(UNESP - 2014/2 - 2 FASE)A questo focaliza um trecho de um poema de 1869 do poeta romntico portugus Guilherme Braga (1845-1874) e uma marcha de carnaval de Wilson Batista (1913-1968) e Roberto Martins (1909-1992), gravada em 1948. Em dezembro Olhai: naquele operrio Tudo fora, nimo e vida; Se o trabalho o seu calvrio Sobe-o de cabea erguida. Deus deu-lhe um anjo na esposa, E as filhas so to pequenas Que delas a mais idosa Conta dez anos apenas. Tem cinco, e todas to belas Que, ao ver-lhes a alegre infncia, Julga estar vendo as estrelas E o cu a menos distncia; Por isso, quando o trabalho Lhe fatiga as mos calosas, Tem no suor o fresco orvalho Que d seiva quelas rosas, [...] Depois, da ceia ao convite, Toda a famlia o rodeia mesa, aonde o apetite Faz soberba a humilde ceia. [...] No entanto, como a existncia No tem em si nada estvel, Num dia de decadncia Este obreiro infatigvel, Por ter gasto a noite inteira Na luta, cede ao cansao, E cai da mquina beira, E a roda esmaga-lhe um brao... Ai! o infortnio severo! Bastou por tanto um s dia Para entrar o desespero Donde fugiu a alegria! Empenha em vo tudo, a esmo, Pouco dinheiro lhe fica, E no lhe cobre esse mesmo As despesas da botica. Pobre me, pobres crianas! J, de momento em momento, Vo minguando as esperanas, Vai crescendo o sofrimento; (Heras e violetas, 1869.) Pedreiro Waldemar Voc conhece O pedreiro Waldemar? No conhece? Mas eu vou lhe apresentar De madrugada Toma o trem da Circular Faz tanta casa E no tem casa pra morar Leva a marmita Embrulhada no jornal Se tem almoo, Nem sempre tem jantar O Waldemar, Que mestre no ofcio Constri um edifcio E depois no pode entrar. (Roberto Lapiccirella (org.), Antologia musical popular brasileira, 1996.) Considerando que os textos mencionam fatos da vida de dois trabalhadores, descreva a diferena observada quanto a menes a sentimentos do operrio, no poema de Guilherme Braga, e do pedreiro Waldemar, na letra da marcha de carnaval.
(UNESP - 2013 - 1a fase) Os donos da comunicao Os presidentes, os ditadores e os reis da Espanha que se cuidem porque os donos da comunicao duram muito mais. Os ditadores abrem e fecham a imprensa, os presidentes xingam a TV e os reis da Espanha cassam o rdio, mas, quando a gente soma tudo, os donos da comunicao ainda to por cima. Mandam na economia, mandam nos intelectuais, mandam nas moas fofinhas que querem aparecer nos shows dos horrios nobres e mandam no society que morre se o nome no aparecer nas colunas. Todo mundo fala mal dos donos da comunicao, mas s de longe. E ningum fala mal deles por escrito porque quem fala mal deles por escrito nunca mais v seu nome e sua cara nos veculos deles. Isso assim aqui, na Bessarbia e na Baixa Betuanalndia. Parece que a lei. O que tambm muito justo porque os donos da comunicao so seres l em cima. Basta ver o seguinte: ns, pra sabermos umas coisinhas, s sabemos delas pela mdia deles, no mesmo? Agora vocs j imaginaram o que sabem os donos da comunicao que s deixam sair 10% do que sabem? Pois ; tem gente que faz greve, faz revoluo, faz terrorismo, todas essas besteiras. Corajoso mesmo, eu acho, falar mal de dono de comunicao. A tua revoluo fica xinfrim, teu terrorismo sai em corpo 6 e se voc morre vai l pro fundo do jornal em quatro linhas. (Millr Fernandes. Que pas este?, 1978.) Para Millr Fernandes, no texto apresentado, os donos da comunicao so
(UNESP - 2013/2 - 1a fase) Instruo: As questes de nmeros 01 a 05 tomam por base uma passagem da crnica O pai, hoje e amanh, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987). A civilizao industrial, entidade abstrata, nem por isso menos poderosa, encomendou cincia aplicada a execuo de um projeto extremamente concreto: a fabricao do ser humano sem pais. A cincia aplicada faz o possvel para aviar a encomenda a mdio prazo. J venceu a primeira etapa, com a inseminao artificial, que, de um lado, acelera a produtividade dos rebanhos (resultado econmico) e, de outro, anestesia o sentimento filial (resultado moral). O ser humano concebido por esse processo tanto pode considerar-se filho de dois pais como de nenhum. Em fase mais evoluda, o chamado beb de proveta dispensar a incubao em ventre materno, desenvolvendo-se sob condies artificiais plenamente satisfatrias. Nenhum vnculo de memria, gratido, amor, interesse, costume direi mesmo: de ressentimento ou dio o ligar a qualquer pessoa responsvel por seu aparecimento. O smen, annimo, obtido por masturbao profissional e recolhido ao banco especializado, por sua vez ceder lugar ao gerador sinttico, extrado de recursos da natureza vegetal e mineral. Estar abolida, assim, qualquer participao consciente do homem e da mulher no preparo e formao de uma unidade humana. Esta ser produzida sob critrios polticos e econmicos tecnicamente estabelecidos, que excluem a intil e mesmo perturbadora intromisso do casal. Pai? Mito do passado. Aparentemente, tal projeto parece coincidir com a tendncia, acentuada nos ltimos anos, de se contestar a figura tradicional do pai. Eliminando-se a presena incmoda, ter-se-ia realizado o ideal de inmeros jovens que se revoltam contra ela o pai de famlia e o pai social, o governo, a lei e aspiram vida isenta de compromissos com valores do passado. Julgo ilusria esta interpretao. O projeto tecnolgico de eliminao do pai vai longe demais no caminho da quebra de padres. A meu ver, a insubmisso dos filhos aos pais fenmeno que envolve novo conceito de relaes, e no ruptura de relaes. (De notcias e no notcias faz-se a crnica, 1975.) Com ironia e fingida concordncia, o cronista afirma que o resul- tado final do projeto encomendado cincia aplicada ser
(UNESP - 2013 - 1a fase) Os donos da comunicao Os presidentes, os ditadores e os reis da Espanha que se cuidem porque os donos da comunicao duram muito mais. Os ditadores abrem e fecham a imprensa, os presidentes xingam a TV e os reis da Espanha cassam o rdio, mas, quando a gente soma tudo, os donos da comunicao ainda to por cima. Mandam na economia, mandam nos intelectuais, mandam nas moas fofinhas que querem aparecer nos shows dos horrios nobres e mandam no society que morre se o nome no aparecer nas colunas. Todo mundo fala mal dos donos da comunicao, mas s de longe. E ningum fala mal deles por escrito porque quem fala mal deles por escrito nunca mais v seu nome e sua cara nos veculos deles. Isso assim aqui, na Bessarbia e na Baixa Betuanalndia. Parece que a lei. O que tambm muito justo porque os donos da comunicao so seres l em cima. Basta ver o seguinte: ns, pra sabermos umas coisinhas, s sabemos delas pela mdia deles, no mesmo? Agora vocs j imaginaram o que sabem os donos da comunicao que s deixam sair 10% do que sabem? Pois ; tem gente que faz greve, faz revoluo, faz terrorismo, todas essas besteiras. Corajoso mesmo, eu acho, falar mal de dono de comunicao. A tua revoluo fica xinfrim, teu terrorismo sai em corpo 6 e se voc morre vai l pro fundo do jornal em quatro linhas. (Millr Fernandes. Que pas este?, 1978.) Millr Fernandes emprega com conotao irnica o termo ingls society, para referir-se a
(UNESP - 2013/2 - 1a fase) Instruo: As questes de nmeros 01 a 05 tomam por base uma passagem da crnica O pai, hoje e amanh, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987). A civilizao industrial, entidade abstrata, nem por isso menos poderosa, encomendou cincia aplicada a execuo de um projeto extremamente concreto: a fabricao do ser humano sem pais. A cincia aplicada faz o possvel para aviar a encomenda a mdio prazo. J venceu a primeira etapa, com a inseminao artificial, que, de um lado, acelera a produtividade dos rebanhos (resultado econmico) e, de outro, anestesia o sentimento filial (resultado moral). O ser humano concebido por esse processo tanto pode considerar-se filho de dois pais como de nenhum. Em fase mais evoluda, o chamado beb de proveta dispensar a incubao em ventre materno, desenvolvendo-se sob condies artificiais plenamente satisfatrias. Nenhum vnculo de memria, gratido, amor, interesse, costume direi mesmo: de ressentimento ou dio o ligar a qualquer pessoa responsvel por seu aparecimento. O smen, annimo, obtido por masturbao profissional e recolhido ao banco especializado, por sua vez ceder lugar ao gerador sinttico, extrado de recursos da natureza vegetal e mineral. Estar abolida, assim, qualquer participao consciente do homem e da mulher no preparo e formao de uma unidade humana. Esta ser produzida sob critrios polticos e econmicos tecnicamente estabelecidos, que excluem a intil e mesmo perturbadora intromisso do casal. Pai? Mito do passado. Aparentemente, tal projeto parece coincidir com a tendncia, acentuada nos ltimos anos, de se contestar a figura tradicional do pai. Eliminando-se a presena incmoda, ter-se-ia realizado o ideal de inmeros jovens que se revoltam contra ela o pai de famlia e o pai social, o governo, a lei e aspiram vida isenta de compromissos com valores do passado. Julgo ilusria esta interpretao. O projeto tecnolgico de eliminao do pai vai longe demais no caminho da quebra de padres. A meu ver, a insubmisso dos filhos aos pais fenmeno que envolve novo conceito de relaes, e no ruptura de relaes. (De notcias e no notcias faz-se a crnica, 1975.) De acordo com a crnica, o autor acredita que a inseminao artificial apresentar uma consequncia no sistema de valores familiares:
(UNESP - 2013/2 - 1a fase) Instruo: As questes de nmeros 01 a 05 tomam por base uma passagem da crnica O pai, hoje e amanh, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987). A civilizao industrial, entidade abstrata, nem por isso menos poderosa, encomendou cincia aplicada a execuo de um projeto extremamente concreto: a fabricao do ser humano sem pais. A cincia aplicada faz o possvel para aviar a encomenda a mdio prazo. J venceu a primeira etapa, com a inseminao artificial, que, de um lado, acelera a produtividade dos rebanhos (resultado econmico) e, de outro, anestesia o sentimento filial (resultado moral). O ser humano concebido por esse processo tanto pode considerar-se filho de dois pais como de nenhum. Em fase mais evoluda, o chamado beb de proveta dispensar a incubao em ventre materno, desenvolvendo-se sob condies artificiais plenamente satisfatrias. Nenhum vnculo de memria, gratido, amor, interesse, costume direi mesmo: de ressentimento ou dio o ligar a qualquer pessoa responsvel por seu aparecimento. O smen, annimo, obtido por masturbao profissional e recolhido ao banco especializado, por sua vez ceder lugar ao gerador sinttico, extrado de recursos da natureza vegetal e mineral. Estar abolida, assim, qualquer participao consciente do homem e da mulher no preparo e formao de uma unidade humana. Esta ser produzida sob critrios polticos e econmicos tecnicamente estabelecidos, que excluem a intil e mesmo perturbadora intromisso do casal. Pai? Mito do passado. Aparentemente, tal projeto parece coincidir com a tendncia, acentuada nos ltimos anos, de se contestar a figura tradicional do pai. Eliminando-se a presena incmoda, ter-se-ia realizado o ideal de inmeros jovens que se revoltam contra ela o pai de famlia e o pai social, o governo, a lei e aspiram vida isenta de compromissos com valores do passado. Julgo ilusria esta interpretao. O projeto tecnolgico de eliminao do pai vai longe demais no caminho da quebra de padres. A meu ver, a insubmisso dos filhos aos pais fenmeno que envolve novo conceito de relaes, e no ruptura de relaes. (De notcias e no notcias faz-se a crnica, 1975.) Com o termo unidade humana, empregado no penltimo perodo do terceiro pargrafo, Drummond sugere que
(UNESP - 2013 - 1a fase) Os donos da comunicao Os presidentes, os ditadores e os reis da Espanha que se cuidem porque os donos da comunicao duram muito mais. Os ditadores abrem e fecham a imprensa, os presidentes xingam a TV e os reis da Espanha cassam o rdio, mas, quando a gente soma tudo, os donos da comunicao ainda to por cima. Mandam na economia, mandam nos intelectuais, mandam nas moas fofinhas que querem aparecer nos shows dos horrios nobres e mandam no society que morre se o nome no aparecer nas colunas. Todo mundo fala mal dos donos da comunicao, mas s de longe. E ningum fala mal deles por escrito porque quem fala mal deles por escrito nunca mais v seu nome e sua cara nos veculos deles. Isso assim aqui, na Bessarbia e na Baixa Betuanalndia. Parece que a lei. O que tambm muito justo porque os donos da comunicao so seres l em cima. Basta ver o seguinte: ns, pra sabermos umas coisinhas, s sabemos delas pela mdia deles, no mesmo? Agora vocs j imaginaram o que sabem os donos da comunicao que s deixam sair 10% do que sabem? Pois ; tem gente que faz greve, faz revoluo, faz terrorismo, todas essas besteiras. Corajoso mesmo, eu acho, falar mal de dono de comunicao. A tua revoluo fica xinfrim, teu terrorismo sai em corpo 6 e se voc morre vai l pro fundo do jornal em quatro linhas. (Millr Fernandes. Que pas este?, 1978.) Com a frase Parece que a lei, no segundo pargrafo, o humorista tenta explicar que
(UNESP - 2013/2 - 1a fase) Instruo: As questes de nmeros 01 a 05 tomam por base uma passagem da crnica O pai, hoje e amanh, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987). A civilizao industrial, entidade abstrata, nem por isso menos poderosa, encomendou cincia aplicada a execuo de um projeto extremamente concreto: a fabricao do ser humano sem pais. A cincia aplicada faz o possvel para aviar a encomenda a mdio prazo. J venceu a primeira etapa, com a inseminao artificial, que, de um lado, acelera a produtividade dos rebanhos (resultado econmico) e, de outro, anestesia o sentimento filial (resultado moral). O ser humano concebido por esse processo tanto pode considerar-se filho de dois pais como de nenhum. Em fase mais evoluda, o chamado beb de proveta dispensar a incubao em ventre materno, desenvolvendo-se sob condies artificiais plenamente satisfatrias. Nenhum vnculo de memria, gratido, amor, interesse, costume direi mesmo: de ressentimento ou dio o ligar a qualquer pessoa responsvel por seu aparecimento. O smen, annimo, obtido por masturbao profissional e recolhido ao banco especializado, por sua vez ceder lugar ao gerador sinttico, extrado de recursos da natureza vegetal e mineral. Estar abolida, assim, qualquer participao consciente do homem e da mulher no preparo e formao de uma unidade humana. Esta ser produzida sob critrios polticos e econmicos tecnicamente estabelecidos, que excluem a intil e mesmo perturbadora intromisso do casal. Pai? Mito do passado. Aparentemente, tal projeto parece coincidir com a tendncia, acentuada nos ltimos anos, de se contestar a figura tradicional do pai. Eliminando-se a presena incmoda, ter-se-ia realizado o ideal de inmeros jovens que se revoltam contra ela o pai de famlia e o pai social, o governo, a lei e aspiram vida isenta de compromissos com valores do passado. Julgo ilusria esta interpretao. O projeto tecnolgico de eliminao do pai vai longe demais no caminho da quebra de padres. A meu ver, a insubmisso dos filhos aos pais fenmeno que envolve novo conceito de relaes, e no ruptura de relaes. (De notcias e no notcias faz-se a crnica, 1975.) Pai? Mito do passado. Esta pergunta e sua resposta, de acordo com o contedo da crnica, sintetizam um dos argumentos que, aparentemente, fundamentaram o projeto:
(UNESP - 2013 - 1a fase) Os donos da comunicao Os presidentes, os ditadores e os reis da Espanha que se cuidem porque os donos da comunicao duram muito mais. Os ditadores abrem e fecham a imprensa, os presidentes xingam a TV e os reis da Espanha cassam o rdio, mas, quando a gente soma tudo, os donos da comunicao ainda to por cima. Mandam na economia, mandam nos intelectuais, mandam nas moas fofinhas que querem aparecer nos shows dos horrios nobres e mandam no society que morre se o nome no aparecer nas colunas. Todo mundo fala mal dos donos da comunicao, mas s de longe. E ningum fala mal deles por escrito porque quem fala mal deles por escrito nunca mais v seu nome e sua cara nos veculos deles. Isso assim aqui, na Bessarbia e na Baixa Betuanalndia. Parece que a lei. O que tambm muito justo porque os donos da comunicao so seres l em cima. Basta ver o seguinte: ns, pra sabermos umas coisinhas, s sabemos delas pela mdia deles, no mesmo? Agora vocs j imaginaram o que sabem os donos da comunicao que s deixam sair 10% do que sabem? Pois ; tem gente que faz greve, faz revoluo, faz terrorismo, todas essas besteiras. Corajoso mesmo, eu acho, falar mal de dono de comunicao. A tua revoluo fica xinfrim, teu terrorismo sai em corpo 6 e se voc morre vai l pro fundo do jornal em quatro linhas. (Millr Fernandes. Que pas este?, 1978.) As repeties, o uso de palavras e expresses populares, a justaposio fluente de ideias, dispensando vrgulas, e as ironias constantes atribuem ao texto de Millr Fernandes
(UNESP - 2013 - 1a fase) Os donos da comunicao Os presidentes, os ditadores e os reis da Espanha que se cuidem porque os donos da comunicao duram muito mais. Os ditadores abrem e fecham a imprensa, os presidentes xingam a TV e os reis da Espanha cassam o rdio, mas, quando a gente soma tudo, os donos da comunicao ainda to por cima. Mandam na economia, mandam nos intelectuais, mandam nas moas fofinhas que querem aparecer nos shows dos horrios nobres e mandam no society que morre se o nome no aparecer nas colunas. Todo mundo fala mal dos donos da comunicao, mas s de longe. E ningum fala mal deles por escrito porque quem fala mal deles por escrito nunca mais v seu nome e sua cara nos veculos deles. Isso assim aqui, na Bessarbia e na Baixa Betuanalndia. Parece que a lei. O que tambm muito justo porque os donos da comunicao so seres l em cima. Basta ver o seguinte: ns, pra sabermos umas coisinhas, s sabemos delas pela mdia deles, no mesmo? Agora vocs j imaginaram o que sabem os donos da comunicao que s deixam sair 10% do que sabem? Pois ; tem gente que faz greve, faz revoluo, faz terrorismo, todas essas besteiras. Corajoso mesmo, eu acho, falar mal de dono de comunicao. A tua revoluo fica xinfrim, teu terrorismo sai em corpo 6 e se voc morre vai l pro fundo do jornal em quatro linhas. (Millr Fernandes. Que pas este?, 1978.) No ltimo perodo do texto, a discrepncia dos possessivos teu e tua (segunda pessoa do singular) com relao ao pronome de tratamento voc (terceira pessoa do singular) justifica-se como
(UNESP - 2013/2 - 1a fase) Instruo: As questes de nmeros 01 a 05 tomam por base uma passagem da crnica O pai, hoje e amanh, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987). A civilizao industrial, entidade abstrata, nem por isso menos poderosa, encomendou cincia aplicada a execuo de um projeto extremamente concreto: a fabricao do ser humano sem pais. A cincia aplicada faz o possvel para aviar a encomenda a mdio prazo. J venceu a primeira etapa, com a inseminao artificial, que, de um lado, acelera a produtividade dos rebanhos (resultado econmico) e, de outro, anestesia o sentimento filial (resultado moral). O ser humano concebido por esse processo tanto pode considerar-se filho de dois pais como de nenhum. Em fase mais evoluda, o chamado beb de proveta dispensar a incubao em ventre materno, desenvolvendo-se sob condies artificiais plenamente satisfatrias. Nenhum vnculo de memria, gratido, amor, interesse, costume direi mesmo: de ressentimento ou dio o ligar a qualquer pessoa responsvel por seu aparecimento. O smen, annimo, obtido por masturbao profissional e recolhido ao banco especializado, por sua vez ceder lugar ao gerador sinttico, extrado de recursos da natureza vegetal e mineral. Estar abolida, assim, qualquer participao consciente do homem e da mulher no preparo e formao de uma unidade humana. Esta ser produzida sob critrios polticos e econmicos tecnicamente estabelecidos, que excluem a intil e mesmo perturbadora intromisso do casal. Pai? Mito do passado. Aparentemente, tal projeto parece coincidir com a tendncia, acentuada nos ltimos anos, de se contestar a figura tradicional do pai. Eliminando-se a presena incmoda, ter-se-ia realizado o ideal de inmeros jovens que se revoltam contra ela o pai de famlia e o pai social, o governo, a lei e aspiram vida isenta de compromissos com valores do passado. Julgo ilusria esta interpretao. O projeto tecnolgico de eliminao do pai vai longe demais no caminho da quebra de padres. A meu ver, a insubmisso dos filhos aos pais fenmeno que envolve novo conceito de relaes, e no ruptura de relaes. (De notcias e no notcias faz-se a crnica, 1975.) [...] e aspiram vida isenta de compromissos com valores do passado. Na frase apresentada, a colocao do acento grave sobre o a informa que
(UNESP - 2013/2 - 1fase) Instruo: As questes de nmeros 06 a 10 tomam por base um fragmento de Glria moribunda, do poeta romntico brasileiro lvares de Azevedo (1831-1852). uma viso medonha uma caveira? No tremas de pavor, ergue-a do lodo. Foi a cabea ardente de um poeta, Outrora sombra dos cabelos loiros. Quando o reflexo do viver fogoso Ali dentro animava o pensamento, Esta fronte era bela. Aqui nas faces Formosa palidez cobria o rosto; Nessas rbitas ocas, denegridas! Como era puro seu olhar sombrio! Agora tudo cinza. Resta apenas A caveira que a alma em si guardava, Como a concha no mar encerra a prola, Como a caoula a mirra incandescente. Tu outrora talvez desses-lhe um beijo; Por que repugnas levant-la agora? Olha-a comigo! Que espaosa fronte! Quanta vida ali dentro fermentava, Como a seiva nos ramos do arvoredo! E a sede em fogo das ideias vivas Onde est? onde foi? Essa alma errante Que um dia no viver passou cantando, Como canta na treva um vagabundo, Perdeu-se acaso no sombrio vento, Como noturna lmpada apagou-se? E a centelha da vida, o eletrismo Que as fibras tremulantes agitava Morreu para animar futuras vidas? Sorris? eu sou um louco. As utopias, Os sonhos da cincia nada valem. A vida um escrnio sem sentido, Comdia infame que ensanguenta o lodo. H talvez um segredo que ela esconde; Mas esse a morte o sabe e o no revela. Os tmulos so mudos como o vcuo. Desde a primeira dor sobre um cadver, Quando a primeira me entre soluos Do filho morto os membros apertava Ao ofegante seio, o peito humano Caiu tremendo interrogando o tmulo... E a terra sepulcral no respondia. (Poesias completas, 1962.) Do segundo ao ltimo verso da primeira estrofe do poema, revelam-se caractersticas marcantes do Romantismo:
(UNESP - 2013 - 1a fase) A raposa e as uvas (Casa de Xants, em Samos. Entradas D., E., e F. Um gongo. Uma mesa. Cadeiras. Um clismos*. Pelo prtico, ao fundo, v-se o jardim. Esto em cena Cleia, esposa de Xants, e Melita, escrava. Melita penteia os cabelos de Cleia.) MELITA: (Penteando os cabelos de Cleia.) Ento Rodpis contou que Crisipo reuniu os discpulos na praa, apontou para o teu marido e exclamou: Tens o que no perdeste. Xants respondeu: certo. Crisipo continuou: No perdeste chifres. Xants concordou: Sim. Crisipo finalizou: Tens o que no perdeste; no perdeste chifres, logo os tens. (Cleia ri.) Todos riram a valer. CLEIA: engenhoso. o que eles chamam sofisma. Meu marido vai praa para ser insultado pelos outros filsofos? MELITA: No; Xants extraordinariamente inteligente... No meio do riso geral, disse a Crisipo: Crisipo, tua mulher te engana, e no entanto no tens chifres: o que perdeste foi a vergonha! E a os discpulos de Crisipo e os de Xants atiraram-se uns contra os outros... CLEIA: Brigaram? (Assentimento de Melita.) Como que Rodpis soube disto? MELITA: Ela estava na praa. CLEIA: Vocs, escravas, sabem mais do que se passa em Samos do que ns, mulheres livres... MELITA: As mulheres livres ficam em casa. De certo modo so mais escravas do que ns. CLEIA: verdade. Gostarias de ser livre? MELITA: No, Cleia. Tenho conforto aqui, e todos me consideram. bom ser escrava de um homem ilustre como teu marido. Eu poderia ter sido comprada por algum mercador, ou algum soldado, e no entanto tive a sorte de vir a pertencer a Xants. CLEIA: Achas isto um consolo? MELITA: Uma honra. Um filsofo, Cleia! CLEIA: Eu preferia que ele fosse menos filsofo e mais marido. Para mim os filsofos so pessoas que se encarregam de aumentar o nmero dos substantivos abstratos. MELITA: Xants inventa muitos? CLEIA: Nem ao menos isto. E a que est o trgico: um filsofo que no aumenta o vocabulrio das controvrsias. J terminaste? MELITA: Quase. bom pentear teus cabelos: meus dedos adquirem o som e a luz que eles tm. Xants beija os teuscabelos? (Muxoxo de Cleia.) Eu admiro teu marido. CLEIA: Por que no dizes logo que o amas? Gostarias bastante se ele me repudiasse, te tornasse livre e se casasse contigo... MELITA: No digas isto... Alm do mais, Xants te ama... CLEIA: sua maneira. Fao parte dos bens dele, como tu, as outras escravas, esta casa... MELITA: Sempre que viaja te traz presentes. CLEIA: No o amor que leva os homens a dar presentes s esposas: a vaidade; ou o remorso. MELITA: Xants um homem ilustre. CLEIA: o filsofo da propriedade: Os homens so desiguais: a cada um toca uma ddiva ou um castigo. isto democracia grega... o direito que o povo tem de escolher o seu tirano: o direito que o tirano tem de determinar: deixo-te pobre; fao-te rico; deixo-te livre; fao-te escravo. o direito que todos tm de ouvir Xants dizer que a injustia justa, que o sofrimento alegria, e que este mundo foi organizado de modo a que ele possa beber bom vinho, ter uma bela casa, amar uma bela mulher. J terminaste? MELITA: Um pouco mais, e ainda estars mais bela para o teu filsofo. CLEIA: O meu filsofo... Os filsofos so sempre criaturas cheias demais de palavras... (*) Espcie de cama para recostar-se. (Guilherme Figueiredo. Um deus dormiu l em casa, 1964.) A leitura deste fragmento da pea A raposa e as uvas revela que a personagem Cleia
(UNESP - 2013/2 - 1a fase) Instruo: As questes de nmeros 06 a 10 tomam por base um fragmento de Glria moribunda, do poeta romntico brasileiro lvares de Azevedo (1831-1852). uma viso medonha uma caveira? No tremas de pavor, ergue-a do lodo. Foi a cabea ardente de um poeta, Outrora sombra dos cabelos loiros. Quando o reflexo do viver fogoso Ali dentro animava o pensamento, Esta fronte era bela. Aqui nas faces Formosa palidez cobria o rosto; Nessas rbitas ocas, denegridas! Como era puro seu olhar sombrio! Agora tudo cinza. Resta apenas A caveira que a alma em si guardava, Como a concha no mar encerra a prola, Como a caoula a mirra incandescente. Tu outrora talvez desses-lhe um beijo; Por que repugnas levant-la agora? Olha-a comigo! Que espaosa fronte! Quanta vida ali dentro fermentava, Como a seiva nos ramos do arvoredo! E a sede em fogo das ideias vivas Onde est? onde foi? Essa alma errante Que um dia no viver passou cantando, Como canta na treva um vagabundo, Perdeu-se acaso no sombrio vento, Como noturna lmpada apagou-se? E a centelha da vida, o eletrismo Que as fibras tremulantes agitava Morreu para animar futuras vidas? Sorris? eu sou um louco. As utopias, Os sonhos da cincia nada valem. A vida um escrnio sem sentido, Comdia infame que ensanguenta o lodo. H talvez um segredo que ela esconde; Mas esse a morte o sabe e o no revela. Os tmulos so mudos como o vcuo. Desde a primeira dor sobre um cadver, Quando a primeira me entre soluos Do filho morto os membros apertava Ao ofegante seio, o peito humano Caiu tremendo interrogando o tmulo... E a terra sepulcral no respondia. (Poesias completas, 1962.) Como a concha no mar encerra a prola, Como a caoula a mirra incandescente. Nos versos em destaque, aps a palavra caoula, est subentendida, por elipse, a forma verbal
(UNESP - 2013 - 1a fase) A raposa e as uvas (Casa de Xants, em Samos. Entradas D., E., e F. Um gongo. Uma mesa. Cadeiras. Um clismos*. Pelo prtico, ao fundo, v-se o jardim. Esto em cena Cleia, esposa de Xants, e Melita, escrava. Melita penteia os cabelos de Cleia.) MELITA: (Penteando os cabelos de Cleia.) Ento Rodpis contou que Crisipo reuniu os discpulos na praa, apontou para o teu marido e exclamou: Tens o que no perdeste. Xants respondeu: certo. Crisipo continuou: No perdeste chifres. Xants concordou: Sim. Crisipo finalizou: Tens o que no perdeste; no perdeste chifres, logo os tens. (Cleia ri.) Todos riram a valer. CLEIA: engenhoso. o que eles chamam sofisma. Meu marido vai praa para ser insultado pelos outros filsofos? MELITA: No; Xants extraordinariamente inteligente... No meio do riso geral, disse a Crisipo: Crisipo, tua mulher te engana, e no entanto no tens chifres: o que perdeste foi a vergonha! E a os discpulos de Crisipo e os de Xants atiraram-se uns contra os outros... CLEIA: Brigaram? (Assentimento de Melita.) Como que Rodpis soube disto? MELITA: Ela estava na praa. CLEIA: Vocs, escravas, sabem mais do que se passa em Samos do que ns, mulheres livres... MELITA: As mulheres livres ficam em casa. De certo modo so mais escravas do que ns. CLEIA: verdade. Gostarias de ser livre? MELITA: No, Cleia. Tenho conforto aqui, e todos me consideram. bom ser escrava de um homem ilustre como teu marido. Eu poderia ter sido comprada por algum mercador, ou algum soldado, e no entanto tive a sorte de vir a pertencer a Xants. CLEIA: Achas isto um consolo? MELITA: Uma honra. Um filsofo, Cleia! CLEIA: Eu preferia que ele fosse menos filsofo e mais marido. Para mim os filsofos so pessoas que se encarregam de aumentar o nmero dos substantivos abstratos. MELITA: Xants inventa muitos? CLEIA: Nem ao menos isto. E a que est o trgico: um filsofo que no aumenta o vocabulrio das controvrsias. J terminaste? MELITA: Quase. bom pentear teus cabelos: meus dedos adquirem o som e a luz que eles tm. Xants beija os teuscabelos? (Muxoxo de Cleia.) Eu admiro teu marido. CLEIA: Por que no dizes logo que o amas? Gostarias bastante se ele me repudiasse, te tornasse livre e se casasse contigo... MELITA: No digas isto... Alm do mais, Xants te ama... CLEIA: sua maneira. Fao parte dos bens dele, como tu, as outras escravas, esta casa... MELITA: Sempre que viaja te traz presentes. CLEIA: No o amor que leva os homens a dar presentes s esposas: a vaidade; ou o remorso. MELITA: Xants um homem ilustre. CLEIA: o filsofo da propriedade: Os homens so desiguais: a cada um toca uma ddiva ou um castigo. isto democracia grega... o direito que o povo tem de escolher o seu tirano: o direito que o tirano tem de determinar: deixo-te pobre; fao-te rico; deixo-te livre; fao-te escravo. o direito que todos tm de ouvir Xants dizer que a injustia justa, que o sofrimento alegria, e que este mundo foi organizado de modo a que ele possa beber bom vinho, ter uma bela casa, amar uma bela mulher. J terminaste? MELITA: Um pouco mais, e ainda estars mais bela para o teu filsofo. CLEIA: O meu filsofo... Os filsofos so sempre criaturas cheias demais de palavras... (*) Espcie de cama para recostar-se. (Guilherme Figueiredo. Um deus dormiu l em casa, 1964.) Entre as frases, extradas do texto, aponte a que consiste num raciocnio fundamentado na percepo de uma contradio: