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Questões de Português - UNESP | Gabarito e resoluções

Questão 18
2017Português

(UNESP - 2017 - 1 FASE) Trata-se de uma obra hbrida que transita entre a literatura, a histria e a cincia, ao unir a perspectiva cientfica, de base naturalista e evolucionista, construo literria, marcada pelo fatalismo trgico e por uma viso romntica da natureza. Seu autor recorreu a formas de fico, como a tragdia e a epopeia, para compreender o horror da guerra e inserir os fatos em um enredo capaz de ultrapassar a sua significao particular. (Roberto Ventura. Introduo. In: Silviano Santiago (org.). Intrpretes do Brasil, vol. 1, 2000. Adaptado.) Tal comentrio crtico aplica-se obra

Questão 19
2017Português

(UNESP - 2017/2 - 1FASE) Quando este(a) autor(a) publicou seu primeiro livro, duas vertentes assinalavam o panorama da fico brasileira: o regionalismo e a reao espiritualista. Sua obra vai representar uma sntese feliz das duas vertentes. Como regionalista, volta-se para os interiores do pas, pondo em cena personagens plebeias e tpicas. Leva a srio a funo da literatura como documento, ao ponto de reproduzir a linguagem caracterstica daquelas paragens. Porm, como os autores da reao espiritualista, descortina largo sopro metafsico, costeando o sobrenatural, em demanda da transcendncia. No que superou a ambas, distanciando-se, foi no apuro formal, no carter experimentalista da linguagem, na erudio poligltica, no trato com a literatura universal de seu tempo, de que nenhuma das vertentes dispunha, ou a que no atribuam importncia. E no fato de escrever prosa como quem escreve poesia ou seja, palavra por palavra, ou at fonema por fonema. (Walnice Nogueira Galvo. Introduo, 2000. Adaptado.) Esse comentrio refere-se a

Questão 19
2017Português

(UNESP - 2017 - 1 FASE) Carpe diem: Esse conhecido lema, extrado das Odesdo poeta latino Horcio (65 a.C.- 8 a.C.), sintetiza expressivamente o seguinte motivo: saber aproveitar tudo o que se apresente de positivo (mesmo que pouco) e transitrio. (Renzo Tosi. Dicionrio de sentenas latinas e gregas, 2010. Adaptado.) Das estrofes extradas da produo potica de Fernando Pessoa (1888-1935), aquela em que tal motivo se manifesta mais explicitamente :

Questão 20
2017Português

(UNESP - 2017 - 1 FASE) O quadro no se presta a uma leitura convencional, no sentido de esmiuar os detalhes da composio em busca de nuances visuais. Na tela, h apenas formas brutas, essenciais, as quais remetem ao estado natural, primitivo. Os contornos inchados das plantas, os ps agigantados das figuras, o seio que atende ao inexorvel apelo da gravidade: tudo raiz. O embasamento que vem do fundo, do passado, daquilo que vegeta no substrato do ser. As cabecinhas, sem faces, servem apenas de contraponto. Estes no so seres pensantes, produtos da cultura e do refinamento. Tampouco so construdos; antes nascem, brotam como plantas, sorvendo a energia vital do sol de limo. palheta nacionalista de verde planta, amarelo sol e azul e branco cu, a pintora acrescenta o ocre avermelhado de uma pele que mais parece argila. A mensagem clara: essa nossa essncia brasileira sol, terra, vegetao. isto que somos, em cores vivas e sem a interveno erudita das frmulas pictricas tradicionais. (Rafael Cardoso. A arte brasileira em 25 quadros, 2008. Adaptado.) Tal comentrio aplica-se seguinte obra de Tarsila do Amaral (1886-1973):

Questão 20
2017Português

(UNESP - 2017/2 - 1FASE) A partir do incio do sculo XX, na Frana, alguns artistas vo subverter a concepo que se tinha da pintura. Em vez de simplesmente representar o que era visto, eles decidem representar aquilo que no podia ser visto. Os rostos de perfil tm dois olhos, a natureza se decompe em formas geomtricas... a realidade se revela em todas as suas facetas, como um cubo achatado. (Christian Demilly. Arte em movimentos e outras correntes do sculo XX, 2016. Adaptado.) Uma obra representativa da esttica qual o texto se refere est reproduzida em:

Questão 25
2017Português

(UNESP - 2017- 2 fase - Questo 25) Leia o soneto Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades do poeta portugus Lus Vaz de Cames (1525?-1580) para responder (s) questo(es) a seguir. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiana; todo o mundo composto de mudana, tomando sempre novas qualidades. Continuamente vemos novidades, diferentes em tudo da 1esperana; do mal ficam as mgoas na lembrana, e do bem se algum houve , as saudades. O tempo cobre o cho de verde manto, que j coberto foi de neve fria, e enfim converte em choro o doce canto. E, afora este mudar-se cada dia, outra mudana faz de 2mor espanto: que no se muda j como 3soa. Sonetos, 2001. 1esperana: esperado. 2mor: maior. 3soer: costumar (soa: costumava). Considere as seguintes citaes: 1. No podemos entrar duas vezes no mesmo rio: suas guas no so nunca as mesmas e ns no somos nunca os mesmos. Herclito (550 a.C.-480 a.C.) 2. A breve durao da vida no nos permite alimentar longas esperanas. Horcio (65 a.C.-8 a.C.) 3. O melhor para o homem viver com o mximo de alegria e o mnimo de tristeza, o que acontece quando no se procura o prazer em coisas perecveis. Demcrito (460 a.C.-370 a.C.) 4. Toda e qualquer coisa tem seu vaivm e se transforma no contrrio ao capricho tirnico da fortuna. Sneca (4 a.C.-65 d.C.) 5. Uma vez que a vida um tormento, a morte acaba sendo para o homem o refgio mais desejvel. Herdoto (484 a.C.-430 a.C.) Quais das citaes aproximam-se tematicamente do soneto camoniano? Justifique sua resposta.

Questão 25
2017Português

(UNESP - 2017/2 - 2 fase - Questo 25) Para responder (s) questo(es) a seguir, leia a letra da cano Deus lhe pague, do compositor Chico Buarque (1944- ), composta em 1971. Por esse po pra comer, por esse cho pra dormir A certido pra nascer e a concesso pra sorrir Por me deixar respirar, por me deixar existir Deus lhe pague Pelo prazer de chorar e pelo estamos a Pela piada no bar e o futebol pra aplaudir Um crime pra comentar e um samba pra distrair Deus lhe pague Por essa praia, essa saia, pelas mulheres daqui O amor malfeito depressa, fazer a barba e partir Pelo domingo que lindo, novela, missa e gibi Deus lhe pague Pela cachaa de graa que a gente tem que engolir Pela fumaa, desgraa, que a gente tem que tossir Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair Deus lhe pague Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir E pelo grito demente que nos ajuda a fugir Deus lhe pague Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir E pelas moscas-bicheiras a nos beijar e cobrir E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir Deus lhe pague www.chicobuarque.com.br. Deus lhe pague: pedido a Deus para que abenoe algum por algo bom que esse algum praticou. Carlos Alberto de M. Rocha e Carlos Eduardo P. de M. Rocha.Dicionrio de locues e expresses da lngua portuguesa, 2011. Considerando a definio da expresso Deus lhe pague, correto afirmar que o compositor se apropriou ironicamente dessa expresso em sua cano? Justifique sua resposta, valendo-se de trs versos da letra da cano.

Questão 26
2017Português

(UNESP - 2017/2 - 2 fase - Questo 26) Para responder (s) questo(es) a seguir, leia a letra da cano Deus lhe pague, do compositor Chico Buarque (1944- ), composta em 1971. Por esse po pra comer, por esse cho pra dormir A certido pra nascer e a concesso pra sorrir Por me deixar respirar, por me deixar existir Deus lhe pague Pelo prazer de chorar e pelo estamos a Pela piada no bar e o futebol pra aplaudir Um crime pra comentar e um samba pra distrair Deus lhe pague Por essa praia, essa saia, pelas mulheres daqui O amor malfeito depressa, fazer a barba e partir Pelo domingo que lindo, novela, missa e gibi Deus lhe pague Pela cachaa de graa que a gente tem que engolir Pela fumaa, desgraa, que a gente tem que tossir Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair Deus lhe pague Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir E pelo grito demente que nos ajuda a fugir Deus lhe pague Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir E pelas moscas-bicheiras a nos beijar e cobrir E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir Deus lhe pague www.chicobuarque.com.br. Considere as definies dos seguintes conceitos: 1. Autonomia: direito de um indivduo tomar decises livremente; independncia moral ou intelectual; capacidade de governar-se pelos prprios meios. 2. Heteronomia: sujeio de um indivduo a uma instncia externa ou vontade de outrem; ausncia de autonomia. Qual dos conceitos mostra-se mais adequado para descrever a existncia retratada pela letra da cano? Justifique sua resposta, com base no texto. Considerando o contexto histrico-social em que a cano foi composta, a quem ou a que se refere o pronome lhe em Deus lhe pague?

Questão 26
2017Português

(UNESP - 2017- 2 fase - Questo 26) Leia o soneto Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades do poeta portugus Lus Vaz de Cames (1525?-1580) para responder (s) questo(es) a seguir. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiana; todo o mundo composto de mudana, tomando sempre novas qualidades. Continuamente vemos novidades, diferentes em tudo da1esperana; do mal ficam as mgoas na lembrana, e do bem se algum houve , as saudades. O tempo cobre o cho de verde manto, que j coberto foi de neve fria, e enfim converte em choro o doce canto. E, afora este mudar-se cada dia, outra mudana faz de2mor espanto: que no se muda j como3soa. Sonetos, 2001. 1esperana: esperado. 2mor: maior. 3soer: costumar (soa: costumava). Em um determinado trecho do soneto, o eu lrico assinala a passagem de uma estao do ano para outra. Transcreva os versos em que isso ocorre e identifique as estaes a que eles fazem referncia. Para o eu lrico, tal passagem constitui um evento aprazvel? Justifique sua resposta.

Questão 27
2017Português

(UNESP - 2017 - 2 fase - Questo 27) Leia o soneto Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades do poeta portugus Lus Vaz de Cames (1525?-1580) para responder (s) questo(es) a seguir. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiana; todo o mundo composto de mudana, tomando sempre novas qualidades. Continuamente vemos novidades, diferentes em tudo da 1esperana; do mal ficam as mgoas na lembrana, e do bem se algum houve , as saudades. O tempo cobre o cho de verde manto, que j coberto foi de neve fria, e enfim converte em choro o doce canto. E, afora este mudar-se cada dia, outra mudana faz de 2mor espanto: que no se muda j como 3soa. Sonetos, 2001. 1esperana: esperado. 2mor: maior. 3soer: costumar (soa: costumava). Elipse: figura de sintaxe pela qual se omite um termo da orao que o contexto permite subentender. Domingos Paschoal Cegalla. Dicionrio de dificuldades da lngua portuguesa, 2009. (Adaptado). Transcreva o verso em que se verifica a elipse do verbo. Identifique o verbo omitido nesse verso. Para o eu lrico, qual das mudanas assinaladas ao longo do soneto lhe causa maior perplexidade? Justifique sua resposta, com base no texto.

Questão 27
2017Português

(UNESP - 2017/2 - 2 fase - Questo 27) Para responder (s) questo(es) a seguir, leia a letra da cano Deus lhe pague, do compositor Chico Buarque (1944- ), composta em 1971. Por esse po pra comer, por esse cho pra dormir A certido pra nascer e a concesso pra sorrir Por me deixar respirar, por me deixar existir Deus lhe pague Pelo prazer de chorar e pelo estamos a Pela piada no bar e o futebol pra aplaudir Um crime pra comentar e um samba pra distrair Deus lhe pague Por essa praia, essa saia, pelas mulheres daqui O amor malfeito depressa, fazer a barba e partir Pelo domingo que lindo, novela, missa e gibi Deus lhe pague Pela cachaa de graa que a gente tem que engolir Pela fumaa, desgraa, que a gente tem que tossir Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair Deus lhe pague Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir E pelo grito demente que nos ajuda a fugir Deus lhe pague Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir E pelas moscas-bicheiras a nos beijar e cobrir E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir Deus lhe pague www.chicobuarque.com.br. O eufemismo consiste em atenuar o sentido desagradvel de uma palavra ou expresso, substituindo-a por outra, capaz de suavizar seu significado. Celso Cunha. Gramtica essencial, 2013. Adaptado. Transcreva o verso em que se verifica a ocorrncia de eufemismo. Justifique sua resposta. Reescreva, em linguagem formal, o trecho destacado do seguinte verso: Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair.

Questão 28
2017Português

(UNESP - 2017/2 - 2 fase - Questo 28) Examine a tira Nquel Nusea, do cartunista brasileiro Fernando Gonsales (1961- ). No primeiro quadrinho, o termo sujeirinha foi empregado em sentido figurado ou em sentido literal? Justifique sua resposta. No ltimo quadrinho, as formas verbais cai e caio foram empregadas em acepes diferentes. Explicite o sentido de cada uma delas.

Questão 28
2017Português

(UNESP - 2017 - 2 fase - Questo 28) Leia o soneto Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades do poeta portugus Lus Vaz de Cames (1525?-1580) para responder (s) questo(es) a seguir. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiana; todo o mundo composto de mudana, tomando sempre novas qualidades. Continuamente vemos novidades, diferentes em tudo da1esperana; do mal ficam as mgoas na lembrana, e do bem se algum houve , as saudades. O tempo cobre o cho de verde manto, que j coberto foi de neve fria, e enfim converte em choro o doce canto. E, afora este mudar-se cada dia, outra mudana faz de2mor espanto: que no se muda j como3soa. Sonetos, 2001. 1esperana: esperado. 2mor: maior. 3soer: costumar (soa: costumava). A sinestesia (do grego syn, que significa reunio, juno, ao mesmo tempo, e aisthesis, sensao, percepo) designa a transferncia de percepo de um sentido para outro, isto , a fuso, num s ato perceptivo, de dois sentidos ou mais. (Massaud Moiss. Dicionrio de termos literrios, 2004. Adaptado.) Transcreva o verso em que se verifica a ocorrncia de sinestesia. Justifique sua resposta. Reescreva o verso da terceira estrofe que j coberto foi de neve fria, adaptando-o para a ordem direta e substituindo o pronome que pelo seu referente.

Questão 29
2017Português

(UNESP - 2017 - 2 fase - Questo 29) Examine a tira do cartunista argentino Quino (1932- ). Pelo contedo de sua redao, depreende-se que o personagem Manuel Goreiro (o Manolito), alm de estudar, exerce outra atividade. Transcreva o trecho em que esta outra atividade se mostra mais evidente. No trecho As lojas fecham mais tarde por qu no escurese mais tamcedo, verificam-se alguns desvios em relao norma-padro da lngua. Reescreva este trecho, fazendo as correes necessrias. Por fim, reescreva o trecho final da redao (ns ficamos muito mais contentes com a primavera com a chegada dela), desfazendo a redundncia nele contida.

Questão 29
2017Português

(UNESP - 2017/2 - 2 fase - Questo 29) Para responder (s) questo(es) a seguir, leia o segundo captulo do romance Iracema, do escritor Jos de Alencar (1829-1877), publicado em 1865. Alm, muito alm daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lbios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da 1grana, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da 2jati no era doce como seu sorriso, nem a baunilha recendia no bosque como seu hlito perfumado. Mais rpida que a ema selvagem, a morena virgem corria o serto e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nao tabajara. O p grcil e nu, mal roando, alisava apenas a verde pelcia que vestia a terra com as primeiras guas. Um dia, ao pino do Sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da 3oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da accia silvestre esparziam flores sobre os midos cabelos. Escondidos na folhagem os pssaros ameigavam o canto. Iracema saiu do banho: o 4aljfar dgua ainda a 5roreja, como doce 6mangaba que corou em manh de chuva. Enquanto repousa, empluma das penas do 7gar as flechas de seu arco e concerta com o sabi da mata, pousado no galho prximo, o canto agreste. A graciosa 8ar, sua companheira e amiga, brinca junto dela. s vezes sobe aos ramos da rvore e de l chama a virgem pelo nome; outras, remexe o uru9 de palha matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios do 10craut, as agulhas da 11juara com que tece a renda e as tintas de que matiza o algodo. Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol no deslumbra; sua vista perturba-se. Diante dela e todo a contempl-la, est um guerreiro estranho, se guerreiro e no algum mau esprito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar, nos olhos o azul triste das guas profundas. 12Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo. Foi rpido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na face do desconhecido. De primeiro mpeto, a mo 13lesta caiu sobre a cruz da espada; mas logo sorriu. O moo guerreiro aprendeu na religio de sua me, onde a mulher smbolo de ternura e amor. Sofreu mais dalma que da ferida. O sentimento que ele ps nos olhos e no rosto, no o sei eu. Porm a virgem lanou de si o arco e a 14uiraaba e correu para o guerreiro, sentida da mgoa que causara. A mo que rpida ferira estancou mais rpida e compassiva o sangue que gotejava. Depois Iracema quebrou a 15flecha homicida; deu a haste ao desconhecido, guardando consigo a ponta farpada. O guerreiro falou: Quebras comigo a flecha da paz? Quem te ensinou, guerreiro branco, a linguagem de meus irmos? Donde vieste a estas matas, que nunca viram outro guerreiro como tu? Venho de bem longe, filha das florestas. Venho das terras que teus irmos j possuram e hoje tm os meus. Bem-vindo seja o estrangeiro aos campos dos tabajaras, senhores das aldeias, e cabana de Araqum, pai de Iracema. Iracema, 2006. 1grana: pssaro de cor negra. 2jati: pequena abelha que fabrica delicioso mel. 3oiticica: rvore frondosa. 4aljfar: prola; por extenso: gota. 5rorejar: banhar. 6mangaba: fruto da mangabeira. 7gar: ave de cor vermelha. 8ar: periquito. 9uru: pequeno cesto. 10craut: bromlia. 11juara: palmeira de grandes espinhos. 12ignoto: que ou o que desconhecido. 13lesto: gil, veloz. 14uiraaba: estojo em que se guardavam e transportavam as flechas. 15quebrar a flecha: maneira simblica de se estabelecer a paz entre os indgenas. O modo como o narrador descreve a personagem Iracema est de acordo com os preceitos da esttica romntica? Justifique sua resposta, valendo-se de trs expresses retiradas do texto.