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Questões de Português - UNESP | Gabarito e resoluções

Questão 29
2013Português

(UNESP - 2013 - 2a fase - Questo 29) Cana Hoje disse Milkau quando chegaram a um trecho desembaraado da praia , devemos escolher o local para a nossa casa. Oh! no haver dificuldade, neste deserto, de talhar o nosso pequeno lote... desdenhou Lentz. Quanto a mim, replicou Milkau, uma ligeira inquietao de vago terror se mistura ao prazer extraordinrio de recomear a vida pela fundao do domiclio, e pelas minhas prprias mos... O que lamentvel nesta solenidade primitiva a interveno intil do Estado... O Estado, que no nosso caso o agrimensor Felicssimo... No seria muito mais perfeito que a terra e as suas coisas fossem propriedade de todos, sem venda, sem posse? O que eu vejo o contrrio disto. antes a venalidade de tudo, a ambio, que chama a ambio e espraia o instinto da posse. O que est hoje fora do domnio amanh ser a presa do homem. No acreditas que o prprio ar que escapa nossa posse ser vendido, mais tarde, nas cidades suspensas, como hoje a terra? No ser uma nova forma da expanso da conquista e da propriedade? Ou melhor, no vs a propriedade tornar-se cada dia mais coletiva, numa grande nsia de aquisio popular, que se vai alastrando e que um dia, depois de se apossar dos jardins, dos palcios, dos museus, das estradas, se estender a tudo?... O sentimento da posse morrer com a desnecessidade, com a supresso da ideia da defesa pessoal, que nele tinha o seu repouso... Pois eu ponderou Lentz , se me fixar na ideia de converter-me em colono, desejarei ir alargando o meu terreno, chamar a mim outros trabalhadores e fundar um novo ncleo, que signifique fortuna e domnio... Porque s pela riqueza ou pela fora nos emanciparemos da servido. O meu quinho de terra explicou Milkau ser o mesmo que hoje receber; no o ampliarei, no me abandonarei ambio, ficarei sempre alegremente reduzido situao de um homem humilde entre gente simples. Desde que chegamos, sinto um perfeito encantamento: no s a natureza que me seduz aqui, que me festeja, tambm a suave contemplao do homem. Todos mostram a sua doura ntima estampada na calma das linhas do rosto; h como um longnquo afastamento da clera e do dio. H em todos uma resignao amorosa... Os naturais da terra so expansivos e alvissareiros da felicidade de que nos parecem os portadores... Os que vieram de longe esqueceram as suas amarguras, esto tranquilos e amveis; no h grandes separaes, o prprio chefe troca no lar o seu prestgio pela espontaneidade niveladora, que o feliz gnio da sua raa. Vendo-os, eu adivinho o que todo este Pas um recanto de bondade, de olvido e de paz. H de haver uma grande unio entre todos, no haver conflitos de orgulho e ambio, a justia ser perfeita; no se imolaro vtimas aos rancores abandonados na estrada do exlio. Todos se purificaro e ns tambm nos devemos esquecer de ns mesmos e dos nossos preconceitos, para s pensarmos nos outros e no perturbarmos a serenidade desta vida... (Graa Aranha. Cana, 1996.) (Henfil. A volta do Fradim: uma antologia histrica: charges, 1994.) Em sua ltima fala no fragmento do romance Cana, coerentemente com o que manifestou nas falas anteriores, a personagem Milkau, ao informar o que pretende fazer com seu quinho de terra, acaba expressando sua prpria concepo de mundo. Releia essa fala e faa uma sntese dessa concepo da personagem.

Questão 30
2013Português

(UNESP - 2013 - 2a fase - Questo 30) Cana Hoje disse Milkau quando chegaram a um trecho desembaraado da praia , devemos escolher o local para a nossa casa. Oh! no haver dificuldade, neste deserto, de talhar o nosso pequeno lote... desdenhou Lentz. Quanto a mim, replicou Milkau, uma ligeira inquietao de vago terror se mistura ao prazer extraordinrio de recomear a vida pela fundao do domiclio, e pelas minhas prprias mos... O que lamentvel nesta solenidade primitiva a interveno intil do Estado... O Estado, que no nosso caso o agrimensor Felicssimo... No seria muito mais perfeito que a terra e as suas coisas fossem propriedade de todos, sem venda, sem posse? O que eu vejo o contrrio disto. antes a venalidade de tudo, a ambio, que chama a ambio e espraia o instinto da posse. O que est hoje fora do domnio amanh ser a presa do homem. No acreditas que o prprio ar que escapa nossa posse ser vendido, mais tarde, nas cidades suspensas, como hoje a terra? No ser uma nova forma da expanso da conquista e da propriedade? Ou melhor, no vs a propriedade tornar-se cada dia mais coletiva, numa grande nsia de aquisio popular, que se vai alastrando e que um dia, depois de se apossar dos jardins, dos palcios, dos museus, das estradas, se estender a tudo?... O sentimento da posse morrer com a desnecessidade, com a supresso da ideia da defesa pessoal, que nele tinha o seu repouso... Pois eu ponderou Lentz , se me fixar na ideia de converter-me em colono, desejarei ir alargando o meu terreno, chamar a mim outros trabalhadores e fundar um novo ncleo, que signifique fortuna e domnio... Porque s pela riqueza ou pela fora nos emanciparemos da servido. O meu quinho de terra explicou Milkau ser o mesmo que hoje receber; no o ampliarei, no me abandonarei ambio, ficarei sempre alegremente reduzido situao de um homem humilde entre gente simples. Desde que chegamos, sinto um perfeito encantamento: no s a natureza que me seduz aqui, que me festeja, tambm a suave contemplao do homem. Todos mostram a sua doura ntima estampada na calma das linhas do rosto; h como um longnquo afastamento da clera e do dio. H em todos uma resignao amorosa... Os naturais da terra so expansivos e alvissareiros da felicidade de que nos parecem os portadores... Os que vieram de longe esqueceram as suas amarguras, esto tranquilos e amveis; no h grandes separaes, o prprio chefe troca no lar o seu prestgio pela espontaneidade niveladora, que o feliz gnio da sua raa. Vendo-os, eu adivinho o que todo este Pas um recanto de bondade, de olvido e de paz. H de haver uma grande unio entre todos, no haver conflitos de orgulho e ambio, a justia ser perfeita; no se imolaro vtimas aos rancores abandonados na estrada do exlio. Todos se purificaro e ns tambm nos devemos esquecer de ns mesmos e dos nossos preconceitos, para s pensarmos nos outros e no perturbarmos a serenidade desta vida... (Graa Aranha. Cana, 1996.) (Henfil. A volta do Fradim: uma antologia histrica: charges, 1994.) O que eu vejo o contrrio disto. antes a venalidade de tudo, a ambio, que chama a ambio e espraia o instinto da posse. Tomando por base o contexto do dilogo e as outras manifestaes de Milkau, aponte o argumento que defendido por Lentz nesta fala.

Questão 31
2013Português

(UNESP - 2013 - 2a fase - Questo 31) Cana Hoje disse Milkau quando chegaram a um trecho desembaraado da praia , devemos escolher o local para a nossa casa. Oh! no haver dificuldade, neste deserto, de talhar o nosso pequeno lote... desdenhou Lentz. Quanto a mim, replicou Milkau, uma ligeira inquietao de vago terror se mistura ao prazer extraordinrio de recomear a vida pela fundao do domiclio, e pelas minhas prprias mos... O que lamentvel nesta solenidade primitiva a interveno intil do Estado... O Estado, que no nosso caso o agrimensor Felicssimo... No seria muito mais perfeito que a terra e as suas coisas fossem propriedade de todos, sem venda, sem posse? O que eu vejo o contrrio disto. antes a venalidade de tudo, a ambio, que chama a ambio e espraia o instinto da posse. O que est hoje fora do domnio amanh ser a presa do homem. No acreditas que o prprio ar que escapa nossa posse ser vendido, mais tarde, nas cidades suspensas, como hoje a terra? No ser uma nova forma da expanso da conquista e da propriedade? Ou melhor, no vs a propriedade tornar-se cada dia mais coletiva, numa grande nsia de aquisio popular, que se vai alastrando e que um dia, depois de se apossar dos jardins, dos palcios, dos museus, das estradas, se estender a tudo?... O sentimento da posse morrer com a desnecessidade, com a supresso da ideia da defesa pessoal, que nele tinha o seu repouso... Pois eu ponderou Lentz , se me fixar na ideia de converter-me em colono, desejarei ir alargando o meu terreno, chamar a mim outros trabalhadores e fundar um novo ncleo, que signifique fortuna e domnio... Porque s pela riqueza ou pela fora nos emanciparemos da servido. O meu quinho de terra explicou Milkau ser o mesmo que hoje receber; no o ampliarei, no me abandonarei ambio, ficarei sempre alegremente reduzido situao de um homem humilde entre gente simples. Desde que chegamos, sinto um perfeito encantamento: no s a natureza que me seduz aqui, que me festeja, tambm a suave contemplao do homem. Todos mostram a sua doura ntima estampada na calma das linhas do rosto; h como um longnquo afastamento da clera e do dio. H em todos uma resignao amorosa... Os naturais da terra so expansivos e alvissareiros da felicidade de que nos parecem os portadores... Os que vieram de longe esqueceram as suas amarguras, esto tranquilos e amveis; no h grandes separaes, o prprio chefe troca no lar o seu prestgio pela espontaneidade niveladora, que o feliz gnio da sua raa. Vendo-os, eu adivinho o que todo este Pas um recanto de bondade, de olvido e de paz. H de haver uma grande unio entre todos, no haver conflitos de orgulho e ambio, a justia ser perfeita; no se imolaro vtimas aos rancores abandonados na estrada do exlio. Todos se purificaro e ns tambm nos devemos esquecer de ns mesmos e dos nossos preconceitos, para s pensarmos nos outros e no perturbarmos a serenidade desta vida... (Graa Aranha. Cana, 1996.) (Henfil. A volta do Fradim: uma antologia histrica: charges, 1994.) Estabelea uma relao entre as opinies das personagens da tira de Henfil e as das personagens de Cana.

Questão 32
2013Português

(UNESP - 2013 - 2a fase - Questo 32) Cana Hoje disse Milkau quando chegaram a um trecho desembaraado da praia , devemos escolher o local para a nossa casa. Oh! no haver dificuldade, neste deserto, de talhar o nosso pequeno lote... desdenhou Lentz. Quanto a mim, replicou Milkau, uma ligeira inquietao de vago terror se mistura ao prazer extraordinrio de recomear a vida pela fundao do domiclio, e pelas minhas prprias mos... O que lamentvel nesta solenidade primitiva a interveno intil do Estado... O Estado, que no nosso caso o agrimensor Felicssimo... No seria muito mais perfeito que a terra e as suas coisas fossem propriedade de todos, sem venda, sem posse? O que eu vejo o contrrio disto. antes a venalidade de tudo, a ambio, que chama a ambio e espraia o instinto da posse. O que est hoje fora do domnio amanh ser a presa do homem. No acreditas que o prprio ar que escapa nossa posse ser vendido, mais tarde, nas cidades suspensas, como hoje a terra? No ser uma nova forma da expanso da conquista e da propriedade? Ou melhor, no vs a propriedade tornar-se cada dia mais coletiva, numa grande nsia de aquisio popular, que se vai alastrando e que um dia, depois de se apossar dos jardins, dos palcios, dos museus, das estradas, se estender a tudo?... O sentimento da posse morrer com a desnecessidade, com a supresso da ideia da defesa pessoal, que nele tinha o seu repouso... Pois eu ponderou Lentz , se me fixar na ideia de converter-me em colono, desejarei ir alargando o meu terreno, chamar a mim outros trabalhadores e fundar um novo ncleo, que signifique fortuna e domnio... Porque s pela riqueza ou pela fora nos emanciparemos da servido. O meu quinho de terra explicou Milkau ser o mesmo que hoje receber; no o ampliarei, no me abandonarei ambio, ficarei sempre alegremente reduzido situao de um homem humilde entre gente simples. Desde que chegamos, sinto um perfeito encantamento: no s a natureza que me seduz aqui, que me festeja, tambm a suave contemplao do homem. Todos mostram a sua doura ntima estampada na calma das linhas do rosto; h como um longnquo afastamento da clera e do dio. H em todos uma resignao amorosa... Os naturais da terra so expansivos e alvissareiros da felicidade de que nos parecem os portadores... Os que vieram de longe esqueceram as suas amarguras, esto tranquilos e amveis; no h grandes separaes, o prprio chefe troca no lar o seu prestgio pela espontaneidade niveladora, que o feliz gnio da sua raa. Vendo-os, eu adivinho o que todo este Pas um recanto de bondade, de olvido e de paz. H de haver uma grande unio entre todos, no haver conflitos de orgulho e ambio, a justia ser perfeita; no se imolaro vtimas aos rancores abandonados na estrada do exlio. Todos se purificaro e ns tambm nos devemos esquecer de ns mesmos e dos nossos preconceitos, para s pensarmos nos outros e no perturbarmos a serenidade desta vida... (Graa Aranha. Cana, 1996.) (Henfil. A volta do Fradim: uma antologia histrica: charges, 1994.) Tomando como referncia o sistema ortogrfico, explique por que o cartunista Henfil, ao aportuguesar, com inteno irnica, a expresso inglesa my brother, colocou o acento agudo em Brder.

Questão
2013Português

(UNESP - 2013/2 - 2 FASE) Saudade de minha terra De que me adianta viver na cidade, Se a felicidade no me acompanhar? Adeus, paulistinha do meu corao, L pro meu serto eu quero voltar; Ver a madrugada, quando a passarada, Fazendo alvorada, comea a cantar. Com satisfao, arreio o burro, Cortando o estrado, saio a galopar; E vou escutando o gado berrando, Sabi cantando no jequitib. Por Nossa Senhora, meu serto querido, Vivo arrependido por ter te deixado. Nesta nova vida, aqui da cidade, De tanta saudade eu tenho chorado; Aqui tem algum, diz que me quer bem, Mas no me convm, eu tenho pensado, E fico com pena, mas esta morena No sabe o sistema em que fui criado. T aqui cantando, de longe escutando, Algum est chorando com o rdio ligado. Que saudade imensa, do campo e do mato, Do manso regato que corta as campinas. Ia aos domingos passear de canoa Na linda lagoa de guas cristalinas; Que doces lembranas daquelas festanas, Onde tinha danas e lindas meninas! Eu vivo hoje em dia, sem ter alegria, O mundo judia, mas tambm ensina. Estou contrariado, mas no derrotado, Eu sou bem guiado pelas mos divinas. Pra minha mezinha, j telegrafei, Que j me cansei de tanto sofrer. Nesta madrugada, estarei de partida Pra terra querida que me viu nascer; J ouo sonhando o galo cantando, O inhambu piando no escurecer, A lua prateada, clareando a estrada, A relva molhada desde o anoitecer. Eu preciso ir, pra ver tudo ali, Foi l que nasci, l quero morrer. (Goi em duas vozes o compositor interpreta suas msicas. Discos Choror. CD n 10548, s/d.) Relendo os primeiros seis versos da terceira estrofe, percebe-se que o contedo neles relatado apresenta analogia com a poesia do Arcadismo, de que foram tpicos representantes em nosso pas Toms Antnio Gonzaga e Cludio Manuel da Costa. Indique uma dessas semelhanas.

Questão
2013Português

(UNESP - 2013/2 - 2 FASE) Como disse, rolava eu no capim, pronto a dar ao caso soluo briosa, na hora em que o querelante apresentou aquela risada de pouco-caso e deboche: Qu-qu-qu... No precisou de mais nada para que o gnio dos Azeredos e demais Furtados viesse de vela solta. Dei um pulo de cabrito e preparado estava para a guerra do lobisomem. Por descargo de conscincia, do que nem carecia, chamei os santos de que sou devocioneiro: So Jorge, Santo Onofre, So Jos! Em presena de tal apelao, mais brabento apareceu a peste. Ciscava o cho de soltar terra e macega no longe de dez braas ou mais. Era trabalho de gelar qualquer cristo que no levasse o nome de Ponciano de Azeredo Furtado. Dos olhos do lobisomem pingava labareda, em risco de contaminar de fogo o verdal adjacente. Tanta chispa largava o penitente que um caador de paca, estando em distncia de bom respeito, cuidou que o mato estivesse ardendo. J nessa altura eu tinha pegado a segurana de uma figueira e l de cima, no galho mais firme, aguardava a deliberao do lobisomem. Garrucha engatilhada, s pedia que o assombrado desse franquia de tiro. Sabido, cheio de voltas e negaas, deu ele de executar macaquice que nunca cuidei que um lobisomem pudesse fazer. Aquele par de brasas espiava aqui e l na esperana de que eu pensasse ser uma scia deles e no uma pessoa sozinha. O que o galhofista queria que eu, coronel de nimo desenfreado, fosse para o barro denegrir a farda e deslustrar a patente. Sujeito especial em lobisomem como eu no ia cair em armadilha de pouco pau. No alto da figueira estava, no alto da figueira fiquei. Diante de to firme deliberao, o vingativo mudou o rumo da guerra. Caiu de dente no p de pau, na parte mais afunilada, como se serrote fosse: Raque-raque-raque. No conversei pronto dois tiros levantaram asa da minha garrucha. Foi o mesmo que espalhar arruaa no mato todo. Subiu asa de tudo que era bicho da noite e uma sociedade de morcegos escureceu o luar. No meio da algazarra, j de fugida, vi o lobisomem pulando coxo, de pernil avariado, lngua sobressada na boca. Na primeira gota de sangue a maldio desencantava, como de lei e dos regulamentos dessa raa de penitentes. No raiar do dia, sujeito que fosse visto de perna trespassada, ainda ferida verde, podia contar, era o lobisomem. (O coronel e o lobisomem, 1980.) Explique a razo pela qual o narrador atribui o adjetivo verde ao substantivo ferida, no ltimo perodo do texto.

Questão
2013Português

(UNESP - 2013/2 - 2 FASE) Como disse, rolava eu no capim, pronto a dar ao caso soluo briosa, na hora em que o querelante apresentou aquela risada de pouco-caso e deboche: Qu-qu-qu... No precisou de mais nada para que o gnio dos Azeredos e demais Furtados viesse de vela solta. Dei um pulo de cabrito e preparado estava para a guerra do lobisomem. Por descargo de conscincia, do que nem carecia, chamei os santos de que sou devocioneiro: So Jorge, Santo Onofre, So Jos! Em presena de tal apelao, mais brabento apareceu a peste. Ciscava o cho de soltar terra e macega no longe de dez braas ou mais. Era trabalho de gelar qualquer cristo que no levasse o nome de Ponciano de Azeredo Furtado. Dos olhos do lobisomem pingava labareda, em risco de contaminar de fogo o verdal adjacente. Tanta chispa largava o penitente que um caador de paca, estando em distncia de bom respeito, cuidou que o mato estivesse ardendo. J nessa altura eu tinha pegado a segurana de uma figueira e l de cima, no galho mais firme, aguardava a deliberao do lobisomem. Garrucha engatilhada, s pedia que o assombrado desse franquia de tiro. Sabido, cheio de voltas e negaas, deu ele de executar macaquice que nunca cuidei que um lobisomem pudesse fazer. Aquele par de brasas espiava aqui e l na esperana de que eu pensasse ser uma scia deles e no uma pessoa sozinha. O que o galhofista queria que eu, coronel de nimo desenfreado, fosse para o barro denegrir a farda e deslustrar a patente. Sujeito especial em lobisomem como eu no ia cair em armadilha de pouco pau. No alto da figueira estava, no alto da figueira fiquei. Diante de to firme deliberao, o vingativo mudou o rumo da guerra. Caiu de dente no p de pau, na parte mais afunilada, como se serrote fosse: Raque-raque-raque. No conversei pronto dois tiros levantaram asa da minha garrucha. Foi o mesmo que espalhar arruaa no mato todo. Subiu asa de tudo que era bicho da noite e uma sociedade de morcegos escureceu o luar. No meio da algazarra, j de fugida, vi o lobisomem pulando coxo, de pernil avariado, lngua sobressada na boca. Na primeira gota de sangue a maldio desencantava, como de lei e dos regulamentos dessa raa de penitentes. No raiar do dia, sujeito que fosse visto de perna trespassada, ainda ferida verde, podia contar, era o lobisomem. (O coronel e o lobisomem, 1980.) Tanta chispa largava o penitente que um caador de paca, estando em distncia de bom respeito, cuidou que o mato estivesse ardendo. A passagem transcrita pode ser dividida em dois segmentos: um indicando causa, o outro indicando consequncia ou efeito dessa causa. Reescreva apenas o segmento que indica causa, colocando seus termos em ordem direta.

Questão
2013Português

(UNESP - 2013/2 - 2 FASE) Como disse, rolava eu no capim, pronto a dar ao caso soluo briosa, na hora em que o querelante apresentou aquela risada de pouco-caso e deboche: Qu-qu-qu... No precisou de mais nada para que o gnio dos Azeredos e demais Furtados viesse de vela solta. Dei um pulo de cabrito e preparado estava para a guerra do lobisomem. Por descargo de conscincia, do que nem carecia, chamei os santos de que sou devocioneiro: So Jorge, Santo Onofre, So Jos! Em presena de tal apelao, mais brabento apareceu a peste. Ciscava o cho de soltar terra e macega no longe de dez braas ou mais. Era trabalho de gelar qualquer cristo que no levasse o nome de Ponciano de Azeredo Furtado. Dos olhos do lobisomem pingava labareda, em risco de contaminar de fogo o verdal adjacente. Tanta chispa largava o penitente que um caador de paca, estando em distncia de bom respeito, cuidou que o mato estivesse ardendo. J nessa altura eu tinha pegado a segurana de uma figueira e l de cima, no galho mais firme, aguardava a deliberao do lobisomem. Garrucha engatilhada, s pedia que o assombrado desse franquia de tiro. Sabido, cheio de voltas e negaas, deu ele de executar macaquice que nunca cuidei que um lobisomem pudesse fazer. Aquele par de brasas espiava aqui e l na esperana de que eu pensasse ser uma scia deles e no uma pessoa sozinha. O que o galhofista queria que eu, coronel de nimo desenfreado, fosse para o barro denegrir a farda e deslustrar a patente. Sujeito especial em lobisomem como eu no ia cair em armadilha de pouco pau. No alto da figueira estava, no alto da figueira fiquei. Diante de to firme deliberao, o vingativo mudou o rumo da guerra. Caiu de dente no p de pau, na parte mais afunilada, como se serrote fosse: Raque-raque-raque. No conversei pronto dois tiros levantaram asa da minha garrucha. Foi o mesmo que espalhar arruaa no mato todo. Subiu asa de tudo que era bicho da noite e uma sociedade de morcegos escureceu o luar. No meio da algazarra, j de fugida, vi o lobisomem pulando coxo, de pernil avariado, lngua sobressada na boca. Na primeira gota de sangue a maldio desencantava, como de lei e dos regulamentos dessa raa de penitentes. No raiar do dia, sujeito que fosse visto de perna trespassada, ainda ferida verde, podia contar, era o lobisomem. (O coronel e o lobisomem, 1980.) Por descargo de conscincia, do que nem carecia, chamei os santos de que sou devocioneiro: So Jorge, Santo Onofre, So Jos! Nesta passagem, que atitude tenta disfarar a personagem, ao dizer Por descargo de conscincia, do que nem carecia?

Questão
2013Português

(UNESP - 2013/2 - 2 FASE) Como disse, rolava eu no capim, pronto a dar ao caso soluo briosa, na hora em que o querelante apresentou aquela risada de pouco-caso e deboche: Qu-qu-qu... No precisou de mais nada para que o gnio dos Azeredos e demais Furtados viesse de vela solta. Dei um pulo de cabrito e preparado estava para a guerra do lobisomem. Por descargo de conscincia, do que nem carecia, chamei os santos de que sou devocioneiro: So Jorge, Santo Onofre, So Jos! Em presena de tal apelao, mais brabento apareceu a peste. Ciscava o cho de soltar terra e macega no longe de dez braas ou mais. Era trabalho de gelar qualquer cristo que no levasse o nome de Ponciano de Azeredo Furtado. Dos olhos do lobisomem pingava labareda, em risco de contaminar de fogo o verdal adjacente. Tanta chispa largava o penitente que um caador de paca, estando em distncia de bom respeito, cuidou que o mato estivesse ardendo. J nessa altura eu tinha pegado a segurana de uma figueira e l de cima, no galho mais firme, aguardava a deliberao do lobisomem. Garrucha engatilhada, s pedia que o assombrado desse franquia de tiro. Sabido, cheio de voltas e negaas, deu ele de executar macaquice que nunca cuidei que um lobisomem pudesse fazer. Aquele par de brasas espiava aqui e l na esperana de que eu pensasse ser uma scia deles e no uma pessoa sozinha. O que o galhofista queria que eu, coronel de nimo desenfreado, fosse para o barro denegrir a farda e deslustrar a patente. Sujeito especial em lobisomem como eu no ia cair em armadilha de pouco pau. No alto da figueira estava, no alto da figueira fiquei. Diante de to firme deliberao, o vingativo mudou o rumo da guerra. Caiu de dente no p de pau, na parte mais afunilada, como se serrote fosse: Raque-raque-raque. No conversei pronto dois tiros levantaram asa da minha garrucha. Foi o mesmo que espalhar arruaa no mato todo. Subiu asa de tudo que era bicho da noite e uma sociedade de morcegos escureceu o luar. No meio da algazarra, j de fugida, vi o lobisomem pulando coxo, de pernil avariado, lngua sobressada na boca. Na primeira gota de sangue a maldio desencantava, como de lei e dos regulamentos dessa raa de penitentes. No raiar do dia, sujeito que fosse visto de perna trespassada, ainda ferida verde, podia contar, era o lobisomem. (O coronel e o lobisomem, 1980.) No precisou de mais nada para que o gnio dos Azeredos e demais Furtados viesse de vela solta. Na passagem apresentada, explique o que quer significar o narrador, em termos de ao, com essa referncia ao gnio dos Azeredos e demais Furtados.

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2013Português

(UNESP - 2013/2 - 2 FASE) Saudade de minha terra De que me adianta viver na cidade, Se a felicidade no me acompanhar? Adeus, paulistinha do meu corao, L pro meu serto eu quero voltar; Ver a madrugada, quando a passarada, Fazendo alvorada, comea a cantar. Com satisfao, arreio o burro, Cortando o estrado, saio a galopar; E vou escutando o gado berrando, Sabi cantando no jequitib. Por Nossa Senhora, meu serto querido, Vivo arrependido por ter te deixado. Nesta nova vida, aqui da cidade, De tanta saudade eu tenho chorado; Aqui tem algum, diz que me quer bem, Mas no me convm, eu tenho pensado, E fico com pena, mas esta morena No sabe o sistema em que fui criado. T aqui cantando, de longe escutando, Algum est chorando com o rdio ligado. Que saudade imensa, do campo e do mato, Do manso regato que corta as campinas. Ia aos domingos passear de canoa Na linda lagoa de guas cristalinas; Que doces lembranas daquelas festanas, Onde tinha danas e lindas meninas! Eu vivo hoje em dia, sem ter alegria, O mundo judia, mas tambm ensina. Estou contrariado, mas no derrotado, Eu sou bem guiado pelas mos divinas. Pra minha mezinha, j telegrafei, Que j me cansei de tanto sofrer. Nesta madrugada, estarei de partida Pra terra querida que me viu nascer; J ouo sonhando o galo cantando, O inhambu piando no escurecer, A lua prateada, clareando a estrada, A relva molhada desde o anoitecer. Eu preciso ir, pra ver tudo ali, Foi l que nasci, l quero morrer. (Goi em duas vozes o compositor interpreta suas msicas. Discos Choror. CD n 10548, s/d.) Aponte um elemento presente no incio da ltima estrofe que refora o dado de que o eu lrico se expressa numa poca anterior atual. Justifique sua resposta.

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2013Português

(UNESP - 2013/2 - 2 FASE) Saudade de minha terra De que me adianta viver na cidade, Se a felicidade no me acompanhar? Adeus, paulistinha do meu corao, L pro meu serto eu quero voltar; Ver a madrugada, quando a passarada, Fazendo alvorada, comea a cantar. Com satisfao, arreio o burro, Cortando o estrado, saio a galopar; E vou escutando o gado berrando, Sabi cantando no jequitib. Por Nossa Senhora, meu serto querido, Vivo arrependido por ter te deixado. Nesta nova vida, aqui da cidade, De tanta saudade eu tenho chorado; Aqui tem algum, diz que me quer bem, Mas no me convm, eu tenho pensado, E fico com pena, mas esta morena No sabe o sistema em que fui criado. T aqui cantando, de longe escutando, Algum est chorando com o rdio ligado. Que saudade imensa, do campo e do mato, Do manso regato que corta as campinas. Ia aos domingos passear de canoa Na linda lagoa de guas cristalinas; Que doces lembranas daquelas festanas, Onde tinha danas e lindas meninas! Eu vivo hoje em dia, sem ter alegria, O mundo judia, mas tambm ensina. Estou contrariado, mas no derrotado, Eu sou bem guiado pelas mos divinas. Pra minha mezinha, j telegrafei, Que j me cansei de tanto sofrer. Nesta madrugada, estarei de partida Pra terra querida que me viu nascer; J ouo sonhando o galo cantando, O inhambu piando no escurecer, A lua prateada, clareando a estrada, A relva molhada desde o anoitecer. Eu preciso ir, pra ver tudo ali, Foi l que nasci, l quero morrer. (Goi em duas vozes o compositor interpreta suas msicas. Discos Choror. CD n 10548, s/d.) T aqui cantando, de longe escutando, No verso destacado, a variante popular t, alm de ter sido empregada para caracterizar o teor da msica sertaneja, desempenha tambm um papel na mtrica do verso, que no aceitaria a forma estou. Explique o motivo pelo qual o compositor no empregou estou.

Questão
2013Português

(UNESP - 2013/2 - 2 FASE) Saudade de minha terra De que me adianta viver na cidade, Se a felicidade no me acompanhar? Adeus, paulistinha do meu corao, L pro meu serto eu quero voltar; Ver a madrugada, quando a passarada, Fazendo alvorada, comea a cantar. Com satisfao, arreio o burro, Cortando o estrado, saio a galopar; E vou escutando o gado berrando, Sabi cantando no jequitib. Por Nossa Senhora, meu serto querido, Vivo arrependido por ter te deixado. Nesta nova vida, aqui da cidade, De tanta saudade eu tenho chorado; Aqui tem algum, diz que me quer bem, Mas no me convm, eu tenho pensado, E fico com pena, mas esta morena No sabe o sistema em que fui criado. T aqui cantando, de longe escutando, Algum est chorando com o rdio ligado. Que saudade imensa, do campo e do mato, Do manso regato que corta as campinas. Ia aos domingos passear de canoa Na linda lagoa de guas cristalinas; Que doces lembranas daquelas festanas, Onde tinha danas e lindas meninas! Eu vivo hoje em dia, sem ter alegria, O mundo judia, mas tambm ensina. Estou contrariado, mas no derrotado, Eu sou bem guiado pelas mos divinas. Pra minha mezinha, j telegrafei, Que j me cansei de tanto sofrer. Nesta madrugada, estarei de partida Pra terra querida que me viu nascer; J ouo sonhando o galo cantando, O inhambu piando no escurecer, A lua prateada, clareando a estrada, A relva molhada desde o anoitecer. Eu preciso ir, pra ver tudo ali, Foi l que nasci, l quero morrer. (Goi em duas vozes o compositor interpreta suas msicas. Discos Choror. CD n 10548, s/d.) Tendo em mente o fato de que usual a retomada de um mesmo tema por artistas de pocas diferentes, explique o que h de comum entre a letra de Saudade de minha terra e a Cano do Exlio, do poeta romntico Gonalves Dias, cujos primeiros versos so: Minha terra tem palmeiras / onde canta o sabi. / As aves que aqui gorjeiam, no gorjeiam como l.

Questão 1
2012Português

(UNESP - 2012 - 1a Fase) Uma campanha alegre, IX H muitos anos que a poltica em Portugal apresenta este singular estado: Doze ou quinze homens, sempre os mesmos, alternadamente possuem o Poder, perdem o Poder, reconquistam o Poder, trocam o Poder... O Poder no sai duns certos grupos, como uma pela* que quatro crianas, aos quatro cantos de uma sala, atiram umas s outras, pelo ar, num rumor de risos. Quando quatro ou cinco daqueles homens esto no Poder, esses homens so, segundo a opinio, e os dizeres de todos os outros que l no esto os corruptos, os esbanjadores da Fazenda, a runa do Pas! Os outros, os que no esto no Poder, so, segundo a sua prpria opinio e os seus jornais os verdadeiros liberais, os salvadores da causa pblica, os amigos do povo, e os interesses do Pas. Mas, coisa notvel! os cinco que esto no Poder fazem tudo o que podem para continuar a ser os esbanjadores da Fazenda e a runa do Pas, durante o maior tempo possvel! E os que no esto no Poder movem-se, conspiram, cansam-se, para deixar de ser o mais depressa que puderem os verdadeiros liberais, e os interesses do Pas! At que enfim caem os cinco do Poder, e os outros, os verdadeiros liberais, entram triunfantemente na designao herdada de esbanjadores da Fazenda e runa do Pas; em tanto que os que caram do Poder se resignam, cheios de fel e de tdio a vir a ser os verdadeiros liberais e os interesses do Pas. Ora como todos os ministros so tirados deste grupo de doze ou quinze indivduos, no h nenhum deles que no tenha sido por seu turno esbanjador da Fazenda e runa do Pas... No h nenhum que no tenha sido demitido, ou obrigado a pedir a demisso, pelas acusaes mais graves e pelas votaes mais hostis... No h nenhum que no tenha sido julgado incapaz de dirigir as coisas pblicas pela Imprensa, pela palavra dos oradores, pelas incriminaes da opinio, pela afirmativa constitucional do poder moderador... E todavia sero estes doze ou quinze indivduos os que continuaro dirigindo o Pas, neste caminho em que ele vai, feliz, abundante, rico, forte, coroado de rosas, e num chouto** to triunfante! (*) Pela: bola. (**) Chouto: trote mido. (Ea de Queirs. Obras. Porto: Lello Irmo-Editores, [s.d.].) Considere as frases com relao ao que se afirma na crnica de Ea de Queirs: I. Os que esto no poder no querem sair e os que no esto querem entrar. II. Quando um partido tico est no poder, tudo fica melhor. III. Os governantes so bons e ticos, mas vivem a trocar acusaes infundadas. IV. Os polticos que esto fora do poder julgam-se os melhores eticamente para governar. As frases que representam a opinio do cronista esto contidas apenas em:

Questão 1
2012Português

(UNESP - 2012/2 - 1a fase) Instruo: As questes de nmeros 01 a 05 tomam por base uma passagem do livro A vrgula, do fillogo Celso Pedro Luft (1921-1995). A vrgula no vestibular de portugus Mas, esta, no suficiente. Porque, as respostas, no satisfazem. E por isso, surgem as guerras. E muitas vezes, ele no se adapta ao meio em que vive. Pois, o homem um ser social. Muitos porm, se esquecem que... A sociedade deve pois, lutar pela justia social. Que que voc acha de quem virgula assim? Voc vai dizer que no aprendeu nada de pontuao quem semeia assim as vrgulas. Nem poder dizer outra coisa. Ou no lhe ensinaram, ou ensinaram e ele no aprendeu. O certo que ele se formou no curso secundrio. Lepidamente, sem maiores dificuldades. Mas a vrgula um objeto no identificado, para ele. Para ele? Para eles. Para muitos eles, uma legio. Amanh sero doutores, e a vrgula continuar sendo um objeto no identificado. Sim, porque os trs ou quatro mil menos fracos ultrapassam o vestbulo... Com vrgula ou sem vrgula. Que a vrgula, convenhamos, at que um obstculo meio frgil, um risquinho. Objeto no identificado? No, objeto invisvel a olho nu. Pode passar despercebido at a muito olho de lince de examinador... A vrgula, ora, direis, a vrgula... Mas justamente essa mida coisa, esse risquinho, que maior informao nos d sobre as qualidades do ensino da lngua escrita. Sobre o ensino do cerne mesmo da lngua: a frase, sua estrutura, composio e decomposio. Da virgulao que se pode depreender a conscincia, o grau de conscincia que tem, quem escreve, do pensamento e de sua expresso, do ir-e-vir do raciocnio, das hesitaes, das interpenetraes de ideias, das sequncias e interdependncias, e, linguisticamente, da frase e sua constituio. As vrgulas erradas, ao contrrio, retratam a confuso mental, a indisciplina do esprito, o mau domnio das ideias e do fraseado. Na minha carreira de professor, fiz muitos testes de pontuao. E sempre ficou clara a relao entre a maneira de pontuar e o grau de cociente intelectual. Concluso que tirei: os exerccios de pontuao constituem um excelente treino para desenvolver a capacidade de raciocinar e construir frases lgicas e equilibradas. Quem ensina ou estuda a sintaxe que a teoria da frase (ou o tratado da construo, como diziam os gramticos antigos) forosamente acaba na importncia das pausas, cortes, incidncias, nexos, etc., elementos que vo se espelhar na pontuao, quando a mensagem escrita. Pontuar bem ter viso clara da estrutura do pensamento e da frase. Pontuar bem governar as rdeas da frase. Pontuar bem ter ordem, no pensar e na expresso. Sim, porque os trs ou quatro mil menos fracos ultrapassam o vestbulo... Nesta passagem, Celso Pedro Luft sugere, com algum deboche, que:

Questão 2
2012Português

(UNESP - 2012 - 1a Fase) Uma campanha alegre, IX H muitos anos que a poltica em Portugal apresenta este singular estado: Doze ou quinze homens, sempre os mesmos, alternadamente possuem o Poder, perdem o Poder, reconquistam o Poder, trocam o Poder... O Poder no sai duns certos grupos, como uma pela* que quatro crianas, aos quatro cantos de uma sala, atiram umas s outras, pelo ar, num rumor de risos. Quando quatro ou cinco daqueles homens esto no Poder, esses homens so, segundo a opinio, e os dizeres de todos os outros que l no esto os corruptos, os esbanjadores da Fazenda, a runa do Pas! Os outros, os que no esto no Poder, so, segundo a sua prpria opinio e os seus jornais os verdadeiros liberais, os salvadores da causa pblica, os amigos do povo, e os interesses do Pas. Mas, coisa notvel! os cinco que esto no Poder fazem tudo o que podem para continuar a ser os esbanjadores da Fazenda e a runa do Pas, durante o maior tempo possvel! E os que no esto no Poder movem-se, conspiram, cansam-se, para deixar de ser o mais depressa que puderem os verdadeiros liberais, e os interesses do Pas! At que enfim caem os cinco do Poder, e os outros, os verdadeiros liberais, entram triunfantemente na designao herdada de esbanjadores da Fazenda e runa do Pas; em tanto que os que caram do Poder se resignam, cheios de fel e de tdio a vir a ser os verdadeiros liberais e os interesses do Pas. Ora como todos os ministros so tirados deste grupo de doze ou quinze indivduos, no h nenhum deles que no tenha sido por seu turno esbanjador da Fazenda e runa do Pas... No h nenhum que no tenha sido demitido, ou obrigado a pedir a demisso, pelas acusaes mais graves e pelas votaes mais hostis... No h nenhum que no tenha sido julgado incapaz de dirigir as coisas pblicas pela Imprensa, pela palavra dos oradores, pelas incriminaes da opinio, pela afirmativa constitucional do poder moderador... E todavia sero estes doze ou quinze indivduos os que continuaro dirigindo o Pas, neste caminho em que ele vai, feliz, abundante, rico, forte, coroado de rosas, e num chouto** to triunfante! (*) Pela: bola. (**) Chouto: trote mido. (Ea de Queirs. Obras. Porto: Lello Irmo-Editores, [s.d.].) Em... cheios de fel e de tdio... Nesta passagem do sexto pargrafo, o cronista se utiliza figuradamente da palavra fel para significar