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Questões de Português - UNESP | Gabarito e resoluções

Questão 29
2011Português

(UNESP - 2011/2 - 2 FASE) A questo toma por base um poema deMrio Faustino (1930-1962) e um fragmento do artigo Viagem ao dio dos irmos siameses, publicado na Folha de S.Paulo pelo jornalista Clvis Rossi (1943-). Estava l Aquiles, que abraava Estava l Aquiles, que abraava Enfim Heitor, secreto personagem Do sonho que na tenda o torturava; Estava l Saul, tendo por pajem Davi, que ao som da ctara cantava; E estavam l seteiros que pensavam Sebastio e as chagas que o mataram. Nesse jardim, quantos as mos deixavam Levar aos lbios que os atraioaram! Era a cidade exata, aberta, clara: Estava l o arcanjo incendiado Sentado aos ps de quem desafiara; E estava l um deus crucificado Beijando uma vez mais o enforcado. (Mrio Faustino. Poesia de Mrio Faustino. Rio de Janeiro: Editora Civilizao Brasileira, 1966, p. 85.) Viagem ao dio dos irmos siameses O sangue mais recente a correr no conflito entre israelenses e palestinos apareceu perto da cidade de Hebron, na terafeira, dia em que foram assassinados quatro judeus que moravam em um assentamento prximo. Visitar Hebron como colocar sob uma lupa as razes do conflito e do comportamento das duas tribos. Fiz duas incurses pela cidade que tem forte carga mstica e histrica e por isso mesmo explosiva. Reproduzo o relato publicado pela Folha no dia 21 de janeiro de 1996, ano da primeira eleio palestina (janeiro) e de importante eleio em Israel (abril), para pr a lupa ao alcance do leitor: Segue-se o texto na ntegra: uma nica pessoa, cultuada por muulmanos e por judeus. Chama-se Avraham (Abrao, para os judeus) ou Ibrahimi (para os muulmanos) ou Al Khalil er Rahman, Amigo do Senhor. No tmulo, no entanto, Abrao/Ibrahimi so dois. O sepulcro fica na mesquita de Ibrahimi, em Hebron (35 km ao sul de Jerusalm), ou, como preferem os judeus, na caverna de Machpel. Foi l, ao lado do tmulo, que, em fevereiro de 1994, um mdico judeu fantico, Baruch Goldstein, entrou atirando contra muulmanos que oravam. Matou 29. A partir de ento, as autoridades israelenses dividiram em duas partes a mesquita/caverna. Uma entrada reservada s para judeus. A outra, para muulmanos ou no-judeus em geral. Cada um chega por seu lado tumba de Abrao/Ibrahimi. Cada um v de um ngulo diferente o sepulcro coberto por uma tapearia em que se l, em rabe: Esta a tumba do profeta Ibrahimi, que descanse em paz. No descansou nos sculos que se seguiram, e sua histria acaba sendo a sntese da histria de Israel e dos palestinos. So irmos siameses, que amam odiar-se, condenados a conviver no mesmo corpo de 89 351 km2(pouco mais de 1% do territrio brasileiro). Ou, como prefere o mais conhecido escritor israelense, Amos Oz, um pacifista: O conflito entre israelenses e palestinos um conflito entre um direito e outro direito: eles tm direito aos territrios porque seus antepassados os haviam habitado faz 1 300 anos; ns temos direito aos territrios porque nossos antepassados os habitam h milhares de anos e no temos outra ptria. Por isso, Oz sugere dividir os territrios. No existe outra sada ao crculo de violncia. A eleio palestina faz parte do processo de diviso dos siameses, inevitavelmente dolorosa e de resultado incerto como qualquer cirurgia de grande porte. (...) A julgar pela disposio das duas partes, Abrao/Ibrahimi continuaro sendo dois na tumba da mesquita/caverna. (...) (Clvis Rossi. Folha Online, 02.09.2010.) No poema de Mrio Faustino empregado por cinco vezes o advrbio l como referncia genrica a um lugar. Por duas vezes, no entanto, surgem substantivos que especificam o sentido desse l. Aponte esses substantivos.

Questão 29
2011Português

(UNESP - 2011 - 2 FASE) INSTRUO: Aquestotomapor base um texto que integra uma reportagem da revista Fotografe Melhor e fragmentos de um artigo de Elisabeth Seraphim Prosser, professora e pesquisadora de Histria da Arte e de Metodologia da Pesquisa Cientfica da Escola de Msica e Belas Artes do Paran. Manifestao surgiu em Nova York nos anos de 1970 Muitos encaram o grafite como uma mera interveno no visual das cidades. Outros enxergam uma manifestao social. E h quem o associe com vandalismo, pichao... Mas um crescente pblico prefere contempl-lo como uma instigante, provocadora e fenomenal linguagem artstica. O grafite uma forma de expresso social e artstica que teve origem em Nova York, EUA, nos anos de 1970. O novaiorquino Jean- Michel Basquiat foi o primeiro grafiteiro a ser reconhecido como artista plstico, tendo sido amigo e colaborador do consagrado Andy Warhol a vida de Basquiat, alis, mereceu at filme, lanado em 1996. A chegada ao Brasil tambm foi nos anos de 1970, na bagagem do artista etope Alex Vallauri e se popularizou por aqui. Desde a dcada de 1990 pura efervescncia. Irreverente, a arte das ruas colocou prova a criatividade juvenil e deu uma chance bastante democrtica de expresso, que conquistou, alm dos espaos pblicos, um lugar na cultura nacional. Uma arte alternativa, que saiu dos guetos para invadir regies centrais e privilegiadas em quase todo o Ocidente. Hoje, vista da sociedade e totalmente integrada ao cotidiano do cidado brasileiro, a arte de rua provoca e, ao mesmo tempo, lembra a existncia de minorias desfavorecidas e suas demandas por meio de coloridos desenhos que atraem a ateno. Essa manifestao avanou no campo artstico e vem conquistando superfcies em ambientes at ento improvveis: do interior de famosas galerias s fachadas externas de museus, como o Tate Modern, de Londres, que em 2008 (maio a setembro) teve a famosa parede de tijolinhos transformada em monumentais painis grafitados (25 metros) pelas mos, sprays e talento de grafiteiros de vrios lugares do planeta, convidados para esse desafio, com destaque para os brasileiros Nunca e os artistas-irmos Osgmeos. (Fotografe Melhor. Um show de cores se revela na arte dos grafites. So Paulo: Editora Europa, ano 14, n. 161, fevereiro 2010.) Do vandalismo anrquico arte politicamente comprometida Quanto manifestao da arte de rua em si, pode-se afirmar que ela abrange desde o vandalismo anrquico at a arte politicamente comprometida. Vai da pichao, cujo propsito sujar, incomodar, agredir, chamar a ateno sobre determinado espao urbano ou simplesmente desafiar a sociedade estabelecida e a autoridade, at o lambe-lambe e o graffiti, nos quais se pretende criticar e transformar o status quo. (...) O transeunte (...) geralmente ignora, rechaa ou destri essa arte, considerando-a sujeira, usurpao do seu direito a uma paisagem esterilizada, uma invaso do seu espao (s vezes privado, s vezes pblico), uma afronta mente inteligente. Escolhe no olh-la, no observ-la, no ler nas suas entrelinhas e nos espaos entre seus rabiscos ou entre seus traos elaborados. Confunde o graffiti com a pichao, isto , a arte com o vandalismo (...). No entanto, em documentrios e em entrevistas com vrios artistas de rua em Curitiba em 2005 e 2006, pde-se constatar que essa concepo , na maioria dos casos, improcedente. Grande parte dos escritores de graffiti e dos artistas envolvidos com o lambe-lambe no apenas estuda ou trabalha, mas tem rendimento bom ou timo na sua escola ou no seu emprego. De acordo com a pesquisa ora em andamento, o artista de rua curitibano mora tanto na periferia quanto no centro, oriundo tanto de famlias de baixa renda como de outras economicamente mais favorecidas. Seu nvel de instruo varia do fundamental incompleto ao mdio e ao superior, encontrando-se entre eles inclusive funcionrios de rgos culturais e educacionais da cidade, bem como profissionais liberais, arquitetos, publicitrios, designers e artistas plsticos, entre outros. Pde-se perceber, tambm, que suas preocupaes polticas, sua conscincia quanto ecologia e ao meio ambiente natural ou urbano, seu engajamento voluntrio ou profissional em organizaes educacionais e assistencialistas so uma constante. (Elisabeth Seraphim Prosser. Compromisso e sociedade no graffiti, na pichao e no lambe-lambe em Curitiba (2004-2006). Anais Frum de Pesquisa Cientfica em Arte. Escola de Msica e Belas Artes do Paran. Curitiba, 2006-2007.) As intervenes urbanas conhecidas como grafite, pichao, lambe-lambe e outras so muitas vezes apontadas como perturbaes e sujeira. Os dois textos apresentados, todavia, analisam a questo com maior abertura crtica. Com base no que informam, levante dois aspectos que refutam a afirmao segundo a qual a arte de rua produto de desocupados, malandros e arruaceiros.

Questão 30
2011Português

(UNESP - 2011/2 - 2 FASE) A questo toma por base um poema deMrio Faustino (1930-1962) e um fragmento do artigo Viagem ao dio dos irmos siameses, publicado na Folha de S.Paulo pelo jornalista Clvis Rossi (1943-). Estava l Aquiles, que abraava Estava l Aquiles, que abraava Enfim Heitor, secreto personagem Do sonho que na tenda o torturava; Estava l Saul, tendo por pajem Davi, que ao som da ctara cantava; E estavam l seteiros que pensavam Sebastio e as chagas que o mataram. Nesse jardim, quantos as mos deixavam Levar aos lbios que os atraioaram! Era a cidade exata, aberta, clara: Estava l o arcanjo incendiado Sentado aos ps de quem desafiara; E estava l um deus crucificado Beijando uma vez mais o enforcado. (Mrio Faustino. Poesia de Mrio Faustino. Rio de Janeiro: Editora Civilizao Brasileira, 1966, p. 85.) Viagem ao dio dos irmos siameses O sangue mais recente a correr no conflito entre israelenses e palestinos apareceu perto da cidade de Hebron, na terafeira, dia em que foram assassinados quatro judeus que moravam em um assentamento prximo. Visitar Hebron como colocar sob uma lupa as razes do conflito e do comportamento das duas tribos. Fiz duas incurses pela cidade que tem forte carga mstica e histrica e por isso mesmo explosiva. Reproduzo o relato publicado pela Folha no dia 21 de janeiro de 1996, ano da primeira eleio palestina (janeiro) e de importante eleio em Israel (abril), para pr a lupa ao alcance do leitor: Segue-se o texto na ntegra: uma nica pessoa, cultuada por muulmanos e por judeus. Chama-se Avraham (Abrao, para os judeus) ou Ibrahimi (para os muulmanos) ou Al Khalil er Rahman, Amigo do Senhor. No tmulo, no entanto, Abrao/Ibrahimi so dois. O sepulcro fica na mesquita de Ibrahimi, em Hebron (35 km ao sul de Jerusalm), ou, como preferem os judeus, na caverna de Machpel. Foi l, ao lado do tmulo, que, em fevereiro de 1994, um mdico judeu fantico, Baruch Goldstein, entrou atirando contra muulmanos que oravam. Matou 29. A partir de ento, as autoridades israelenses dividiram em duas partes a mesquita/caverna. Uma entrada reservada s para judeus. A outra, para muulmanos ou no-judeus em geral. Cada um chega por seu lado tumba de Abrao/Ibrahimi. Cada um v de um ngulo diferente o sepulcro coberto por uma tapearia em que se l, em rabe: Esta a tumba do profeta Ibrahimi, que descanse em paz. No descansou nos sculos que se seguiram, e sua histria acaba sendo a sntese da histria de Israel e dos palestinos. So irmos siameses, que amam odiar-se, condenados a conviver no mesmo corpo de 89 351 km2(pouco mais de 1% do territrio brasileiro). Ou, como prefere o mais conhecido escritor israelense, Amos Oz, um pacifista: O conflito entre israelenses e palestinos um conflito entre um direito e outro direito: eles tm direito aos territrios porque seus antepassados os haviam habitado faz 1 300 anos; ns temos direito aos territrios porque nossos antepassados os habitam h milhares de anos e no temos outra ptria. Por isso, Oz sugere dividir os territrios. No existe outra sada ao crculo de violncia. A eleio palestina faz parte do processo de diviso dos siameses, inevitavelmente dolorosa e de resultado incerto como qualquer cirurgia de grande porte. (...) A julgar pela disposio das duas partes, Abrao/Ibrahimi continuaro sendo dois na tumba da mesquita/caverna. (...) (Clvis Rossi. Folha Online, 02.09.2010.) Explique por que o comportamento que as personagens apresentam no poema contribui para sintetizar a proposta de um mundo ideal, utpico, governado por um s sentimento.

Questão 30
2011Português

(UNESP - 2011 - 2 FASE) INSTRUO: Aquestotomapor base um texto que integra uma reportagem da revista Fotografe Melhor e fragmentos de um artigo de Elisabeth Seraphim Prosser, professora e pesquisadora de Histria da Arte e de Metodologia da Pesquisa Cientfica da Escola de Msica e Belas Artes do Paran. Manifestao surgiu em Nova York nos anos de 1970 Muitos encaram o grafite como uma mera interveno no visual das cidades. Outros enxergam uma manifestao social. E h quem o associe com vandalismo, pichao... Mas um crescente pblico prefere contempl-lo como uma instigante, provocadora e fenomenal linguagem artstica. O grafite uma forma de expresso social e artstica que teve origem em Nova York, EUA, nos anos de 1970. O novaiorquino Jean- Michel Basquiat foi o primeiro grafiteiro a ser reconhecido como artista plstico, tendo sido amigo e colaborador do consagrado Andy Warhol a vida de Basquiat, alis, mereceu at filme, lanado em 1996. A chegada ao Brasil tambm foi nos anos de 1970, na bagagem do artista etope Alex Vallauri e se popularizou por aqui. Desde a dcada de 1990 pura efervescncia. Irreverente, a arte das ruas colocou prova a criatividade juvenil e deu uma chance bastante democrtica de expresso, que conquistou, alm dos espaos pblicos, um lugar na cultura nacional. Uma arte alternativa, que saiu dos guetos para invadir regies centrais e privilegiadas em quase todo o Ocidente. Hoje, vista da sociedade e totalmente integrada ao cotidiano do cidado brasileiro, a arte de rua provoca e, ao mesmo tempo, lembra a existncia de minorias desfavorecidas e suas demandas por meio de coloridos desenhos que atraem a ateno. Essa manifestao avanou no campo artstico e vem conquistando superfcies em ambientes at ento improvveis: do interior de famosas galerias s fachadas externas de museus, como o Tate Modern, de Londres, que em 2008 (maio a setembro) teve a famosa parede de tijolinhos transformada em monumentais painis grafitados (25 metros) pelas mos, sprays e talento de grafiteiros de vrios lugares do planeta, convidados para esse desafio, com destaque para os brasileiros Nunca e os artistas-irmos Osgmeos. (Fotografe Melhor. Um show de cores se revela na arte dos grafites. So Paulo: Editora Europa, ano 14, n. 161, fevereiro 2010.) Do vandalismo anrquico arte politicamente comprometida Quanto manifestao da arte de rua em si, pode-se afirmar que ela abrange desde o vandalismo anrquico at a arte politicamente comprometida. Vai da pichao, cujo propsito sujar, incomodar, agredir, chamar a ateno sobre determinado espao urbano ou simplesmente desafiar a sociedade estabelecida e a autoridade, at o lambe-lambe e o graffiti, nos quais se pretende criticar e transformar o status quo. (...) O transeunte (...) geralmente ignora, rechaa ou destri essa arte, considerando-a sujeira, usurpao do seu direito a uma paisagem esterilizada, uma invaso do seu espao (s vezes privado, s vezes pblico), uma afronta mente inteligente. Escolhe no olh-la, no observ-la, no ler nas suas entrelinhas e nos espaos entre seus rabiscos ou entre seus traos elaborados. Confunde o graffiti com a pichao, isto , a arte com o vandalismo (...). No entanto, em documentrios e em entrevistas com vrios artistas de rua em Curitiba em 2005 e 2006, pde-se constatar que essa concepo , na maioria dos casos, improcedente. Grande parte dos escritores de graffiti e dos artistas envolvidos com o lambe-lambe no apenas estuda ou trabalha, mas tem rendimento bom ou timo na sua escola ou no seu emprego. De acordo com a pesquisa ora em andamento, o artista de rua curitibano mora tanto na periferia quanto no centro, oriundo tanto de famlias de baixa renda como de outras economicamente mais favorecidas. Seu nvel de instruo varia do fundamental incompleto ao mdio e ao superior, encontrando-se entre eles inclusive funcionrios de rgos culturais e educacionais da cidade, bem como profissionais liberais, arquitetos, publicitrios, designers e artistas plsticos, entre outros. Pde-se perceber, tambm, que suas preocupaes polticas, sua conscincia quanto ecologia e ao meio ambiente natural ou urbano, seu engajamento voluntrio ou profissional em organizaes educacionais e assistencialistas so uma constante. (Elisabeth Seraphim Prosser. Compromisso e sociedade no graffiti, na pichao e no lambe-lambe em Curitiba (2004-2006). Anais Frum de Pesquisa Cientfica em Arte. Escola de Msica e Belas Artes do Paran. Curitiba, 2006-2007.) Partindo da mxima segundo a qual um exemplo vale mais do que mil palavras, aponte o que o autor do texto da revista Fotografe Melhor deixa bvio ao leitor, sob o ponto de vista esttico, ao mencionar, no pargrafo final, o fato de que artistas de rua foram convidados a pintar fachadas externas do museu Tate Modern de Londres.

Questão 31
2011Português

(UNESP - 2011 - 2 FASE) INSTRUO: Aquestotomapor base um texto que integra uma reportagem da revista Fotografe Melhor e fragmentos de um artigo de Elisabeth Seraphim Prosser, professora e pesquisadora de Histria da Arte e de Metodologia da Pesquisa Cientfica da Escola de Msica e Belas Artes do Paran. Manifestao surgiu em Nova York nos anos de 1970 Muitos encaram o grafite como uma mera interveno no visual das cidades. Outros enxergam uma manifestao social. E h quem o associe com vandalismo, pichao... Mas um crescente pblico prefere contempl-lo como uma instigante, provocadora e fenomenal linguagem artstica. O grafite uma forma de expresso social e artstica que teve origem em Nova York, EUA, nos anos de 1970. O novaiorquino Jean- Michel Basquiat foi o primeiro grafiteiro a ser reconhecido como artista plstico, tendo sido amigo e colaborador do consagrado Andy Warhol a vida de Basquiat, alis, mereceu at filme, lanado em 1996. A chegada ao Brasil tambm foi nos anos de 1970, na bagagem do artista etope Alex Vallauri e se popularizou por aqui. Desde a dcada de 1990 pura efervescncia. Irreverente, a arte das ruas colocou prova a criatividade juvenil e deu uma chance bastante democrtica de expresso, que conquistou, alm dos espaos pblicos, um lugar na cultura nacional. Uma arte alternativa, que saiu dos guetos para invadir regies centrais e privilegiadas em quase todo o Ocidente. Hoje, vista da sociedade e totalmente integrada ao cotidiano do cidado brasileiro, a arte de rua provoca e, ao mesmo tempo, lembra a existncia de minorias desfavorecidas e suas demandas por meio de coloridos desenhos que atraem a ateno. Essa manifestao avanou no campo artstico e vem conquistando superfcies em ambientes at ento improvveis: do interior de famosas galerias s fachadas externas de museus, como o Tate Modern, de Londres, que em 2008 (maio a setembro) teve a famosa parede de tijolinhos transformada em monumentais painis grafitados (25 metros) pelas mos, sprays e talento de grafiteiros de vrios lugares do planeta, convidados para esse desafio, com destaque para os brasileiros Nunca e os artistas-irmos Osgmeos. (Fotografe Melhor. Um show de cores se revela na arte dos grafites. So Paulo: Editora Europa, ano 14, n. 161, fevereiro 2010.) Do vandalismo anrquico arte politicamente comprometida Quanto manifestao da arte de rua em si, pode-se afirmar que ela abrange desde o vandalismo anrquico at a arte politicamente comprometida. Vai da pichao, cujo propsito sujar, incomodar, agredir, chamar a ateno sobre determinado espao urbano ou simplesmente desafiar a sociedade estabelecida e a autoridade, at o lambe-lambe e o graffiti, nos quais se pretende criticar e transformar o status quo. (...) O transeunte (...) geralmente ignora, rechaa ou destri essa arte, considerando-a sujeira, usurpao do seu direito a uma paisagem esterilizada, uma invaso do seu espao (s vezes privado, s vezes pblico), uma afronta mente inteligente. Escolhe no olh-la, no observ-la, no ler nas suas entrelinhas e nos espaos entre seus rabiscos ou entre seus traos elaborados. Confunde o graffiti com a pichao, isto , a arte com o vandalismo (...). No entanto, em documentrios e em entrevistas com vrios artistas de rua em Curitiba em 2005 e 2006, pde-se constatar que essa concepo , na maioria dos casos, improcedente. Grande parte dos escritores de graffiti e dos artistas envolvidos com o lambe-lambe no apenas estuda ou trabalha, mas tem rendimento bom ou timo na sua escola ou no seu emprego. De acordo com a pesquisa ora em andamento, o artista de rua curitibano mora tanto na periferia quanto no centro, oriundo tanto de famlias de baixa renda como de outras economicamente mais favorecidas. Seu nvel de instruo varia do fundamental incompleto ao mdio e ao superior, encontrando-se entre eles inclusive funcionrios de rgos culturais e educacionais da cidade, bem como profissionais liberais, arquitetos, publicitrios, designers e artistas plsticos, entre outros. Pde-se perceber, tambm, que suas preocupaes polticas, sua conscincia quanto ecologia e ao meio ambiente natural ou urbano, seu engajamento voluntrio ou profissional em organizaes educacionais e assistencialistas so uma constante. (Elisabeth Seraphim Prosser. Compromisso e sociedade no graffiti, na pichao e no lambe-lambe em Curitiba (2004-2006). Anais Frum de Pesquisa Cientfica em Arte. Escola de Msica e Belas Artes do Paran. Curitiba, 2006-2007.) O transeunte () geralmente ignora, rechaa ou destri essa arte, considerando-a sujeira, usurpao do seu direito a uma paisagem esterilizada,

Questão 31
2011Português

(UNESP - 2011/2 - 2 FASE) A questo toma por base um poema deMrio Faustino (1930-1962) e um fragmento do artigo Viagem ao dio dos irmos siameses, publicado na Folha de S.Paulo pelo jornalista Clvis Rossi (1943-). Estava l Aquiles, que abraava Estava l Aquiles, que abraava Enfim Heitor, secreto personagem Do sonho que na tenda o torturava; Estava l Saul, tendo por pajem Davi, que ao som da ctara cantava; E estavam l seteiros que pensavam Sebastio e as chagas que o mataram. Nesse jardim, quantos as mos deixavam Levar aos lbios que os atraioaram! Era a cidade exata, aberta, clara: Estava l o arcanjo incendiado Sentado aos ps de quem desafiara; E estava l um deus crucificado Beijando uma vez mais o enforcado. (Mrio Faustino. Poesia de Mrio Faustino. Rio de Janeiro: Editora Civilizao Brasileira, 1966, p. 85.) Viagem ao dio dos irmos siameses O sangue mais recente a correr no conflito entre israelenses e palestinos apareceu perto da cidade de Hebron, na terafeira, dia em que foram assassinados quatro judeus que moravam em um assentamento prximo. Visitar Hebron como colocar sob uma lupa as razes do conflito e do comportamento das duas tribos. Fiz duas incurses pela cidade que tem forte carga mstica e histrica e por isso mesmo explosiva. Reproduzo o relato publicado pela Folha no dia 21 de janeiro de 1996, ano da primeira eleio palestina (janeiro) e de importante eleio em Israel (abril), para pr a lupa ao alcance do leitor: Segue-se o texto na ntegra: uma nica pessoa, cultuada por muulmanos e por judeus. Chama-se Avraham (Abrao, para os judeus) ou Ibrahimi (para os muulmanos) ou Al Khalil er Rahman, Amigo do Senhor. No tmulo, no entanto, Abrao/Ibrahimi so dois. O sepulcro fica na mesquita de Ibrahimi, em Hebron (35 km ao sul de Jerusalm), ou, como preferem os judeus, na caverna de Machpel. Foi l, ao lado do tmulo, que, em fevereiro de 1994, um mdico judeu fantico, Baruch Goldstein, entrou atirando contra muulmanos que oravam. Matou 29. A partir de ento, as autoridades israelenses dividiram em duas partes a mesquita/caverna. Uma entrada reservada s para judeus. A outra, para muulmanos ou no-judeus em geral. Cada um chega por seu lado tumba de Abrao/Ibrahimi. Cada um v de um ngulo diferente o sepulcro coberto por uma tapearia em que se l, em rabe: Esta a tumba do profeta Ibrahimi, que descanse em paz. No descansou nos sculos que se seguiram, e sua histria acaba sendo a sntese da histria de Israel e dos palestinos. So irmos siameses, que amam odiar-se, condenados a conviver no mesmo corpo de 89 351 km2(pouco mais de 1% do territrio brasileiro). Ou, como prefere o mais conhecido escritor israelense, Amos Oz, um pacifista: O conflito entre israelenses e palestinos um conflito entre um direito e outro direito: eles tm direito aos territrios porque seus antepassados os haviam habitado faz 1 300 anos; ns temos direito aos territrios porque nossos antepassados os habitam h milhares de anos e no temos outra ptria. Por isso, Oz sugere dividir os territrios. No existe outra sada ao crculo de violncia. A eleio palestina faz parte do processo de diviso dos siameses, inevitavelmente dolorosa e de resultado incerto como qualquer cirurgia de grande porte. (...) A julgar pela disposio das duas partes, Abrao/Ibrahimi continuaro sendo dois na tumba da mesquita/caverna. (...) (Clvis Rossi. Folha Online, 02.09.2010.) O artigo de Clvis Rossi focaliza o conflito terrvel que envolve israelenses e palestinos h muito tempo e parece longe de uma soluo. Explique a relao que h entre o ttulo do artigo Viagem ao dio dos irmos siameses e a expresso duas tribos, atribuda no contexto a palestinos e israelenses.

Questão 32
2011Português

(UNESP - 2011/2 - 2 FASE) A questo toma por base um poema deMrio Faustino (1930-1962) e um fragmento do artigo Viagem ao dio dos irmos siameses, publicado na Folha de S.Paulo pelo jornalista Clvis Rossi (1943-). Estava l Aquiles, que abraava Estava l Aquiles, que abraava Enfim Heitor, secreto personagem Do sonho que na tenda o torturava; Estava l Saul, tendo por pajem Davi, que ao som da ctara cantava; E estavam l seteiros que pensavam Sebastio e as chagas que o mataram. Nesse jardim, quantos as mos deixavam Levar aos lbios que os atraioaram! Era a cidade exata, aberta, clara: Estava l o arcanjo incendiado Sentado aos ps de quem desafiara; E estava l um deus crucificado Beijando uma vez mais o enforcado. (Mrio Faustino. Poesia de Mrio Faustino. Rio de Janeiro: Editora Civilizao Brasileira, 1966, p. 85.) Viagem ao dio dos irmos siameses O sangue mais recente a correr no conflito entre israelenses e palestinos apareceu perto da cidade de Hebron, na terafeira, dia em que foram assassinados quatro judeus que moravam em um assentamento prximo. Visitar Hebron como colocar sob uma lupa as razes do conflito e do comportamento das duas tribos. Fiz duas incurses pela cidade que tem forte carga mstica e histrica e por isso mesmo explosiva. Reproduzo o relato publicado pela Folha no dia 21 de janeiro de 1996, ano da primeira eleio palestina (janeiro) e de importante eleio em Israel (abril), para pr a lupa ao alcance do leitor: Segue-se o texto na ntegra: uma nica pessoa, cultuada por muulmanos e por judeus. Chama-se Avraham (Abrao, para os judeus) ou Ibrahimi (para os muulmanos) ou Al Khalil er Rahman, Amigo do Senhor. No tmulo, no entanto, Abrao/Ibrahimi so dois. O sepulcro fica na mesquita de Ibrahimi, em Hebron (35 km ao sul de Jerusalm), ou, como preferem os judeus, na caverna de Machpel. Foi l, ao lado do tmulo, que, em fevereiro de 1994, um mdico judeu fantico, Baruch Goldstein, entrou atirando contra muulmanos que oravam. Matou 29. A partir de ento, as autoridades israelenses dividiram em duas partes a mesquita/caverna. Uma entrada reservada s para judeus. A outra, para muulmanos ou no-judeus em geral. Cada um chega por seu lado tumba de Abrao/Ibrahimi. Cada um v de um ngulo diferente o sepulcro coberto por uma tapearia em que se l, em rabe: Esta a tumba do profeta Ibrahimi, que descanse em paz. No descansou nos sculos que se seguiram, e sua histria acaba sendo a sntese da histria de Israel e dos palestinos. So irmos siameses, que amam odiar-se, condenados a conviver no mesmo corpo de 89 351 km2(pouco mais de 1% do territrio brasileiro). Ou, como prefere o mais conhecido escritor israelense, Amos Oz, um pacifista: O conflito entre israelenses e palestinos um conflito entre um direito e outro direito: eles tm direito aos territrios porque seus antepassados os haviam habitado faz 1 300 anos; ns temos direito aos territrios porque nossos antepassados os habitam h milhares de anos e no temos outra ptria. Por isso, Oz sugere dividir os territrios. No existe outra sada ao crculo de violncia. A eleio palestina faz parte do processo de diviso dos siameses, inevitavelmente dolorosa e de resultado incerto como qualquer cirurgia de grande porte. (...) A julgar pela disposio das duas partes, Abrao/Ibrahimi continuaro sendo dois na tumba da mesquita/caverna. (...) (Clvis Rossi. Folha Online, 02.09.2010.) No tmulo, no entanto, Abrao/Ibrahimi so dois. A concordncia do predicativo no plural destaca, com expressividade, um fato abordado com bastante nfase pelo jornalista no artigo. Aponte esse fato.

Questão 32
2011Português

(UNESP - 2011 - 2 FASE) INSTRUO: Aquestotomapor base um texto que integra uma reportagem da revista Fotografe Melhor e fragmentos de um artigo de Elisabeth Seraphim Prosser, professora e pesquisadora de Histria da Arte e de Metodologia da Pesquisa Cientfica da Escola de Msica e Belas Artes do Paran. Manifestao surgiu em Nova York nos anos de 1970 Muitos encaram o grafite como uma mera interveno no visual das cidades. Outros enxergam uma manifestao social. E h quem o associe com vandalismo, pichao... Mas um crescente pblico prefere contempl-lo como uma instigante, provocadora e fenomenal linguagem artstica. O grafite uma forma de expresso social e artstica que teve origem em Nova York, EUA, nos anos de 1970. O novaiorquino Jean- Michel Basquiat foi o primeiro grafiteiro a ser reconhecido como artista plstico, tendo sido amigo e colaborador do consagrado Andy Warhol a vida de Basquiat, alis, mereceu at filme, lanado em 1996. A chegada ao Brasil tambm foi nos anos de 1970, na bagagem do artista etope Alex Vallauri e se popularizou por aqui. Desde a dcada de 1990 pura efervescncia. Irreverente, a arte das ruas colocou prova a criatividade juvenil e deu uma chance bastante democrtica de expresso, que conquistou, alm dos espaos pblicos, um lugar na cultura nacional. Uma arte alternativa, que saiu dos guetos para invadir regies centrais e privilegiadas em quase todo o Ocidente. Hoje, vista da sociedade e totalmente integrada ao cotidiano do cidado brasileiro, a arte de rua provoca e, ao mesmo tempo, lembra a existncia de minorias desfavorecidas e suas demandas por meio de coloridos desenhos que atraem a ateno. Essa manifestao avanou no campo artstico e vem conquistando superfcies em ambientes at ento improvveis: do interior de famosas galerias s fachadas externas de museus, como o Tate Modern, de Londres, que em 2008 (maio a setembro) teve a famosa parede de tijolinhos transformada em monumentais painis grafitados (25 metros) pelas mos, sprays e talento de grafiteiros de vrios lugares do planeta, convidados para esse desafio, com destaque para os brasileiros Nunca e os artistas-irmos Osgmeos. (Fotografe Melhor. Um show de cores se revela na arte dos grafites. So Paulo: Editora Europa, ano 14, n. 161, fevereiro 2010.) Do vandalismo anrquico arte politicamente comprometida Quanto manifestao da arte de rua em si, pode-se afirmar que ela abrange desde o vandalismo anrquico at a arte politicamente comprometida. Vai da pichao, cujo propsito sujar, incomodar, agredir, chamar a ateno sobre determinado espao urbano ou simplesmente desafiar a sociedade estabelecida e a autoridade, at o lambe-lambe e o graffiti, nos quais se pretende criticar e transformar o status quo. (...) O transeunte (...) geralmente ignora, rechaa ou destri essa arte, considerando-a sujeira, usurpao do seu direito a uma paisagem esterilizada, uma invaso do seu espao (s vezes privado, s vezes pblico), uma afronta mente inteligente. Escolhe no olh-la, no observ-la, no ler nas suas entrelinhas e nos espaos entre seus rabiscos ou entre seus traos elaborados. Confunde o graffiti com a pichao, isto , a arte com o vandalismo (...). No entanto, em documentrios e em entrevistas com vrios artistas de rua em Curitiba em 2005 e 2006, pde-se constatar que essa concepo , na maioria dos casos, improcedente. Grande parte dos escritores de graffiti e dos artistas envolvidos com o lambe-lambe no apenas estuda ou trabalha, mas tem rendimento bom ou timo na sua escola ou no seu emprego. De acordo com a pesquisa ora em andamento, o artista de rua curitibano mora tanto na periferia quanto no centro, oriundo tanto de famlias de baixa renda como de outras economicamente mais favorecidas. Seu nvel de instruo varia do fundamental incompleto ao mdio e ao superior, encontrando-se entre eles inclusive funcionrios de rgos culturais e educacionais da cidade, bem como profissionais liberais, arquitetos, publicitrios, designers e artistas plsticos, entre outros. Pde-se perceber, tambm, que suas preocupaes polticas, sua conscincia quanto ecologia e ao meio ambiente natural ou urbano, seu engajamento voluntrio ou profissional em organizaes educacionais e assistencialistas so uma constante. (Elisabeth Seraphim Prosser. Compromisso e sociedade no graffiti, na pichao e no lambe-lambe em Curitiba (2004-2006). Anais Frum de Pesquisa Cientfica em Arte. Escola de Msica e Belas Artes do Paran. Curitiba, 2006-2007.) Demonstre, com base nos textos e na imagem, que a arte de rua pode apresentar, alm de caractersticas estticas, tambm caractersticas de participao poltica.

Questão 36
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(UNESP - 2011 - 1 FASE) (...) Confeitaria do Custdio. Muita gente certamente lhe no conhecia a casa por outra designao. Um nome, o prprio nome do dono, no tinha significao poltica ou figurao histrica, dio nem amor, nada que chamasse a ateno dos dois regimes, e conseguintemente que pusesse em perigo os seus pastis de Santa Clara, menos ainda a vida do proprietrio e dos empregados. Por que que no adotava esse alvitre? Gastava alguma coisa com a troca de uma palavra por outra, Custdio em vez de Imprio, mas as revolues trazem sempre despesas. (Machado de Assis. Esa e Jac. Obra completa, 1904.) O fragmento, extrado do romance Esa e Jac, de Machado de Assis, narra a desventura de Custdio, dono de uma confeitaria no Rio de Janeiro, que, s vsperas da proclamao da Repblica, mandou fazer uma placa com o nome Confeitaria do Imprio e agora temia desagradar ao novo regime. A ironia com que as dvidas de Custdio so narradas representa o

Questão 38
2011HistóriaPortuguês

(UNESP - 2011 - 1 FASE) A peaFontefoi criada pelo francs Marcel Duchamp e apresentada em Nova Iorque em 1917. (Fonte- obra de Marcel Duchamp, fotografada por Alfred Stieglitz.) A transformao de um urinol em obra de arte representou, entre outras coisas,

Questão
2010Português

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 5 QUESTÕES: Pensar em nada A maravilha da corrida: basta colocar um pé na frente do outro. Assim como numa família de atletas um garoto deve encontrar certa resistência ao começar a fumar, fui motivo de piada entre alguns parentes quase todos intelectuais quando souberam que eu estava correndo. O esporte é bom pra gente, disse minha avó, num almoço de domingo. Fortalece o corpo e emburrece a mente. Hoje, dez anos depois daquele almoço, tenho certeza de que ela estava certa. O esporte emburrece a mente e o mais emburrecedor de todos os esportes inventados pelo homem é, sem sombra de dúvida, a corrida por isso que eu gosto tanto. Antes que o primeiro corredor indignado atire um tênis em minha direção (número 42, pisada pronada, por favor), explicome. É claro que o esporte é fundamental em nossa formação. Não entendo lhufas de pedagogia ou pediatria, mas imagino que jogos e exercícios ajudem a formar a coordenação motora, a percepção espacial, a lógica e os reflexos e ainda tragam mais outras tantas benesses ao conjunto psico-moto-neuro-blá-blá-blá. Quando falo em emburrecer, refiro-me ao delicioso momento do exercício, àquela hora em que você se esquece da infiltração no teto do banheiro, do enrosco na planilha do Almeidinha, da extração do siso na próxima semana, do pé na bunda que levou da Marilu, do frio que entra pela fresta da janela e do aquecimento global que pode acabar com tudo de uma vez. Você começa a correr e, naqueles 30, 40, 90 ou 180 minutos, todo esse fantástico computador que é o nosso cérebro, capaz de levar o homem à Lua, compor músicas e dividir um átomo, volta-se para uma única e simplíssima função: perna esquerda, perna direita, perna esquerda, perna direita, inspira, expira, inspira, expira, um, dois, um, dois. A consciência é, de certa forma, um tormento. Penso, logo existo. Existo, logo me incomodo. A gravidade nos pesa sobre os ombros. Os anos agarram-se à nossa pele. A morte nos espreita adiante e quando uma voz feminina e desconhecida surge em nosso celular, não costuma ser a última da capa da Playboy, perguntando se temos programa para sábado, mas a mocinha do cartão de crédito avisando que a conta do cartão encontra-se em aberto há 14 dias e querendo saber se há previsão de pagamento. Quando estamos correndo, não há previsão de pagamento. Não há previsão de nada porque passado e futuro foram anulados. Somos uma simples máquina presa ao presente. Somos reduzidos à biologia. Uma válvula bombando no meio do peito, uns músculos contraindo-se e expandindo-se nas pernas, um ou outro neurônio atento aos carros, buracos e cocôs de cachorro. Poder, glória, dinheiro, mulheres, as tragédias gregas, tá bom, podem ser coisas boas, mas naquele momento nada disso interessa: eis-nos ali, mamíferos adultos, saudáveis, movimentando- nos sobre a Terra, e é só. (Antonio Prata. Pensar em nada. Runners World, n. 7, São Paulo: Editora Abril, maio/2009.) A série de cinco períodos curtos com que se inicia o quarto parágrafo expressa, num crescendo, algumas preocupações existenciais do cronista. A partir do sexto período, porém, a expressão dessas grandes preocupações se frustra com a ocorrência trivial da ligação da moça do cartão de crédito. Essa técnica de enumeração ascendente que termina por uma súbita descendente constitui um recurso estilístico denominado:

Questão
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Para o narrador, não notamos os verdadeiros absurdos em asserções como as que ele comenta, porque:

Questão
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O autor escreve, no penúltimo período do segundo parágrafo, a palavra Pânico com inicial maiúscula. O emprego da inicial maiúscula, neste caso, se deve

Questão
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Como é característico da crônica jornalística, João Ubaldo Ribeiro focaliza assuntos do cotidiano com muito bom humor, mesclando a seu discurso palavras e expressões coloquiais. Um exemplo é asnáticas, que aparece em assertivas tão asnáticas quanto, e outro, o substantivo freguês, empregado em o freguês entra em pânico. Caso o objetivo do autor nessas passagens deixasse de ser jocoso e se tornasse mais formal, as palavras adequadas para substituir, respectivamente, asnáticas e freguês seriam:

Questão
2010Português

Então, ao repetir solenemente que não há razão para pânico, os noticiários e notas de esclarecimento (e nós também) estão dizendo uma novidade semelhante a água é um líquido ou a comida vai para o estômago. Neste período, no tom bem humorado que o autor imprime à crônica, a palavra novidade assume um sentido contrário ao que apresenta normalmente. Essa alteração de sentido, em função de um contexto habilmente construído pelo cronista, caracteriza o recurso estilístico denominado: