam de gente de outras raas ou que pretende ser de outras raas; ns somos mais ou menos botocudos, com laivos de sangue cabinda e galego. Nas cidades os viciados elegantes absorvem o pio, a cocana, a morfina; por aqui h pessoas que ainda fumam liamba2. 1 mambembe: medocre, reles, de baixa condio. 2 liamba: cnhamo, maconha. (Linhas tortas, 1971.) A argumentao construda ao longo da crnica estabelece uma oposio entre
(UNESP - 2015/2 - 1 FASE) Aquesto focalizaum trecho de uma crnica do escritor Graciliano Ramos (1892-1953). Para chegar ao soberbo resultado de transformar a banha em fibra, a vem o futebol. Mas por que o futebol? No seria, porventura, melhor exercitar-se a mocidade em jogos nacionais, sem mescla de estrangeirismo, o murro, o cacete, a faca de ponta, por exemplo? No que me repugne a introduo de coisas exticas entre ns. Mas gosto de indagar se elas sero assimilveis ou no. No caso afirmativo, seja muito bem-vinda a instituio alheia, fecundemo-la, arranjemos nela um filho hbrido que possa viver c em casa. De outro modo, resignemo-nos s broncas tradies dos sertanejos e dos matutos. Ora, parece-me que o futebol no se adapta a estas boas paragens do cangao. roupa de emprstimo, que no nos serve. Para que um costume intruso possa estabelecer-se definitivamente em um pas necessrio, no s que se harmonize com a ndole do povo que o vai receber, mas que o lugar a ocupar no esteja tomado por outro mais antigo, de cunho indgena. preciso, pois, que v preencher uma lacuna, como diz o chavo. O do futebol no preenche coisa nenhuma, pois j temos a muito conhecida bola de palha de milho, que nossos amadores mambembes1jogam com uma percia que deixaria o mais experimentado sportman britnico de queixo cado. Os campees brasileiros no teriam feito a figura triste que fizeram em Anturpia se a bola figurasse nos programas das Olimpadas e estivessem a disput-la quatro sujeitos de pulso. Apenas um representante nosso conseguiu ali distinguir-se, no tiro de revlver, o que pouco lisonjeiro para a vaidade de um pas em que se fala tanto. Aqui seria muito mais fcil o indivduo salientar-se no tiro de espingarda umbiguda, emboscado atrs de um pau. Temos esportes em quantidade. Para que metermos o bedelho em coisas estrangeiras? O futebol no pega, tenham a certeza. No vale o argumento de que ele tem ganho terreno nas capitais de importncia. No confundamos. As grandes cidades esto no litoral; isto aqui diferente, serto. As cidades regurgitam de gente de outras raas ou que pretende ser de outras raas; ns somos mais ou menos botocudos, com laivos de sangue cabinda e galego. Nas cidades os viciados elegantes absorvem o pio, a cocana, a morfina; por aqui h pessoas que ainda fumam liamba2. 1 mambembe: medocre, reles, de baixa condio. 2 liamba: cnhamo, maconha. (Linhas tortas, 1971.) Na orao O do futebol no preenche coisa nenhuma (7o pargrafo) omitida, por elipse, uma palavra empregada anteriormente:
(UNESP - 2015 - 1 FASE )As questes de nmeros 06 a 10 focalizam uma passagem de um artigo de Cludia Vassallo. Aliadas ou concorrentes Alguns nmeros: nos Estados Unidos, 60% dos formados em universidades so mulheres. Metade das europeias que esto no mercado de trabalho passou por universidades. No Japo, as mulheres tm nveis semelhantes de educao, mas deixam o mercado assim que se casam e tm filhos. A tradio joga contra a economia. O governo credita parte da estagnao dos ltimos anos ausncia de participao feminina no mercado de trabalho. As brasileiras avanam mais rpido na educao. Atualmente, 12% das mulheres tm diploma universitrio ante 10% dos homens. Metade das garotas de 15 entrevistadas numa pesquisa da OCDE1 disse pretender fazer carreira em engenharia e cincias reas especialmente promissoras. [...] Agora, a condio de minoria vai caindo por terra e os padres de comportamento comeam a mudar. Cada vez menos mulheres esto dispostas a abdicar de sua natureza em nome da carreira. No se trata de mudar a essncia do trabalho e das obrigaes que homens e mulheres tm de encarar. No se trata de trabalhar menos ou ter menos ambio. s uma questo de forma. muito provvel que legisladores e empresas tenham de ser mais flexveis para abrigar mulheres de talento que no desistiram do papel de me. Porque, de fato, essa a grande e nica questo de gnero que importa. Mais fortalecidas e mais preparadas, as mulheres tero um lugar ao sol nas empresas do jeito que so ou desistiro delas, porque sero capazes de ganhar dinheiro de outra forma. H 8,3 milhes de empresas lideradas por mulheres nos Estados Unidos o tipo de empreendedorismo que mais cresce no pas. De acordo com um estudo da EY2 , o Brasil tem 10,4 milhes de empreendedoras, o maior ndice entre as 20 maiores economias. Um nmero crescente delas tem migrado das grandes empresas para o prprio negcio. Os fatos mostram: as empresas em todo o mundo tero, mais cedo ou mais tarde, de decidir se querem ter metade da populao como aliada ou como concorrente. (Exame, outubro de 2013.) 1 OCDE: Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico. 2 EY: Organizao global com o objetivo de auxiliar seus clientes a fortalecerem seus negcios ao redor do mundo. No ltimo pargrafo, focalizando o mercado de trabalho mundial, a autora sugere que as grandes empresas atuais
(UNESP - 2015 - 1 FASE )Para responder s questes de nmeros 11 a 15, leia o poema de Catulo da Paixo Cearense (1863-1946). O Azulo e os tico-ticos Do comeo ao fim do dia, um belo Azulo cantava, e o pomar que atento ouvia o seus trilos de harmonia, 5 cada vez mais se enflorava. Se um tico-tico e outras aves vaiavam sua cano... mais doce ainda se ouvia a flauta desse Azulo. 10 Um papagaio, surpreso de ver o grande desprezo, do Azulo, que os desprezava, um dia em que ele cantava e um bando de tico-ticos 15 numa algazarra o vaiava, lhe perguntou: Azulo, olha, dize-me a razo por que, quando ests cantando e recebes uma vaia 20 desses garotos joviais, tu continuas gorgeando e cada vez canta mais?! Numas volatas sonoras, o Azulo lhe respondeu: 25 Caro Amigo! Eu prezo muito esta garganta sublime e esta voz maravilhosa... este dom que Deus me deu! Quando, h pouco, eu descantava, 30 pensando no ser ouvido nestes matos por ningum, um Sabi*, que me escutava, num capoeiro, escondido, gritou de l: meu colega, 35 bravos! Bravos... muito bem! Pergunto agora a voc: quem foi um dia aplaudido pelo prncipe dos cantos de celestes harmonias, 40 (irmo de Gonalves Dias, um dos cantores mais ricos...) que caso pode fazer das vaias dos tico-ticos? * Nota do editor: Simbolicamente, Rui Barbosa est representado neste Sabi, pois foi a guia de Haia um dos maiores admiradores de Catulo e prefaciador do seu livro Poemas bravios. (Poemas escolhidos, s/d.) Tomando por base a leitura do poema, verifica-se que o pomar, mencionado na primeira estrofe, apresentado como
(UNESP - 2015/2 - 1 FASE) Ao Prncipe Pela estrada da vida subi morros, Desci ladeiras e, afinal, te digo Que, se entre amigos encontrei cachorros, Entre os cachorros encontrei-te, amigo! Para insultar algum hoje recorro A novos nomes feios, porque vi Que elogio a quem chame de cachorro, Depois que este cachorro conheci. (Fernando Ges (org.). Panorama da poesia brasileira, vol. 5, 1960.) No poema de Belmiro Braga, a diferena expressiva mais relevante entre as duas ocorrncias da palavra cachorros consiste no fato de que: