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Questões de Português - UNESP | Gabarito e resoluções

Questão 10
2018Português

(UNESP - 2018 - 1 FASE) Leia o trecho do conto Pai contra me, de Machado de Assis (1839-1908), para responder (s) questo(es). A escravido levou consigo ofcios e aparelhos, como ter sucedido a outras instituies sociais. No cito alguns aparelhos seno por se ligarem a certo ofcio. Um deles era o ferro ao pescoo, outro o ferro ao p; havia tambm a mscara de folha de flandres. A mscara fazia perder o vcio da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha s trs buracos, dois para ver, um para respirar, e era fechada atrs da cabea por um cadeado. Com o vcio de beber, perdiam a tentao de furtar, porque geralmente era dos vintns do senhor que eles tiravam com que matar a sede, e a ficavam dois pecados extintos, e a sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal mscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcana sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, venda, na porta das lojas. Mas no cuidemos de mscaras. O ferro ao pescoo era aplicado aos escravos fujes. Imaginai uma coleira grossa, com a haste grossa tambm, direita ou esquerda, at ao alto da cabea e fechada atrs com chave. Pesava, naturalmente, mas era menos castigo que sinal. Escravo que fugia assim, onde quer que andasse, mostrava um reincidente, e com pouco era pegado. H meio sculo, os escravos fugiam com frequncia. Eram muitos, e nem todos gostavam da escravido. Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte era apenas repreendida; havia algum de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono no era mau; alm disso, o sentimento da propriedade moderava a ao, porque dinheiro tambm di. A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda que raros, em que o escravo de contrabando, apenas comprado no Valongo, deitava a correr, sem conhecer as ruas da cidade. Dos que seguiam para casa, no raro, apenas ladinos, pediam ao senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ganh-lo fora, quitandando. Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem lho levasse. Punha anncios nas folhas pblicas, com os sinais do fugido, o nome, a roupa, o defeito fsico, se o tinha, o bairro por onde andava e a quantia de gratificao. Quando no vinha a quantia, vinha promessa: gratificar-se- generosamente ou receber uma boa gratificao. Muita vez o anncio trazia em cima ou ao lado uma vinheta, figura de preto, descalo, correndo, vara ao ombro, e na ponta uma trouxa. Protestava-se com todo o rigor da lei contra quem o acoitasse. Ora, pegar escravos fugidios era um ofcio do tempo. No seria nobre, mas por ser instrumento da fora com que se mantm a lei e a propriedade, trazia esta outra nobreza implcita das aes reivindicadoras. Ningum se metia em tal ofcio por desfastio ou estudo; a pobreza, a necessidade de uma achega, a inaptido para outros trabalhos, o acaso, e alguma vez o gosto de servir tambm, ainda que por outra via, davam o impulso ao homem que se sentia bastante rijo para pr ordem desordem. (Contos: uma antologia, 1998.) Em o sentimento da propriedade moderava a ao, porque dinheiro tambm di. (3 pargrafo), a ao a que se refere o narrador diz respeito

Questão 10
2018Português

(UNESP - 2018/2 - 1 FASE) Leia o soneto Nasce o Sol, e no dura mais que um dia, do poeta Gregrio de Matos (1636-1696), para responder s questes de 07 a 12. Nasce o Sol, e no dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contnuas tristezas a alegria. Porm, se acaba o Sol, por que nascia? Se to formosa a Luz, por que no dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia? Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza, Na formosura no se d constncia, E na alegria sinta-se tristeza. Comea o mundo enfim pela ignorncia, E tem qualquer dos bens por natureza A firmeza somente na inconstncia. (Poemas escolhidos, 2010.) Em Nasce o Sol, e no dura mais que um dia, (1estrofe), a conjuno aditiva e assume valor

Questão 11
2018Português

(UNESP - 2018/2 - 1 FASE) Leia o soneto Nasce o Sol, e no dura mais que um dia, do poeta Gregrio de Matos (1636-1696), para responder s questes de 07 a 12. Nasce o Sol, e no dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contnuas tristezas a alegria. Porm, se acaba o Sol, por que nascia? Se to formosa a Luz, por que no dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia? Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza, Na formosura no se d constncia, E na alegria sinta-se tristeza. Comea o mundo enfim pela ignorncia, E tem qualquer dos bens por natureza A firmeza somente na inconstncia. (Poemas escolhidos, 2010.) O verso est reescrito em ordem direta, sem alterao do seu sentido original, em:

Questão 12
2018Português

(UNESP - 2018 - 1 FASE) Leia o trecho do conto Pai contra me, de Machado de Assis (1839-1908), para responder (s) questo(es). A escravido levou consigo ofcios e aparelhos, como ter sucedido a outras instituies sociais. No cito alguns aparelhos seno por se ligarem a certo ofcio. Um deles era o ferro ao pescoo, outro o ferro ao p; havia tambm a mscara de folha de flandres. A mscara fazia perder o vcio da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha s trs buracos, dois para ver, um para respirar, e era fechada atrs da cabea por um cadeado. Com o vcio de beber, perdiam a tentao de furtar, porque geralmente era dos vintns do senhor que eles tiravam com que matar a sede, e a ficavam dois pecados extintos, e a sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal mscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcana sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, venda, na porta das lojas. Mas no cuidemos de mscaras. O ferro ao pescoo era aplicado aos escravos fujes. Imaginai uma coleira grossa, com a haste grossa tambm, direita ou esquerda, at ao alto da cabea e fechada atrs com chave. Pesava, naturalmente, mas era menos castigo que sinal. Escravo que fugia assim, onde quer que andasse, mostrava um reincidente, e com pouco era pegado. H meio sculo, os escravos fugiam com frequncia. Eram muitos, e nem todos gostavam da escravido. Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte era apenas repreendida; havia algum de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono no era mau; alm disso, o sentimento da propriedade moderava a ao, porque dinheiro tambm di. A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda que raros, em que o escravo de contrabando, apenas comprado no Valongo, deitava a correr, sem conhecer as ruas da cidade. Dos que seguiam para casa, no raro, apenas ladinos, pediam ao senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ganh-lo fora, quitandando. Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem lho levasse. Punha anncios nas folhas pblicas, com os sinais do fugido, o nome, a roupa, o defeito fsico, se o tinha, o bairro por onde andava e a quantia de gratificao. Quando no vinha a quantia, vinha promessa: gratificar-se- generosamente ou receber uma boa gratificao. Muita vez o anncio trazia em cima ou ao lado uma vinheta, figura de preto, descalo, correndo, vara ao ombro, e na ponta uma trouxa. Protestava-se com todo o rigor da lei contra quem o acoitasse. Ora, pegar escravos fugidios era um ofcio do tempo. No seria nobre, mas por ser instrumento da fora com que se mantm a lei e a propriedade, trazia esta outra nobreza implcita das aes reivindicadoras. Ningum se metia em tal ofcio por desfastio ou estudo; a pobreza, a necessidade de uma achega, a inaptido para outros trabalhos, o acaso, e alguma vez o gosto de servir tambm, ainda que por outra via, davam o impulso ao homem que se sentia bastante rijo para pr ordem desordem. (Contos: uma antologia, 1998.) No ltimo pargrafo, pr ordem desordem significa

Questão 12
2018Português

(UNESP - 2018/2 - 1 FASE) Leia o soneto Nasce o Sol, e no dura mais que um dia, do poeta Gregrio de Matos (1636-1696), para responder s questes de 07 a 12. Nasce o Sol, e no dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contnuas tristezas a alegria. Porm, se acaba o Sol, por que nascia? Se to formosa a Luz, por que no dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia? Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza, Na formosura no se d constncia, E na alegria sinta-se tristeza. Comea o mundo enfim pela ignorncia, E tem qualquer dos bens por natureza A firmeza somente na inconstncia. (Poemas escolhidos, 2010.) Verifica-se a ocorrncia de um termo subentendido, mas citado no verso anterior, em:

Questão 13
2018Português

(UNESP - 2018/2 - 1 FASE) Esse autor introduziu no romance brasileiro o ndio e os seus acessrios, aproveitando-o ou em plena selvageria ou em comrcio com o branco. Como o quer representar no seu ambiente exato, ou que lhe parece exato, levado a fazer tambm, se no antes de mais ningum, com talento que lhe assegura a primazia, o romance da natureza brasileira. (Jos Verssimo. Histria da literatura brasileira, 1969. Adaptado.) Tal comentrio refere-se a

Questão 13
2018Português

(UNESP - 2018 - 1 FASE) Leia o trecho do conto Pai contra me, de Machado de Assis (1839-1908), para responder (s) questo(es). A escravido levou consigo ofcios e aparelhos, como ter sucedido a outras instituies sociais. No cito alguns aparelhos seno por se ligarem a certo ofcio. Um deles era o ferro ao pescoo, outro o ferro ao p; havia tambm a mscara de folha de flandres. A mscara fazia perder o vcio da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha s trs buracos, dois para ver, um para respirar, e era fechada atrs da cabea por um cadeado. Com o vcio de beber, perdiam a tentao de furtar, porque geralmente era dos vintns do senhor que eles tiravam com que matar a sede, e a ficavam dois pecados extintos, e a sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal mscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcana sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, venda, na porta das lojas. Mas no cuidemos de mscaras. O ferro ao pescoo era aplicado aos escravos fujes. Imaginai uma coleira grossa, com a haste grossa tambm, direita ou esquerda, at ao alto da cabea e fechada atrs com chave. Pesava, naturalmente, mas era menos castigo que sinal. Escravo que fugia assim, onde quer que andasse, mostrava um reincidente, e com pouco era pegado. H meio sculo, os escravos fugiam com frequncia. Eram muitos, e nem todos gostavam da escravido. Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte era apenas repreendida; havia algum de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono no era mau; alm disso, o sentimento da propriedade moderava a ao, porque dinheiro tambm di. A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda que raros, em que o escravo de contrabando, apenas comprado no Valongo, deitava a correr, sem conhecer as ruas da cidade. Dos que seguiam para casa, no raro, apenas ladinos, pediam ao senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ganh-lo fora, quitandando. Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem lho levasse. Punha anncios nas folhas pblicas, com os sinais do fugido, o nome, a roupa, o defeito fsico, se o tinha, o bairro por onde andava e a quantia de gratificao. Quando no vinha a quantia, vinha promessa: gratificar-se- generosamente ou receber uma boa gratificao. Muita vez o anncio trazia em cima ou ao lado uma vinheta, figura de preto, descalo, correndo, vara ao ombro, e na ponta uma trouxa. Protestava-se com todo o rigor da lei contra quem o acoitasse. Ora, pegar escravos fugidios era um ofcio do tempo. No seria nobre, mas por ser instrumento da fora com que se mantm a lei e a propriedade, trazia esta outra nobreza implcita das aes reivindicadoras. Ningum se metia em tal ofcio por desfastio ou estudo; a pobreza, a necessidade de uma achega, a inaptido para outros trabalhos, o acaso, e alguma vez o gosto de servir tambm, ainda que por outra via, davam o impulso ao homem que se sentia bastante rijo para pr ordem desordem. (Contos: uma antologia, 1998.) O leitor figura recorrente e fundamental na prosa machadiana. Verifica-se a incluso do leitor na narrativa no seguinte trecho:

Questão 14
2018Português

(UNESP - 2018 - 1 FASE) Leia o trecho do conto Pai contra me, de Machado de Assis (1839-1908), para responder (s) questo(es). A escravido levou consigo ofcios e aparelhos, como ter sucedido a outras instituies sociais. No cito alguns aparelhos seno por se ligarem a certo ofcio. Um deles era o ferro ao pescoo, outro o ferro ao p; havia tambm a mscara de folha de flandres. A mscara fazia perder o vcio da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha s trs buracos, dois para ver, um para respirar, e era fechada atrs da cabea por um cadeado. Com o vcio de beber, perdiam a tentao de furtar, porque geralmente era dos vintns do senhor que eles tiravam com que matar a sede, e a ficavam dois pecados extintos, e a sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal mscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcana sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, venda, na porta das lojas. Mas no cuidemos de mscaras. O ferro ao pescoo era aplicado aos escravos fujes. Imaginai uma coleira grossa, com a haste grossa tambm, direita ou esquerda, at ao alto da cabea e fechada atrs com chave. Pesava, naturalmente, mas era menos castigo que sinal. Escravo que fugia assim, onde quer que andasse, mostrava um reincidente, e com pouco era pegado. H meio sculo, os escravos fugiam com frequncia. Eram muitos, e nem todos gostavam da escravido. Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte era apenas repreendida; havia algum de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono no era mau; alm disso, o sentimento da propriedade moderava a ao, porque dinheiro tambm di. A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda que raros, em que o escravo de contrabando, apenas comprado no Valongo, deitava a correr, sem conhecer as ruas da cidade. Dos que seguiam para casa, no raro, apenas ladinos, pediam ao senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ganh-lo fora, quitandando. Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem lho levasse. Punha anncios nas folhas pblicas, com os sinais do fugido, o nome, a roupa, o defeito fsico, se o tinha, o bairro por onde andava e a quantia de gratificao. Quando no vinha a quantia, vinha promessa: gratificar-se- generosamente ou receber uma boa gratificao. Muita vez o anncio trazia em cima ou ao lado uma vinheta, figura de preto, descalo, correndo, vara ao ombro, e na ponta uma trouxa. Protestava-se com todo o rigor da lei contra quem o acoitasse. Ora, pegar escravos fugidios era um ofcio do tempo. No seria nobre, mas por ser instrumento da fora com que se mantm a lei e a propriedade, trazia esta outra nobreza implcita das aes reivindicadoras. Ningum se metia em tal ofcio por desfastio ou estudo; a pobreza, a necessidade de uma achega, a inaptido para outros trabalhos, o acaso, e alguma vez o gosto de servir tambm, ainda que por outra via, davam o impulso ao homem que se sentia bastante rijo para pr ordem desordem. (Contos: uma antologia, 1998.) Embora no participe da ao, o narrador intromete-se de forma explcita na narrativa em:

Questão 14
2018Português

(UNESP - 2018/2 - 1 FASE) Leia o trecho do livro Em casa, de Bill Bryson, para responder s questes de 14 a 17. Quase nada, no sculo XVII, escapava astcia dos que adulteravam alimentos. O acar e outros ingredientes caros muitas vezes eram aumentados com gesso, areia e poeira. A manteiga tinha o volume aumentado com sebo e banha. Quem tomasse ch, segundo autoridades da poca, poderia ingerir, sem querer, uma srie de coisas, desde serragem at esterco de carneiro pulverizado. Um carregamento inspecionado, relata Judith Flanders, demonstrou conter apenas a metade de ch; o resto era composto de areia e sujeira. Acrescentava-se cido sulfrico ao vinagre para dar mais acidez; giz ao leite; terebintina1ao gim. O arsenito de cobre era usado para tornar os vegetais mais verdes, ou para fazer a geleia brilhar. O cromato de chumbo dava um brilho dourado aos pes e tambm mostarda. O acetato de chumbo era adicionado s bebidas como adoante, e o chumbo avermelhado deixava o queijo Gloucester, se no mais seguro para comer, mais belo para olhar. No havia praticamente nenhum gnero que no pudesse ser melhorado ou tornado mais econmico para o varejista por meio de um pouquinho de manipulao e engodo. At as cerejas, como relata Tobias Smollett, ganhavam novo brilho depois de roladas, delicadamente, na boca do vendedor antes de serem colocadas em exposio. Quantas damas inocentes, perguntava ele, tinham saboreado um prato de deliciosas cerejas que haviam sido umedecidas e roladas entre os maxilares imundos e, talvez, ulcerados de um mascate de Saint Giles? O po era particularmente atingido. Em seu romance de 1771, The expedition of Humphry Clinker, Smollett definiu o po de Londres como um composto txico de giz, alume2e cinzas de ossos, inspido ao paladar e destrutivo para a constituio; mas acusaes assim j eram comuns na poca. A primeira acusao formal j encontrada sobre a adulterao generalizada do po est em um livro chamado Poison detected: or frightful truths, escrito anonimamente em 1757, que revelou segundo uma autoridade altamente confivel que sacos de ossos velhos so usados por alguns padeiros, no infrequentemente, e que os ossurios dos mortos so revolvidos para adicionar imundcies ao alimento dos vivos. (Em casa, 2011. Adaptado.) 1 terebintina: resina extrada de uma planta e usada na fabricao de vernizes, diluio de tintas etc. 2 alume: designao dos sulfatos duplos de alumnio e metais alcalinos, com propriedades adstringentes, usado na fabricao de corantes, papel, porcelana, na purificao de gua, na clarificao de acar etc. Em No havia praticamente nenhum gnero que no pudesse ser melhorado ou tornado mais econmico para o varejista por meio de um pouquinho de manipulao e engodo (2o pargrafo), o termo sublinhado est empregado em sentido similar ao do termo sublinhado em:

Questão 15
2018Português

(UNESP - 2018/2 - 1 FASE) Leia o trecho do livroEm casa, de Bill Bryson, para responder s questes de 14 a 17. Quase nada, no sculo XVII, escapava astcia dos que adulteravam alimentos. O acar e outros ingredientes caros muitas vezes eram aumentados com gesso, areia e poeira. A manteiga tinha o volume aumentado com sebo e banha. Quem tomasse ch, segundo autoridades da poca, poderia ingerir, sem querer, uma srie de coisas, desde serragem at esterco de carneiro pulverizado. Um carregamento inspecionado, relata Judith Flanders, demonstrou conter apenas a metade de ch; o resto era composto de areia e sujeira. Acrescentava-se cido sulfrico ao vinagre para dar mais acidez; giz ao leite; terebintina1ao gim. O arsenito de cobre era usado para tornar os vegetais mais verdes, ou para fazer a geleia brilhar. O cromato de chumbo dava um brilho dourado aos pes e tambm mostarda. O acetato de chumbo era adicionado s bebidas como adoante, e o chumbo avermelhado deixava o queijo Gloucester, se no mais seguro para comer, mais belo para olhar. No havia praticamente nenhum gnero que no pudesse ser melhorado ou tornado mais econmico para o varejista por meio de um pouquinho de manipulao e engodo. At as cerejas, como relata Tobias Smollett, ganhavam novo brilho depois de roladas, delicadamente, na boca do vendedor antes de serem colocadas em exposio. Quantas damas inocentes, perguntava ele, tinham saboreado um prato de deliciosas cerejas que haviam sido umedecidas e roladas entre os maxilares imundos e, talvez, ulcerados de um mascate de Saint Giles? O po era particularmente atingido. Em seu romance de 1771,The expedition of Humphry Clinker, Smollett definiu o po de Londres como um composto txico de giz, alume2e cinzas de ossos, inspido ao paladar e destrutivo para a constituio; mas acusaes assim j eram comuns na poca. A primeira acusao formal j encontrada sobre a adulterao generalizada do po est em um livro chamadoPoison detected: or frightful truths, escrito anonimamente em 1757, que revelou segundo uma autoridade altamente confivel que sacos de ossos velhos so usados por alguns padeiros, no infrequentemente, e que os ossurios dos mortos so revolvidos para adicionar imundcies ao alimento dos vivos. (Em casa, 2011. Adaptado.) 1terebintina: resina extrada de uma planta e usada na fabricao de vernizes, diluio de tintas etc. 2alume: designao dos sulfatos duplos de alumnio e metais alcalinos, com propriedades adstringentes, usado na fabricao de corantes, papel, porcelana, na purificao de gua, na clarificao de acar etc. O acetato de chumbo era adicionado s bebidas como adoante (1pargrafo) Preservando-se a correo gramatical e o seu sentido original, essa orao pode ser reescrita na forma:

Questão 15
2018Português

(UNESP - 2018 - 1 FASE) Leia o trecho do conto Pai contra me, de Machado de Assis (1839-1908), para responder (s) questo(es). A escravido levou consigo ofcios e aparelhos, como ter sucedido a outras instituies sociais. No cito alguns aparelhos seno por se ligarem a certo ofcio. Um deles era o ferro ao pescoo, outro o ferro ao p; havia tambm a mscara de folha de flandres. A mscara fazia perder o vcio da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha s trs buracos, dois para ver, um para respirar, e era fechada atrs da cabea por um cadeado. Com o vcio de beber, perdiam a tentao de furtar, porque geralmente era dos vintns do senhor que eles tiravam com que matar a sede, e a ficavam dois pecados extintos, e a sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal mscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcana sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, venda, na porta das lojas. Mas no cuidemos de mscaras. O ferro ao pescoo era aplicado aos escravos fujes. Imaginai uma coleira grossa, com a haste grossa tambm, direita ou esquerda, at ao alto da cabea e fechada atrs com chave. Pesava, naturalmente, mas era menos castigo que sinal. Escravo que fugia assim, onde quer que andasse, mostrava um reincidente, e com pouco era pegado. H meio sculo, os escravos fugiam com frequncia. Eram muitos, e nem todos gostavam da escravido. Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte era apenas repreendida; havia algum de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono no era mau; alm disso, o sentimento da propriedade moderava a ao, porque dinheiro tambm di. A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda que raros, em que o escravo de contrabando, apenas comprado no Valongo, deitava a correr, sem conhecer as ruas da cidade. Dos que seguiam para casa, no raro, apenas ladinos, pediam ao senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ganh-lo fora, quitandando. Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem lho levasse. Punha anncios nas folhas pblicas, com os sinais do fugido, o nome, a roupa, o defeito fsico, se o tinha, o bairro por onde andava e a quantia de gratificao. Quando no vinha a quantia, vinha promessa: gratificar-se- generosamente ou receber uma boa gratificao. Muita vez o anncio trazia em cima ou ao lado uma vinheta, figura de preto, descalo, correndo, vara ao ombro, e na ponta uma trouxa. Protestava-se com todo o rigor da lei contra quem o acoitasse. Ora, pegar escravos fugidios era um ofcio do tempo. No seria nobre, mas por ser instrumento da fora com que se mantm a lei e a propriedade, trazia esta outra nobreza implcita das aes reivindicadoras. Ningum se metia em tal ofcio por desfastio ou estudo; a pobreza, a necessidade de uma achega, a inaptido para outros trabalhos, o acaso, e alguma vez o gosto de servir tambm, ainda que por outra via, davam o impulso ao homem que se sentia bastante rijo para pr ordem desordem. (Contos: uma antologia, 1998.) Em Protestava-se com todo o rigor da lei contra quem o acoitasse. (4 pargrafo), o termo destacado pode ser substitudo, sem prejuzo de sentido para o texto, por:

Questão 16
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(UNESP - 2018/2 - 1 FASE) Leia o trecho do livro Em casa, de Bill Bryson, para responder s questes de 14 a 17. Quase nada, no sculo XVII, escapava astcia dos que adulteravam alimentos. O acar e outros ingredientes caros muitas vezes eram aumentados com gesso, areia e poeira. A manteiga tinha o volume aumentado com sebo e banha. Quem tomasse ch, segundo autoridades da poca, poderia ingerir, sem querer, uma srie de coisas, desde serragem at esterco de carneiro pulverizado. Um carregamento inspecionado, relata Judith Flanders, demonstrou conter apenas a metade de ch; o resto era composto de areia e sujeira. Acrescentava-se cido sulfrico ao vinagre para dar mais acidez; giz ao leite; terebintina1ao gim. O arsenito de cobre era usado para tornar os vegetais mais verdes, ou para fazer a geleia brilhar. O cromato de chumbo dava um brilho dourado aos pes e tambm mostarda. O acetato de chumbo era adicionado s bebidas como adoante, e o chumbo avermelhado deixava o queijo Gloucester, se no mais seguro para comer, mais belo para olhar. No havia praticamente nenhum gnero que no pudesse ser melhorado ou tornado mais econmico para o varejista por meio de um pouquinho de manipulao e engodo. At as cerejas, como relata Tobias Smollett, ganhavam novo brilho depois de roladas, delicadamente, na boca do vendedor antes de serem colocadas em exposio. Quantas damas inocentes, perguntava ele, tinham saboreado um prato de deliciosas cerejas que haviam sido umedecidas e roladas entre os maxilares imundos e, talvez, ulcerados de um mascate de Saint Giles? O po era particularmente atingido. Em seu romance de 1771, The expedition of Humphry Clinker, Smollett definiu o po de Londres como um composto txico de giz, alume2e cinzas de ossos, inspido ao paladar e destrutivo para a constituio; mas acusaes assim j eram comuns na poca. A primeira acusao formal j encontrada sobre a adulterao generalizada do po est em um livro chamado Poison detected: or frightful truths, escrito anonimamente em 1757, que revelou segundo uma autoridade altamente confivel que sacos de ossos velhos so usados por alguns padeiros, no infrequentemente, e que os ossurios dos mortos so revolvidos para adicionar imundcies ao alimento dos vivos. (Em casa, 2011. Adaptado.) 1terebintina: resina extrada de uma planta e usada na fabricao de vernizes, diluio de tintas etc. 2alume: designao dos sulfatos duplos de alumnio e metais alcalinos, com propriedades adstringentes, usado na fabricao de corantes, papel, porcelana, na purificao de gua, na clarificao de acar etc. Em Quase nada, no sculo XVII, escapava astcia dos que adulteravam alimentos (1pargrafo), o termo sublinhado um verbo

Questão 16
2018Português

(UNESP - 2018 - 1 FASE) Leia o trecho do conto Pai contra me, de Machado de Assis (1839-1908), para responder (s) questo(es). A escravido levou consigo ofcios e aparelhos, como ter sucedido a outras instituies sociais. No cito alguns aparelhos seno por se ligarem a certo ofcio. Um deles era o ferro ao pescoo, outro o ferro ao p; havia tambm a mscara de folha de flandres. A mscara fazia perder o vcio da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha s trs buracos, dois para ver, um para respirar, e era fechada atrs da cabea por um cadeado. Com o vcio de beber, perdiam a tentao de furtar, porque geralmente era dos vintns do senhor que eles tiravam com que matar a sede, e a ficavam dois pecados extintos, e a sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal mscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcana sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, venda, na porta das lojas. Mas no cuidemos de mscaras. O ferro ao pescoo era aplicado aos escravos fujes. Imaginai uma coleira grossa, com a haste grossa tambm, direita ou esquerda, at ao alto da cabea e fechada atrs com chave. Pesava, naturalmente, mas era menos castigo que sinal. Escravo que fugia assim, onde quer que andasse, mostrava um reincidente, e com pouco era pegado. H meio sculo, os escravos fugiam com frequncia. Eram muitos, e nem todos gostavam da escravido. Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte era apenas repreendida; havia algum de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono no era mau; alm disso, o sentimento da propriedade moderava a ao, porque dinheiro tambm di. A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda que raros, em que o escravo de contrabando, apenas comprado no Valongo, deitava a correr, sem conhecer as ruas da cidade. Dos que seguiam para casa, no raro, apenas ladinos, pediam ao senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ganh-lo fora, quitandando. Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem lho levasse. Punha anncios nas folhas pblicas, com os sinais do fugido, o nome, a roupa, o defeito fsico, se o tinha, o bairro por onde andava e a quantia de gratificao. Quando no vinha a quantia, vinha promessa: gratificar-se- generosamente ou receber uma boa gratificao. Muita vez o anncio trazia em cima ou ao lado uma vinheta, figura de preto, descalo, correndo, vara ao ombro, e na ponta uma trouxa. Protestava-se com todo o rigor da lei contra quem o acoitasse. Ora, pegar escravos fugidios era um ofcio do tempo. No seria nobre, mas por ser instrumento da fora com que se mantm a lei e a propriedade, trazia esta outra nobreza implcita das aes reivindicadoras. Ningum se metia em tal ofcio por desfastio ou estudo; a pobreza, a necessidade de uma achega, a inaptido para outros trabalhos, o acaso, e alguma vez o gosto de servir tambm, ainda que por outra via, davam o impulso ao homem que se sentia bastante rijo para pr ordem desordem. (Contos: uma antologia, 1998.) A perspectiva do narrador diante das situaes e dos fatos relacionados escravido marcada, sobretudo,

Questão 17
2018Português

(UNESP - 2018/2 - 1 FASE) Leia o trecho do livroEm casa, de Bill Bryson, para responder s questes de 14 a 17. Quase nada, no sculo XVII, escapava astcia dos que adulteravam alimentos. O acar e outros ingredientes caros muitas vezes eram aumentados com gesso, areia e poeira. A manteiga tinha o volume aumentado com sebo e banha. Quem tomasse ch, segundo autoridades da poca, poderia ingerir, sem querer, uma srie de coisas, desde serragem at esterco de carneiro pulverizado. Um carregamento inspecionado, relata Judith Flanders, demonstrou conter apenas a metade de ch; o resto era composto de areia e sujeira. Acrescentava-se cido sulfrico ao vinagre para dar mais acidez; giz ao leite; terebintina1ao gim. O arsenito de cobre era usado para tornar os vegetais mais verdes, ou para fazer a geleia brilhar. O cromato de chumbo dava um brilho dourado aos pes e tambm mostarda. O acetato de chumbo era adicionado s bebidas como adoante, e o chumbo avermelhado deixava o queijo Gloucester, se no mais seguro para comer, mais belo para olhar. No havia praticamente nenhum gnero que no pudesse ser melhorado ou tornado mais econmico para o varejista por meio de um pouquinho de manipulao e engodo. At as cerejas, como relata Tobias Smollett, ganhavam novo brilho depois de roladas, delicadamente, na boca do vendedor antes de serem colocadas em exposio. Quantas damas inocentes, perguntava ele, tinham saboreado um prato de deliciosas cerejas que haviam sido umedecidas e roladas entre os maxilares imundos e, talvez, ulcerados de um mascate de Saint Giles? O po era particularmente atingido. Em seu romance de 1771,The expedition of Humphry Clinker, Smollett definiu o po de Londres como um composto txico de giz, alume2e cinzas de ossos, inspido ao paladar e destrutivo para a constituio; mas acusaes assim j eram comuns na poca. A primeira acusao formal j encontrada sobre a adulterao generalizada do po est em um livro chamadoPoison detected: or frightful truths, escrito anonimamente em 1757, que revelou segundo uma autoridade altamente confivel que sacos de ossos velhos so usados por alguns padeiros, no infrequentemente, e que os ossurios dos mortos so revolvidos para adicionar imundcies ao alimento dos vivos. (Em casa, 2011. Adaptado.) 1terebintina: resina extrada de uma planta e usada na fabricao de vernizes, diluio de tintas etc. 2alume: designao dos sulfatos duplos de alumnio e metais alcalinos, com propriedades adstringentes, usado na fabricao de corantes, papel, porcelana, na purificao de gua, na clarificao de acar etc. invarivel quanto a gnero e a nmero o termo sublinhado em:

Questão 18
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(UNESP - 2018/2 - 1 FASE) Esse movimento descobriu algo que ainda no havia sido conhecido ou enfatizado antes: a poesia pura, a poesia que surge do esprito irracional, no conceitual da linguagem, oposto a toda interpretao lgica. Assim, a poesia nada mais do que a expresso daquelas relaes e correspondncias, que a linguagem, abandonada a si mesma, cria entre o concreto e o abstrato, o material e o ideal, e entre as diferentes esferas dos sentidos. Sendo a vida misteriosa e inexplicvel, como pensavam os adeptos desse movimento, era natural que fosse representada de maneira imprecisa, vaga, nebulosa, ilgica e ininteligvel. (Afrnio Coutinho. Introduo literatura no Brasil, 1976. Adaptado.) O comentrio do crtico Afrnio Coutinho refere-se ao movimento literrio denominado